"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, janeiro 31, 2008

O Olhar de Cristina Maria



Cristina Maria vive e trabalha em Évora. O seu olhar capta quotidianos de um mundo, onde lhe coube aprender a fruir formas e cores, transpondo para a tela das emoções vozes e tons de realidades tão diversas, como a da ceifeira e da mãe africana.
Cristina pinta com sensibilidade e cada quadro seu apresenta-nos os seres humanos no seu contexto. Gente do sul, desse sul onde a água rareia. Gente do sul, desse sul onde a poesia floresce, entre o deserto e o sorriso.
Obrigado, Cristina pela tua paleta mágica!

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Três Poemas Sobre a Natureza deste Tempo, de José Filipe Rodrigues




Não resisto a partilhar mais poesia, que me chega do outro lado do Atlântico, desde Fall River. José Filipe Rodrigues, já aqui apresentado há dias, continua a escrever os seus poemas, enquanto respiração da alma, que são reflexões sobre um tempo frio (metafórico), onde além do gelo de uma Natureza, por vezes tão instável, existe a instabilidade do gelo/desvairo que atravessa as egoístas e explosivas relações humanas, outrora criticáveis, hoje rotineiras.

A poesia, esta, fica como registo destes tempos difíceis, em que o frio também é interior, mal de vivre...

AS VAGAS DE BRANCO

As sucessivas vagas de branco
penetram o interior das convicções
e deixam a ideia de que os nevões
são momentos de purificação
purga e início da regeneração.
Mas esse branco que tanto promete
depressa petrifica ou derrete
e desvanecem-se todas as intenções originais
como acontece com muitas pessoas normais.
O LAGO

Este lago que alimenta a cidade
e sacia a sede das pessoas e os jardins
dizem ter sido propriedade de tribos
presidentes e figuras da realeza.
Essas lendas são de desmesurada ambição
porque ele é pertença de ninguém.
O lago é uma parte da natureza.
e só na natureza ele está bem.

O ESTADO DO TEMPO

os esquilos andam baralhados
com os diferentes estados do tempo
neste inverno confuso e inconsistente.
há quem diga ser normal na Nova Inglaterra.
há quem diga tratar-se de mutações
meteorológicas no planeta Terra.
a verdade é que nas previsões
pode-se ter calor frio ou assim assim.
das três temperaturas e situações
que podem acontecer, cá p’ra mim
eu prefiro ou o frio ou o calor de cada momento
sejam qual forem as estações ou o estado do tempo
porque é no assim assim de indefinições
que adoeço, que apanho as constipações.
Poemas e fotos de José Filipe Rodrigues

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Perfil de Eduardo Ramos, publicado no nº 27 do Jornal "Conversas de Café"





“Como sou dos poucos que faz este género de música sempre vou sobrevivendo.”

Uns anos antes de conhecer Eduardo Ramos em 2001, no Festival Islâmico de Mértola, já ouvira falar da sua primeira incursão na música arabista, cantando poetas luso-árabes. O seu disco “Andalusino” circulava. Seguiu-se “O Ocidente do Al-Andaluz”, “Moçárabe”, “Cântico para Al-Mutamid”, “Uma Noite no Palácio do Jasmim” (gravado em Janeiro de 2006, no Centro Cultural de Belém) e “Romances de Peregrino.” Inspirado na poesia de João de Deus, “Canto de Flores, Canto de Amores”, fora o seu primeiro trabalho discográfico.
Animador de festas reinventadas, como as “Noites da Moura Encantada”, em Cacela, ou da comemoração da Feira Medieval de Lamego, Eduardo Ramos tornou-se presença requisitada para concertos em Lagoa, Loulé, Silves, Albufeira ou nos Jerónimos (no Museu de Arqueologia) sob a égide da Associação de Amizade Portugal-Egipto. Nas suas actuações os filhos acompanham-no: Tiago na precursão e Carolina na dança do ventre.
Natural de Penedo Gordo, Beja, é em Silves que mora, há quase duas décadas, depois de uma dúzia de anos a residir no Carvoeiro. Aqui compõe as melodias mágicas com que nos brinda para ilustrar a poesia de Al-Mutamid e Ibn Amar.
O seu percurso está ligado à prenda que o pai lhe ofereceu na adolescência –uma viola. Com ela aprendeu a voar nos caminhos da Música. Filho de militar, viveu em Luanda, absorveu os ritmos africanos, fundou e tocou em conjuntos dos anos 60 e 70, prosseguindo no Algarve, onde conheceu a sua mulher Janica, uma busca musical que o levaria à escolha do universo poético e sonoro árabe, através de uma actuação de Anuar Brahem. Eduardo Ramos tomou então a decisão de adquirir um alaúde na Tunísia, durante uma viagem àquele país.
Eduardo recorda: “Formei em Angola, os “Windies”, “Grande Malha” e “Ki Kanta”, sempre com dois angolanos, Beto na bateria e Rakar na viola baixo. Viemos juntos para o Algarve e tocámos em grupos, bailes...Foi uma aprendizagem musical, para saber estar em cima do palco, o que é muito importante. Depois foi a fase de tocar em hotéis sozinho, com viola de doze cordas, música anglo-saxónica, tradicional portuguesa e angolana. Quando comecei a dedicar-me à música árabe, foi como reencontrar uma coisa que andava à procura. Ao ficar imbuído desses sons, dessa cultura musical, senti que era o que andava à procura há anos e anos, e do qual não quero mais sair. Ao nível profissional tem sido muito bom, tenho evoluído musicalmente, e ao nível de concertos, por causa de festivais/feiras medievais, árabes e islâmcas, há uma abertura à medievalidade e arabidade. Como sou dos poucos que faz este género de música sempre vou sobrevivendo.”
Eduardo Ramos compõe “de cabeça e fixo tudo. Não sei uma nota de música.” Quando as melodias surgem“ É um mistério. Às vezes estou na cama, ligo o gravador, toco o alaúde e aprendo o que tinha gravado no dia anterior. São coisas repentinas, que não sei de onde vem, parece que são deuses, musas, que nos sopram a inspiração. A improvisação faz muito parte da minha música. Isso é capaz de vir da minha passagem do jazz-rock.” Tem três alaúdes, todos tunisinos e está à espera do quarto. Mas utiliza também a flauta indiana, a zucra (que é uma gaita da Tunísia, feita em cana que tem um corno), gambry de Marrocos, berimbau, quissange (de África, que aprendeu em Angola) e viola.
Com espectadores fiéis que o acompanham pelo país (“Em todos os espectáculos senti que o público sempre teve uma grande comunhão”), Eduardo Ramos é um músico de referência pelo excelente desempenho, de grande originalidade e qualidade. “As poucas pessoas que têm tido conhecimento, têm elogiado o meu trabalho, mas como é fora do circuito comercial e só uma minoria liga à cultura, é conhecido de um pequenino público que se interessa pelas minhas coisas.”
O alaúde nas suas mãos é fonte de poesia, asa feliz de pássaro livre. Pergunte urgentemente pelos discos dele, pois nem sabe o que anda a perder...

Texto e fotos: LUÍS FILIPE MAÇARICO

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Eduardo Ramos Actuou Em Lisboa




Carolina dançou, Tiago tocou e Eduardo Ramos cantou, tangendo o seu alaúde novo...Foi durante as primeiras horas desta noite no Pestana Palace Hotel, Alto de Santo Amaro, durante um evento destinado a divulgar as pousadas de Portugal.
texto e fotos LFM

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Inverno


No meu largo, de vez em quando, o Inverno adormece...

sexta-feira, janeiro 18, 2008

O Comboio de Boston e Olhos Cristalinos - Dois Poemas de José Filipe Rodrigues



Tenho recebido inúmeros mails, desde Fall River, repletos de beleza, na partilha de uma sensibilidade que as pessoas com coração de artista não podem deixar morrer, algumas vezes chega igualmente o comentário e a crítica aos malefícios das decisões dos senhores do Mundo, ou simplesmente o júbilo pelos pequenos triunfos do quotidiano, que constituem alimento para continuar a caminhada.

José Filipe Rodrigues tem-me presenteado com imagens maravilhosas: a Natureza captada no esplendor do Outono ou expondo nevões que, sendo envolventes, impedem o sol. E a imensa fraternidade, nas palavras escritas e ditas ao telefone. É que o Filipe, se adivinha que eu não ando bem, liga-me desde essa distante América, para me dar aquele estímulo, que me ajuda a renovar. Bom amigo este, que conheço à distância, pela net, mas nascido na mesma Évora, a que também pertenço. Não podia deixar de voltar a falar dele e da sua poesia... e direi mais: este vate, pela sua voz singular e por ser senhor de uma lírica original, onde o conhecimento académico se mescla com a linguagem coloquial, originando uma matriz essencial desta escrita, merece ser publicado e divulgado no país que o viu nascer.
Bem Hajas José Filipe!

O COMBOIO DE BOSTON

O comboio de boston descarrilou
nos escritórios almofadados da capital do estado.
Triste, mas é daquelas situações normais
a que o ingénuo cidadão já está habituado.
Agora passou a fazer parte das campanhas eleitorais
em todos os dias, semanas, e meses do ano:
prometem resoluções, obras, e medidas extraordinárias,
oferecem sofismas, estudos e planos de engano.
O comboio de boston descarrilou na capital do estado.
Ao menos ainda existe o caminho para lembrar aos atentos:
que os papagaios já têm o disco riscado,
que grande é a distância entre os discursos e a coerência,
e que, para continuar a ser eleitor,
é necessária muita paciência.
OLHOS CRISTALINOS
(Obrigado Luis, e tu sabes porquê!)

Só uns olhos cristalinos
Podem ver a pureza e simplicidade
nas paisagens sem mácula
dos diferentes ciclos do tempo.
Mesmo nos dias de céu nublado
Cinzento, confuso e gelado
Há lírios e rosas e rosmaninho
Sorrisos sonhos e um caminho
A flutuar em todos os momentos
Para os peregrinos atentos.

Poemas e Fotografias de José Filipe Rodrigues. Introdução:LFM

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Portugal Islâmico vai ser tema de Mestrado em Mértola












Recebi hoje uma mensagem que me encheu de alegria. Confesso a minha pena por não ter neste momento as condições (económicas, inclusivé) para poder participar no que é proposto no blogue que me chegou via mail. Transcreva-se então a notícia desse blogue, para gáudio dos leitores deste ÁGUAS DO SUL que tenham interesse: http://mestrado-portugalislamico.blogspot.com/

"O Mestrado será promovido conjuntamente pela Universidade do Algarve, através do Departamento de História, Arqueologia e Património da FCHS, e pelo Campo Arqueológico de Mértola. As aulas decorrerão em Mértola, nas novas instalações do Campo Arqueológico de Mértola - http://www.camertola.pt/ -, de acordo com um esquema ainda a definir. Em princípio, os tempos lectivos terão lugar às sextas-feiras à tarde e aos sábados (todo o dia). Início do Mestrado - Outubro de 2008 (aguarda aprovação por parte do Ministério da Ciância, Tecnologia e Ensino Superior).
Objectivos deste Mestrado:

O Mestrado em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo foi criado por iniciativa da Profª Doutora Teresa Gamito e teve a sua primeira edição no ano lectivo de 2003/2004.

Contou então com sete alunos, número que se repetiu na edição seguinte, ora em fase de conclusão, quase todos originários de diferentes áreas científicas de base, facto que, sendo em uma riqueza, não facilitou o desenvolvimento de uma formação homogénea.

A docência tem sido assegurada por professores da Universidade do Algarve, com recurso a colaborações externas, mas de carácter pontual. O actual director do Mestrado é o Prof. Doutor António Rosa Mendes, professor auxiliar do Dep. de História, Arqueologia.

Por várias razões, este capital de saber e de experiência deve ser mantido e renovado. Em primeiro lugar, porque o seu âmbito interessa sobremaneira aos territórios do Sul, quer pela sua feição mediterrânea e pelas ligações pluri-seculares a esse mar interior, quer pelo impacto da história e da cultura islâmica na fisionomia das gentes e do espaço e na trajectória daqueles territórios.

O mestrado em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo foi, por outro lado, o primeiro curso de 2º ciclo neste domínio a ser criado em Portugal, facto que deve ser recordado e devidamente sublinhado. Sem que isso deva impedir, contudo, a adaptação a novas exigências, reforçando as componentes histórico culturais mediterrâneas e centrado-o num domínio específico que se designou como o Portugal Islâmico. Por tudo isso, não admira que, nesta proposta de adequação, se mantenham inteiramente válidos os pressupostos gerais da criação do curso de Mestrado em Cultura Árabe, Islâmica e o Mediterrâneo. Aí se dizia, e ora se repete, que era necessário “organizar um curso (....) como reflexão sobre o Mediterrâneo e as grandes culturas e civilizações que se desenvolveram nas suas margens, bem como o enorme contributo que tiveram nas formações da Europa e de Portugal (...)”. Parece também importante manter como base de trabalho ideias como o estudo dos povos e civilizações que viveram nas margens do Mediterrâneo, nas múltiplas facetas que a primeira versão do mestrado se propunha abordar. Consideram-se igualmente pertinentes as considerações incluídas no enquadramento científico e nos objectivos que sustentaram aquela proposta inicial e que se reproduzem em seguida.

Quanto ao enquadramento científico, dizia-se “Este curso de mestrado insere-se na área das Ciências Humanas e Sociais, no conhecimento das linhas de força e desenvolvimento das civilizações e povos do Mediterrâneo, na sua especificidade e na sua articulação com a Europa. Só conhecendo as civilizações e a cultura do Mediterrâneo poderemos compreender a civilização europeia ocidental”.

No que respeita ao objectivo geral, esclarecia-se: “O objectivo (…) é o de preparar os estudantes para um conhecimento mais profundo do nosso passado e do nosso presente, da região onde nos encontramos inseridos, das civilizações que aqui se desenvolveram, e habilitá-los a participarem em acções de interacção e colaboração entre os povos, em relações e contactos diplomáticos de conhecimentos, inter-colaboração e desenvolvimento mútuos, em projectos de investigação e desenvolvimento (…).
Em suma, o curso de mestrado em Portugal Islâmico e o Mediterrâneo propõe:

- aprofundar e estudar problemas culturais e civilizacionais;
- aprofundar a reflexão sobre as correlações entre o ambiente e a civilização dos diversos povos do Mediterrâneo;
- aprofundar os conhecimentos sobre civilizações que nos influenciaram em diversos domínios: científico, linguístico, artístico etc.
- desenvolver mecanismos de maior entendimento e conhecimento entre os povos;
- capacitar o desenvolvimento de projectos em comum;
- e dotar, por fim, os alunos com a formação adequada para desenvolverem investigação pós-graduada e prosseguirem estudos através da frequência de um curso de 3º ciclo (doutoramento).

Estrutura Curricular:
1º Ano / 1º semestre O Islão e o Mundo Mediterrâneo: islamização, cultura e sociedade (História) 10 créditos; Perspectivas Teóricas e Metodológicas da Investigação Científica (História) 10 créditos;

1º Ano / 2º semestre História e Património do al-Andalus (História) 10 créditos;

Opção I (H, Arq, HA) 6 créditos Opção II (H, Arq, HA) 6 créditos

2º Ano / 1º semestre Opção III (H, Arq, HA) 6 créditos; Opção IV (H, Arq, HA) 6 créditos; Opção V (H, Arq, HA) 6 créditos; Dissertação 15 créditos
2º Ano / 2º semestre Dissertação 45 créditos. História (H) Créditos obrigatórios 30 / créditos optativos 12; Arqueologia (Arq) Créditos optativos 6 -12; História da Arte (HA) Créditos optativos 6-12; Dissertação H/Arq/HA 60;
Total 120 créditos (90 obrigatórios / 30 optativos)
No âmbito do Mestrado estão, para já, previstas as seguintes opções:

1º ano/2º semestre: O Mediterrâneo entre os Finais do Mundo Antigo e o Início do Espaço Atlântico (H) Semestral 6 créditos; O Norte e o Sul: a Jihad e a Cruzada (H) Semestral 6 créditos
Estruturas Sociais do Islão: Arcaísmo e Modernidade (H) Semestral 6 créditos.

2º ano/1º semestre: O Quotidiano e a Cultura Material no al-Andalus (Arq) Semestral 6 créditos. Arte Islâmica (HA) Semestral 6 créditos. O Mudejarismo em Portugal (HA) Semestral 6 créditos. Estruturas de Povoamento no Gharb al-Aldalus (Arq) Semestral 6 créditos.
Os docentes do Mestrado, e cuja participação está desde já assegurada, são provenientes de universidades nacionais e estrangeiras:
António Malpica Cuello (Univ. Granada) *António Rei *António Rosa Mendes (Univ. Algarve) *Christophe Picard (Univ. Paris 1 - Sorbonne) *Claire Delery (CAM) *Cláudio Torres (CAM) *Fernando Branco Correia (Univ. Évora)Filipe Themudo Barata (Univ. Évora) *Francisco Teixeira (Univ. Algarve)Hermenegildo Fernandes (Univ. Lisboa) *Isabel Cristina Ferreira Fernandes (CAM)João Pedro Bernardes (Univ. Algarve) *José E. Horta Correia (Univ. Algarve)*Luís Filipe Oliveira (Univ. Algarve) *Maria dos Anjos Cardeira da Silva (Univ. Nova de Lisboa) *Maria Filomena Barros (Univ. Évora) *Santiago Macias (Univ. Algarve / CAM) *Susana Gómez Martínez (CAM) *Nº de docentes proposto: 18;

Nº de docentes com doutoramento: 16 (*)

Conferencistas:António Borges Coelho *Jean-Pierre van Staevel (Univ. Paris 4 - Sorbonne) *José Mattoso *Juan Zozaya Stabel-Hansen *
Conferencistas com doutoramento (*)
Para mais informações envie um mail para:
Prof. Doutor Luís Filipe Oliveira - lfolivei@ualg.pt
Prof. Doutor Santiago Macias - smacias@ualg.pt
Fotografias: Rosário Fernandes

terça-feira, janeiro 15, 2008

Um Poema de José Filipe Rodrigues: As Pontes Que Ardem ao Entardecer


Conheci-o através de amigos comuns, o Manuel e a Maria Amélia, e Évora é a grande ponte entre o Filipe que está na América e este Filipe que permanece em Lisboa.
Regularmente, como as ondas do mar, os poemas dele visitam-me. Hoje, partilho convosco estas palavras cheias de sentido poético e que são um bálsamo de esperança num universo de malfeitorias. É o sentimento de um coração português a palpitar por esse mundo e mundo.
As pontes que ardem ao entardecer

deixam-nos muito distantes

do outro lado, da outra margem,

e de muitos ideais e sentidos

para viver e já vividos.

Do lado de cá, nesta margem,

ainda existem caminhos e viagens

por percorrer e desbravar.

As pontes que ardem ao entardecer

nunca foram nem serão o fim,

porque na margem do lado de cá

ainda há quem cuide do jardim

e invente as flores que não há.
Poema e imagem: José Filipe Rodrigues

domingo, janeiro 13, 2008

Na Luz Efémera


As palavras
cada vez doem mais
À força de as querer
Mais claras.

Na luz efémera
Seco os sentidos
Semeando
Silêncio,
Eternidade.

Não, não havia música
Apenas saudade...

foto (Nave do Barão, Loulé) e poema (do livro ''Caligrafia do Silêncio) LFM

sábado, janeiro 12, 2008

Em Silves com Eduardo e Janica





Em Silves, com Eduardo e Janica os dias passam serenos.
BEM HAJAM, AMIGOS.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Regresso à Clandestinidade


Saboreamos ainda numas baiúcas secretas comidinhas de antanho - hoje foi bacalhau com grão - vinhoca de boa cepa, bagacito de truz! Mas não partilharei, recuso-me a divulgar onde foi essa reunião gastronómica.
Convidaram-me para uma matança de porco. Clandestinamente aviso os amigos, também desafiados a participar, mas não anunciarei em que lugar e quando será esse reviver de uma tradição ancestral em terras que porventura seriam visitadas para punição implacável dos semi-deuses socráticos que se julgam donos da verdade, se eu metesse a boca no trombone.
Em nome da lei, da autoridade, da higiene, eles andam por aí . Depois do fumo, das colheres de pau e das bolas de berlim, há-de vir a taxa para gordos e o tratamento obrigatório para emagrecer.
Por estas e por outras é que decidi o regresso à clandestinidade. É mais seguro, para preservar a parte ainda não devassada da minha intimidade.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Ser Solidário



No Congresso de Loures das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, fui apanhado durante um momento de descontracção pelas companheiras funcionárias da então FPCCR, actual CPCCRD.
Partilho essa memória de algo que ninguém me pode roubar: o prazer de ser solidário e de caminhar inteiro junto de outras pessoas voluntárias que constroem oásis de cultura e resistência no marasmo do quotidiano subordinado cada vez mais a deveres impostos por governantes para quem os direitos são para ser espezinhados.
No dia em que deixar de ser solidário, enlouqueci ou morri, porque eu sou este.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Sinais do Nosso Tempo: Entregues aos Bichos

Enquanto o Papa afirma que a globalização "é uma névoa que cega as nações", dificultando um mundo justo e solidário, o cardeal patriarca de Lisboa, perante o aumento da pobreza em Portugal, considera que o maior drama da sociedade actual é o afastamento de Deus.
Quão controversos são os caminhos da Igreja actual!
Oiço na Antena 1 que os dirigentes europeus fogem do referendo à constituição, derrotada pelos povos mas reciclada em tratado de Lisboa, porque expôr o documento em votação popular seria perigoso e leio no Público que Sócrates cedeu (será verdade?) a essas pressões.
Que democratas são estes?
Texto e foto ( argola de pedra para atar animais - Nave do Barão, Loulé) de LFM

terça-feira, janeiro 08, 2008

UM PROJECTO QUE ORIGINOU UM BLOGUE

Jorge Cabral é o mentor.
Diz ele '' Tivemos como ponto de partida a Tunísia, país no Norte de África que é muito mais do que os complexos turísticos em moda na Europa. A Tunísia tem uma cultura forte e tradições ricas, que se expressam na literatura, nas artes plásticas e na música, entre outras. Um universo criativo capaz de inspirar uma míriade de outras expressões culturais em todo o mundo, nomeadamente em Portugal.
Minha Lua, Nossa Lua espelha essa realidade, o quotidiano dos tunisinos, o dia-a-dia da pessoa comum, as suas vivências e os seus espaços.
Os momentos registados durante duas viagens ao sul da Tunísia deram o mote para a longa caminhada que é este projecto. O objectivo principal é a experimentação, a partilha, a comunhão ou simplesmente a convivência entre a fotografia, o teatro, o multimédia, a literatura e todas as formas de arte e de expressão necessárias para comunicarmos as nossas ideias.
Não é pretensão inventar nada de novo, mas sim beber tudo o que nos rodeia, deixar-nos contagiar pelo que nos emociona, utilizar todas as formas de arte para criar algo nosso, transmitir o nosso olhar e revelar quem somos.
A Tunísia e os momentos vividos a Sul foram transportados para o espaço da criação e serão levados para onde houver pessoas receptivas a viajar connosco.
Não se trata de um retrato de um país, através de várias formas de expressão artística, mas sim do nosso olhar sobre a vida na Tunísia. Pretendemos expressar o mundo por via da arte.

Do trabalho de criação resultou uma exposição de fotografia, uma instalação multimédia e uma peça de teatro, direccionada especialmente ao público infantil. O projecto foi desenvolvidos por artistas profissionais da área da fotografia e do teatro, aos quais se juntaram poetas, artistas plásticos, historiadores e antropólogos, entre outros, que participarão no espaço palavras do deserto, partilhando conhecimentos, conversas, poemas, experiências…''

Foto-jornalista e actor, Jorge Cabral idealizou o projecto ''minha lua, nossa lua''. Eu vou colaborar...
Está tudo no blogue
http://minhaluanossalua.blogspot.com/2008/01/apresentao.html

segunda-feira, janeiro 07, 2008

A Tapada das Necessidades no Jornal de Notícias

Transcreve-se o artigo, publicado no Jornal de Notícias de hoje, da autoria de Mónica Costa.

''Grupo quer Tapada aberta ao público


O Grupo de Amigos da Tapada das Necessidades deu ontem o pontapé de saída na organização de iniciativas que visam alertar governantes e população para a necessidade de salvaguarda daquele jardim lisboeta, na freguesia dos Prazeres, paredes meias com o ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

O primeiro acto foi um encontro na Tapada, que reuniu cerca de 50 pessoas interessadas em manter o espaço aberto ao público. A próxima acção também já está delineada, embora sem data definida, e trata-se de uma caminhada pelos 10 hectares do espaço, alertando para a necessidade deste continuar aberto à cidade.

Uma pretensão que poderá estar em risco, uma vez que a Junta de Freguesia dos Prazeres recebeu aquilo que julga ser um "ultimato" da Direcção Geral do Tesouro e Finanças, para que lhe fossem entregues as chaves da portarias da Tapada, com o objectivo da gestão daquele espaço verde ficar dependente da secretaria geral do MNE. O pedido não foi atendido, mas existe o receio pelo futuro da Tapada.

Ao encontro de ontem compareceu também a vereadora da CDU na Câmara de Lisboa , Rita Magrinho, que lembrou a proposta, aprovada por unanimidade em reunião de Executivo, para a salvaguarda da Tapada. Poucos dias depois surge a carta do Ministério das Finanças. "Já comunicámos na Câmara esta 'novidade", afirmou a vereadora, garantindo o apoio da CDU "para manter esta instituição da cidade de Lisboa".

Fotos
de António Brito

domingo, janeiro 06, 2008

Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades dinamizou iniciativa de protesto cívico






O Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades, realizou hoje uma iniciativa que foi um alerta contra atitudes arrogantes de organismos estatais, nomeadamente o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que ocupa o palácio onde residiram alguns reis da última dinastia e pretende alargar o seu território, para deleite de ministros e diplomatas, interditando-o aos demais indivíduos, vulgo populaça.
O Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades convidou os moradores da freguesia de Prazeres, autarcas e o movimento associativo popular a participar num acto cívico, em torno da salvaguarda dos diversos patrimónios e do usufruto popular daquele belo espaço verde. Intervieram a professora Rita Magrinho (vereadora da CML), o engenheiro Magalhães Pereira(presidente da junta de freguesia), colectividades locais (Francisco Nascimento, da Sociedade Musical Ordem e Progresso, Margarida Passinhas, do Grupo Dramático e Escolar«Os Combatentes ) e o engenheiro José Alberto Franco, presidente da Aldraba. Esteve também presente o deputado municipal do Partido Ecologista Os Verdes, José Sobreda Antunes.
Antes de um passeio pela Tapada, que encantou alguns caminheiros, que nunca tinham passeado naquele espaço privilegiado, comeu-se bolo rei, oferecido por comerciantes da freguesia dos Prazeres, nomeadamente das pastelarias "Manaus" e "Carrocel", e bebeu-se jeropiga de Alpedrinha.
texto e fotos LFM

terça-feira, janeiro 01, 2008

SALVÉ 2008



Que as portas deste novo ano se abram para bons sonhos e que estes se realizem plenamente com saúde, alegria e criatividade.
LFM

Alpedrinha é Eterna



Aos Amigos Maria dos Anjos, Hugo Nabais Pereira, Maria Piedade, Maria Pires e familiares, a minha gartidão pelo Natal que me proporcionaram, de muita tranquilidade, em Alpedrinha.
Bem Hajam!