"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, dezembro 26, 2013

E não se pode exterminá-los?



Nos últimos meses, comecei a ser bombardeado pelo banco, através do qual recebo o salário. 
Que pretendem as doutas cabeças da instituição financeira? Estão sempre a tentar torpedear..."porque achamos que tem uns euros, que se pensasse bem podia investir num produto, que dá x por cento de juro ao ano" e chateiam, chateiam, até à náusea.

O pior é que se trata de um banco, que foi fundado com propósitos mutualistas, sendo uma associação. Pois agem impiedosamente, de forma comercial, rasteira, como todos os outros. 
A globalização trouxe o terrorismo publicitário, o desespero da intervenção competitiva, na ânsia de angariar consumidores para os tais produtos, que, a serem subscritos, significaria, que ao fim de um ano, de usarem o magro dinheiro que recebemos mensalmente, "compensariam" com uma migalha por não termos podido movimentar a maquia retida...

A TMN sistematicamente e sob a capa de número privado, insulta a inteligência daqueles que têm um telemóvel impingindo, semana sobre semana, dia após dia, estejamos a trabalhar, a almoçar ou até num velório, a porcaria daqueles canais televisivos, que uns execráveis ratos fedorentos propagandeiam, há quatro anos, ou a questionar, porque não subscrevemos o produto y, pois andamos a carregar o telemóvel num menú mais dispendioso. Querem controlar o nosso dinheiro e o seu emprego livre naquilo que nos apetece...

Todos prometem o paraíso, invadindo a nossa privacidade, seja de forma telefónica, seja através da gritaria dos loooooongos intervalos publicitários das televisões ou da TSF, que há muito deixei de escutar por causa de abusarem dessa opção comercialóide.

Tornou-se insuportável aturar tais atentados, que fazem disparar a hipertensão, sobretudo quando desde um call center uma voz jovem nos inquire: "Mas não quer ver televisão, porquê?"

E não se pode exterminá-los? (refiro-me obviamente às chefias, que obrigam os trabalhadores daquelas instituições a agredir-nos no dia a dia)...

LFM (texto e fotografia)





domingo, dezembro 15, 2013

Uma Questão de "Marca"...






Inúmeros municípios portugueses, perderam a sua autonomia em 1895, por causa da reforma administrativa, decretada pelo Primeiro Ministro do Governo do Partido Regenerador, Ernesto Rodrigo Hintze Ribeiro. 
Três anos depois, muitas das Câmaras Municipais foram restauradas, em 13-1-1898, sendo primeiro ministro José Luciano de Castro, do Partido Progressista.

Apetece citar a Infopédia acerca do clima político de então: "Durante o período conhecido como rotativismo o Partido Progressista alterna-se no poder com o Regenerador, entrando mais tarde num processo de declínio e enfraquecimento, marcado por acusações de corrupção e de descontrolo financeiro e ainda pela dissidência de uma fação do partido." (1)
A lista dos municípios anexados é extensa. Alcochete, Aljezur, Cadaval, Constância, Marvão, Palmela, Seixal, Sousel, Vila do Bispo,Vila Velha de Ródão são apenas alguns exemplos.

Como é sabido, no chamado Guião, apresentado há algumas semanas, pelo vice-primeiro ministro, para a Reforma do Estado, é proposta a agregação de municípios, uma ideia que a Troika em 2011 já sugerira, de forma mais brutal - extinção - para reduzir despesas.

O ex ministro Relvas optou então pela fusão e extinção das freguesias, processo que, por falta de um estudo ponderado, ainda anda aos solavancos. 
Em Lisboa, dois Antónios, um Proa, outro Costa, subscreveram este ideário e redividiram em novas e maiores fatias, a cidade. No caso da freguesia onde moro (Estrela), que nasceu da morte de três- Prazeres, Lapa e Santos-o-Velho, ainda não há local definido, para os serviços da nova autarquia funcionarem, e a antiga sede da Junta de Prazeres, em vez de manter o nome, que define um território, foi rebatizada (e reduzida) com o nome de uma rua. Chama-se agora aquele espaço Centro Comunitário da Pampulha. Já houve mexidas nos funcionários, a lei da mobilidade dá muito jeito. E prevê-se, segundo o jornal Expresso que a Câmara transfira serviços para as nóveis freguesias, tais como Bibliotecas e Complexos Desportivos...a procissão ainda vai no adro...
A nova geração de políticos marca pontos, a meu ver negativos...

A Relvas se deve uma reorganização tão capaz, que por exemplo, Vale do Poço, uma aldeia dividida ao meio (uma parte pertencia a Mértola, Junta de Freguesia de Santana de Cambas, outra a Serpa, freguesia de Salvador), não foi mexida, na antiga e incoerente divisão territorial...

Ora, neste país tão genuíno, tão rico em estórias, no âmbito político, o novo executivo da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião, justificou assim uma das suas primeiras medidas, ao que parece aprovada por unanimidade - a mudança de 13 de Janeiro, para 29 de Julho, do feriado municipal. Ou seja, em vez de festejar a sua autonomia, reconquistada no início do ano de 1898, através dos heróis de então, passa (como se os santos não tivessem as suas romarias e festejos anuais) sob o pretexto de criar uma marca, a celebrar o feriado no dia da Santa, abdicando do facto de ser uma entidade civil e pública, apagando a memória de um património histórico que julgamos importante, parecendo subordinar-se aos Cânones da Religião...
Explicam os novos decisores: 
"Com o objetivo de promover a Padroeira da Região Demarcada do Douro e para dar jus ao seu nome, o executivo municipal penaguiense, desde a sua tomada de posse no passado dia 12 de outubro, decidiu tomar algumas decisões/medidas.
A nova marca “Santa Marta” baseia-se no conceito de reviver a lenda do Conde Guillon e da Santa, apostando no desenvolvimento do turismo, da ação social, da educação e da economia. Com efeito, o executivo local pretende “deixar de apostar no betão e no cimento” para se dedicar principalmente às pessoas. Para tal, deverá pôr em prática, ao longo de todo o seu mandato, algumas medidas, que já passam por:
- Alterar a data do feriado municipal de 13 de janeiro para dia 29 de julho, dia da Padroeira da Região Demarcada do Douro, podendo assim assinalar a data com várias iniciativas culturais e protocolares, junto da grande comunidade local e emigrante de Santa Marta de Penaguião, fazendo da vila de Santa Marta o centro do “Douro” nesse dia".
Seguem-se as promessa de baixar o IMI, de abdicar do IRS, a favor dos locais, da  valorização da castanha, da construção de uma escola EB2/3 para manter os jovens do concelho a estudar no território, etc. etc., o que em si, parecem boas medidas. 
No entanto, a mudança do feriado municipal, deixando cair no esquecimento a data da restauração do concelho, trocando-a por ofertas aliciantes de bem estar, faz-me suspeitar que este concelho poderá não ter um futuro autónomo e que nos bastidores da política paroquial, alguns acordos devem andar a ser esboçados, para agradar a Coelhos, Seguros, Portas & Troikanos.
Régua e Vila Real, que absorveram Penaguião, durante algum tempo, podem voltar a ter - a par dos estrangeiros, que compram as quintas do Douro - a tutela da fragmentação deste território. 
Como o Povo parece ter deixado o cérebro em local incerto, e como aconteceu na actualidade (veja-se o que sucedeu com o 5 de Outubro e o 1º de Dezembro, negociados entre dois ex-poderosos, o ex ministro Álvaro Santos Pereira e o ex-cardeal patriarca Dom Policarpo), todos os pretextos são bons para afirmar como diz uma múmia, que "estar vivo é o contrário de estar morto", valendo tudo.
Surpreendido (é verdade, ainda me espanto, após tudo o que já vi e escutei) com as atitudes do novo pessoal político, que nos governa, seja no Estado Central, seja nas autarquias, particularmente naquilo que concerne ao apagamento da memória identitária, tenho de citar uma frase de Dias Gomes, autor do "Santo Inquérito":
"Há um mínimo de dignidade que um homem não pode vender, nem em troca do próprio sol!"

 Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)


(1) Partido Progressista. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-15].
Disponível na www: .

quinta-feira, dezembro 12, 2013

Escandalosamente Humano

 

Tenho dito aos amigos que gostava de viver num país de eterna Primavera...
Os aromas estimulam e, quando a Natureza renasce, a energia vital regenera-se.
Não é ainda o tempo dos calores tremendos, que todos os anos provocam incêndios devastadores.
Já não é a época dos frios desmotivadores, das chuvas gélidas, por isso parece-me, mesmo que as temperaturas não sejam quentes, que Abril e Maio são meses empolgantes, criativos.
O Outono, com as florestas cor de cobre e o folhedo atapetando o chão, as castanhas e os medronhos aliciando o palato, não me empolga, e a escrita é melancólica, o clima interfere com os sentidos, ter o sol na alma, não é o mesmo que senti-lo, aquecendo a caminhada...
O Inverno, inóspito, que reduz a paisagem à aridez, produz inércia, a escrita é triste. Há um vazio na nossa pegada solitária... 
Sinto um desencanto atroz, pois assisto impotente ao processo em que o país definha e apenas vislumbro uma fraca alternativa, ao tsunami da reviravolta de tempos que vivi com entusiasmo, pensando que o Mundo seria mais justo.
Verdadeiramente motivador foi sempre Março, com uma filigrana de ternura nas árvores e a esperança de dias tépidos ao virar da esquina e cânticos de melros madrugadores.
Gostava de viver num país de eterna Primavera, onde a par da Natureza renascida, as pessoas pudessem ser mais fraternas e a escala humana fosse a medida de todas as coisas.

Neste Outono do nosso descontentamento, sendo o lucro monetário o deus - todo - poderoso das políticas e das relações dos seres ditos racionais, surge como uma cintilação distinta e segura uma voz anónima vinda do Norte.
E na hora de receber uma medalha, celebrando os direitos humanos, José António Pinto desafiou os governantes a travarem “imediatamente este processo de retrocesso civilizacional que ilumina palácios, mas ao mesmo tempo deixa pessoas a dormir na rua”.
Por vezes, seja por causa tempo, ou da escassez de força anímica, fico derreado. As notícias diárias interferem com a felicidade. Não creio em amanhãs cantantes sem ver o envolvimento daqueles, sem os quais nada acontecerá. 
A injustiça, a crueldade e a violência entram de rompante na folha de jornal, no écran do computador. Mas súbito, alguém diz Não, com muita coragem, sem alarde, mas com uma segurança que me faz acordar da letargia...
As palavras de José António Pinto surgiram, no outro dia, como sinal que é possível viver, num Abril com sabor a eternidade, onde a franqueza, a partilha, o sonho e o respeito pelos outros, podem ser a bandeira.
Sem religiões, que apregoam todavia esse bem estar, assegurando apenas algum assistencialismo, sem poderes que prometem essa aleluia, mas promovem o empobrecimento, sem mentiras que grassam por todo o lado, afastando os cidadãos da res pública....
Obrigado José António Pinto, irmão de todos os que sofrem, por seres escandalosamente humano!

Texto: Luís Filipe Maçarico Fotografia: Recolhida na Internet

quarta-feira, novembro 27, 2013

DOIS ESCRITORES E O DOURO.

É a região do Douro uma escultura única, produzida por milhares de seres humanos, ao longo de gerações.
Os socalcos falam-nos da luta de trabalhadores rurais, que com os seus braços e com pegada ardente, plantaram vida. Respiração do futuro.
Ao longo de séculos, pedra a pedra, torrão a torrão, as vinhas cresceram, multiplicaram-se, no milagre de uma paisagem humanizada. E tingiram-se de verde ou dourado, conforme a época, acompanhando o tempo, chuvas, sóis, ventos, frios. Do cobre ao cinza, a tela da existência palpitou, com a cor do rio serpenteante, marcando o espaço.


Dois homens da literatura, cujas vidas podem ser comparadas a essas escadarias rasgadas na Natureza, souberam retratar como poucos na nossa língua, o afã dessa gente.

Alves Redol, na sua triologia Port Wine, acompanhou a saga das transformações do território e a sobrevivência desse povo heróico. Embora deslocado do seu Ribatejo, soube olhar e descrever aquela realidade, a fraternidade entre explorados. Horizonte Cerrado, Os Homens e as Sombras e Vindima de Sangue são romances dessa fase... tal como Porto Manso.

 João de Araújo Correia, na sua vivência desde criança, por terras tão familiares, como médico e escritor, conheceu a alma duriense intensamente e teceu textos incontornáveis, deixando-nos uma obra ímpar, que felizmente uma Tertúlia no Facebook partilha. Deixo aqui o endereço electrónico, para poderem desfrutar:

 E também dois excertos das suas obras:

A TRAGÉDIA DAS ÁRVORES

A tragédia das árvores… Se eu fosse poeta cantá-la-ia em mil cantos repassados de dor. Já repararam no divórcio da árvore e do homem, no abismo que os separa? Dir-se-á ser a árvore como a mulher que nos adora e se esmera durante a vida para nos merecer um sorriso forçado. A guarda-roupa infinita dos seus vestidos, nem pela enormidade nos deslumbra a nós, modernos, eivados todos do delírio da grandeza. As suas atitudes, ora humildes, ora altivas, assim como os seus gestos de afagar e de oferecer, nem gratidão, nem respeito, nem piedade nos movem. Nas suas bocetas há perfumes orgíacos, um aroma para cada sensualismo. Inebriaram os deuses. A nós enjoam-nos. No âmago dos frutos dormem filtros que as pobres feiticeiras reputam infalíveis para prender os homens. Debalde sorvemos os sucos letais. Será o orvalho de que as árvores se aljofram choro de desespero? E a nossa brutalidade de fadistas? Sabem como se castiga a árvore que nos perturba o sono com um gemido, que nos arremessa ao rosto um punhado de folhas secas, que mexe na pedra de um muro? Matando-a. Nem lhe perdoamos que a sua ramaria nos amorteça o ardor do sol. Podia lembrar-nos que não sustentaríamos o olhar da nossa amada, sem a doçura dos seus longos cílios. À árvore nada se agradece, nem nada se perdoa. É como a mulher que se enamorou de nós. Pode enfeitar-se ou desleixar-se. Indiferença trágica …Ou é bárbara ou a nossa civilização é tal, que nos permite viver sem beleza, sem graça e sem amor.

CORREIA, João de Araújo In SEM MÉTODO






“É [o Douro] um rio louco, que abriu caminho em fúria por entre montes gigantes e, obstinado, quis ir ver o mar. E chegou. Cansado, mas chegou,
Em toda a jornada lutou sempre com o penhasco e xistos, com fraguedo e granito, dando a cara a tudo aquilo que lhe quis barrar o caminho. E os homens das saus margens aprenderam este sentido de luta. Construíram os seus barcos e ofereceram batalha ao rio enlouquecido e raivoso no trovelinho das suas águas traiçoeiras.
(…)
É um caminho de alucinações e de sonho – cansa e conforta.
Por isso os marinheiros se apaixonam por ele como por uma mulher de mil feitiços. Dão-lhe tudo(…)
O Douro, porém, chegou cansado para ver o mar.”
REDOL, Alves, Porto Manso


Há homens que morrem duas vezes, perante o esquecimento.
Ferreira de Castro, quem o recorda, contando a epopeia dos emigrantes no Brasil em "A Selva"?
Manuel Ferreira, porque está o seu romance "Hora di Bai" tão olvidado?
Bem hajam então, os filhos dos dois escritores que referi, face à beleza das obras que os pais escreveram, acerca do Douro e suas gentes, pela divulgação que promovem, incansavelmente, honrando a passagem daqueles seres especiais, pelo desconcerto do mundo...
A ler, urgentemente, neste tempo de labregos que flagelam a língua. Para limparmos a alma, com o seu olhar e a sua escrita luminosa.

Luís Filipe Maçarico (introdução e selecção de textos)
Fotografias de um álbum de viagem,  na região duriense.

terça-feira, novembro 19, 2013

ARMINDA PALMA

Escrevo de improviso e debaixo da emoção.
Um dia, fui contactado por uma alentejana risonha, que vivia perto de Lisboa, era professora, adorava a cultura do sul e que afirmou querer conhecer-me, pois lera textos de minha autoria, dos quais gostara. Queria conhecer o autor. A ver se "a bota batia com a perdigota"...
Conhecemo-nos num Desfile, a 25 de Abril. Já lá vão alguns anos...
Apresentou-me o marido, que a acompanhou até ao fim.
Ela amava a vida, achava que a crueldade era algo de outra galáxia e, quando lhe descrevia certos absurdos, não se continha, considerava que era demasiado surreal...
E eis que o surrealismo tomou de assalto o país, e, de repente a sua própria vida.
Ainda tive tempo para a convidar a almoçar comigo, nos Duques, restaurante popular, situado no começo da Rua do Alecrim. Partilhei livros, poemas, artigos. Corrigiu um ou outro erro, que por vees, sem me aperceber, cometo. Também me vai fazer falta por isso...

Facultei contactos de gente boa, que faz o Alentejo andar para a frente, num tempo em que são mais os escolhos, que os horizontes luminosos. Numa rádio do sul, entrevistou alguns deles. Foi correspondente de uma antena de emigrantes na Suíça.
Vi as imagens, que ao longo dos anos foi colocando, na sua página Facebook, enquanto Maria do Mar ou Esteva, pseudónimos que usou, para assinar as suas delicadas palavras, acerca da terra e das gentes que trazia no sangue fraterno. E gostei do seu afã, do voluntariado, da alegria que buscava teimosamente.
Soube, entretanto, que a doença a atacara com violência.
Acompanhei o doloroso percurso. Esperançámos, apesar dos obstáculos. Ainda há pouco tempo telefonou-me para dizer que resistia, que enfrentava com muita força o Mal que a agastara no Verão, mas que iria renascer!

Não esperava deparar-me com a notícia chicoteante, tremendamente injusta, que nos estremeceu por estes dias.
Onde quer que tenha ficado o espírito, daqui lhe aceno com uma espiga e uma papoila, sabendo que entre brisas e estrelas, estará o riso da Arminda Palma, a amiga  das palavras e das emoções genuínas, que partiu com os olhos embalados pelo Alqueva e o coração apaparicado pelos horiontes desmedidos da Planície Eterna.

Luís Filipe Maçarico (texto e foto)




segunda-feira, novembro 04, 2013

A Encomenda

No passado dia 2 de Setembro, após uma experiência que correu muito bem, no site da Amazon, pedi a um colega que fizesse nova compra on line, desta vez a uma livraria francesa, para aceder a um livro, sobre batentes de porta e respectiva simbologia.

Começou então uma saga. Como estava a trabalhar durante o dia, pensei que a encomenda fosse entregue nos Correios.

Porém, não só ninguém tentou contactar-me, caso alguma empresa distribuidora, tenha batido à porta, e, ao contrário do que dizem no site "Colissimo", a encomenda, o colis, não foi deixada nos CTT, à espera de mim. Porque, com muita regularidade, no posto onde agora tenho de me deslocar (sete paragens de autocarro, da minha casa até lá), face ao encerramento da estação onde desder miúdo ia ao correio, perguntei se tinham alguma embalagem para mim...Nada de nada!

Graças à minha amiga Yvette, que conheci na ilha de Jerba, na Tunísia, foi possível contactar a livraria e o colis que tinha sido devolvido, graças à intervenção dela e à gentileza da funcionária com quem falou, pôs-se a caminho no meu dia de anos.
Dia 30 saiu do território francês...E hoje, segunda feira dia 4 ainda não chegou...

Telefonei, entretanto, para uma empresa privada de distribuição destes objectos. Que tem indicativo 707 (vampirismo telefónico!)...e a resposta foi nada!!!
Nos CTT disseram-me que pode ser uma outra, e que essa funciona muito mal, que há queixas...
Antevejo neste problema o que vai suceder quando os Correios Portugueses forem privatizados.
 E não gosto desta novela, que é um labirinto.

O pior é que há dois meses, descontaram de imediato os euros, correspondentes ao valor do livro e aos custos de expedição. 
E passado todo este tempo, nenhum vestígio do colis.
O prazer de folhear esse livro tão ansiado, devido à incompetência de alguém, foi adiado e nem sequer sei se alguma vez acontecerá...

Desde há quase uma semana, a porta do imóvel ostenta uma solicitação, para deixarem rasto, os misteriosos transportadores, acerca do sítio ou telefone, onde posso procurar a desejada obra...
 

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)


quarta-feira, outubro 30, 2013

Sessenta e Um Anos







É o Outono que espreita
no frio súbito, a chuva
deu lugar ao sol de Outubro.

Gostava de viver num país
de eterna Primavera onde
os amigos chegassem, inesperados
como papoilas matinais
 
aquecendo o coração.

Para brindarmos à Vida.

Nasci para este tempo
Suporto o vento, ao vosso lado.
E sonho que é Abril
ainda...

 

29-10-1952, sessenta e um anos depois...



Luís Filipe Maçarico

quarta-feira, outubro 23, 2013

Menoridade

 

Aos Amigos António Prata e Jorge Cabral

Que povo é este, que papagueia o que as senhoras Isabéis Jonets, os Passos e os Portas repetiram / impingiram, vezes sem conta?

Durante longos meses, escutámos o que esses "devoristas" (para empregar um termo, utilizado hoje por Santana Castilho, na sua crónica do Público), bolsaram, dia após dia, culpando o mesmo povo, que os elegeu - e que dentro do seu universo acrítico e conformista, aceitou, como verdade, tal mentira...

Para ajudar a manter essas pessoas, impávidas e dormentes, existe aliás um séquito de comentadores, que invadem o seu quotidiano, "interpretando" a actualidade, opinando, como se a política da governança fosse um mal irremediável, injectando as suas reflexões impositivas, que são tudo, menos independentes.

Deste mal estar inculcado, terá nascido certamente a triste frase, dita e redita, até à exaustão, "Viver um dia de cada vez"...

Quando era jovem, jamais escutei tal "máxima", digna de uma historieta sem moral, de ratos assustados e não de gente que tem filhos, projectos e sonhos.

Se os que nos antecederam, avós e pais, pensassem desta maneira assustada, não estávamos neste mundo, certamente. E o tempo deles terá sido bem pior que o nosso...

Quando será que esta parte de pequenez, menoridade e medo, de falta de amor-próprio e ausência de ambição, será substituída pelo prazer de Ser?
Quando será que o povo fecha a televisão, recusando seguir os ditâmes dos politiqueiros de meia tijela, que enxameiam o écran?
Quando será  que a reverência termina e os que prejudicam a Comunidade ficam só com os votos da família e dos comensais?
O que é preciso acontecer mais para o Povo acordar?

LFM (texto e foto)

A Realidade

"Tudo o que temíamos acerca do comunismo - que perderíamos as nossas casas e poupanças e nos obrigariam a trabalhar eternamente por escassos salários e sem ter voz no sistema - converteu-se em realidade sob o capitalismo"

Jeff Sparrow

Esta frase, retirada da página Facebookiana de Michèle Boulier Faro, exprime bem a pertinência dos que recusam a prepotência actual dos Governos, cuja globalização ofensiva empobrece, cada vez mais, aqueles que possuem escassos recursos, decorrentes dos proventos do seu trabalho, esmagando os mais fracos, como é o caso dos idosos.

Nascido em 1969 em Melbourne, Austrália, o escritor Jeff Sparrow é um activista dos direitos humanos.
Eu não diria melhor!
LFM (texto e foto)


terça-feira, outubro 01, 2013

Rua Prior do Crato ou quando a cidade despreza os seus velhos




A rua Prior do Crato, na cidade de Lisboa, definha, em termos de comércio, desde que a Troika entrou em Portugal.
Tal como a Rua dos Fanqueiros. Tal como as ruas do Couço, ou de muitas localidades do interior.

Hoje soube que a Farmácia Bairrão, - onde desde pequenino encontrei os remédios mais eficazes, para as maleitas de seis décadas, - vai encerrar.
Sucedeu o mesmo com outras marcas, como foi o caso da centenária tipografia Liberty ou da loja Singer, que pouco a pouco fecharam, dando lugar a surtos de cabeleireiros e compra de ouro.

Chineses, nepalenses e paquistaneses, apareceram nesta rua, sucedendo a estabelecimentos de comércio tradicional.

Há meses atrás, perto desta artéria, fechou, sem aviso prévio, a estação dos CTT das Necessidades, muito frequentada, face à proximidade do Ministério dos Negócios Estrangeiros...
Pobres idosos, sem CTT para levantarem a pensão e se farmácia para aviarem os medicamentos.
Agora tem de se andar sete paragens de autocarro (773) para tratar dos assuntos que só podemos tratar numa estação dos CTT...Quanto às farmácias alternativas, às quais se recorria, em dias de folga da Bairrão, começam a ficar diariamente distantes...

Já agora, venham à Rua Prior do Crato (freguesia de Prazeres) fazer uma visita turístico-bizarra e constatem como todos os dias os idosos caiem... eu próprio já torci os dois pés e tive de andar um ano na fisioterapia. 
Motivo: acabaram com os calceteiros municipais e agora empresas "especializadas" - cujos funcionários são cabo - verdianos e ucranianos, mão de obra barata e sem experiência, - têm a incumbência de reparar os buracos. 
Em vez de aplanarem o piso, compõem o espaço à maneira deles e ficam conchas, declives, abismos calcetados. 

Tenho medo de andar na rua, também quando não chove há muito tempo, pois o passeio fica polido e as quedas são também uma evidência. Aconteceu-me há semanas, felizmente sem consequências...

Os passeios artísticos, que alguns autarcas, de cú tremido, quando saiem dos gabinetes, tanto enaltecem, são muito bonitos, para aparecerem em postais ilustrados ou em livros, para oferta de prestígio, fotografados de preferência durante uma viagem aérea...ou seja, distantes, como convém...

Lisboa já não é lugar para se viver com alegria...nem sítio recomendável para velhos!


Luís Filipe Maçarico

quinta-feira, setembro 26, 2013

Com a Ronda dos Quatro Caminhos em Évora

Ontem, ao fim do dia, decidi ir a Évora, para assistir ao Comício da CDU, na Praça do Giraldo. 
Encontrei bons amigos e fruí a noite cálida, escutando o candidato Carlos Pinto de Sá, as vozes dos Cantares de Évora e a grande música da Ronda dos Quatro Caminhos.
Acerca da Ronda nunca é demais sublinhar, que o repertório é fruto de um laborioso trabalho, que o rigor da pesquisa de António Prata e o companheirismo brilhante dos músicos, com especial destaque para João Oliveira e Carlos Barata, protagonizam. 
A curta mas forte intervenção do candidato à Câmara Municipal de Évora e o concerto que se seguiu, tornaram o regresso a casa muito agradável, pois há momentos que nos revigoram, quer pelo sonho que contêm, quer pelo lado humano que evidenciam
Parabéns à CDU e aos músicos e cantores intervenientes, pela intervenção que nos encheu a alma. 

LFM (texto e fotografias)

segunda-feira, setembro 09, 2013

Alpedrinha vai tornar a ser uma Terra em Festa!

A partir desta sexta feira e até domingo, em Alpedrinha, o Festival da Transumância, tendo como ponto alto a caminhada pela Gardunha, ao som dos Chocalhos do Rebanho, voltam a dar que falar.
Eis o Programa e se for caso disso, venham saborear uma Festa Reinventada da Beira Baixa!


 
PROGRAMA DA FESTA DOS CHOCALHOS 2013 em ALPEDRINHA
Chocalhos 2013 Festival dos Caminhos da Transumância 
 
Nos próximos dias 13, 14 e 15 de Setembro, na freguesia de Alpedrinha, irá realizar-se a 11ª edição do Chocalhos – Festival dos Caminhos da Transumância, num evento organizado pelo Município do Fundão e pela Junta de Freguesia de Alpedrinha. Do programa desta edição o destaque vai para a animação de rua, com vários grupos locais e nacionais a percorrerem as diversas ruas de Alpedrinha, para as atividades do Terreiro de Santo António que irão promover o património material e imaterial pastoril da Beira Interior, com conversas, oficinas, apontamentos musicais, mostras de artesanato e produtos da terra, atividades infantis, entre outras. De salientar ainda a 2ª edição da Exposição Canina Especializada de Cães de Proteção de Rebanhos e as atuações dos Coetus - Orquestra de Percussão Ibérica e dos Retimbrar.

Espaços :

Terreiro de Santo António - Espaço temático dedicado à pastorícia e seus produtos, animação, oficinas e demonstrações. Expositores: Museu de Tecelagem dos Meios Museu dos Lanifícios da UBI Núcleo Museológico do Salgueiro Casa do Bombo Ayuntamiento de Malpartida de Cáceres Associação de Queijeiros da Soalheira Escola Superior Agrária de Castelo Branco – Ovelha Churra do Campo e Merino da Beira Baixa Ovelha Bordaleira OVIBEIRA – Cabra Charnequeira ANCRAS – Cabra Serrana – Ecótipo da Serra Cães de Rebanho OCAIA – Associação de Artes e Saberes Tradicionais.
Palácio do Picadeiro Espaço de Exposições e Concertos. 


Programa
Sexta-feira, 13 de Setembro
19.00h Abertura e desfile com todos os grupos participantes Arruada Animação de rua (19.00h às 23.00h) – Grupo de Bombos “Zabumbas de Alpedrinha”, Grupo de Bombos “Toc & Rodão”, Grupo de Bombos de Vale de Prazeres, Grupo de Bombos do Souto da Casa, Grupo de Cantares dos Três Povos, Dedo Mindinho, Orquestra de Foles, Trimoço, Grupo de Cantares da Nossa Senhora do Mosteiro (Freixial) e Ida e Volta (Gigantones). Terreiro de Santo António
19.00h Abertura da Rádio Chocalhos
21.30h Demonstração da feitura da Travia pela Associação de Queijeiros da Soalheira 22.00h Conversas Transumantes
23.00h Ler as estrelas – Observação de estrelas
24.00h Sons do Terreiro – Bardo do Terreiro Chafariz D. João V
23.00h Concerto Retimbrar (Retimbrar é um movimento dentro do qual se enquadram não só o respeito pelos ritmos tradicionais portugueses, mas também a sua integração num contexto musical atual.) Nos Retimbrar, o objetivo é tocar, explorar estas sonoridades, com os seus instrumentos e contextos próprios e colocá-los em situações inovadoras. Na Oficina Retimbrar investigam-se os ritmos tradicionais e as possibilidades de inclusão de instrumentos tão portugueses e variados como triângulo, bombo, caixa, reco-reco, chocalho alentejano, adufe e as tréculas.

Tudo faz sentido com público, que se quer também ator. Pequenos Palcos Concertos alternados nos cinco pequenos palcos, das 20.00h às 23.00h. Palcos: Casa do Páteo Casa Paroquial Terreiro de Santo António Salão Paroquial Museu da Música Músicos: Daniel Amarelo (Tamborileiro) António Freire (Gaiteiro) João Gentil (Acordeão) Marco Silva (Viola Beiroa) Dulce Cruz (Concertina) André Neto (Violino) 


Sábado, 14 de Setembro
Animação de rua (10.00h às 23.00h) – Grupo de Bombos “Zabumbas de Alpedrinha”, Grupo de Bombos de Canas de Senhorim, Grupo de Bombos da Erada, Tuna da Academia Sénior do Fundão, Grupo de Bombos das Donas, Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho, Grupo de Bombos Cultura e Lazer de São Sebastião do Barco, Grupo de Bombos de Nisa, Grupo de Bombos da Liga dos Amigos do Alcaide, Grupo de Bombos da Cordilhã, Grupo de Cantares do Agrupamento de Escolas do Fundão, Orquestra de Foles, Jogo do Pau (jogo tradicional), Ida e Volta (gigantones), Serrabecos, Nave e Os Beirões da Concertina. Terreiro de Santo António

10.00h Abertura
10.15h Conversa sobre a Cabra Serrana, com Francisco Pereira da ANCRAS
11.00h Oficina Lanuda com Mabília Diamantino
11.30h Construção de Instrumentos Musicais Pastoris – OCAIA
12.00h Conversas Transumantes – Expositores do Terreiro
14.30h Conversas Transumantes – Expositores do Terreiro 
15.30h Oficina para crianças pelo Centro de Vias Pecuárias de Malpartida de Cáceres
16.00h Demonstração da feitura da Travia pela Associação de Queijeiros da Soalheira 
16.30h Conversa Cães de Rebanho Protetores vs Condutores, com Clube Cinófilo do Alentejo e canil d’ Alpetratínia
17.30h Demonstração de Cães de Condução de Rebanhos
18.00h Aulas de Cozinha
21.00h Demonstração da feitura da Travia pela Associação de Queijeiros da Soalheira 
21.30h Conversas Transumantes – Expositores do Terreiro
24.00h Sons do Terreiro – Bardo do Terreiro
Casa do Páteo 10.00h e 16.00h Ateliers Mê Mê – Matriz E5G

Chafariz D. João V 23.00h Concerto Coetus – Orquestra de Percussão Ibérica Na Península Ibérica há uma série de instrumentos de percussão, muitos deles desconhecidos, que ao longo da história serviam para acompanhar bailes, canções, romances e até para marcar o passo em procissões. A maioria dos instrumentos tocava-se em separado ou como acompanhamento. O objetivo de Coetus consiste em uni-los pela primeira vez e dotá-los de uma linguagem própria, inspirandose nos ritmos tradicionais, criando um diálogo ativo com a voz.
Pequenos Palcos Concertos alternados nos cinco pequenos palcos, das 16.00h às 18.30h e das 20.00h às 23.00h. Palcos: Casa do Páteo Casa Paroquial Terreiro de Santo António Salão Paroquial Museu da Música Músicos: Daniel Amarelo (Tamborileiro) António Freire (Gaiteiro) João Gentil (Acordeão) Marco Silva (Viola Beiroa) Dulce Cruz (Concertina) André Neto (Violino) 


Domingo, 15 de Setembro
8.00h Percurso pedestre com rebanho acompanhado pelos Chocalheiros de Vila Verde do Ficalho. Fundão – Alpedrinha. Ficha técnica: 12 km | Grau de dificuldade: Fácil | Tipo de percurso: Linear | Ponto de Partida: Praça do Município, Fundão | Ponto de Chegada: Alpedrinha | Duração aproximada: 3h.
Animação de rua (10.00h às 18.00h) – Grupo de Bombos “Zabumbas de Alpedrinha”, Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho, Grupo de Bombos da Freguesia de Alcongosta, Grupo de Bombos da Associação Raia dos Sonhos – Ladoeiro e Grupo de Bombos da Fatela. Terreiro de Santo António
10.00h Abertura
10.00h 2ª Exposição Canina Especializada de Cães de Proteção de Rebanhos
11.30h Chegada do Rebanho ao Terreiro
13.00h Entrega dos Troféus da Exposição Canina
14.30h Oficina para crianças pelo Centro de Vias Pecuárias de Malpartida de Cáceres 
15.00h Oficina Lanuda por Mabília Diamantino
16.00h Conversa Churra do Campo pelo Carlos Andrade e Joaquim Carvalho – ESACB 
17.00h Aulas de Cozinha
18.30h Desfile Final com os grupos participante
19.00h Encerramento Chafariz D. João V
16.00h Encontro Etnográfico Rancho Folclórico do Ladoeiro, Rancho Folclórico Infantil do Telhado, Rancho Folclórico da Fatela, Rancho Folclórico da Liga dos Amigos dos Enxames, Rancho Folclórico dos Três Povos e Grupo de Danças e Cantares do Paúl.
18.30h Desfile final com todos os grupos.

Jardim da Casa da Música António Osório de Sá

17.30h Lançamento do livro “Transumância das pequenas coisas”, de Luís Maçarico.
 
                                                                                                                                                                   

Casa do Páteo 10.00h e 16.00h Ateliers Mê Mê – Esmeralda Tavares e Matriz E5G
                                                            19.00h Encerramento.

Visite Palácio do Picadeiro |
Espaço de Exposições Das 9.30h às 13.00h e das 14.30h às 18.00h (dias 13 e 14 de Setembro o horário será alargado até às 2.00h).
Horizontes do Este Peninsular 1º Ciclo de vídeo sobre cultura pastoril e transumante

Sexta-feira – 20.00h | Sábado – 14.00h e 21.00h | Domingo – 16.00h
Exposição Perfis Comuns – Cultura material pastoril Organização do Centro de Información y Documentación de Vías Pecuárias, Ayutamento de Malpartida de Cáceres, Espanha

Casa da Música António Osório de Sá  
Exposição «Escola da Minha Infância»

Sábado – 15.00h às 20.00h | Domingo – 15.00h às 18.00h
Museu Etnográfico da Liga dos Amigos de Alpedrinha
Sábado – 15.00h às 20.00h | Domingo – 15.00h às 18.00h. 
Fundão, Aqui Come-se Bem – Sabores da Transumância Mostra Gastronómica
O Município do Fundão organiza, entre os dias 6 e 15 de Setembro, a quarta edição da Mostra Gastronómica Fundão, Aqui Come-se Bem -Sabores da Transumância, em 16 restaurantes do concelho do Fundão. Neste festival irão participar os restaurantes O Mário (Alcaria), O Pipo (Souto da Casa), Fiado (Janeiro de Cima), Alambique D’ Ouro, Dom Martim, Marisqueira Bela Vista, Boguinhas, Cantinho dos Grelhados, Hermínia, A Cereja, Moagem D’ Avó, Eclipse, O Parque (todos no Fundão), O Rochedo (Pêro Viseu), O Lagarto (Castelo Novo) e Pensão Clara (Alpedrinha). Com esta mostra gastronómica pretende-se que sejam criados e recriados pratos típicos regionais e ligados à Transumância.



sexta-feira, agosto 23, 2013

O Pesadelo da Selvajaria


Este Verão ardeu e continua a arder um território florestal extenso, que põe em causa de forma gritante, todas as discursatas e explicações dos responsáveis governamentais. Mas ninguém fica imune: autarcas, dirigentes dos bombeiros e população.
Para quando o efectivo combate à inércia? Dos proprietários, que não limpam a floresta, do povo que contribui para sujar, da ineficiência e falta de formação das equipas de socorro.
Morrem ou ficam feridos bombeiros, os prejuízos são monstruosos, a perda ambiental é desmesurada e continuamos a escutar os mesmos argumentos que já escutámos aos anteriores ministros dos governos de Santana Lopes (que até escreve artigos a dar conselhos acerca deste assunto) e José Sócrates, e ontem foram repetidos por Miguel Macedo, o ministro de Passos Coelho para esta problemática.
Noutros tempos, amava-se a árvore, símbolo de vida e de protecção ao Homem.
Hoje, odeia-se a mesma árvore, por incultura e selvajaria. São dezenas, os anormais presos pelo delito da piromania. Que destruíram pomares, animais, pessoas. 
A maioria actual da Assembleia da República, tão preocupada em legislar acerca da extinção de feriados emblemáticos e constitutivos da Nação, ou sobre as quarenta horas na Função Pública e todo o cortejo de medidas punitivas para os funcionários, transformados em bode expiatório de uma crise originada pela corrupção de politiqueiros cavaquistas, é permissiva na aplicação de castigos exemplares aos incendiários.
Sei que vou chocar, mas em certos países islâmicos, quem rouba ou pratica danos terríveis como este, é sentenciado de forma drástica, que não estimula a imitação: Mão cortada!
Para grandes males, grandes remédios, diz um provérbio. 
Não sendo adepto de tais sentenças, não posso contudo aceitar que se prenda e se solte, quem foi visto a pegar fogo à floresta, por legislação insuficiente, frágil, dúbia ou falta de provas.
Cada ano que passa, o massacre é maior. Não me venham com estatísticas ridículas, a meio do Verão afirmando que a área ardida é menor, para logo a seguir a realidade desmentir esses números.
Façam qualquer coisa para evitar este pesadelo! Todos!

Texto de Luís Filipe Maçarico. Foto: Recolhida na Net (Jornal i online.)

quarta-feira, agosto 21, 2013

Uns Ascendem, Outros Lixam-se!

Na segunda semana de Agosto de 2013, dirigi-me, com a minha amiga Ana, até Cacia, para passarmos alguns dias com o Luís, que nos apresentou em finais da década de setenta.
Fomos pela A1 até à saída de Estarreja.
Pagou-se a importância da portagem, porém, para nosso espanto, em vez de uma estrada nacional, surgiu logo a seguir uma SCUT agora paga, sem alternativa.

Para complicar a situação, e como o carro da Ana não está equipado com a via verde, apercebemo-nos que passámos um pórtico, equivalente a 20 cêntimos de portagem.
Finalmente, a estrada normal surgiu...

Nesse dia, fomos com o Luís aos CTT de Cacia, para tentar pagar os 20 cêntimos. Que não podíamos, pois teriam de passar 48 horas.
Dois dias decorridos, vamos a um café com payshop. Que não, que não há ainda ordem de pagamento...
No domingo o referido café estava fechado.
Segunda feira, finalmente, conseguimos sair do pesadelo, pagando 52 cêntimos, sendo 32 relativos a custos administrativos...

Ou seja: uma portagem de 20 cêntimos, implica uma dificuldade, nitidamente criada por cérebros com miolos de rapina, para o cidadão se esquecer e deixar passar os cinco dias legais, destas "leis", que são inventadas, para fintar o condutor distraído. 
A multa virá depois, no valor de 30 euros.
Assim uns ascendem e outros são lixados com éfe.

E o mais impressionante é que estas SCUT pagas, entregues a parcerias público-privadas, são suportadas por uma gente de esferovite, que reage quase nada a estas verdadeiras malfeitorias.

Afinal, quantos portugueses protestaram contra esta prepotência, à porta das casas, no algarve, onde o presidente da república e o primeiro ministro passaram férias?
O pesadelo só existe. porque não existe povo, mas apenas uns tipos, que gostam de dizer mal no café, metendo depois o rabinho entre as pernas, aguentando, aguentando....

LFM: Texto e imagens.

terça-feira, agosto 06, 2013

Nove Anos a Blogar

Esta aventura, começou em Agosto de 2004, e ao longo do tempo, aqui se têm partilhado viagens e desaires, sonhos e atrofios. 
Vivendo em Comunidade, natural é que se sintam diferentes estados de espírito. Aplaudindo o que se faz de bom, lamentando a ofensiva, a perda, a destruição de artes, tradições, patrimónios, formas de estar...
Renovo o compromisso e prossigo, com entusiasmo.Nem que, tal como Einstein, tenha de "procurar nas estrelas aquilo que me é negado na Terra."
Bem Hajam!

Texto e foto de Luís Filipe Maçarico

sábado, julho 20, 2013

Militantes e Inscritos

Há quem viva sem ter amigos e queira afirmar-se de esquerda. Que vai a manifestações, mas no quotidiano exibe um comportamento execrável, de prepotência, inveja, pequenêz moral, má formação cívica e perversa vingança, mesmo que a vítima nada tenha feito contra si, para lá de existir...
Há militantes e inscritos... Este é um dos piores sinais da decadência dos Partidos.
Por isso, alguns desses inscritos, se conseguem chegar ao Poder, - e alguns conseguem - comprazem-se a torturar e a espezinhar os outros, pois mesmo que tenham sido maltratados, por adversários ideológicos, não têm pejo em fazer o mesmo a "compagnons de route"...
Infelizmente conheço casos assim, que descridibilizam as forças políticas, que os admitiram, e que, devido a tais atitudes, não conseguem lograr a confiança dos eleitores, num tempo tão difícil...
Já experimentei a mesma matriz, que me atrevo a chamar de nazi, em supostos sociais democratas e comunistóides, como diria o Diácono Remédios...
A exclusiva preocupação na quantidade, - na soma dos votos - pode não ser proporcional à qualidade, determinando o definhamento, em vez da implantação. Os valores humanos de um percurso, deveriam ser a escala, quando se admite alguém, numa força política...
Obviamente que falo de loucos, monstros desumanos, a quem desejo, que um dia, o cosmos devolva a consequência dos seus actos...
Felizmente, conheço gente decente, em diversas organizações do espectro partidário, augurando o reforço da sua influência, para que Portugal se torne mais respirável...


Texto e fotografia: Luís Filipe Maçarico

terça-feira, julho 09, 2013

Mão de Fátima: Uma Designação Abusiva


Permito-me, face à vulgar utilização de terminologias erradas, no que concerne a determinados utensílios, designadamente aos batentes, em forma de mão, esclarecer os leitores interessados, com uma transcrição de parte da minha dissertação, no âmbito do Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo". Trata-se de trabalho científico, que obteve 17 valores e foi avaliado por Professor Doutor Joaquim Pais de Brito (arguente, director do Museu Nacional de Etnologia), Professor Doutor Cláudio Torres (orientador, director do Campo Arqueológico de Mértola, Prémio Pessoa 1991),  Professor Doutor Luís Filipe Oliveira (Co-Orientador, Membro do Instituto de Estudos Medievais da UNL; Professor Aux. da UALG) e Professor Doutor António Rosa Mendes (Presidente do Júri, Presidente da Faro Capital da Cultura, 2005).

Partilho (Págs 104-105 da dissertação intitulada “A MÃO QUE PROTEGE E A MÃO QUE CHAMA: ORIENTALISMO E EFABULAÇÃO, EM TORNO DE UM OBJECTO SIMBÓLICO DO MEDITERRÂNEO”):

"Na sua tese de licenciatura, Hafid Mokadem, clarifica:
“Les heurtoirs facturés en mains stylisées, qui enssyit leur vogue, dans les portes modernes du XXème siècle, n’ont presque rien en commun avec l’amulette décrite précedement (la main stylisée)  Il s’agit d’une main fermée dôtée d’une bague et d’un bracelet garni des rosaces, tenant un galet poli (…) Cette composition est sans doute étrangère à l’art marocain et à la tradition graphique populaire, bien qu’elle assume le même role protecteur. C’est sans doute une imitation consciente des heurtoirs européens modernes.” (Mokadem, 1992: 69)

Efectivamente, em várias intervenções - nas aulas do “Mestrado Portugal Islâmico e o Mediterrâneo” e durante o lançamento do livro “Aldrabas e Batentes de Porta: Uma Reflexão Sobre o Património Imperceptível”, Cláudio Torres deitou por terra as conjecturas, que situavam aquela mão no período da dominação árabe, remetendo para esse passado a génese de tais batentes, com o argumento, o facto de haver exemplares, no sul da Europa e no Norte de África.

A sua existência em Portugal, parece dever-se à influência francesa, na arquitectura dos edifícios construídos, em Lisboa e no Porto, na transição do século XIX para o século XX.



No nº 7 do boletim da “Aldraba”, Associação do Espaço e Património Popular, e com o título “A Linguagem das Portas”, foi divulgada a posição do professor Cláudio Torres:
“A Mão de Fátima, entre nós, é recente. A Mão - batente é fenómeno recente, século XIX. Antes disso, não conheço. Creio que essa representação da mãozinha (com a influência da orientalização que dominou o nosso imaginário) será romântica…” (Torres: 2009: 4)

Na referida tese, que pode ser consultada no Campo Arqueológico de Mértola, são apresentadas diversas provas da designação abusiva (Main de Fatma) do utensílio Hamsa (Mão, em Árabe) que a Comunidade Islâmica de França considera folclorização, havendo vários autores a explicar que os colonialistas franceses, ao verem criadas árabes, usando Hamsas, começaram a chamar Fátima a todas, como aqui no Estado Novo uma Natália ou uma Elisa passavam a ser chamadas de Maria. O penduricalho, o brinco, o suposto talismã, passou a ser designado pelos colonialistas gauleses como a Mão de Fátimas, tentando forçar a ligação com o sagrado, fazendo passar uma história das Mil e Uma, dizendo que elas veneravam a filha do Profeta...

Quanto à Mão Fechada, basta ler o Corão, referido na pág. 46 da minha tese, a saber:

"No Corão, a mão de Deus é apresentada com parcimónia, falando-se das Mãos Criadoras e largas, distribuindo graças e bens e possuíndo a Soberania de tudo. A Mão dos Profetas, a Mão dos Crentes e a Mão Direita completam as referências positivas à Mão (cerca de vinte). A Mão antagónica está na Mão dos Infiéis, dos Judeus, dos Avaros, dos Injustos, dos Malvados, Idólatras, Ladrões…
Fundamental é a Sura Quinta (a Mesa Servida) versículo 64, onde de forma muito clara, se expõe a diferença entre Mão Aberta e Mão Fechada. “Os Judeus dizem: “A Mão de Deus está acorrentada. “Que as suas mãos estejam acorrentadas e que eles sejam amaldiçoados pelo que dizem! Não, as Suas (de Deus) estão estendidas e Ele distribui os seus dons como entende.” (Corão, sur. 5: vers. 64)."


Como entender então, que o batente em forma de Mão fechada tenha alguma coisa a ver com a Civilização Islâmica?

Não se pense contudo que se está aqui de má-fé, pois na referida investigação é produzida (Págs 93-94) uma Autocrítica, nestes termos:

"Em “A Função Antropológica da Aldraba”, e baseando-me nos escritos de Adalberto Alves e José Alberto Alegria, garanti que:
“Para os muçulmanos ter a representação da mão da filha do profeta Maomé em casa, é, ainda hoje, garantir a protecção certa contra os maus-olhados, consistindo, igualmente, uma forma de assumir a religião, pois os cinco dedos de uma mão, ligada ao sagrado, personificam os cinco pilares do Islão: fé, oração, peregrinação, jejum e caridade.” (Maçarico: 2003)
Face ao interesse que o tema me despertou ao longo do tempo, nestes últimos anos verifiquei, através do seu aprofundamento, com novas leituras, devido ao conhecimento que o Mestrado “Portugal Islâmico e o Mediterrâneo” me proporcionou e pelo inevitável cruzamento da documentação recolhida, alargada a autores magrebinos, que aquela afirmação , estaria mais próxima da efabulação que da verdade.
A presente dissertação visa também trazer luz sobre o assunto, assumindo o signatário a auto - crítica, pela falta de rigor com que produziu aquelas afirmações, não questionando a escassez do seu conhecimento relativamente às fontes, o que impediu o contraditório, induzindo assim em erro outros autores, que depois de si e baseando-se no que defendeu, seguiram o rasto do equívoco."



Luís Filipe Maçarico (texto) Clara Amaro e LFM (Fotografias)