"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, agosto 28, 2011

Apontamentos Acerca da Decadência Quotidiana


UM: Penso muitas vezes na infelicidade, que nos atinge, dia após dia, face à ignorância de quem vive à volta do umbigo, seja o povo boi manso, seja o/a pseudo elitista, que prefere a praia, a votar, nem que seja em branco. A maioria que vota (mais os que se abstêm) escolhem o abismo!
E depois são sempre os mesmos a pagar (e a perder), que essoutros pensam que escapam, entre os intervalos da chuva...
Apesar do desânimo, lembro-me que não há paraísos e que a LUTA é perpétua!
O Fascismo está aí, talvez porque muitos pensassem que já tinham o melhor destino nas mãos.
Não são só os oportunistas que devem ser chamados à pedra, mas os revolucionários da treta também, que agora estão acomodados e dizem que já lutaram demais.
Anunciam-se passes sociais para pobrezinhos, que terão de mostrar o IRS, como os Judeus durante o Nazismo tinham de ter elementos distintivos na sua indumentária, para poderem auferir de tamanha benesse. Como se no pagamento desse mesmo IRS não houvesse já um crivo...
Constantemente se atacam os "privilégios", desprezando-se os direitos, enquanto a populaça se entretém a aplaudir as medidas "justas"...Foi assim com Durão e Sócrates. Continua a ser assim, com Coelho, o mago que vai tirando da cartola a fantasia serôdia do inenarrável Álvaro, enquanto o mago Cavaco constata que a corda já está demasiado esticada... para fingir que é mais que um mono!
Se há alguns anos me dissessem que ia ser assim, teria dito que a criatividade surrealista andava à solta. E não é que anda? Só que em vez de criatividade, é fatalidade. O faduncho chunga de ter nascido português.

DOIS:
Ainda não percebi a onda que faz quase toda a gente aderir a pedidos tipo: se tens amigos com a doença y...se és amigo do amigo...se acreditas num ente superior...se...se...e o pagode enche páginas a afirmar - socialmente (mais vale parecer que ser) estar ao lado de quem sofre, que é fraternal até mais não poder, que acredita na eternidade, sentado à direita do pai todo poderoso...bom, eu cá afirmo odiar todas as doenças, das mais tenebrosas às alergias e gripalhadas! Solidário com quem sofre, na minha dimensão, não preciso de competir ou de meter rótulos (que por vezes me cheiram a publicidade ao contrário!). Ser Amigo não tem a ver com tatuagens na testa e acreditar em deuses, só se for no Cosmos, mas isso são poucos os que se viram para a espiritualidade mesmo! Por isso, os amigos, os sofredores e até os crentes (os da banha da cobra ou os que votam como quem dá tiros no pé) desde que venham por bem, o meu abraço também chega aí...

TRÊS:
À conta da desgraça e da doença, há um cortejo de "desinfelizes", que em tempos me invadiram o casebre, sacando-me dinheiro de empréstimo jamais pago...no tempo em que eu me comovia com quem "sofria" (por isso fiquei a arder!) e em consciência me sentia "privilegiado"...afinal, alguns desses embustes, passam por mim e nem me falam, estão melhor que eu, têm carro, curtem, riem-se da minha parolice e continuo a ser comido, agora pelo governo, que me enxameia de impostos, em nome dos pobrezinhos... Para quando outra mentalidade, de não fingirmos lágrimas de níquel,que a matriz judaico-cristã impõe, cercando-nos de culpas, empurrando-nos para caminhos benfazejos...Basta de tanta hipocrisia e dos que se aproveitam desse parecer bem, que apenas invejam o pouco que temos, pouco mais que eles...enquanto os Amorins arrotam suspiros de pobreza franciscana no caos a que isto chegou...Eles andem aí!!!

QUATRO: Indizível o asco, por quem continua a incendiar a nossa floresta. Matam as árvores, os animais, pulverizam recursos, pois o território perde a essência, guardada desde há séculos: Natureza, património, riqueza. Todos os anos se repete a fatalidade. E parece que não há nada que detenha esta febre incendiária...

CINCO:
Já enjoa a decadência do Futre, a aparecer em tudo o que é publicidade e até em novelas. Causa vómitos, os Gato Fedorento, há meses e meses, a fazer rábulas que era suposto serem engraçadas, cada vez com menos piada e cheias de tiques (mas certamente com chorudos cachets, em prol de não sei quantos canais televisivos pagos). Somos bombardeados todos os dias, às horas mais diversas, para alugarmos o tal canal...não há mesmo pachorra para aturar o esgoto diário!

SEIS: O uso e abuso do espaço público. Assim como detestam árvores, pois impedem que haja mais espaço para estacionamento, muita gente parece ter terror ao silêncio, ao sossego. Quem vive perto de largos, sofre verdadeiras descidas ao Inferno. Pais e criancinhas dão largas ao Ronaldo que todos alojam (como uma possesão) do joelho ao calcanhar, não descurando o berreiro e os toques nas bolas ressonantes. Em vez da leitura, do passeio, dos jogos tradicionais em jardins, os paizinhos incutem a selvajaria nos macaquinhos de imitação em que transformam os filhos. E depois ainda são capazes de culpar os professores por os rebentos levantarem cabelo e se tornarem respondões...Pudera! Com a maravilhosa educação que lhes ensinam em casa!

SETE: Curtir é um verbo muito em uso, nas práticas dos que nos rodeiam. Que querem possuir animais, a todo o custo, mesmo que tenham varandas exíguas, casas diminutas, vidas com pouca disponibilidade para tratarem de bichos. Por isso, quando chega ao Verão é ver inúmeros cães perdidos a farejarem ruas, em busca do dono que os deitaram fora. Isto é como comprar certos bens sem ter dinheiro para pagar. Quando não temos vida para criarmos um animal de estimação, não devemos cativar nenhum. É triste esta mentalidade, muito triste. Tão má quanto os incêndios, a algazarra, o oportunismo e a desresponsabilização dos que não votam ou a corrida para o abismo dos que escolhem para o futuro de todos o empobrecimento. Tão má quanto a inveja, a mediocridade, a mesquinhês, porque é fruto de uma caminhada que em vez de aspirar a ser melhor, se preocupa em cortar as pernas aos que têm um pouco mais, nivelando tudo por baixo.
Portugal, com esta população tão "inteligente", não precisa de inimigos... Basta ter governos, que só precisam de um olho, para mandar. Esse...

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

quarta-feira, agosto 24, 2011

Labregos de Colarinho com Gravata


Parece-nos no mínimo obscena, a dimensão que as medidas punitivas, unicamente aplicadas aos pobres, assumiram nos últimos meses, em todo o lado, poupando os abastados. Reformas miseráveis, corte nos medicamentos e em tratamentos como hemodiálise, retirada do abono de família, o cardápio é enorme.

Seria anedótico, se não fosse tenebroso, o que entretanto aconteceu nos Estados Unidos e em França.
Milionários discordam que os Governos não taxem a sua riqueza, pedindo aos governantes que tomem medidas nesse sentido.
Sentindo o abismo aproximar-se e, perante a hipótese dos que já não têm nada a perder, se revoltem, por todo o Mundo, os ricos globalizaram o seu apelo, deixando o odioso com os governantes medíocres, que só sabem penalizar um lado da Sociedade - o mais fraco.

Em Portugal, porém, e apesar de Joe Berardo se associar àquelas preocupações de sobrevivência do capital, os comentadores - capatazes dos banqueiros mais gulosos e sinistros e dos agiotas mais grotescos, que detêm riquezas escandalosas, apressaram-se a dizer que os ricos daqui são pouco abastados e que não vale a pena taxá-los, que não resolve nada fazê-lo, ou seja, o melhor é continuar a explorar a populaça até ao tutano.
Sendo dois deles ex-ministros de governos socialistas e social democratas está tudo dito.

Esta gente medíocre, labregos de colarinho com gravata, pensa que a exploração é eterna e os povos, aparte uma ou outra escaramuça, se conformam para todo o sempre.
Alguns dos abastados não acreditam, contudo, nesse devir, tendo dado o passo em frente, para salvar a pele.
Até quando a corda vai ser esticada?

Texto e fotografia de LFM

domingo, agosto 21, 2011

"Novo Amanhecer" - Apresentação em Campo Maior, do Quarto Livro de Poesia de ROSA DIAS


Com imenso prazer desloquei-me ontem a Campo Maior, para apresentar o quarto livro de poesia de Rosa Dias, "Novo Amanhecer".
Antes do evento, Rosa recebeu na sua casa acolhedora inúmeros Amigos, vindos de Vagos, Moreanes, Sobral da Adiça, Almada, Borba, Lisboa, etc., pois os Amigos estão sempre com Rosa, quando ela precisa da sua presença, trazendo aquele abraço.


Além da vereadora da Cultura do Município local, participaram na sessão de lançamento da obra, três grupos musicais, Rui Nabeiro, João Proença e Maria José Lascas.
O jardim público daquela cidade da raia, que de hoje a uma semana estará a viver intensamente as festas do povo, após sete anos de espera, esteve muito animado com inúmeros campomaiorenses que quiseram prestar a sua homenagem à poetisa.



Rosa Dias disse a sua poesia, com muita contenção, para que pudessem ecoar, na noite cálida, as saias e a tradição musical da região.
O povo de Campo Maior e os amigos vindos de longe envolveram-na, tendo a poetisa partilhado durante os autógrafos uma sabedoria invulgar.


Durante a apresentação, realcei que"Rosa Dias é uma força da Natureza, enxertada em poesia, que realiza intensamente, na sua passagem por este Mundo, o sonho de florescer, em todas as vertentes que o Ser Humano pode abarcar.
(...) Quando a poesia, como um vulcão incendiou as suas veias e espírito, por a ouvirem apresentar versos tão profundos e certeiros, os mais próximos, com estranheza, interrogaram-se sobre o mistério que se evidenciava, inundando os dias de todos os que com ela conviveram, ao longo dos anos.
(...) "Novo Amanhecer" surge, após dias sombrios que Rosa Dias atravessou, com a força que lhe é inerente, esta maravilhosa energia regeneradora que a faz lembrar a dignidade do trabalhador alentejano, a ingenuidade da pegada dos velhotes, a graciosidade de um percurso, feito de paz e amor, construíndo um espaço único, de amizades, porque cumprindo a caminhada com os valores mais puros na bagagem. Ou como ela diz, "Contar verdades a crianças sem idade/ E dizer bem alto/fiz assim só porque quis"
(...) Saboreemos os seus poemas, escutando-a, folheiem-se os seus livros, acompanhando o seu percurso, através do património e das tradições, demonstremos o quanto nos é grato respirar os sonhos solidários do povo, do qual ela e uma das vozes que não se apagará da memória desta terra."



No início do livro, consta também um texto de minha autoria em que afirmo:

A obra de Rosa Dias, saboreada em actuações da própria, entre o seu Alentejo e Lisboa, passando por Alpedrinha, onde tem um numeroso núcleo de admiradores, escasseia em livro. A boa nova, da publicação de uma colecção de poemas, após "Toadas Alentejanas", é um motivo de grande alegria, pois o percurso de Rosa Dias merece a maior admiração, pela beleza que nos consegue transmitir, pela inquietude e serenidade que neste ou naquele verso partilha.

De raiz tradicional, a sua poesia é música de regato fresco, campo matizado pela harmonia, raíz iluminada pela sabedoria, céu da paz desejada.

(...) Sendo homem de palavras, não consigo dizer, com o vocábulo mais adequado, o esplendor desta força genuína, tal é a imensidão de emoções que Rosa Dias desperta.

Bem hajas, Rosa, pelo exemplo da tua vida, em torno da salvaguarda do teu Alentejo e dos mais humildes!

Oxalá no futuro, quando já não estivermos cá, o teu nome seja recordado, como a poetisa do povo, que deixou uma pegada luminosa no coração da terra!

Luís Filipe Maçarico (textos e fotografias - com Cristina Pombinho)


terça-feira, agosto 16, 2011

BUAL: COR, METÁFORA E POESIA


Celebro, já com o dia 16 de Agosto a evaporar-se, a vida e a obra de Artur Bual.
Um Amigo que se foi embora, ainda cedo, depois de ter semeado cor, metáfora, poesia, nas suas telas e nos momentos que partilhou, com todos aqueles que sempre gostou de ter à sua volta, enquanto pintava.
Durante anos fruí, a mestria dos pincéis, a sabedoria dos silêncios, o voo da palavra.
A sua lembrança permanece enquanto ser raro, com quem apetecia estar, pela surpresa que causava um gesto, um segredo, uma franqueza.
Graças a ele, publiquei o meu primeiro livro, pois conheci o primeiro editor (já falecido) quando Bual me levou ao Botequim de Natália Correia.
Ninguém nasce sozinho, costumava ele dizer - e de facto, foi no programa radiofónico "Desafios", realizado em parceria, na Rádio Horizonte da Amadora, com Eduardo Nascimento, em 1987, que entrevistei pela primeira vez o cidadão deslumbrado com um pôr de sol digno de da Vinci...
O atelier foi sementeira de projectos e encontro de novos amigos como São Baleizão e Rodrigo Dias, que ficaram no meu caminho, com poemas e desenhos.
Obrigado, Bual!
texto e fotografia: Luís Filipe Maçarico

Dois imortais com nome de João








A Homenagem da Junta de Freguesia de Alpedrinha ao Dr. João Manuel Santos Costa (12-8-2011): Intervenções da esposa e filhos.







A Homenagem da Liga dos Amigos de Alpedrinha ao Professor João de Matos (7-8-2011): A mesa, com a esposa, presidente da Liga, Vereadora do Fundão, e os actual e ex-Presidentes da Junta.

Embora este Agosto seja de trabalho, duas idas a Alpedrinha permitiram-me homenagear dois Amigos, que partiram recentemente mas de quem temos saudade ao ponto de merecerem as exaltantes sessões de grande intensidade e emoção que o Povo lhes dedicou.
A Liga dos Amigos de Alpedrinha, no caso do professor João de Matos e os autarcas do Fundão, Seia e Alpedrinha, em honra do Dr. João Costa, proporcionaram que aqueles dois notáveis fossem evocados pelo muito que fizeram àquela terra mágica da Beira Baixa, quer em termos da intervenção política (ambos foram presidentes da Junta de Freguesia, tendo João Costa sido presidente da Assembleia Municipal do Fundão e Vereador e João Matos presidiu à Assembleia de Freguesia), quer em termos de cidadania,participando nas associações da terra.
Matos ensinou no Colégio de Alpedrinha. Costa dirigiu a Escola Profissional do Fundão. Duas vidas intensas, pautadas pelo espírito crítico e por uma dimensão à escala humana que deixou rasto, pois respeitavam o que era diferente, interagiam com todos.
Não podia deixar de estar presente, pois apesar de ser mais à esquerda, reconheço nos dois uma postura criativa, em prol do desenvolvimento e um amor à Liberdade, que foi apanágio dos que souberam dar valor a uma luta de muitos anos, num país onde quase tudo era proibido.
Parabéns ao associativismo de Alpedrinha, particularmente à Direcção - constituída por cinco mulheres, - da Liga dos Amigos e à Junta de Freguesia, por estas iniciativas muito dignas, que se realizaram com a distância de quatro dias.

Respigo das intervenções que fiz em ambas as jornadas, estas passagens:

"De João de Matos guardo a imagem do cidadão atento, com espírito crítico e inspirado humor (...) O talento deste homem prazenteiro e discreto, enquanto artista plástico, está gravado nos inúmeros testemunhos que nos legou: paisagens, retratos, tudo marcado pelo traço poético do seu olhar.
Eugénio de Andrade utilizou alguns dos seus postais para neles imprimir os seus versos, o que demonstra apreço para aquelas chamadas de atenção sobre o património da Sintra da Beira, transmutada em cenário das impressões líricas o poeta da Póvoa."


Quadras para João Costa:
Associativo, singular
criativo, plural
inquieto,exemplar
discordante, cordial.

(...) Mestres no Mundo há poucos
Abundam espertos e loucos
João Costa somou razão
ao afã do coração.

(...)
Em caminhada triunfante
no cenário desta serra
João Costa foi navegante
da amizade sobre a Terra.

NOTA: Pela primeira vez, em muitos anos, as três viagens de comboio que fiz (na primeira semana regressei à boleia, com os meus "padrinhos" de Alpedrinha - o Carlos e a Fernanda, que no final dos anos 70 me levaram, pela primeira vez, à sua terra) foram realizadas com as carruagens praticamente vazias, o que me parece um mau indício do que se vai passar, neste país, nos próximos meses. É que o bilhete aumentou de 14 para 18€!
É também por terem sido intransigentes defensores da Beira Baixa, que estes dois homens, imortais, com nome de João fazem falta...
Luís Filipe Maçarico

sexta-feira, agosto 05, 2011

Sebastião Antunes: Um Grande Artista!






Ouvi Sebastião Antunes pela primeira vez, na rádio (Antena 1), com os Quadrilha. Depois, a solo, cantando versos, que falam do quotidiano, também na RDP.

Armando Carvalheda costuma levar ao seu programa "Viva a Música!", os músicos e cantores portugueses, que actuam em directo, em estúdio ou no teatro da Luz. O programa é gravado e reproduzido de madrugada.

Conheci Sebastião Antunes no último Festival Islâmico em Mértola. E a par da conversa simpática, ao jantar no "Tamuge", da apresentação de instrumentos musicais de todo o mundo, patentes em exposição e o espectáculo entusiasmante, com muita energia, bem positiva, que irrompia do palco à beira Guadiana, ficou-me o retrato de um homem, cuja caminhada é tecida entre a solidão do artista, compondo as suas canções, com textos de sua autoria e a euforia de sessões por todo o país que são o seu ganha-pão e estímulo para continuar a encantar-nos.

"Sabes eu também" e "Se ainda der para disfarçar", são duas belas canções, que Sebastião Antunes, com uma sonoridade muito melodiosa, tem levado aos quatro cantos de Portugal.
O vocalista dos Quadrilha nasceu a 16 de Agosto de 1967, em Castelo Branco, tendo iniciado a sua carreira musical em 1988, aos 24 anos.
O mais recente trabalho "Cá Dentro", tem interpretações que ficam na memória, pela beleza do som, pela letra, de recorte delicado e pela voz, envolvente.

Talvez por se posicionar, em termos políticos, do lado do contrapoder, Sebastião não teve ainda a possibilidade de ser celebrado nos grandes palcos da burguesia, mas nem por isso deixou de participar em inúmeros festivais e festejos, e de ser escutado por muitos milhares, como é o caso da Festa do Avante.
No apoio das causas solidárias, lá está o seu nome, a dar força ao colectivo, em tempo de egoísmo...
Força, Amigo! Prossegue o teu caminho, e mesmo que a vida te dê alguns obstáculos, vence-os com o sonho!

http://www.youtube.com/watch?v=KLKpedHrdIg&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=mcKliTB62l4&feature=related

http://www.quadrilha.net/sebastiao.html

http://www.youtube.com/watch?v=Zf6MuhOQvfE&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=dLUYI16rhXA

Texto, recolha e fotografias de Luís Filipe Maçarico

terça-feira, agosto 02, 2011

Comigo não se safam!


Na passada sexta feira, uma simpática rapariga telefonou-me, perguntando se eu era o mesmo indivíduo, que há uns anos atrás, dera uma entrevista a um matutino, contando a estória de vida, se aquilo de ter sido varredor de ruas e agora ser antropólogo, era verídico...
Confirmei e perguntei ao que vinha aquela agradável voz...
Que determinado programa da tarde, de uma televisão, me queria entrevistar, pois eu subira a pulso, que era exemplo e mais não sei quê, foi a justificação que escutei...
Qualquer papalvo que goste de aparecer na TV agradeceria um telefonema destes, considerando-o uma dádiva dos céus.
Pois eu fiquei repugnado e respondi que não me sentia modelo para ninguém, pois considero que quem decidiu trilhar caminhos negativos, não muda e muito menos quero expor-me à cáfila que aplaude e chora com a vida dos desgraçadinhos, como se trincasse um frango de caril ou umas favas à portuguesa, babando as barbelas suadas com a gordura da gula.
Minha senhora, eu estou muito desencantado com os portugueses, retorqui.
Com os políticos!? pensou ela corrigir.
Não, eu disse e repito: com os portugueses! Os políticos são o retrato da mediocridade, da inveja, dos sonhos mesquinhos, daqueles que votam neles e fazem as escolhas que temos de aturar. Mas depois há a metade que não vota e prefere ir para a praia... Os portugueses desiludem-me, não quero partilhar nada com eles.
E a moça voltou à carga:
Pense bem e segunda feira telefone-me para dizer a sua decisão.
Não telefonei.
O meu desencanto não é de fim de semana, mas de uma vida, que tenho enfrentado, pagando pela cretinice (ou apatia) do imenso curral de bois mansos e voyeurs.
E por isso não vou ao tal programa da tarde, nem a qualquer outro, deixar que devassem uma vida de dificuldades, não lhes dou esse prazer de, em directo, me esquartejarem e chorarem cifrões, com as desventuras da minha caminhada, ou exultarem - sempre em forma de cifrão - com as minhas pequenas vitórias, pois à custa dos desgraçadinhos, cachets mais altos se levantam!
Não! Comigo não se safam!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)

segunda-feira, agosto 01, 2011

Sete Anos de "Águas do Sul"


Sete anos a lutar contra o deserto de ideias, criticando os ladrões de sonhos.
Sete anos a partilhar emoções, poesia, música, pintura, ideias, caminhos.
Sete anos a resistir, a voz segura, desinquietando todos os que não se reflectem na governança desenfreada dos políticos de pacotilha que invadiram o espaço partidário alternadeiro.
Sete - número mágico que atingimos, com esperança, trabalho, criatividade.
Queremos viver mais sete anos, mas num mundo melhor que este, onde estamos, tentando respirar no meio de tanto escolho.
Sabemos que não estamos sós.
Cada vez seremos mais!
Obrigado por acompanharem este blogue, estimulando os mais de dois mil e quinhentos dias percorridos, deixando rastilhos de afecto...
Luís Filipe Maçarico - texto e foto.

Mariana da Estação


Mariana da Estação (de Ourique), é famosa, porque na sua taberna se canta o baldão, ao som da viola campaniça, com o sabor antigo dos grandes mestres que a planície escutou.
Templo desse património identitário, que acompanha quem nasceu naquele sul, que vai de Castro Verde a Almodôvar e de Ourique a Odemira, a taberna de Mariana é cenário de alguns episódios da sua vida e de uma arte, que integra as práticas dos cantares ao desafio.

Maria José Barriga investigou esta tradição, tendo apresentado o seu estudo etnomusicológico em livro. O baldão, segundo esta autora, surgiu nos finais do século XIX no concelho de Odemira expandindo-se no século seguinte por freguesias dos concelhos vizinhos.

No período das fortes migrações e do desemprego, que assolaram o Alentejo, entre os anos 60 e 80, o cante ao baldão teve menos seguidores e intérpretes, renascendo com Pedro Mestre, que recolheu, junto dos velhos cantadores, modas antigas, construíndo violas, trazendo de novo o baldão, agora com a força da Internet, para o grande público, como mais uma marca cultural do sul.

Mas voltemos a Mariana da Estação...
Há quem lhe chame a nossa Calamity Jane...
http://pulanito.blogspot.com/2007/09/mariana-da-estao-nossa-calamity-jane.html
A mestra daquele cante único, esteve na inauguração do Museu da Ruralidade, em Entradas, na passada sexta-feira.

Francisco Colaço, alentejano de Aljustrel, fotografou-a, entre os convivas do petisco. E no Youtube, seja com Pedro Mestre, ou com Pepe da Favela, esta mulher fabulosa, aparece, cantando ao desafio, num momento que partilho.
Apreciem a arte, espontânea, com o Alentejo na voz e na pegada, de Mariana da Estação...
http://youtu.be/6O8mY0x_guw

Recolha e texto de:Luís Filipe Maçarico. Fotografia: Francisco Colaço.