"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, novembro 29, 2009

XV Encontro da Aldraba em Aljezur: Ver, Ouvir e Saborear ao Sul























































A Aldraba visitou Aljezur este fim de semana, tendo começado por uma sessão de boas vindas, na sede da Associação de Defesa do Património Histórico (ADPHA), tendo a sua direcção, na pessoa do seu presidente José Marreiros (acompanhado por mais dois directores, nomeadamente o vice-presidente José Francisco Estevão), trocado lembranças com a direcção da Aldraba, na pessoa de José Alberto Franco (acompanhado por inúmeros companheiros dos corpos sociais, nomeadamente 3 vice-presidentes, tesoureira e presidentes do Conselho Fiscal e Assembleia Geral), acto presenciado - e aplaudido por um grupo de associados, amigos e familiares, oriundos de diversas zonas do país.
As refeições decorreram, ontem, no Chefe Dimas, hoje no Ruth o Ivo, restaurantes dignos de peregrinação gastronómica pelo requinte e prazer que proporcionaram.
Aljezur é uma boa rota para os apreciadores da culinária mais esmerada com batata doce, pois os participantes neste XV Encontro trouxeram, de entre as várias recordações, esta autêntica jóia da coroa que é a degustação de uma doçaria ímpar e de ementas de chorar por mais como a feijoada com aromas de morcela de arroz e outros enchidos, servida dentro de uma abóbora. Vale a pena ir a Aljezur, se for guloso(a) pois vem de lá contentado(a)...
No Rogil, na sede de uma associação recreativa local, falou-se de batata doce (com uma belíssima intervenção do sr. Tenente Coronel Novais, presidente da Associação de Produtores daquela iguaria, tão nutritiva e apetitosa) e da batalha de Aljezur (com intervenções de José Marreiros e Pedro Martins, jovem associado da Aldraba).
Esta conversa ocorreu, na sequência do conhecimento que a maioria dos visitantes teve após divulgação na ADPHA, quer através do livro de José Augusto Rodrigues, quer de documentação existente em Aljezur, nomeadamente uma condecoração com respectivo diploma assinado pelo Furher, pelo enterramento de aviadores nazis no concelho onde caiu e explodiu o bombardeiro onde seguiam, alvo de fogo inglês. Este espantoso episódio, permitiu um debate vivo e intervenções de um vereador do executivo recentemente eleito, bem como do autarca de Rogil, que se congratularam por esta iniciativa.
A noite terminou com um lanche oferecido pela Câmara Municipal de Aljezur no restaurante Onex, onde o poeta Ernesto Silva disse a sua poesia, oferecendo à Aldraba um poema que tocou o coração de todos os presentes, pela força e singularidade dos vocábulos utilizados, pelo ritmo e pela rima que imprimem à obra deste homem eloquente o toque humanista da sua reflexão em verso sobre a existência.
Na manhã de domingo visitaram-se os museus da Misericórdia, Antoniano, a casa de José Cercas e o interessante espólio patrimonial (arqueológico) e identitário (utensílios do quotidiano e da vida rural), guardado - e preservado - nos antigos Paços do Concelho.
A assistência sorveu as informações de José Manuel Marreiros e da guardiã da arte sacra.
O regresso às diversas origens dos participantes ( Faro, Beja, Azambuja e Lisboa) efectuou-se com muita satisfação, pelo enriquecimento cultural que todos trouxeram na bagagem.
Obrigado aos amigos da ADPHA e aos autarcas que tão bem nos souberam receber!
Texto e fotos de Luís Filipe Maçarico

sexta-feira, novembro 27, 2009

Lisboa: Jardim - Miradouro da Rocha












Na minha infância brinquei bastante neste jardim-miradouro...
Perto das Janelas Verdes (primeira fotografia), este belvedere situa-se numa zona de Lisboa, onde existe o Museu de Arte Antiga, a Cruz Vermelha Portuguesa, a Brigada de Trânsito, a Casa descrita por Eça de Queirós nos Maias, no começo da Pampulha, o palácio de João Franco, polémico primeiro ministro de D. Carlos I, o Palácio dos Conjurados de 1640 (mesmo em frente do Jardim), o Largo Dr José de Figueiredo, com um chafariz monumental, a York House, as Igrejas de S. Vicente de Paulo e de Santos...
Diante do Jardim, a doca e a gare marítima da Rocha, o Tejo, o apelo dos barcos à viagem...
Moro perto, mas ao contrário dos tempos de infância, é raro deslocar-me até este espaço. Passo sempre de autocarro...
Um dia destes fui até lá e registei estas imagens.
Texto e fotos de Luís Filipe Maçarico

quinta-feira, novembro 26, 2009

DÉLI


Ontem, no início da noite, recebi um sms que começava com um "Olazinho!"
Depois dizia: "Pronto, primeiro tratamento já está (...)"
A mensagem terminava com um "Estou bem. Agora preciso descansar."

Pequenina querida: vou estar aqui toda a vida que me resta, para te fazer rir, juro!
Porque o teu riso é uma déli (déli=delícia).

Fotografia de LFM

terça-feira, novembro 24, 2009

Oração ao Cosmos


Sinto-me com força, diz a minha amiga...
Hoje, amanhã e sempre, a minha alma deseja a tua plena vitória!
É bom saber-te com força, mas só vou descansar quando estiveres completamente liberta.
Por isso, a minha oração ao cosmos não vai abrandar.
Amo-te, como se ama o mar, o sol e uma irmã, que é dádiva dos deuses.
Bem Hajas pelo teu exemplo!

Fotografia de Ana Isabel Bicho

segunda-feira, novembro 23, 2009

Em Lisboa, lugar da Ausência















Em Lisboa arrasto saudades
olhando montras de promessas
patrimónios, miradouros e a solidão
de chamar por quem não vem...

Em Lisboa embalei sonhos
porém, no lugar das palavras e gestos
apenas um silêncio letal
me responde.

Em Lisboa já não espero nada
nem sequer ouso
uma gota de sol
um verso de Tejo
um melro enluarado
enfrentando
nuvens e orvalho.

Teimei
em acreditar
que podia haver
outro dia
outro amanhã.

Todavia
o que existe é o frio
cada vez mais cortante
de um lugar vazio.
E a ausência
arrepiante
de um amor fugidio...


Texto e Fotografias de Luís Filipe Maçarico

sexta-feira, novembro 20, 2009

Nádia, a artesã sorridente











Sobre o rio, em socalcos, o espaço apela à memória e ao sonho.
Saboreia-se o ar, que as cegonhas procuram, quando o tempo aquece.
Nádia tem ali a sua oficina.
Um destes sábados, a música empolgada de um clássico envolvia as oliveiras. E as esculturas que esperavam o vento.
Nádia surge. Sorriso de menina, com luz e sombra no olhar.
José Gomes Ferreira escreveu um dia que viver sempre também cansa. Mas Nádia é uma resistente, corre-lhe nas veias o sangue dos que ousam enfrentar as tempestades ou o marasmo.
Nádia insiste, agora neste espaço onde se entrelaçam estrelas e mitos. Silêncios e aromas.
Nádia floresceu por estas ruelas, trilhando o caminho da partilha de saberes criativos, soltando asas esplendorosas.
E aceita ficar na fotografia, antes de voltar aos materiais que lhe contam estórias.
Nádia, rosa de mel, no sol do sul.
Procurem-na neste território mágico, encontrem-na e falem com uma das mulheres mais luminosas que conheço. Apreciem o talento, a sensibilidade, a arte de Nádia Torres, a artesã sorridente de Mértola.

Luís Filipe Maçarico


quarta-feira, novembro 18, 2009

Segredo







Era um céu muito cinzento, o cenário que me esperava, quando recebi a tua mensagem - escrita a quinhentos quilómetros de distância - saindo para uma varanda sobre o Guadiana.
Onde bebi em segredo (e com júbilo) as tuas palavras.

Então disse-te:


(...) Emocionei-me nesta manhã de Mértola.
Uma oliveira, as aves e o rio são testemunhas
dessas lágrimas de alegria...

Luís Filipe Maçarico (texto e imagens)