"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, abril 30, 2016

Memórias de Alcântara e do Futuro

Há um mês atrás deixei seis décadas do meu percurso, num espaço do qual restam memórias, fotografias, textos.
E dentro do espírito determinado que forjou muita poesia, viagens, conhecimentos, partilhas, parti em vida para nova morada. Deixando um rasto de paz, limpando a casa, entregando-a com higiene e espírito positivo, qualidades que faltam a muita boa gente, que tem de se beliscar para sentir que não é zombie...
Lisboa tornou-se num cenário de filme, não num lugar para viver.
Ontem, necessitei de comprar Karela, extracto do pepino amargo dos Himalaias. Costumo ir ao Centro Dietético Saúde Pura, passe a publicidade, abastecer-me deste produto natural milgroso.
Como as mudanças (que organizei e protagonizei, sem empresas, apenas com bons amigos), molestaram a coluna, voltei à Fisioterapia.
De Alcântara a São Lázaro e dali a Campolide gastei 2 horas, no sufoco do trânsito, cada vez mais complicado, devido a tantas obras que entopem a cidade.
De entre os novos vizinhos, há um café que privilegio, após alguma procura. A sandes de pão de alfarroba ou com sementes conquistou-me. E a gentileza de quem lá trabalha.
Na tarde desta sexta voltei ao Alvarez para comer um prego, com alho e mostarda e cumprimentar o senhor Sidnei e o senhor José.
Durante muitos anos, desde jovem, no tempo distante, em que faziam Garibaldis e os irmãos Rui e Fernando animavam Alcântara, com o avô senhor Rodrigues ao balcão e eles servindo às mesas, frequentei o recinto da Rua Prior do Crato, ao ponto de ser o meu café preferido.
Hoje jantei comigo mesmo e celebrei  com tinto do Douro o estar vivo, numa rua cuja marca é a tranquilidade.
Quanto à casa, onde chovia no quarto e onde a humidade fustigava o quadro eléctrico, pergunto-me porque me acomodei tanto tempo. Afinal havia um lar acolhedor à minha espera. E este prazer de ter Amigos, na margem certa da vida, que não me deixam sentir só.

Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)

terça-feira, abril 12, 2016

Cidadania, Precisa-se ou o Caso do (Des)Funcionamento do Registo Civil de Almada

Apesar da Câmara Municipal de Almada, ao que julgo saber, já se ter pronunciado junto do Governo acerca da falta de condições, quer para os utentes, como para os trabalhadores do Estado, que desempenham as suas funções no Registo Civil, situado na Praça São João Baptista, o funcionamento indizível daqueles serviços prossegue, com filas diárias de horas, à espera que chamem o utente que cedo recolheu senha.
Quem requerer cartão de cidadão, deverá optar por ir a Lisboa, pois o serviço alternativo, por marcação telefónica, só proporciona desenvolvimento do assunto para daqui a um mês.
É urgente rever situações destas. 
Os cidadãos que esperam, criticando, deveriam assumir os seus direitos, neste como em todos os aspectos. Mas à boa maneira portuguesa, dizem mal até serem chamados. Um vez servidos, o problema é esquecido.
Por isso o estado a que isto chegou, também é culpa de cada um que não protesta, no sentido de ajudar  a melhorar o que está mal.

Luís Filipe Maçarico

sábado, abril 09, 2016

Abril


Abril foi um momento de renovação no País, há 42 anos. De esperança. De sonhos possíveis.
Assim me sinto, na minha nova morada.
Ultrapassados os sessenta anos e tendo vivido seis décadas na mesma casa, no mesmo largo, no mesmo concelho, não é fácil decidir partir e assentar pouso noutro concelho, noutra rua, noutra casa.
Eis-me a ressuscitar, depois de um longo percurso.
Procurando reinventar-me.
Trouxe uma mochila de esperanças e sonhos.
Vim para uma terra onde reencontrei tudo o que perdi na capital.
Desço a rua e tenho a drogaria tradicional, cafés, restaurantes, uma farmácia, o meu banco, a loja dos jornais e perto ainda uma loja de frutas apetecíveis, onde vendem a minha água favorita: Monchique. Tudo ao pé. Espero que a vida me proporcione uma velhice sem mais constrangimentos e possa continuar a escrever e a respirar em paz.
Comprei o passe.
O velho largo está a quinze minutos. O mar também não está longe.
E há uma vida cultural intensa à minha espera...

Luís Filipe Maçarico