Agradeço ao amigo Egas Branco, que me fez chegar este artigo, publicado no "Avante", que transcrevo:
PONTOS DE REFERÊNCIA ESSENCIAIS
O martírio da população da Faixa de Gaza tem sido enquadrado por uma orquestração mediática que manipula e desinforma, submerge informação verídica e opinião construtiva, esconde as questões de fundo, banaliza e absolve os piores crimes. Importa por isso não perder de vista pontos de referência fundamentais.
A raiz do conflito.
É necessário não esquecer, como pretende a propaganda sionista, que ela reside na expulsão violenta de milhões de palestinianos das suas terras e das suas casas e na transformação da vida das populações dos territórios ocupados num autentico inferno. Enquanto os direitos nacionais do povo palestiniano não forem reconhecidos e respeitados, enquanto não for criado e garantido um Estado palestiniano independente e soberano com capital em Jerusalém, enquanto não forem implementadas as resoluções da ONU sobre a questão palestiniana, não haverá uma paz justa e duradoura na região. As incontáveis «tréguas», «acordos» e «processos de paz» que se têm sucedido, ignorando ou subalternizando sempre esta questão central, só têm servido para consolidar no terreno as posições do ocupante.
Um Estado fora da lei.
A coberto de uma fachada interna «democrática» e da manipulação das terríveis perseguições de que os judeus foram vítimas pela Alemanha de Hitler, Israel tornou-se num Estado que viola sistematicamente a legalidade internacional e que, à semelhança do nazismo, recorre a práticas caracterizadas pelo desprezo pela vida humana, a crueldade, a retaliação e perseguição em massa. É necessário chamar as coisas pelos nomes e não fechar os olhos a uma realidade que os massacres de Gaza tão dramaticamente denunciam.
A responsabilidade dos EUA.
Fortemente militarizado, com um Exército e serviços secretos sofisticados, dispondo de armas nucleares e químicas nunca declaradas, Israel é entretanto um Estado cujo poder depende dos EUA e a sua criminosa política de terrorismo de Estado é afinal expressão da política terrorista do imperialismo norte-americano. Israel não é mais que uma fortaleza avançada dos EUA para a sua estratégia de domínio do Médio Oriente. A comprová-lo está o acordo entre Israel e os EUA, assinado em plena ofensiva assassina, visando a extensão das operações navais norte-americanas na região, numa escalada agressiva já denunciada pela FDLP e por outras forças progressistas palestinianas.
A cumplicidade da União Europeia.
Em ano de eleições para o Parlamento Europeu ganha ainda maior relevância a cumplicidade da UE com os crimes das tropas israelitas. Em plena ofensiva contra Gaza, em lugar da condenação e sanções ao agressor, a UE oferece a Israel o reforço do seu estatuto de associação. E o PE adopta por esmagadora maioria uma resolução que os deputados do PCP não puderam acompanhar por colocar no mesmo plano agressor e agredido, iludir as questões de fundo e pôr a UE uma vez mais a reboque dos EUA.
Realidades de sinal contrário
A ONU. Salta à vista a impotência da ONU e a instrumentalização do seu Conselho de Segurança e do seu Secretário-Geral, Ban Ki-moon, um ridículo homem de palha do imperialismo. Situação perigosa recordando o lamentável desempenho da Sociedade das Nações que precedeu a II Guerra Mundial. Simultaneamente, verifica-se também uma realidade de sinal contrário, positiva, que a generalidade da comunicação social silenciou: coragem e dignidade do Presidente da Assembleia-Geral da ONU, Miguel D'Escoto, que, coerente com os valores da revolução sandinista de que foi protagonista destacado, não hesitou em denunciar os crimes dos agressores e em afirmar que «Israel não é mais do que um tentáculo dos EUA nessa parte do mundo». Coragem e dignidade também na Comissão de Direitos Humanos da ONU com uma excelente Resolução exigindo a imediata retirada de Israel da Faixa de Gaza aprovada por 33 votos contra 1 (do Canadá) e 13 abstenções, significativamente de países da UE e outros aliados dos EUA.
Portugal.
O seguidismo do Governo do PS em relação aos EUA, à UE e à NATO é uma vergonha. Noticia-se que o Governo não autorizaria a passagem por Portugal de armas para Israel. Mas as Lages lá estão para o que os EUA entenderem necessário às suas «operações encobertas» de subversão e agressão, nomeadamente no Médio Oriente e é cada vez mais frequente, como agora no Afeganistão, a participação das Forças Armadas portuguesas em operações de guerra imperialista.
A luta.
Só a luta anti-imperialista, a solidariedade internacionalista, a acção comum ou convergente dos comunistas e de todas as forças do progresso social, pode atar as mãos criminosas dos agressores sionistas e dos seus patrões norte-americanos e europeus. Daí a importância de uma ampla acção de esclarecimento do Partido com a larga difusão dos documentos de denúncia do massacre de Gaza. Daí a necessidade de dar ainda mais força às acções de solidariedade para com a luta do heróico povo palestiniano (...)
Albano Nunes