"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"
quarta-feira, novembro 30, 2011
Não Quero Ser Espanhol!
segunda-feira, novembro 28, 2011
Júlio Machado Vaz Visitou o Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes"
São vários anos a seguir com redobrado interesse temáticas incontornáveis, com uma pitada de humor, ou uma reflexão arrepiante acerca do quotidiano.
Pois na passada sexta feira tivemos oportunidade de o ver, "ao vivo", no Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes", de conviver com ele à hora do almoço, em que visitou o Museu apreciando o património documental, relativo a Maria Clara, sua mãe, que ali começou, enquanto artista (e atleta, com boa performance em diversas modalidades, designadamente ténis de mesa e atletismo).
No final, no salão onde o público ri à gargalhada, com as revistas que, ano após ano, continuam a ser representadas, no popular palco de teia italiana, o Professor evocou as memórias ligadas a sua mãe e foi na sua serenidade, comovente.
Ficamos muito gratos por esta bela partilha e está de parabéns a direcção, pela excelente iniciativa que juntou perto de duas dezenas de pessoas, entre actuais e antigos dirigentes e associados e amigos.
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)
terça-feira, novembro 22, 2011
GREVE GERAL
Tenho mágoa por estar a suceder a ofensiva que foi denunciada por um homem do partido do Governo, com grandes responsabilidades e não quis ficar cego, surdo e mudo.
Fiquei com bastante respeito para com o Professor Jorge Bacelar Gouveia, que teve uma intervenção brilhante, nos Prós e Prós. Corajoso, acusou o Governo de estar a perseguir os funcionários públicos, frustrando expectativas e terminou dizendo que vai fazer Greve dia 24. Trata-se de um destacado militante do PSD.
Infelizmente, os portugueses nunca se querem nivelar por cima, mas por baixo e esta coisa das imensas regalias, confesso que não percebo. Varri ruas, foi o meu primeiro serviço na CML, depois fui fiscal sanitário, com a licenciatura e o mestrado muni-me de ferramentas que me proporcionaram ser mais útil à cidade e ao país onde vivo.Tenho feito estudos, intervenções, que julgo enriquecem a Comunidade. Tenho 59 anos, e fico triste por que aquilo que ganho como Técnico Superior é certamente muito menos do que se tivesse ido trabalhar numa empresa.
Porque sou qualificado.
Cada vez me é pedido mais trabalho, em troca de menos salário.
Suportar calado, porque há pessoas a passar pior?
Isso é tornar ainda pior a vida dessoutros, se ninguém fizer frente à afronta.
“Os direitos fundamentais não resultaram de nenhum assalto, nem de nenhum desvio esquerdista no país. Foram construídos por governos onde muitas vezes o PSD esteve”, alertou Carvalho da Silva ( Público).
GREVE GERAL? Eu Faço!
Luís Filipe Maçarico (texto e foto)
segunda-feira, novembro 21, 2011
A Aldraba entre Cacilhas, o Cais do Ginjal e Almada Antiga: Memórias do Operariado, Romeu Correia e Associativismo
Os presidentes da Incrível e da Aldraba confraternizando.
Salomé Almeida, sábado passado, na Incrível Almadense, durante o Encontro da Aldraba.
O arqueólogo Luís Barros apresentando o Núcleo Naval do Museu de Almada.
No Cais do Ginjal, com Luís Filipe Bayó da associação O Farol.
Na Incrível Almadense, Alberto Pereira Ramos, evocou Romeu Correia.
A Associação Aldraba passou o sábado entre Cacilhas, o Cais do Ginjal e Almada. O Património Naval e Fabril, a Memória de Romeu Correia e o Associativismo foram os temas abordados.
Com o arqueólogo Luís Barros, viajaram pela História milenar de Almada, no Núcleo Naval do Museu da cidade.
Após subirem no elevador panorâmico até à Almada Velha, e almoçarem num simpático restaurante local, escutaram na Incrível Almadense alguns associativistas, com especial destaque para Mestre Alberto Pereira Ramos, que evocou Romeu Correia.
Salomé Câmara, foi desafiada por José Alberto Franco, para falar acerca da sua experiência, como primeira mulher presidente da direcção de um sindicato, nos anos 80. Salomé falou dos problemas da mulher no regime de Salazar e partilhou a sua experiência, quando em 1959, foi proibida de usar calças no serviço e teve um susto, em Viseu, num cinema, por haver pessoas ameaçadoras, que achavam um escândalo mulheres de calças...
A antropóloga Helena Galante confessou que fica muito triste, quando ouve uma jovem dizer que se vivia melhor no tempo da ditadura, pois certamente desconhece como eram tratadas as mulheres. E defendeu que de todas as revoluções (liberal, Republicana) só o 25 de Abril trouxe igualdade à mulher e nesse sentido essas jovens e todas as mulheres deveriam estar gratas por tal reconhecimento.
O encontro terminou com uma visita ao Museu da Colectividade, nascida no século XIX.
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)domingo, novembro 20, 2011
ENTREGA DE PLACA DISTINGUINDO SANTA CAMARÃO AO MUNICÍPIO DE OVAR
Porém, placa e diploma traziam o nome trocado. Conseguida a correcção do erro, com nova placa e novo diploma, ajustou-se com a agenda do presidente da Câmara Municipal de Ovar, Dr. Manuel Oliveira e com um director da CPCCRD (cujo Conselho Nacional integro) a entrega ao Concelho de Ovar, terra de nascimento e falecimento do mítico herói do boxe dos anos 20-30, da prestigiante distinção.
Na passada quinta feira 17 de Novembro, finalmente, com Jaime Salomão, director da CPCCRD, representando esta instituição, fomos recebidos no Salão Nobre da autarquia de Ovar pelo seu presidente e vice-presidente, a quem entregámos os símbolos da distinção ao atleta, na presença de diversos amigos.
Presenciaram o acto, o director do Jornal "João Semana", Padre Manuel Bastos, o jornalista Fernando Manuel Oliveira Pinto, o repórter sr. António Mendes Pinto, os sobreviventes do Grupo de Reflexão Pró Ovar (responsável pela biografia que fiz para a CML e que depois originou uma tese de mestrado no ISCTE), o sr. João Costa, grande animador da tradição dos Reis, e cujo pai no Carnaval de Ovar dos anos 50 formou com Santa Camarão um par hilariante, entre outros amigos. Bem hajam a todos!
Na ocasião, tive oportunidade de explicar por que se decidiu entregar as condecorações simbólicas (placa e diploma) ao Município. No entender da CPCCRD, será certamente esta entidade que melhor poderá salvaguardar a memória, dado que muitas vezes os familiares mais novos não valorizam este género de património, além de se desejar que toda a Comunidade possa usufruir da distinção.
Luís Filipe Maçarico (texto) Fernando Pinto (fotografias)
domingo, novembro 13, 2011
O Fado em Vozes dos Balcãs
A ver se de uma vez por todas, o defunto Madail, qual Berlusconi do futebol luso, ainda estrebuchante, implorando que os tugas encham o estádio da Luz, nos deixa em paz e se apelos, como aquele que escutei, para os adeptos infernizarem os jogadores bósnios, deixam de ser regulares, de tão anormais que são...
Ou seja, o futebol sempre a servir, para a descarga da infelicidade quotidiana dos povos, qual escape, para as malfeitorias governamentais, o que dá muito jeito ao poder, que até distingue a troupe do pontapé na bola, como se fossem heróis, para entreterem o pagode...
Pois na Bósnia, em 1976 nasceu um cantor, que integrado num grupo de fado, dinamizado por vários artistas da Sérvia, interpreta fados que Amália e Mariza espalharam pelo Mundo, com a qualidade que podem testemunhar vendo o vídeo que partilho...
Quando será que os povos terão direito a não ser usados como mercadoria, ou arma de arremesso, para os desígnios da baixa política do capitalismo?
Quando será que o património cultural dos povos se poderá fruir, sem fronteiras ou diferenças rácicas ou económicas?
Para aqueles que sabem ler estas linhas e entendê-las, apresento-vos BOJAN KNEZEVIC e NEMANYA SEKIZ.
O primeiro, estudou canto numa escola superior de música, foi vencedor de vários festivais de música e em programas de televisão. Actuou em várias salas de Belgrado e Kotor, entre outras cidades do Adriático.
Aqui, encontramo-lo a cantar o nosso poeta José Carlos Ary dos Santos.
O segundo, já cantou em Lisboa, em casas de Fado e percebe-se, pelo repertório, que admira Mariza.
Como chegou ao Fado, interpretando com tanta alma, talvez a amizade com Luís Guerreiro, guitarrista de Mariza, possa ser a chave desta aproximação à alma portuguesa.
Ora vejam e oiçam!
http://www.youtube.com/watch?v=IuUAgFoUHK8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=RIZB83RHmds
sábado, novembro 12, 2011
O Fluxo e a Mentira
Se aquela justificação fosse verdade, extinguia-se a praça de táxis, junto à estação dos barcos, os distribuidores dos restaurantes, as carrinhas da EMEL e tantos outros veículos circulantes, não poderiam rodar ali e, em vez do alcatrão recentemente colocado, dos parques de estacionamento por todo o lado - PAGOS - com constantes multas e respectivos bloqueamentos, a cargo dos diligentes e todo poderosos fiscais da EMEL desapareceriam, para dar lugar a idílicos jardins, onde este vereador e quejandos iriam patinar ou pregar às libelinhas...
Lembrando o locutor do ex-Rádio Clube Português, Paulo Fernando, "este disco é intocável, mas não é inquebrável"...ou seja, lixo com estes figurões (e não são poucos), que se apoiam na mentira para fazer política!
A propósito: E que dizem as Oposições, cujo silêncio é tão ensurdecedor?
LFM
sexta-feira, novembro 11, 2011
Pútrida
Todos os dias há bombardeamento espiritual.
Não tenhamos dúvida que estamos a viver uma guerra: de intoxicação, de roubo de salários, e dos mais diversos apoios sociais, sucedendo-se os aumentos de tudo. Em Lisboa, até inventaram uma portagem, cortando uma rua ao meio, que só se consegue percorrer pagando a entrada num parque de estacionamento paralelo à rua, saindo-se no troço seguinte.
Todas as instituições têm inventado as formas mais escabrosas para sacar dinheiro.
O magnífico (que nome tão ridículo) reitor de uma universidade portuguesa, decidiu, dez meses depois do pedido de adiamento de um grupo de estudantes-trabalhadores, que obviamente não conseguiriam atingir o seu objectivo, com qualidade, em meio ano... A tese de mestrado que se tinham proposto apresentar, foi adiada um ano, mas com uma taxa de 1.200€, superior às propinas que tiveram de pagar cada semestre...
Como se a hecatombe não bastasse (os exemplos são infindáveis), o Cardeal Patriarca falou em fifty fifty, quando disse que a Igreja concordava com a extinção de 2 feriados religiosos (corpo de Deus e Assunção de Maria) se o Estado abdicasse de 2 feriados civis.
A sem vergonha das instituições já nem sequer se mascara com a hipocrisia. Não sou religioso, mas tento respeitar os que o são, embora por vezes, como é o caso, perca as estribeiras.
Então gastaram-se milhares de euros em comemorações oficiais do centenário da República, os próprios presidentes da República, da Assembleia da República, da Câmara Municipal de Lisboa e o Primeiro Ministro há um mês participaram numa cerimónia evocativa e eis que uma das moedas de troca é nada mais nada menos que o 5 de Outubro! Uma verdadeira palhaçada tudo isto. Como ter respeito por esta gentalha que assaltou os orgãos de decisão?
E que dizer da forma expedita como se querem descartar do 1º de Dezembro?
Mesmo não sendo um indefectível da ideia fascistóide, nacionalista (tão ao gosto de legionários, como Scolari) de sentir no pano de uma bandeira, a Pátria, pois sinto-me mais internacionalista, só me ocorre uma palavra: Pútrida!
E mesmo sendo outro palhaço, a Otelo, fugiu-lhe a boca para a verdade.
Luís Filipe Maçarico (texto e foto)
terça-feira, novembro 01, 2011
Jóias Imperceptíveis em Portas de Lisboa
"O livro de Luís Maçarico, «Jóias imperceptíveis em Portas de Lisboa», ilustrado com fotografias de António Brito, aborda um tema pouco estudado, pelo menos ao nível da capital: as aldrabas, os batentes e os puxadores.
Neste trabalho o autor estabeleceu como fio condutor as casas (e respectivas portas) onde viveram catorze personalidades emblemáticas da cultura portuguesa: poetas, escritores, artistas plásticos, filósofos, fadistas.
A leitura do livro parece confirmar um paradoxo que domina a sociedade actual. Se por um lado se assiste a um interesse crescente e, por vezes, até uma certa “mitificação” do passado, por outro, verifica-se uma desvalorização quase sistemática dos seus vestígios materiais, especialmente quando se tornaram obsoletos, perderam o significado simbólico ou, pelas suas características morfológicas, são praticamente imperceptíveis.
Esta realidade tem contribuído para o desaparecimento e destruição de inúmeras peças, cujo valor patrimonial não é mensurável nem pelas dimensões, nem pela matéria de que são feitas, mas sim, e sobretudo, pela estratigrafia de vivências que encerram.
Neste contexto, as aldrabas, batentes e puxadores revelam-se particularmente valiosos pois incorporam uma vasta história social, cultural e simbólica.
A salvaguarda destes elementos configura, assim, uma atitude de respeito não só por toda uma tradição, como também pelos artífices que os fabricaram (ferreiros e marceneiros), por todos aqueles que os adquiriram e/ ou utilizaram, e, em última análise, pela própria memória colectiva de um povo.
Uma vez que este trabalho refere vários vultos da cultura, não posso deixar de recordar uma entrevista efectuada a José Cardoso Pires após o AVC que o atingiu, na qual o escritor defendia que o que identificava um homem não era a inteligência, ou pelo menos só a inteligência, mas, sobretudo, a sua memória.
Apesar de Cardoso Pires se referir à memória individual, penso que poderemos transpor a constatação para a memória colectiva, tendo em conta que esta constitui também um elemento primordial em termos de estruturação da nossa identidade enquanto comunidade.
São muitos os exemplos desoladores relativos à destruição deste património, alguns dos quais mencionados no livro de Luís Maçarico. Refira-se, a título de exemplo, a porta do prédio nº9, da Rua da Rosa, no qual nasceu Camilo Castelo Branco e a porta do prédio nº4, do Largo de São Carlos, onde nasceu Fernando Pessoa, cujos elementos originais foram substituídos por peças desarticuladas e aberrantes.
Constata-se, assim, que, com o desaparecimento daqueles objectos, o casario antigo de Lisboa fica mais pobre, assistindo-se, em simultâneo, à morte de uma parte da memória da própria cidade.
Será, pois, importante divulgar este património e o espaço em que se inscreve, promovendo desta forma um processo alquímico ao nível das consciências e atitudes – e penso que a “alquimia” vem a propósito, tendo em conta não só o tipo de material de que são feitos estes objectos, como também todo o processo que envolve a sua elaboração, desde a recolha do minério até à obra de arte final – de modo a conseguir estabelecer laços equilibrados e saudáveis entre o passado e o presente, sem cortes nem rupturas.
Margarida Almeida Bastos