"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sexta-feira, julho 12, 2024

MARIONETES

 É simplesmente repugnante a opinião canina dos especialistas militares que se pronunciam sobre a voz do dono, a propósito das ameaças bélicas que pairam sobre o mundo em que habitamos.

Ninguém fala (e havia tantos tudólogos no tempo da pandemia) acerca das poeiras que poluem os céus e que ultrapassam as do Sahara que segundo algumas notícias chegaram a atingir a Escandinávia. Ou seja, os resíduos das bombas que explodem em Gaza e noutras guerras, para lá da Ucrânia, não vão parar à Gronelândia...

Não oiço nenhum especialista referir as alergias que cada vez mais atacam os portugueses.

Apenas oiço criaturas, que parecem saídas de um museu de figuras de cera, com direito a tempo de antena, falando dos benefícios para o Ocidente da pertença à Nato (a doutora loira) ou das vitórias imparáveis sobre os russos dos ucranianos (aquele general penteadinho com pronúncia minhota), contestados por outros, que defendem o inverso. 

Saturado deste carrocel sinistro, rendi-me às telenovelas turcas e passo o meu tempo a seguir as aventuras de heróis e heroínas de uma cultura que conheço de uma visita a Bursa, Istambul e Tróia, desde os anos 80.

E raramente perco tempo a ouvir a propaganda daqueles que atacaram a Sérvia, sem mandato da ONU e passam o tempo a fazer ameaças ao equilíbrio e à paz, acrescentando o seu belicismo ao dos países que não conhecem a linguagem do convívio entre diferentes.

LFM

terça-feira, junho 25, 2024

A Permissividade gera o Caos

 Os distribuidores de comida da Uber e da Glovo, que andam de mota ou bicicleta infringem todas as regras, começando pela infracção de circularem em contramão. Andam algumas vezes sobre os passeios, marimbando-se para quem circula a pé naqueles espaços construídos para esse efeito.

Tenho receio de andar na Av. da República, em Lisboa, por exemplo, onde abundam os utilizadores de trotinetes eléctricas aos magotes, desprezando os peões.

Não gosto de viver nesta época. Porque há uma desmedida permissividade (nunca se vislumbra um agente da autoridade) porque até os turistas que invadem Lisboa se comportam como selvagens no Metro estendendo as patas aos bancos frente aos quais se sentam, que nos dão encontrões sem um sorry ou excusez moi...

LFM

Visões caóticas e odores nauseabundos em Almada Velha

 Almada Velha entregue ao cócó dos cães e às ervas daninhas que crescem de forma impressionante.

Convidamos os leitores que moram perto a fazer um safari entre dejectos caninos e vegetação selvagem.

Como se não bastasse, a Rua Capitão Leitão exala um odor insuportável, nestes dias de calor, a urina humana.

Os frequentadores do arraial que existe no final dessa rua, junto ao antigo edifício da Câmra Municipal, descarregam as bexigas cheias de cerveja em qualquer parede ou esquina, atraíndo baratas e pulgas.

Em qualquer dos casos não sentimos a mão municipal ou da Junta de Freguesia.

LFM

sábado, abril 13, 2024

IMPRESSÕES DE LEITURA DO LIVRO DE ELVIRA CARVALHO “A COR DOS POEMAS”

 



Sophia de Mello Breyner Andersen registou: “Vemos, ouvimos e lemos! Não podemos ignorar!”

O primeiro livro de Poesia de Elvira Carvalho causa alguma surpresa.

Habituado a ler contos em que a autora apresenta uma variedade de enredos, e nos quais encontramos por vezes soluções criativas, com desfechos positivos, neste volume o olhar de Elvira Carvalho é uma paleta de tonalidades sombrias, desfilando em quase todas as páginas uma espécie de cortejo bíblico com todo o tipo de seres feridos física e espiritualmente.

Ocorre-me citar um poeta do século XIX enquanto modelo desta lírica amarga – José Duro que nos legou um dos livros mais tristes da literatura portuguesa – “Fel”.

“Onde quer que ponha os olhos contristados

-Costumei-me a ver o mal em toda a parte-“


“Estranha concepção! Abranjo o mundo todo

E em cada estrela vejo a mesma lama impura,

E em cada boca rubra o mesmo impuro lodo!”

Contribuiu para escurecer as páginas de “A Cor dos Poemas” a própria história de vida da sua criadora, patente nos seus dados biográficos.

A perda do companheiro de seis décadas, a quem dedica o livro, aumentou o desânimo que não esconde e sempre se evidenciou na sua escrita poética, partilhada no blogue “Sexta-feira”. Ele era o seu abrigo e apesar da sua protecção, nunca ignorou o mundo que a rodeia, perante o qual se sente incapaz de transformar conforme os seus sonhos de infância permitiam aspirar. Embora escrever seja transformar.

Como poeta viajante e face ao meu próprio percurso carregado de obstáculos, sendo um pessimista optimista, sinto alguma perplexidade pela proximidade dos versos de Elvira às favelas, às existências sub-humanas vítimas de exploração desenfreada, sem descortinar uma redenção para a injustiça sem limites que infecta o planeta.

Falta uma esperança, uma crença no cosmos, na Humanidade à qual pertencemos.

Esta excelente contista, não encontra aqui pegadas de Florbela, a comunhão com a Natureza, de Cesário Verde, sequer a melancolia de António Nobre. A sua realidade poética não é ao menos a de Rosalia de Castro que cantou o abandono da terra natal, a imigração galega para Havana, o amor aos rios e aos campos que inundaram os seus poemas de identidade magoada mas de referência para um povo empobrecido que teve de dizer adeus às origens.

Em “A Cor dos Poemas” estamos diante do não retorno, do final dos tempos, em que só a Morte espera os seres, mortais sim, mas de asas cortadas, sonhos apagados, futuros sem luz.

Oxalá Elvira volte à Poesia com um legado que aponte para dias contrários a um tempo que os seus versos espelham com fidelidade.

Oxalá seja possível sobreviver a um Mundo cruel, com Amor e sonhos libertadores.

Obrigado Elvira Carvalho pela verdade sem floreados, frontal que a sua escrita nos entrega. E que possa acontecer tal como o Poeta escreveu o desejado “mudam-.se os tempos/ mudam-se as vontades”

 

Luís Filipe Maçarico (Poeta, Antropólogo)

Almada, 2-4-2024

 

quinta-feira, abril 04, 2024

a violencia da publicidade

 Almada é um dos concelhos onde as caixas de correio são violentadas por excesso de publicidade não desejada. Não há papelaria ou posto dos Correios onde se encontre um autocolante como aquele que aqui se mostra. Nos CTT responderam-me que deixaram de fornecer aos consumidores, porque os CTT também passaram a produzir publicidade. A engrenagem do sistema é vergonhosa e o cidadão vê-se indefeso, com a caixa de correio repleta de lixo e a correspondência a transbordar se por acaso estiver fora de casa alguns dias. Quem nos salva desta violência?

Pode ser uma imagem de texto que diz "PUBLICIDADE NÃO ENDEREÇADA AQUI NÃO OBRIGADO DGC A cTsLmIdor pupt Lei n" 6/99, de 27 de Janeiro de 1999"
Todas as reações

terça-feira, março 19, 2024

Citando Brecht

 


"Em verdade, vivo em tempos escuros!"

Bertolt Brecht "Poemas e Canções"

domingo, fevereiro 04, 2024

Michel Robakowski e o seu livro "Lieux Nomades"

 





Em 1996, com a Escola Profissional do Fundão, desloquei-me a Poitiers, a convite do Dr. João Santos Costa, que procedeu à reedição do meu livro trilingue "Os Pastores do Sol" (escrito em português, francês e árabe) que através de alguns poemas celebrava o encontro com a cultura do outro, na Tunísia.

Decorria o Festival "Le Monde en Fête",na Rue des Trois Rois, organizado pela associação "Le Toit du Monde", onde participavam emigrantes de vários continentes, para lá dos portugueses - que nos receberam com agressividade, pois preferiam um rancho folclórico em vez de um poeta, que ainda por cima exaltava a hospitalidade, as diferenças e semelhanças de um povo do Norte de África. E um dos emigrantes, de forma muito ostensiva. recusou o vinho do Fundão dizendo: "Eu não bebo essa merda, eu só bebo whisky", talvez para desesperadamente passar a imagem que era moderno, tinha sucesso na vida ou qualquer aberração do género.

Fomos exemplarmente acolhidos pelos libaneses que depois de receberem a garrafa de vinho, nos ofereceram o primeiro copo e subiram ao palco para lerem poemas em árabe (recordo-me que a sua associação se designava "Une Nadie Arabe") o município local recebeu-nos com elegância e um representante leu poemas em francês e eu, versos do livro na minha língua-mãe.

A escola primária que acolhia meninos dos Palops ensinava a ler por um livro de Salazar e no restaurante "Chez Fernando", depois de um convívio inesquecível com sul americanos, ao jantar, uma gorda que cantava cantigas de Gina Maria (dos Serões para Trabalhadores da FNAT) meteu-me a manápula no bolso das calças quando eu ia a passar, para me provocar, sendo admoestada pelo proprietário.

Nesses dias pernoitei em casa de um Poeta, Michel Robakowski, que me autografara o seu livro "Lieux Nomades". Durante algum tempo correspondi-me com o senhor. Recentemente, através do Facebook o Poeta regressou, evocando esse tempo, pedindo-me amizade para prosseguirmos a caminhada de partilha artística. 

É nestes momentos que dou graças ao Cosmos por a minha vida não ser vazia e ter tanta coisa para contar, à escala humana.

Michel RobaKowski é igualmente pintor e foi para mim uma honra ter-me encontrado no FB que serve exactamente para estes momentos mágicos.

Luís Filipe Maçarico (texto) Fotografias de MR e LFM

quinta-feira, fevereiro 01, 2024

GIL VICENTE NO MUSEU DO TEATRO E DA DANÇA


                                            
No Museu Nacional do Teatro e da Dança, situado no Palácio do Monteiro-Mor, ao Lumiar (perto da Igreja daquela freguesia de Lisboa) está patente até 28 de Abril a exposição "Gil Vicente Portugal e Espanha nos Primórdios do Teatro Europeu".

Reúne esta mostra mais de 450 objectos, entre manequins e fatos de cena, figurinos, pinturas e livros, tendo como personagem central o criador do Teatro Português, nascido entre 1460-1470 (Guimarães?), expondo vestuário concebido por Almada Negreiros. Há fotografias e cartazes, oriundos de todos os grupos que representaram Mestre Gil, da Comuna aos Bonecreiros, da Barraca à Companhia Robles Monteiro e do TEUC, do CENDREV de Évora ao Teatro Experimental de Cascais.Na primeira foto que se mostra, exibe-se um fato que sendo obra de arte pertence à Fundação Calouste Gulbenkian.

De terça a domingo é possível visitar a exposição, entre as 10 e as 13 e depois entre as 14 e as 18, sendo a última entrada às 17:30. A visita custa 5 €. Os antigos combatentes apresentando o cartão respectivo, como se trata de um museu nacional, não pagam. Suponho que há desconto para grupos. Esta quinta feira o Museu foi invadido por dezenas de estudantes adolescentes, que nos seus programas escolares certamente abordam a obra que reflecte a transição da idade média para a época renascentista. Recomendo vivamente!

Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)

quarta-feira, janeiro 24, 2024

Menos Um é Mais


Grande frase da minha amiga Melisa, antes do dia acabar:

"Às vezes, menos um, é mais"!

De facto, para quê lamentar quem se coloca - sem motivos - contra nós?

LFM 

A RAIVA SECTÁRIA E FANÁTICA

 


Resido há sete anos em Almada e noto actualmente que os passeios  estão muito mais sujos.

Os dejectos caninos aumentaram, os donos dos animais de estimação deixaram de cumprir a obrigação comunitária de limpar o chão, após o seu cão defecar.

Dizer que a Câmara deveria actuar é criar inimigos. Há pessoas que quando ouvem a nossa crítica, se pudessem fuzilavam-nos com os olhos em fúria e respondem de forma agreste que o Município nada tem a ver com a sujidade, pois segundo elas, isso deve-se apenas às prácticas de gente sem escrúpulos, sem sentido cívico.

Como fui técnico auxiliar sanitário em Lisboa num tempo em que se investiu na sensibilização sanitária, considero que estas respostas demonstram raiva sectária e fanática, para não chamar ignorância, porque é possível -sempre- fazer melhor pelo bem estar dos outros!

 Portugal dificilmente avança e enriquece com tanta mesquinhez, que repudio veementemente, pois nunca me verão acorrentado a ditames onde jamais me enquadrarei seja qual for o movimento ou o/a mandante dessas linhas de (des)orientação.

LFM (texto e foto)


segunda-feira, janeiro 15, 2024

Costume Ampliado

 


Não tenho particular gosto por insistir em assuntos já mencionados, mas a verdade é que carros em cima do passeio é um costume que vai aumentando em Almada, a par dos dejectos caninos.

Não percebo o que as escolas de condução ensinam e não consigo processar a razão porque se deixam os passeios repletos de cócó de cão.

É evidente que estamos perante um retrocesso civilizacional.

Será que era assim no tempo dos calhambeques?

LFM