"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, maio 23, 2020

Dez Livros para Ler 10- Fotos-grafias de Ary dos Santos

Rosalia de Castro seria uma possibilidade, o maravilhoso livrinho de haikus de Bashô, entre outros autores japoneses, "As Cigarras vão Morrer", hipótese a considerar e Manuel Lopes ["Os Flagelados do Vento Leste"] mais um autor que considero importante na literatura caboverdiana, também mereceria destaque. E muitos mais. Mas não, a opção para finalizar a possível selecção, que me atrevi a divulgar centra-se num Poeta incontornável, contemporâneo, cantado por inúmeros artistas e fadistas, autor de mais de 600 poemas para canções. Lembro Beatriz da Conceição (Meu Corpo). Fernando Tordo (Cavalo à Solta) Carlos do Carmo (Os Putos) Paulo de Carvalho (Lisboa Menina e Moça) Simone de Oliveira (Desfolhada) Tonicha (Menina). Falo de José Carlos Ary dos Santos, nascido em Lisboa a 7 de Dezembro de 1937, que viveu quase toda a sua curta existência na Rua da Saudade. O livro fotos-grafias cuja capa aqui se mostra foi apreendido pela PIDE. Oriundo de família aristocrática, aderiu ao PCP em 1969, tendo imortalizado o 25 de Abril e as décadas que antecederam a revolução em "As Portas que Abril Abriu".
LFM (texto e fotografia)

segunda-feira, maio 18, 2020

Dez livros para Ler- 9 Poemas Escolhidos António Gedeão


Desde muito novo habituei-me à poesia do professor de físico-química Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, natural de Lisboa, que me entrava em casa via rádio. Cantado por diversos artistas que me ficaram na memória. Samuel, Carlos Mendes, Duarte Mendes, Tonicha e Manuel Freire. "Lágrima de Preta", "Calçada de Carriche", "A Fala do Homem Nascido" e "Pedra Filosofal" são alguns desses poemas imortais, como eterno é o seu autor - António Gedeão, bastante celebrado na sua longa vida de 92 anos. Este é o penúltimo livro que partilho, recusando-me a mostrar apenas uma capa, ditando um mero título. Os escritores, os investigadores, os poetas, os dramaturgos merecem-me este respeito, que me leva a falar da sua vida e obra. São os mensageiros do seu tempo, são espelhos de vida que não podemos reduzir a meras peças de um jogo para improváveis leitores...
LFM(texto e fotografia)

sábado, maio 16, 2020

Dez Livros para ler 8- Eugénio de Andrade Poesia e Prosa

O oitavo livro desta série de dez que tenho estado a apresentar na minha página FB é um dos dois volumes que condensa uma parte substancial da obra de Eugénio de Andrade. Desde muito cedo e graças a uma amiga jornalista que me foi oferecendo alguns exemplares dos belos trabalhos do Poeta, fui sendo influenciado pela sua forma de olhar o mundo e registar os instantes. Fernando Paulouro Neves chamou aliás a atenção para essa marca nos meus versos. Gostei bastante de conhecer o autor, nascido na simpática aldeia da Póvoa de Atalaia, para onde em Janeiro de 2019 a Câmara Municipal do Fundão concebeu uma exposição, com a correspondência de Eugénio comigo, espólio que emprestei para os visitantes visualizarem alguns aspectos do Ser Humano e do Artista, bem patentes nos seus conselhos e partilhas poéticas.
LFM (Texto e fotografias)

quinta-feira, maio 14, 2020

Dez Livros para Ler 7- Romancero Gitano de Federico Garcia Lorca

Federico Garcia Lorca é a minha sétima escolha, em relação à selecção que me foi pedida, tão difícil de realizar. O Romanceiro Gitano é uma das suas obras que bebi verso a verso, como se de um extasiante elixir se tratasse. Tive a felicidade de conhecer Granada e de visitar o Sacromonte onde o Poeta convivia com Amigos Ciganos. De uma das vezes que Granada se deixou descobrir, dormi numa Cueva. A Poesia anda no ar por aquelas paragens, tal é a beleza do lugar e as memórias fortíssimas do Poeta tão marcante, tão vivo no sangue das palavras, que o franquismo perseguiu e fuzilou.
LFM (texto e fotografias)

domingo, maio 10, 2020

Dez Escolhas Para Ler 6- Contos e novelas de João de Araújo Correia

Nos anos 70 comprei alguns livros de bolso da colecção Verbo/RTP. Foi o caso do nº 58 "Contos Bárbaros" de João de Araújo Correia. Textos tão marcantes que décadas depois, em Santa Marta de Penaguião e na Régua redescobri este autor de quem Aquilino Ribeiro dizia "O Mestre de nós todos"...Graças à Tertúlia João Araújo Correia alarguei o meu conhecimento sobre a vida e a obra deste Enorme Contista. A Âncora tem reeditado alguns dos melhores títulos. Tenho igualmente os dois volumes da Imprensa Nacional, cujo primeiro inclui os Contos Durienses. Graças ao empenho de muitos que não deixaram o seu legado perder-se, como é o caso de Helena Gil Coutinho, o escritor entrou no Plano Nacional de Leitura. Natural de Canelas, o seu consultório médico na Régua tornou-se no laboratório de uma escrita preciosa, que ainda hoje nos toca pela universalidade dos seus personagens.
LFM

sábado, maio 09, 2020

Dez Escolhas Para Ler 5- CÃO VELHO ENTRE FLORES

"Cão Velho Entre Flores" de Baptista Bastos é o quinto livro dos dez que me propus partilhar, para contribuir na promoção da leitura. Como oportunamente escrevi, são inúmeros os títulos que caberiam aqui, pois uma dezena é um espartilho. O exemplar da obra que hoje divulgo tem uma particularidade. Um dia, durante uma deambulação por Lisboa encontro o escritor e interpelo-o, de livro na mão e ele não só concede agradado um autógrafo, como resolve emendar uma página onde havia uma "gralha". O dia do rapaz de bairro que eu era (décadas da existência vividas em Alcântara) ficou mais luminoso e por instantes a palavra felicidade abriu as suas asas claras.
LFM

sexta-feira, maio 08, 2020

Dez Escolhas Para Ler 4- A INVENÇÃO DO AMOR



O quarto livro que destaco é da autoria de Daniel Damásio Ascensão Filipe, que nasceu em Cabo Verde, Ilha da Boavista, em 11 de Dezembro de 1925 e morreu em Lisboa, com 39 anos, a 6 de Abril de 1964. Depois do 25 de Abril, vi na "Casa da Comédia" um belo espectáculo, em torno de "A Invenção do Amor", um dos seus títulos mais marcantes. Poema muito declamado nos anos 60, constituiu um manifesto contra o regime salazarista, que o perseguiu e torturou pelo seu activismo cultural e político.
LFM

quinta-feira, maio 07, 2020

Dez Escolhas Para Ler 3- A TERCEIRA MISÉRIA

Hélia Correia e o seu livro "A Terceira Miséria" trazem-me à memória a crise das dívidas soberanas, causada pelo Capital especulador que arrasou a Grécia [e Portugal]. A escritora fala da actualidade evocando o legado da Antiguidade Clássica na Cultura da Europa dita civilizada. Natural de Lisboa, nasceu em 1949, tendo escrito para Teatro.
LFM

quarta-feira, maio 06, 2020

Dez Escolhas Para Ler 2- Minha Mãe Amassa o Pão

Segundo dos dez livros que fui desafiado a divulgar através da capa e de algumas referências à obra e ao autor.



António Simões nasceu em Beringel, vive em Estremoz, é professor e poeta de gabarito, que no seu livro "Minha mãe amassa o pão" (edição da CMBeja) consegue com aquela glosa escrever das mais belas quadras onde o Alentejo palpita, através da referência aos campos, aos ofícios, ao imaginário, à ternura da qual as Mães são merecedoras e ao Pão que marca o tempo do trabalho e da honra. Outro belo título, com um conteúdo a descobrir, pela sensibilidade que estes versos transmitem, marcando-nos para sempre pela grandeza das ideias e pela partilha da qualidade e originalidade, em quadras de uma simplicidade que eleva o culto escritor que tão bem canta a terra.

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)

terça-feira, maio 05, 2020

Dez Escolhas Para Ler 1- António dos Olhos Tristes

Por estes dias  e em tempo de confinamento, face à pandemia que nos trocou as voltas, surgiu no Facebook um desafio replicado por diversos Amigos.



Não foi nada fácil aceitar esse desafio, que também me tocou...

Divulgar as capas de uma dezena de livros dos muitos que li e gostei, deixando para trás talvez centenas, era uma escolha dura.
A proposta visaria promover a leitura e embora tenha surgido sem evidenciar o interesse pelos autores e pelas obras, não me fiquei pelo superficial. Andei às voltas com esta brincadeira séria.




Uma parte das minha poupanças foi empregue na compra de livros e por isso não os reduzo a um jogo, passando a outro(s) a partilha que acedi a fazer. Por esses dias, viram-se capas e algumas palavras de referência, porque o tempo é precioso pois os meses roubados pelo corona não regressam. E o Futuro é um suspiro. 

Comecei com o "António dos Olhos Tristes" de Eduardo Olímpio. Um escritor e poeta de Alvalade Sado, nascido em 24 de Janeiro de 1933 (87 anos) que teve uma livraria no Cais do Sodré há muitos anos, escreveu muito sobre o Alentejo, sendo cantados por Paco Bandeira alguns dos seus versos. Este livro sobre a Infância há muito que merece reedição. É de uma beleza que não se esquece. E começa assim: "António dos Olhos Tristes foi o único homem que eu conheci que sabia falar com os bichos todos que há na vida. Mas todos. Todos mesmo."

Luís Filipe Maçarico (Texto e Fotografia)