O património azulejar de Cacia corre riscos. Desconheço se há alguma regulamentação no sentido da sua protecção, quer por parte da Junta de Freguesia, quer através de directivas da Câmara Municipal de Aveiro, que promovam a sua salvaguarda.
As casas apalaçadas, com a ornamentação característica da Arte Nova, ainda são visíveis, mas não sabemos durante quanto tempo. Pormenores como batentes de porta são igualmente dignos de nota, nesse levantamento.
As vivendas dos "Torna-Viagem", os emigrantes que entre os séculos XIX e XX, construíram as suas residências na terra natal, com a fortuna adquirida no Brasil, apresentam algum abandono. Felizmente que existem edifícios habitados e cuidados. Honra aos descendentes que conservaram o legado!
Creio que há uma associação em Cacia, que se preocupa com estas coisas. Desconheço se foi realizado um inventário, acerca deste prodigioso património, que merecia até uma publicação, com um estudo sobre as famílias que as habitaram e os arquitectos que proporcionaram este esplendor.
Podia ser um bom cartaz da identidade local e um excelente postal turístico.
Cacia tem esta beleza, que se perderá se ninguém tomar medidas e deixar a ruína vencer o tempo.
Espero que alguém leia e se preocupe.
Porque mamarrachos e portas de alumínio existem de sobra em inúmeros lugares deste pobre país abandonado.
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)