"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, dezembro 31, 2009

Novo Ciclo



Esta noite, fecha-se um ciclo de vida e, com a esperança renovada, inicia-se mais uma caminhada de doze meses, que se deseja de Paz no Mundo, de trabalho e saúde para todos os que anseiam coexistir em harmonia e com sensibilidade, partilhando saberes, sonhos e projectos.
Para todos os meus amigos, esta imagem de beleza e serenidade, que o Alhambra possui. Para sublinhar o quanto vos desejo Momentos de Felicidade sem Intervalo...
Abraço com Muita Amizade e um 2010 com Alegria e Amor!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)

terça-feira, dezembro 29, 2009

Olhai Senhores, as Populares Cheias Invernais...


Há coisas que não consigo entender.
Ainda não há muito tempo, ministros iluminados pela pomba do Espírito Santo, seguros da sua espantosa e magnífica governança, determinaram com a segurança dos seres que gerem a vida dos outros por decreto, que as cheias no Tejo e no Douro passavam a ser uma reminiscência do passado. Vê-se.
Ainda há poucos dias, profetas da desgraça carpiam contra a seca. Agora chora-se que a chuva é demais.
Só não se diz que se deita desmedidamente lixo nos cursos de água, que se permite a construção em cima de rios, que os incêndios precipitam e amplificam fenómenos de desagregação dos terrenos...
No Oeste, perto do Natal, um mini tornado deixou milhares de pessoas sem luz; Em Loures, na Régua e Reguengo do Alviela, Trancão, Douro e Tejo provocaram estragos hoje.
É o temporal, diz-se nos telejornais, onde se corta a palavra ao povo sábio, como vi há pouco, acusando autarquias por autorizarem construção em linhas de água, da falta de limpeza nos rios, etc. Quando se diz a verdade, corta-se a palavra... Viva a Democracia e a Imprensa Livre!
E que 2010 nos traga o fim - há longo tempo anunciado - das clássicas cheias de Inverno em Portugal, às quais se juntaram hoje as do aeroporto de Faro, alagado para receber turistas que declararam estar surpresos com a pequena piscina que os aguardava ou aquele velhote estrangeiro que afirmou que com uns copos tudo melhorava.
Tá tudo grosso!
Continuaremos a apostar em "Águas do Sul" forever!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Odeceixe no Inverno















Odeceixe é um lugar lindo em qualquer altura do ano.
No Inverno, entre o sol e as nuvens, com chuva ou com vento, a paisagem é habitada pela suavidade.
Partilho estas imagens de um dia que ziguezagueou pela sombra e pela claridade, fazendo votos para que todos os leitores tenham um 2010 com muita luz!

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

domingo, dezembro 27, 2009

Regresso ao Paraíso











Dos vários sítios paradisíacos do país, regressámos, os mesmos protagonistas à casa mágica de Odeceixe, onde fomos felizes.
O azul acompanhou-nos na chegada. E um pczinho para nos ligarmos ao Mundo. Por isso, este post, para dar sinais de vida.
Desejo a todos os que me lêem, um final de ano tranquilo.
Luís Filipe Maçarico (Texto e foto)

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Vinte e Quatro



Não chores, meu amor!
As sombras não duram sempre
e o sol há-de voltar
para respirares ternura
em vez de lágrimas,
diante dos meus olhos.
Sai da noite e solta o sonho!

Luís Filipe Maçarico

quarta-feira, dezembro 23, 2009

POST Nº 1000



Das muitas imagens que em Maio recolhi no Alhambra, ofereço-vos estas, porque em tempo de crise, precisamos de ver uma luz no fundo do túnel.
A vida de cada ser humano assenta nesta dicotomia: Sombras e claridades sucedem-se, porém a esperança permanece, teimosa.



O Natal é a época em que mais se fala de Paz. Por sms, email ou através de postais de correio, desejam-se as melhores coisas do Mundo.
As imagens, como esta, que acompanham essas mensagens, falam do Paraíso que merecemos - mas nunca mais aparece!




Ontem, um amigo enviou-me um mail, onde apareciam as Boas Festas, escritas em inúmeras línguas, menos em árabe.
Porque não rejeito as influências, ao contrário de muitos portugueses, e tenho amigos do outro lado do Mediterrâneo, desejo também a eles Saúde Plena! Amor e Felicidade! Sonhos Realizados! e muita PAZ!!! que é o que precisamos e não teremos, se eles também não tiverem.

NOTA: Este blogue começou no domingo dia 1 de Agosto de 2004. Completam-se hoje, quarta feira, mil postagens, onde se falou -conforme o Arquivo atesta - do sul, da amizade, do amor, da poesia, da guerra e da paz, da injustiça e da luta, da memória e do património, do associativismo e da arte, de pessoas e ideias, do país e do mundo. Continuamos...

Luís Filipe Maçarico

terça-feira, dezembro 22, 2009

Portas de Mértola



O património não é só a fachada de uma matriz, o belo perfil de um castelo, o palácio onde se viveram acontecimentos históricos...



Mértola possui portas que, apesar de não terem madeira nova e batentes dourados brilhantes, desencadeiam no olhar do visitante uma sensação de descoberta ancestral, pois em frente de materiais muito antigos, a imaginação é convocada.



Que histórias estes objectos guardam?

Luís Filipe Maçarico (Texto e Fotografias)

Mértola, Lugar Fascinante






Nunca me canso de revisitar este lugar fascinante que é Mértola. Onde a sombra e a luz jorram sobre a cal, resplandecendo no azul dos dias tranquilos, frente ao grande rio, que continua a embalar barcos e sonhos. Terra de segredos, entre oliveiras e flores de amendoeira não tarda nada, a irromper na margem esquerda, repetindo o fulgor de lendas e memórias, que os homens transportam na pegada firme, a caminho do futuro.
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

Sandra, a Rapariga Luminosa


Sandra é um doce, com os pés bem assentes na terra, mau grado alguns obstáculos que a vida colocou no seu caminho. Se fosse árabe, couscous que viesse da sua sabedoria, seria manjar de deuses; bastou-me provar um iogurte delicioso, para saber que onde põe o dedo há garantia de uma gastronomia divinal...
Descendente de uma família das Minas de S. Domingos, tem o coração repartido entre Tavira (onde trabalha) e Faro (onde reside).
Se acreditasse em sereias, Sandra, a rapariga sorridente que celebro neste blogue, criado para falar dos dias e rostos do Sul, é uma musa do mar, embalado pelos seus olhos marotos...
Mas ela é muito mais: Amiga afectuosa, companheira no infortúnio e no júbilo.
Estudante aplicada, arqueóloga ciosa, Sandra é um ser único: Tem magia nos gestos, eloquência e graciosidade nos passos, inteligência nos projectos, partilha e ternura na pegada.
Festejo aqui este conhecimento luminoso, concretizado ao longo de vinte e seis meses de companheirismo, aprendendo e compartindo, na radiosa Mértola.
Obrigado por tudo, AMIGA!!!
Luís Filipe Maçarico (Texto e fotografia)

Vem Aquecer Estas Noites...


Tenho saudades dos dias de luz e sol. Da esperança de uma palavra, que congelou com o frio das terras de granito, da penosa ausência dos sorrisos, que se escondem, lá longe, no seio da neve e do gelo. Na sombra de um silêncio, que guarda gestos e beijos saboreados, mas ainda fonte de tanto desejo...
Não há chuva, nem rio nem lágrimas que apaguem o sabor da ternura adiada...
O melhor presente neste Natal era ver-te e nunca mais nos separarmos, mesmo que longe continuássemos, mas nunca mais distantes no coração...
Não sei quando voltarás a dar notícias, em que noite regressarás, subitamente, como da última vez, para estares comigo em mais uma madrugada de sonho...ficas porém a saber que tenho fome de ti, não há iguarias, nem corpos que me tragam o mel de uma boca acesa, e o vulcão de uma pele que saciou a sede de carícias. Vem abraçar-me outravez, vem aquecer estas noites com o lume dos teus lábios...
LFM (texto e foto)

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Debate na Biblioteca


A iniciativa ocorreu há cerca de um mês. E embora a Biblioteca Almeida Faria não estivesse repleta, os montemorenses presentes na sessão mantiveram e estimularam, durante cerca de uma hora, o debate do qual se transcrevem passagens:
"Não há artesão devidamente competente para reparar a porta. Por vezes, a emenda é pior que o soneto. E isso está-se a agravar. Já não há sabedoria para reparar!"
"Detectamos coisas que se estão a destruir, como podemos fazer chegar....?Na Rua de S. Miguel estavam a retirar uns azulejos...A destruição do portão, naquela rua, que era de ferro."
"Passa pela Escola e pelo Associativismo!"
"Faz-me recuar à década de 80 (na Oficina da Criança) o local onde vives como é, como queres?
Sensibilização à Comunidade Escolar...Da importância do nosso Património!
Durante um ano, fizeram um trabalho com 600 crianças. Nessa altura havia muito a preocupação de trabalhar a temática do Património. (...) Houve alunos que recriaram cataventos. Fizeram o seu projecto de cataventos..."
"As pessoas não sabem o que é que o Património vale e não têm iniciação estética. Muitas vezes não é uma questão de dinheiro. O que é preciso é chamar a atenção para a valorização. As escolas têm um papel muito grande. Mas tem de haver um contexto de educação dos adultos também (...) Havendo tantos cursos de formação e muitos desembocam em situações que não dá emprego...Porque é que não se canalizam para os saberes tradicionais? Para os conhecimentos: Como é que se substitui uma porta? Uma aldraba? Enquanto isso não se souber, quem vai fazer?
Em simultâneo, ensina-se a Internet. Isto é de "país rico"...
Há coisas que levam muito tempo a aprender. Não podemos desanimar! Na Educação, a gente semeia ao vento..."
Obrigado a todos os que partilharam estas e outras opiniões, ou simplesmente estiveram atentos: Professor Laboreiro, Professora Visitação, Professora Vitalina, Professora Ana Luísa Janeira, Professora Isabel Aldinhas, Dr. Jorge Fonseca e também aos Senhores José Aldinhas, José Rasquinho e ainda à pintora Etelvina, a educadora Teresinha e a sempre presente Augusta, que acompanha os Dias Tranquilos, coordenados pela inexcedível Célia Godinho.
Obrigado igualmente à Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, por ter proporcionado a iniciativa no belo espaço que é a Biblioteca Municipal.

domingo, dezembro 20, 2009

Alice no país dos Cinzentões


Há pessoas cuja grandeza está no facto de serem discretas no dia a dia, porém gigantes na forma de partilhar o que conquistaram com muita luta. Lutar é o melhor verbo que conhecem, quando decidem sair do anonimato, em nome dos ideais, pelos quais entregaram a juventude. Ideais que as trouxeram de volta, após anos sofridos de sombra e silêncio.
Ela viu a semente de muitos florescer, sorveu a criatividade de dias irrepetíveis, guardou o aroma desses instantes únicos, para ter e dar força neste Inverno prolongado em reino de monos.
Alice Guerreiro é uma das pessoas mais estimulantes que conheço. Mulher de arcaboiço, que vai espalhando gargalhadas e propostas, desmascarando o cinzentismo, que empata a caminhada, rumo à Liberdade que há, para lá da palavra.
Encontrá-la é sempre uma festa.
Ao longo das minhas idas para Mértola, durante os últimos 26 meses, fui sentindo nesta Alice do país tristonho uma âncora, para recarregar energia e seguir viagem, desde Beja, onde costumo chegar num comboio matinal.
Há muito que a não vejo, pois sempre que pode, escapa-se para Milfontes, onde respira sete sílabas de Mar, para escrever o seu poema de solitude, patente em cada sorriso, em cada gesto, em cada vocábulo fraterno, em cada sonho anunciado.
Alice é um desses seres de excepção, que existirão sempre, para além desta passagem turbulenta.
Porque as histórias de vida fantásticas criam-se a partir da magia das palavras, território onde ela passeia, com a sua pronúncia aljustrelense e a sábia reflexão, acerca do que vale a pena alcançar: o amor, a paz, a solidariedade. Alice é uma lenda, símbolo da caminhada de um povo pela dignidade e pela justiça e igualdade que os trabalhadores alentejanos merecem.
A memória dos que ao lado dela ajudaram a erguer o novo Portugal, que outros tantos tentaram asfixiar, registam o punho bem erguido, a sua verve, o sangue quente, o mote arguto, a imparável vontade de seguir em frente, desbravando o pão e o futuro. E como o seu contributo para a revolução é intemporal, apesar da raiva, a esperança irrompe, em cada poro...
Uma Mulher assim é Eterna!
Luís Filipe Maçarico (Texto e fotografia)

Cegonhas



Ontem à tarde, no regresso das aulas, ao passar na estrada entre Alcaria Ruiva e Castro Verde, lá estavam, como na véspera, as inúmeras cegonhas dos diversos ninhos.
Na sexta, com chuva, no sábado enxutas e sob um sol sem calor, porque é Inverno, as cegonhas que, entre Outubro e Novembro, estiveram afastadas destas paisagens, teimam em deixar o traço do seu voo na nossa memória e no olhar. São aves que povoam sítios e imaginários.
Cegonhas, rainhas do ar, no céu do sul.

Luís Filipe Maçarico (texto e foto)

sábado, dezembro 19, 2009

Se Vier Alguém...


No último comboio que tomei, para assistir a mais um fim de semana de aulas em Mértola, dei-me conta de um pequeno pormenor, revelador de certas opções e atitudes quiçá políticas, de uma parte considerável dos portugueses.
Muitos passageiros ocupavam lugares indevidos, inclusivé o meu.
E o argumento, quando interpelados, era sempre: "Se vier alguém - ouvi dizer inúmeras vezes - vou para o meu lugar e você (a pessoa que queria sentar-se no seu lugar e nunca conseguia) vem para este..."
Neste tipo de atitude, - e em tantas outras, que me dispenso de lembrar, - mas que os automobilistas, por exemplo, conhecem, reconheço a justificação para muitos dos políticos corruptos continuarem a ser escolhidos, mesmo depois de se saber que não são pessoas credíveis.
Para os eleitores, que no dia a dia têm procedimentos como aquele que contei, um político corrupto, desde que faça uma rotunda ou qualquer melhoriazeca, merece o seu voto, porque é o espelho da sua própria sacanagem.
"Se vier alguém, vou para o meu lugar..."
E porque não está, nem vai, se alguém chegou e tem no bilhete que comprou, direito àquele lugar? Que gente é esta?
Luís Filipe Maçarico (texto e foto)

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Marco Valente: Quando Aprendemos com os Jovens...



Cidadão de Mafamude, tem raízes em Vila Nova de Gaia e na Madeira. É meu colega no Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo".
Marco Paulo Valente é um jovem culto, arqueólogo de formação e profissão, que conhece patrimónios identitários fascinantes, como as lendas de mouras e mouros, que os mais idosos contam, em Almodôvar ou na sua terra natal -Mafamude.
Conhece estórias de contrabandistas. As moedas antigas são um dos terrenos do conhecimento que desbrava, em busca de mais saber. O Marco sabe cantar, escrever e é um companheiro como há poucos, fraterno, solidário.
Capaz de vir de Beja com a sua mulher, uma bejense simpaticíssima, para percorrerem numa manhã gélida as ruas de Montemor-o-Novo, em busca de outros tesouros - os que ainda resistem nas portas e os do afecto.
Marco ajudou a descodificar alguns batentes. Transcrevo parte de dois textos que me enviou, acerca de dois batentes muito sui generis, que nos permite ver melhor alguns objectos que as nossas cidades ainda exibem, não sabemos até quando...A não ser, que os senhores autarcas, de norte a sul intervenham e ponham fim ao regabofe da perda diária do nosso património imperceptível...

Luís Filipe Maçarico (texto de apresentação e fotografias)




Neste exemplar, podemos observar um conjunto de cães que protegem o(s) habitante(s) da residência, uma vez que foram escolhidas duas raças de cães em particular: O Dobermann, uma das melhores raças de cães de guarda e o Mastim Napolitano.

De notar que o Dobermann se apresenta com as orelhas em pé - na nossa opinião, para acentuar o seu aspecto ameaçador e assim "pôr em sentido" qualquer visitante, uma vez que a mão tem de ser colocada junto a ambos os espécimes para poder entrar na residência.

Quanto ao Mastim Napolitano, as suas origens perdem-se ainda mais nas teias do tempo. Mas tal como o Dobermann é um óptimo guardião e o formato da sua cabeça é extremamente importante para o dotar de tais qualidades.

Marco Paulo Valente



Neste exemplar - na nossa opinião - podemos porventura observar uma mescla de motivos mitológicos pagãos, com um porventura cristão.
As hastes de cervídeo, são-nos verdadeiramente. As cordas que se entrelaçam, sem princípio nem fim parecem dar forma à face de um Fauno. No local onde se situaria a boca de tal figura observamos da existência de uma Vieira - símbolo de peregrino (?), de alguém que busca protecção na sua caminhada o interior da residência seja qual for o seu propósito (atingir a Luz, a Sabedoria, Deus ou a Natureza, na figura da Deusa Mãe, ou não?)
É uma leitura possível.

Marco Paulo Valente

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Património em Montemor-o-Novo















Montemor-o-Novo é uma cidade bastante rica em património material.






Contudo, a perda recente de algum património emblemático, no que concerne às aldrabas e batentes, deixou-me apreensivo, enquanto cidadão, ao revisitar as ruas desta simpática e bela cidade alentejana, devendo, na minha opinião, os autarcas desta e de outras terras reflectir acerca de alguns "atentados" a esse património...
Porque é a descaracterização, a perda de qualidade e de identidade que espera os sítios se efectivamente, perante o que está a suceder, não se tomarem medidas...
Os batentes em forma de serpente ou mastim, raríssimos, se nada se fizer para a sua preservação, em última instância nem que sejam mostrados num museu, não regressarão (pois os ferreiros já não batem o malho em Montemor-o-Novo) às portas da cidade quando alguém, após a morte dos idosos que residem na parte antiga, os retirar impunemente como tem acontecido. Urge inventariar e proteger! Sensibilizar proprietários e inquilinos. Será que é difícil entender isto?



Em Montemor-o-Novo, em 2005 havia um portão no nº 7 da Travessa dos Lagares. Em 2009, o portão desapareceu, bem como as três aldrabas que ostentava, fazendo lembrar o que sucedia em tempos no Magrebe - uma para o homem, outra para a mulher, outra para a criança, segundo relatos de indivíduos contactados, em Fez (Marrocos) e Nefta (Tunísia).
A venda do espaço pelo antigo proprietário a uma empresa que depois encontrou um comprador, esteve na origem dessa perda. A empresa, segundo relato de uma moradora, terá retirado o portão, não se sabendo o que fizeram às três aldrabas, reduzindo a entrada a uma portinha apertada, azul escura, que nada tem a ver com a antiga passagem do espaço público para o privado.




Apesar de passeios temáticos, chamando a atenção para aquele património, apesar de um artigo na revista Almansor, apesar da sugestão da publicação de postais (que serviriam para divulgar esses tesouros junto dos próprios moradores e proprietários), que nunca foram editados, apesar dessas preocupações...caíram em saco roto e está à vista o resultado.
Montemor-o-Novo perdeu uma parte do seu património. Mas como se isso não bastasse, não há ninguém que intervenha, relativamente à forma como portas e janelas manuelinas são tratadas (a fotografia mostra bem o que afirmamos)...
É este o legado que vamos deixar aos vindouros e que chegou até nós atravessando gerações?
Cidades forradas de alumínio, desfeiando (e desumanizando, porque apagando a memória) o que foi construído à escala humana?
Respeito o trabalho autárquico e os eleitos, mas não posso deixar de fazer este reparo, antes que seja tarde.
Por favor, senhores autarcas do Município de Montemor-o-Novo e das freguesias urbanas (e rurais), intervenham, não deixem morrer as marcas importantes da passagem dos nossos antepassados trabalhadores, criativos, artistas, que antes de nós fizeram estas jóias de arte, como quem pinta um quadro, escreve um livro ou planta um olival.
Luís Filipe Maçarico

domingo, dezembro 13, 2009

Nevoeiro Matinal em Mértola








Ontem, foi dia de aulas com o professor doutor Luís Filipe Oliveira. Que nos falou dos olhares cristãos do século XII sobre os mouros, revelando que, se nuns textos o Outro é diabolizado, noutros, chega-se a afirmar que as raízes de alguns nobres cristãos são mouras e que com os árabes é possível fazer tratados, sendo tratados como iguais...ainda que inimigos a combater.
A manhã foi daquelas em que o nevoeiro se entranha em tudo. D. Sebastião não apareceu por um triz!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)