"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, setembro 30, 2007

Uma Noite na Tasca do Careca








Há em Lisboa, ali para os lados do Saldanha uma casa onde se escuta o Fado pela madrugada dentro. Acontece aos sábados e há nomes permanentes, como o de Lino Manuel, que apresenta os intervenientes na tertúlia semanal ou José Manuel Castro, um dos músicos privativos que acompanham os fadistas e que também canta.
Ti Abílio Duarte, autor das letras que interpreta é um peça fundamental no desenrolar de cada espectáculo, onde surgem revelações como a do rapaz que interpreta com brilhantismo o "Fado Falado" de Villaret, ou Sérgio Velhinho, uma voz jovem e talentosa, cuja estrela do destino cintilou ontem com intensidade.
A comida e a conversa preparam o grande momento.
A Tasca é um palco privilegiado do Fado Vadio: gente que começa a cantar, gente que cantou uma vida inteira. Gente que assiste e trauteia, gente que aplaude e incentiva. Gente que bebe e comenta, gente que fuma, gente que pede silêncio.
Nomes conceituados misturam-se com aprendizes. E as estrelas brilham nos olhos dos que sonham e sentem esta sensibilidade, embalados pelas cordas das guitarras e pelas gargantas onde a palavra é jóia preciosa.
Vão até lá um destes sábados e deliciem-se com a ambiência e os artistas. É único!
Legendas:
Foto 1 - José Manuel Gema acompanha com atenção a actuação dos fadistas.
Fotos 2 e 3- Sérgio Velhinho.
Fotos 4- José Manuel Castro dando um autógrafo no seu CD "Aqui Dentro do Fado".
Fotos 5 e 6 - Abílio Duarte actuando.
Foto 7 - Castro e Duarte confraternizam.
Texto e fotos de LFM

quarta-feira, setembro 26, 2007

Eduardo Ramos sexta-feira 28 de Setembro na Biblioteca Municipal de Loulé


Esta sexta-feira, ao serão (21 e 30h) Eduardo Ramos apresenta um recital de poesia e música medieval de raíz cristã, na Biblioteca Municipal de Loulé.
Entretanto, o trovador de "Cântico para Al-Mutamid" acaba de apresentar "Romances de Peregrino".
Este novo disco é mais uma jóia, na colecção de encantos melodiosos, que este artista único tem partilhado com um público, que se habituou à sonoridade do alaúde e outros instrumentos, como o gambri e o bendir, pouco usuais no panorama musical português.
A voz do cantor integra diversos cambiantes, notando-se influências recolhidas no cante alentejano, fado e música árabe. Aliás, o trabalho de recolha de Eduardo Ramos é notável: das diversas formas vocais e instrumentais, passando pelos autores que escreveram sobre a cultura abordada, ele preocupa-se com a arte final de cada obra - a capa, o que se lê e o que se escuta, são produto de uma longa tecelagem de sabedorias peneiradas pela sua sensibilidade singular.
O timbre com que nos brinda, o suspiro transmitido pela corda do alaúde, trazem-nos doçura, inquietude, ancestralidade e virtuosismo.
Neste novo trabalho, romances e cantigas da tradição popular, como "Laurinda" e "Senhora do Almurtão", surpreendem-nos pelo tratamento cuidado e inteligente com que Eduardo Ramos as reinventou, introduzindo no nosso imaginário acordes nunca saboreados que celebram o prazer espiritual, para lá da fruição da existência.
O resultado é fabuloso: mais um disco que acompanha os nossos gestos quotidianos, enquanto o dia se faz noite e a vida se transmuta em sonho.
Respiração de profunda beleza, o novo CD do cantor de "Moçárabe" e "Andalusino" merece escuta atenta e um tempo dilatado, para que o prazer da música se espalhe pela casa, ao sabor da poesia e do desfrute pleno da eterna magia do conhecimento.
Eduardo Ramos é um genuíno homem do sul, grande intérprete, de referência, que há-de ser cada vez mais aplaudido e reconhecido, pois o seu percurso de qualidade tem sido construído serenamente e com uma riqueza de conteúdo a que não se pode ficar indiferente.
Este texto é o meu modesto tributo ao inspirado criador de "Canto de Flores, Canto de Amores", "O Ocidente do Andalus" e "Um Sarau no Palácio do Jasmim" que continua a perfumar o éter com sons de veludo e odes, onde o esplendor da lua rivaliza com o orvalho dadivoso, para citar o imortal poeta de Silves.
Luís Maçarico

segunda-feira, setembro 24, 2007

NotíciasTransumantes


















Na festa do ano passado a Nádia e o Gonçalo disseram poemas meus na Capela do Leão, durante o lançamento do meu livro 15º de poesia que a Câmara Municipal do Fundão editou: "Ar Serrano" (mencionado nas páginas 55 e 124 da revista anual do Município).
Dois jovens que descobriram Alpedrinha através do meu olhar e que voltaram à Festa dos Chocalhos neste Setembro de 2007.
A Nádia que voltou em Novembro, com Eugénio de Andrade na mochila, trouxe nesta sua 3ª vez mais amigos. Comemos todos, os petiscos e a sopa da Maria dos Anjos na tasquinha que o Lourenço animou.
Acompanhou-nos em vários percursos, em algumas refeições e na taberninha da Dona Maria (maravilhosa ginja com elas!) o presidente da direcção da Aldraba, José Alberto Franco.
O rebanho tornou a descer a Gardunha pelo caminho romano. Os espectáculos e os desfiles sucederam-se e causou sensação "As Pifaradas do Álvaro", vindo de Unhais com os executantes vestidos com uma indumentária que lembrava romanos ou índios...
Foi giro ver o pequeno Miguel a acompanhar os Zabumbas. Os elementos do rancho folclórico da Casa do Povo local trouxeram memórias nos seus gestos e houve ainda vários gaiteiros, harmónicas de Ponte de Sor, o acordeonista Sertório, os Cotas Club (jazz).
Concertos de música clássica e uma conversa com a directora do Museu da Transumância de Abruzzo, em Itália enriqueceram o programa da Festa.
Mas o privilégio maior foram as conversas que tive com dois homens incontornáveis: o vereador da Cultura Paulo Fernandes, que está atento à requalificação do Palácio do Picadeiro e o pastor Lopes, cujos terrenos que possui comprou com trabalho e honra no tempo em que a palavra tinha valor.
Nota curiosa: ninguém de Alpedrinha participou na descida da serra e aqueles que vieram do Fundão, ao chegarem à vila que a marquesa de Alorna apelidou de "Sintra da Beira", meteram-se numa camioneta e regressaram à origem.
Texto e fotos de LFM

domingo, setembro 23, 2007

Festa dos Chocalhos 2007










Sábado voltei a Alpedrinha após um interregno de muitos meses.
Uma vez mais cumpriu-se o calendário e a festa reinventada que é que é a Festa dos Chocalhos, atraiu desta feita largas dezenas de milhar de visitantes.
Este ano houve algumas novidades: uma exposição de penicos e clisteres, o grupo do Paúl Toc'Avakalhar.
Foi tempo de rever amigos e percorrer os recanto da terra, com mais gente que nunca lá tinha ido.
E de considerar que o evento terá de sofrer alterações para o ano, para não perder o espírito festivo e original que o projectou além Gardunha.
Fotos e texto: LFM

quarta-feira, setembro 19, 2007

RUA VIEIRA DA SILVA








Batentes, espelhos de fechadura, aldrabas, trancas... Há um pouco de tudo nesta rua, em termos da linguagem da porta.
Sobreviveram à rapina e às fúrias da ignorância, que esvaziam a cidade de uma parte do património identitário.
Efectivamente estes objectos acompanharam aquelas pessoas na sua caminhada. Pertencem ao seu imaginário, às recordações de toda uma vida...
Gostaria que a Junta de Freguesia dos Prazeres (como todas as outras) e a Câmara Municipal de Lisboa (como todos os municípios do país) pudessem fazer qualquer coisa.
Nem que fosse a edição de livros e postais sobre estes utensílios...
Parafraseando o jornalista Augusto Baptista, de Oliveira de Azeméis: "Por favor, Salvem os Batentes!"
Texto e fotos de Luís Filipe Maçarico

terça-feira, setembro 18, 2007

Uma Tela de Cristina Maria


Conheci-a no dia 7 de Junho em Évora. Chama-se Cristina Maria, é jovem e minha irmã.
Pinta a realidade com um olhar naturalista e romântico, que transforma a vida num festival de cor e sensibilidade. O paraíso que não há, procurado e exaltado na Arte...
Tive de entrar no Hi 5 para poder ver alguns dos quadros que tinha pintado e copiar este, porque a marota não me enviou nenhuma imagem para o meu e.mail...
É, pareceu-me, uma mulher discreta, de poucas falas, que se sente bem a voar nas asas da criatividade.
Por isso, também com poucas palavras, porque o que conheço dela é muito escasso, deixo aqui para vocês (e para ela) esta lembrança.

segunda-feira, setembro 17, 2007

José Esteves e o pater alígena dos grelos em forma de x


Há 11 anos o professor José Esteves escreveu estas palavras que estão, infelizmente, cada vez mais actuais:
"O maior crime político deste país tem sido, porque sem escândalo nacional, o desinteresse pela educação."
No passado fim de semana participei num debate acerca do património imaterial, durante o qual,a certa altura, um interveniente questionava-se sobre o desinteresse geral das pessoas por tudo o que tenha a ver com cultura e de que maneira se poderia alterar esta situação.

Sugeri que a solução do problema passasse pela escola e que fosse estimulada a curiosidade científica, em vez da tolerância sem acompanhamento, que deixa os putos horas e horas entregues aos computadores, não para se adestrarem no sentido da descoberta enriquecedora, mas para jogarem jogos por vezes violentíssimos e viciarem-se na vida virtual dos chats, onde numa idade em que a língua ainda não é devidamente conhecida, se escreve com muitos "K" e muitos "x" para abreviar palavras... O que parece ser a face menos perigosa desse saborear da liberdade do Mundo Novo, oferecido (e confundido) por pais outrora fustigados por exigências e excessos moralistas, onde a censura castrava qualquer voo, e dos quais graças ao 25 de Abril nos libertámos.

Logo fui criticado por um daqueles indivíduos que entendem que a Internet nas mãos dos jovens é de grande alcance, coisa que segundo ele, eu não possuo por temer um futuro de analfabetos linguísticos (que podem saber dominar as técnicas de navegação na web, mas dificilmente saberão redigir). "Deixa-os escrever com xis e com Kapas, pá! os gajos têm uma criatividade e uma imaginação que tu não atinges, pá!"

Quer-me parecer que o fulano em vez de filhos, deve ter criado alígenas na horta onde semeia cebolas transgénicas (ou andará a fazer experiências com bróculos formato k e grelos parecidos com um x?)

Pois é! Antigamente uma família tinha de dividir uma sardinha para 4 ou mais membros.
Agora a miudagem é obesa (as percentagens são alarmantes!)
Mas há quem considere que estamos no melhor dos mundos possíveis...
Texto: LFM; Fotografia: Rosário Fernandes

domingo, setembro 16, 2007

A Aldraba na EncontrArtes de Estremoz








Decorreu no Parque das Feiras de Estremoz a 1ª EncontrArtes, onde a Aldraba conduziu um debate sobre o Património Imaterial.
A iniciativa teve o patrocínio da Câmara Municipal de Estremoz, a coordenação de Hugo Guerreiro, do Museu Joaquim Vermelho e a participação de associações ligadas à salvaguarda do património local como a Lincemoz e a Fica.
Além da intervenção de Luís Maçarico, que apresentou as 7 Maravilhas do Património Imaterial Estremocense, intervieram os poetas Francisco Cunha e António Simões.
O debate foi moderado por José Prista e houve intervenções de Domingos Xarepe, Maria Eugénia Gomes e de outros espectadores.
Na assistência, a poetisa São Baleizão seguiu com interesse as intervenções.