"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, maio 31, 2010

Reunião da Comissão Científica da Casa-Museu da Música de Alpedrinha










Há uma semana atrás, com a Ana Dias e o Marco, Valente, colegas do Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo", participei na reunião da Comissão Científica da Casa - Museu da Música de Alpedrinha.
Participaram pessoas daquela vila da Beira Baixa, designadamente dirigentes e associados da Liga dos Amigos de Alpedrinha, que cozinharam e ofereceram um simpático almoço comunal, forma muito envolvente de receber os convidados. Entre eles, a Professora Antonieta Garcia, da Universidade da Beira Interior, presença fundamental em reunião com propósitos tão elevados.
A troca de ideias e a reflexão colectiva sobre o futuro daquele património indicaram a pertinência de um tratamento cuidadoso dos materiais a expôr.
Retenho das intervenções da Professora Antonieta Garcia estas palavras: "Temos de ter linguagem moderna, multimédia. Permite poupar espaço e não omitir nada. O registo fotográfico que aqui existe dos finais do século XIX e XX, era interessante recuperar. Têm de estar expostas, são de uma riqueza muito grande."
Nesta reunião foram ainda definidos os seguintes Grupos de Trabalho: Infraestruturas, Apoio, Recolha Levantamento e Tratamento do Espólio e Primeira Exposição.
Texto e fotografias de Luís Filipe Maçarico

domingo, maio 30, 2010

Em Mértola com os Ismaelitas


















Uma vez mais rumei a Mértola, agora sem o prazer das viagens de comboio, pois o percurso Lisboa- Beja está em obras durante um ano (passando-se o mesmo no ramal de Évora).
Em Beja, a espera foi quase de 3 horas, contudo aquela hora ritual, entre a cidade farol do Baixo Alentejo e o reduto fascinante onde Cláudio Torres e a sua equipa desvendaram séculos de História do Al-Andalus, que os poderes mistificavam, constituiu o costumado bálsamo de lavar a alma com as paisagens alentejanas.
Chegado a Mértola, cada passo constitui momento de alegria pelo reencontro com pessoas e recantos, com moldura de nuvens.
E lá estão o pintor Manuel Passinhas e a professora Susana Goméz, como o senhor Artur da venda ao pé do mercado, mais a companheira Nádia dos sonhos mais coloridos e o senhor Henrique do café Guadiana, ou o senhor Ruas do Tamuge, a dona Teresa do Oásis e tantos outros.
Cinco dezenas de pessoas da Comunidade Ismaelita visitam a vila Museu. Com eles, vem a antropóloga Faranaz Keshavjee e desde a visita aos achados arqueológicos da alcáçova do castelo ao almoço de borrego com couscous e à tarde de partilha de saberes e vivências, o dia foi magnífico.
Cláudio e Faranaz, em português e inglês, com tradução exemplar do Marco Valente, foram as estrelas da tarde, secundados por vários investigadores que, em Londres, frequentam um curso universitário, aprofundando conhecimento sobre o Islão contemporâneo, na vertente ismaelita.
Faranaz Keshavjee é um daqueles casos em que as nossas expectativas correspondem à realidade: cidadã luminosa, aberta à reflexão, compartindo a experiência de uma muçulmana de rito minoritario, entre sunitas e xiitas, tal como sucedeu, por exemplo numa ida ao Egipto em que a diferença de gestos acabou por motivar um comentário de uma senhora que lhe perguntou há quanto tempo ela se teria convertido...
É fundamental esta permuta entre estudantes de duas culturas, que produzem o seu trabalho em e sobre lugares distintos do planeta. Faranaz é uma referência para esse encontro tolerante e sábio. Bem haja!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

domingo, maio 23, 2010

Córdova - A Mesquita e o Museu de Arqueologia, segunda parte



















Como o prometido é devido, aqui estão mais imagens de Córdova. Que não se esgotam nestes breves artigos, onde relatei a experiência de revisitar aquela cidade.
A Mesquita oferece ainda ao viajante o espaço lindíssimo do Mirhab, que indica aos muçulmanos a direcção de Meca. A estrutura arquitectónica é de uma beleza extrema, que se pode encontrar também em Granada, no Alhambra ou em alguns recantos mágicos do Norte de África. Estou a lembrar-me por exemplo do Palácio/Museu do Bardo, em Tunis, ou de espaços fabulosos em Fez ou Marrakech...
Antes de regressarmos a Portugal, estivemos no Museu de Arqueologia. local Face ao que vi, não tenho dúvidas em afirmar, que, comparativamente, Mértola possui materiais da época islâmica, não só são mais bem apresentados, como de grande qualidade arqueológica. Foi bom, contudo, conhecer este outro espólio.
Texto e fotos de Luís Filipe Maçarico

segunda-feira, maio 17, 2010

Córdova: A Mesquita - Primeira Parte














Há uma semana, como já foi referido no "Águas", foi tempo de revisitar Córdova.
Desta vez, viajei com a Universidade do Algarve, no âmbito do Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo".
Além da minha turma, também iam alunos da Licenciatura "Património Cultural". Daqui saúdo todos.
Acedemos à Mesquita por uma ponte muito antiga, suponho que romana.
Com emoção imaginei aquelas portas, agora fechadas, outrora abertas para a entrada da corte, dos príncipes e califas. E vi com arrepio um belo batente de porta que talvez tenha servido para ministros e clérigos, poderosos e notáveis se fazerem anunciar, trazendo notícias jubilosas ou constrangedoras... Retive a revelação da porta mais antiga, segundo a professora Susana Gómez.
Lá dentro, a magia que nunca cansa, de uma arquitectura eterna. Arcos e arcos, numa cascata de beleza e arte.
Partilho as imagens, tal como fiz nos artigos anteriores. E para aqueles que nunca foram até à bela cidade de Córdova, espero que os diversos artigos que fui apresentando contribuam para criar "água na boca" para aproveitarem a vida enquanto por cá andam. Porque depois, será tarde...
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

domingo, maio 16, 2010

Viana do Castelo: Durante as 2ªs. Jornadas de Cultura






























Desde Agosto de 1988 que não visitava a capital do Alto Minho. Este sábado, a convite da Ronda Típica de Meadela e da sua presidente, Dr.ª Laurinda Figueira, participei nas 2ªs. Jornadas Culturais de Viana do Castelo, abordando o património imperceptível, no qual Viana ainda é rica, ou seja, existem nas portas daquela cidade aldrabas e batentes em número substancial, que merecem salvaguarda, designadamente na Rua Grande, Rua de S.Pedro, Rua da Bandeira, Praça da Erva e Rua Prior do Crato, só para referir alguns exemplos.
Mas as Jornadas tiveram vários aliciantes: a música tradicional, a gastronomia, o artesanato, a reflexão sobre a identidade minhota e os patrimónios (material e imaterial), a poesia, o convívio e até um "esconjuro", protagonizado pelo Padre Fontes, que arrebatou dezenas de entusiastas, que aqueceram a alma, bebendo o maravilhoso elixir, derivado de uma queimada, com benzedura singular.
Inexcedível foi a preocupação da dirigente associativa e do seu marido Nicolau Veríssimo, para o sucesso do evento, estando sempre presentes e actuantes, resolvendo toda a sorte de problemas que surgiam, acompanhando os intervenientes com uma palavra amiga, solidária. Foi aliás, Veríssimo quem me apresentou o Dr. Manuel Freitas, ilustre ourives e animador do Museu do Ouro, que visitei deliciado.
Aqui fica um primeiro conjunto de imagens, para poderem aquilatar do interesse destas Jornadas e da beleza que Viana tem.
Texto de Luís Filipe Maçarico; Fotografia1: Cristina Brito; Fotografias 2 a 15:Luís Filipe Maçarico

quinta-feira, maio 13, 2010

Com a Turma do "Portugal Islâmico" em Córdova


















Sábado passado, as turmas do Portugal Islâmico (Mestrado) e do Património Cultural (Licenciatura), respectivamente, do Campo Arqueológico de Mértola e da Universidade do Algarve, partilharam os ensinamentos e a sabedoria de investigadores da Universidade de Córdova, durante um longo passeio pela cidade romana e muçulmana, visitando e conhecendo os meandros de escavações arqueológicas e de monumentos, por onde muitas vezes se passa, sem se saber pormenores... que chegam a ser a chave para a existência dessas marcas das diversas civilizações que nos antecederam...
Durante a caminhada, alguns ângulos que se guardaram, a evocação de Averroes, a constatação de uma cidade muito viva. Gostei de voltar a Córdova, embora o tempo tivesse sido muito preenchido, e de ter ficado muita ambiência por fruir, como a festa dos pátios.
Luís Filipe Maçarico (Texto e fotos)