"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, janeiro 20, 2013

Concerto de Ano Novo e Apresentação do Maestro Luís Ferreira na Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense


Esta manhã, os mais de sessenta músicos, executantes, da Banda da Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense, interpretaram sete obras, muito variadas, escolhidas pelo jovem Maestro Luís Ferreira, para celebrar o Ano Novo. Outro Luís, que sucede a Luís Rego, o anterior maestro da SFUCO, sobre quem escrevi: 

Para o Maestro Luís Rego
Sob a batuta do Maestro Luís Rego, gerações de jovens saborearam viagens imaginárias, - entre instrumentos e sonoridades - que certamente os marcaram para o resto da existência, pelo prazer de conhecerem a essência da Música, ao executarem pautas e pela honra de aprenderem com um pedagogo, músico brilhante e homem de qualidade.
Também eu, simples mas deslumbrado espectador viajei desde 1996, aquando da primeira Festa das Colectividades de Lisboa, com o timbre dos sopros e das percussões, até aos mais envolventes paraísos, com os quais a Música permite sonhar.
Enquanto escutava a banda da Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense, dirigida pelo maestro Luís Rego, o enigmático Oriente, o velho Oeste dos cow-boys , a esfusiante Espanha, a cosmopolita Nova Iorque e a diversidade portuguesa (etnomusicalmente falando) revelaram-se em sons, que estimularam a imaginação, como se acompanhando clarinetes, saxofones e tímbales todos os segredos e delícias me fossem revelados.
O requinte, o rigor, o brilhantismo a que Luís Rego habituou o público das sessões solenes da colectividade, como aquela Rapsódia in Blue de George Gwershin, que um dia escutei comovido, ou as fantásticas melodias de filmes, que me fizeram afirmar que estava na presença de uma verdadeira orquestra, permitem acreditar que o seu empenho de mais de vinte anos é a argamassa do futuro.
Porque a banda, pelos ensinamentos colhidos dessa força da Natureza que é este homem exemplar, prosseguirá a caminhada, animada em tão peculiar fonte de sabedoria.
A Comunidade dos Músicos que nasceram na SFUCO, pela mão do Maestro Luís Rego continuará a ser digna de toda a Luz partilhada, elevando o nome do Artista e da Colectividade, até novos momentos de sonho e criatividade.
Bem Haja, Maestro, pela Obra que deixa em cada olivalense - que consigo aprendeu a formação musical e cívica, - em suma: em cada Músico que por esse país, pratica uma das artes mais maravilhosas do Ser Humano!

Luís Filipe Henriques Ferreira, nascido em 1974, oriundo de Alcobaça, freguesia de Maiorga, foi apresentado como o novo Maestro da Banda, com a qual começou a trabalhar, no início de Novembro. 

A SFUCO,Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense nasceu em 1-6-1886, há 126 anos!
Tenho com esta casa de Cultura, conforme poderá ser revisto no arquivo deste blogue, uma relação afectiva que transcende as palavras de circunstância. Não sendo associado, em diversos meios e momentos, falei da instituição, como falo dos "meus" "Combatentes"...

Se contei bem, são sessenta e três executantes, com idades compreendidas entre os 11 e os 59 anos, sendo 22 do sexo feminino. 

Foi um grande prazer, fruir os temas de James Hosay, Joly Braga Santos, Ferrer Ferran e Jorge Salgueiro, entre outros. Ao Maestro, um futuro sempre maior, do promissor êxito que esta actução augura.
A Joaquim Silva, Presidente da Direcção, parabéns pela aposta - em tempo de deserto cultural e de ataque ao Associativismo. Muita saúde e felicidades, para concretizar o objectivo exaltante, deste projecto, à escala humana.
Que eu desse por isso, nenhum representante da Câmara Municipal de Lisboa esteve presente! Como se uma Banda centenária, uma das raras do Associativismo Popular, sediado na Capital, não merecesse ser acarinhada por quem está à frente do Governo da Cidade...
Apenas o Presidente da Junta de Freguesia dos Olivais e (pasme-se!) duas colectividades - Vitória e Combatentes e o representante da ACCL e CPCCRD.
Microcosmos da Sociedade, o Associativismo reflecte o povo que somos!

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

domingo, janeiro 13, 2013

Do que é capaz, o populismo carnívoro...

Na página 46 do 'Público' deste sábado, Pacheco Pereira escreveu que "Contrariamente ao que se diz, não é o "melhor de nós" que vem ao de cima com a crise, mas sim o pior de nós. Estamos a ajudar a criar uma sociedade maldosa, profundamente dividida, oscilando entre rancores e egoísmos, afectada mais do que nunca pelos efeitos desse velho provérbio de pescadores que diz que o peixe apodrece pela cabeça (...) cada um contra o outro, mesmo quando a condição de cada um é a mesma do outro. (...) Os jovens são instigados a voltarem-se contra os velhos, pensionistas e reformados. (...) Os que ganham 900 euros apontam o dedo aos que ganham 1000 euros. Uma inveja social mesquinha e corrosiva perpassa tudo e todos. (...) O vírus da intriga e da divisão sempre foi a melhor garantia da intangibilidade do poder." 

Consultando a rede social, conhecida como Facebook, tenho a confirmação, visitando uma e outra e outra página. Assustadora, a sombra da Inquisição e de um carnívoro populismo, em certas opiniões...
O medo não é tanto do futuro, mas das pessoas sonâmbulas, que nos rodeiam, que não participam nos movimentos sociais (sindicais ou independentes), ou até de algumas, que vão para a rua manifestar-se, mas que não se precatam, na sua sanha contra a corrupção, de mostrar as garras implacáveis, do mais perigoso reaccionarismo, misturando tudo, atacando até no seu ódio cego e histeria descontrolada, aqueles que são solidários ...o meu receio é daquilo que essa gente é capaz, para que todos fiquemos nivelados por baixo...

Luís Filipe Maçarico (Texto, recolha e foto)

domingo, janeiro 06, 2013

Jorge Neves: A Magia do Teatro em cada gesto!

 Na Foto: Jorge Neves ao lado do palhaço, com sua esposa Lavínia Neves. Jorge Rua de Carvalho, aparece ao lado do último actor, todo vestido de azul.


2012 roubou-me dois Jorges, dois amigos: O Rua e o Neves. Um Poeta e um Actor, ambos dirigentes do Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes", que me levaram, em meados dos anos 90, para a colectividade. 

Do Jorge Rua recordo a delícia dos seus bonecos, representando os Pregões de Lisboa e as Brincadeiras de Infância. A fidelidade. A gentileza. 

De Jorge Neves, falecido no último dia do ano, celebro os grandes valores que o moviam. Afável, sempre bem humorado, um simples gesto produzia gargalhada e bem estar. Nunca escutei um queixume, das várias dores que o incomodavam. Ensinei-o a fazer e tomar o chá de tremoço para o ácido úrico...Quando me via, perguntava sempre, irónico: então, já tomaste o chá de tremoço?
Os esgares, o rosto bonancheirão, com um sorriso, a transcendência - com a magia da sua arte, sobre a passagem dos dias,- colocou Jorge Neves num lugar imortal, na nossa memória colectiva.

Arrepia pensar na grandeza destes Seres Humanos de Excelência. Não esqueçamos a sua passagem por este mundo, honremos esse património identitário!

Este sábado, durante a cerimónia da tomada de posse dos novos corpos sociais da ACCL-Associação das Colectividades do Conselho de Lisboa, sublinhei que, "num tempo em que a memória é volátil, deveremos celebrar os melhores companheiros, que deixaram rasto, em termos de exemplo e acção cultural. Acaso foi menos importante, que qualquer actor profissional, o Jorge Neves, trabalhador da Carris, que no dia em que a mãe morreu, subiu ao palco e fez rir o público? A História das cidades passa pelo empenho destes seres. A mãe de Jorge Neves, sendo analfabeta, fundou a Escola do Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes", para que os filhos dos mais pobres aprendessem a ler. Não podemos esquecer o exemplo  destas pessoas!"

Luís Filipe Maçarico (texto)

sexta-feira, janeiro 04, 2013

"Dê Beijinhos Meus a Esses Corajosos..."

Há uns anos atrás, quando foi aprovada, por um dos Governos do PS, a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o representante daquele partido, na Assembleia de Freguesia dos Prazeres, que Deus tenha a sua alma em descanso, como dizem as beatas, manifestou-se contra, de uma forma inusitada, que apenas refiro para dizer que neste país, há ainda muito troglodita, mas também há gente de espírito diferente, que participa na consumação destas uniões, com agrado, perspectivando existências dignas.
Voltei da Beira Baixa mais cedo, para assistir a um momento que proporcionou felicidade a seres humanos que se estimam, e merecem todo o respeito. Os meus amigos associativistas Álvaro e Júlio casaram-se.
Longa vida, repleta de saúde, alegria, afecto e bem estar para ambos.

Comecei 2013 de uma forma diversa. 
Nascemos para ser felizes, todos os seres, não podemos deixar-nos manietar pelo preconceito e desgoverno, dos que nos querem transformar em múmias, seja na exploração laboral, nos cuidados de saúde, com conselhos arcaicos, nas restrições, que abrangem a educação e a cultura, como no sufoco das emoções, tal é a mentalidade inquisitorial dessa gente, que não sabe o que é trabalhar, ou provavelmente amar, pois são exímios, em moralismos caducos, contra fumadores, contra apreciadores de bebidas alcoólicas, contra quem respira...

Ao almoço, a fantástica Elsa, de um restaurante da zona onde moro, disse-me. "Dê beijinhos meus, a esses corajosos, pelo exemplo. Porque ainda é preciso ter muita coragem par dar esse passo..."
Ainda bem que Portugal deu este passo de gigante, contra a hipocrisia de vidas fingidas. 
Vivam os Noivos!


LFM (Texto e Fotos ) Nas fotografias: noivos, familiares, padrinhos e convidados.



2012: Um Presépio com Sorrisos Tristes

O empobrecimento, consumado em 2012, não se traduz, ao contrário do que os capatazes do sistema financeiro (capitalista, império bancário) tentam fazer crer, num futuro melhor, mas num terceiro mundismo eminente. Por este andar, a Europa daqui a uns anos, ficará reduzida a obscura prestadora de serviços, perante as potências emergentes e a própria África, secularmente remetida para um papel recuado, ficará  com melhores expectativas...
O presépio de Dezembro teve sorrisos tristes...
Neste canto, apesar das desigualdades, há muito que não ouvíamos dizer que idosos, com fracos recursos, não tomavam medicamentos,  imprescindíveis, por não terem dinheiro para os pagar...
Morreram milhares de velhos, nos primeiros meses do ano. 
Constantemente nos chegam verdadeiros bombardeamentos noticiosos, anunciando cortes, nas funções sociais do Estado. O definhamento da assistência, o desemprego monstruoso, a redução de garantias no emprego, na educação, na saúde, precipitaram Portugal para níveis de uma vergonhosa retracção humanitária.
Não admira que os governantes sigam cartilhas salazarentas, como uma fotografia do "Público" revelou...Esta política neo liberal só pode ser inspirada por experiências diabólicas, nazis...
Têm rugas? Cai-lhes cabelo? Terão pesadelos, face ao mal que estão a fazer?
Uns, em Paris, outros, no Brasil, gozando reformas douradas ou férias sorridentes, alguns dos principais causadores do mal estar colectivo, parece que ainda nos gozam.
Têm todos contra eles, mas insistem em destruir o mais que podem...
Ou esta política muda, ou, como leio ou vejo e oiço (ainda hoje, no Fórum da Antena 1, confirmei) o presépio transformar-se-á num filme de terror...
LFM (Texto e Fotos)