"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, abril 26, 2011

Portugal do Século Dezanove ou de Hoje?



"(...) Um governo corrupto, os ministros (...) desperdiçavam loucamente os impostos ou os roubavam (...) para enriquecerem aventureiros sem mérito."
Alexandre Herculano, citado por Camilo Castelo Branco em "Maria da Fonte", obra de 1844, reeditada pela Ulmeiro, 2001, pág. 177.

"Tudo estava absolutamente podre, caindo a pedaços, esboroando-se numa gangrena."
Oliveira Martins
, citado por Camilo Castelo Branco em "Maria da Fonte",obra de 1844, Ibidem.

segunda-feira, abril 25, 2011

O Espírito do 25 de Abril em Moreanes




























Após ter investigado mais um pouco da documentação existente e de recolher novos testemunhos acerca do etnógrafo José Figueiras, em Meadela e Viana do Castelo, mergulhei na vida associativa de Moreanes, integrando a Assembleia Geral do Centro de Apoio a Idosos local e os diversos momentos da comemoração do 10º Aniversário daquela instituição, designadamente a exibição do filme realizado por Filipe Verde, antropólogo do ISCTE, sobre a Mina de S. Domingos, um baile da Pinha, uma Quermesse, inauguração de uma exposição de pintura com obras de 5 artistas plásticos, do concelho de Mértola, uma refeição comunal, actuação de um jovem acordeonista, desfile e exibição de grupos de cante.
Um dos pintores, Anacleto, ofereceu um tríptico ao Centro.

Se não tivesse havido na nossa terra o 25 de Abril, os jovens e os idosos de Moreanes não teriam festejado a força do Desenvolvimento Local que o Associativismo proporcionou nestas quase 4 décadas, nem tão pouco os milhares de portugueses, que daqui a bocado vão desfilar na Avenida da Liberdade, teimando em lembrar a data e exigir melhor futuro, pois o fim da miséria e da indignidade que se esboçou há 37 anos, depende da forma como o povo se deixa enganar por alguns políticos, resolve esclarecer-se ou decide agarrar o seu destino colectivo, deixando uma forte pegada no território, como é o caso do Centro de Apoio a Idosos de Moreanes.

É que meus amigos, em 24 de Abril de 1974, morria-se sem apoio, quando não se era rico, nem havia médicos para cuidar dos velhos sem posses... É bom que não esqueçamos muita coisa.
Este facto é um deles... Há que lembrar aos que não sendo abastados e tendo sempre dificuldades pela frente, por vezes, por desespero ou ignorância, face à desilusão dos últimos governos que nos arrastaram para crises, suspiram por dez salazares para endireitar isto, conforme oiço algumas vezes a jovens, a quem a minha geração não soube transmitir, nem o testemunho nem valores que ajudem a mudar Portugal, em vez de uma indolência que vem de muito trás...
Neste blogue não há equívocos: 25 de Abril Sempre! Porque há 37 anos estava em Moçambique, em plena Guerra Colonial e a mulher que me criou morria. Não esquecerei nunca!
Viva a Liberdade!

Luís Filipe Maçarico

sexta-feira, abril 22, 2011

Voltar a Viana














Após uma passagem por Mértola, com destino a Niebla, pernoitando em Moreanes, com o prazer de ter viajado com Cláudio Torres, à ida e no regresso, dei um "salto" a Viana do Castelo, para pesquisar no arquivo do Notícias de Viana e nos reservados da Biblioteca Municipal (onde se guardam dezenas de números de A Aurora do Lima), desbravando exemplares dos anos 60, de ambos os periódicos...
A Carolina Figueiras acompanhou-me na tarefa, tal com a Cristina Brito, resultando dessa consulta inúmeras referências a José Figueiras, etnógrafo e poeta de grande valia.
Entrevistei mais pessoas, que conviveram com o Mestre, visitei o cemitério da Meadela e regressei, com a satisfação de mais uma intensa etapa, de trabalho de recolha, bem sucedida.
Ontem dei uma olhadela no ensaio da Ronda Típica e voltei há bocado a casa, com saudades daquelas bolas de Berlim, do Natário, e com a melhor impressão, que alguns amigos, como Nicolau Veríssimo e Laurinda Figueiras, que conheci por via desta investigação, me têm causado.
Por isso, voltar a Viana é sempre uma festa!

Texto e Fotografias: Luís Filipe Maçarico

quinta-feira, abril 21, 2011

Mensagem de um Português nos EUA


Acabei de receber um mail de um português que vive nos EUA, amigo do casal Sobral Bastos e que assim quis homenagear um grande homem:

Hoje o nosso amigo partiu

(para o Manel Sobral Bastos)

Hoje o nosso amigo partiu.

Fez-se noite nos sorrisos

e ao olhar regressaram

as paisagens de fim de outono

que as suas palavras eram capazes

de transformarem em primavera,

por mais que os céus indicassem o contrário.

Era um ser extraordinário,

simples, sincero, companheiro,

que sabia ouvir,

nos momentos difíceis,

e sorrir,

com as nossas vitórias mais insignificantes.

Ele não queria acreditar que no mundo

existe tanta hipocrisia e falta de solidariedade.

Resta-nos tentar dar continuidade

à sua forma de dar,

desinteressadamente, grandiosamente.

Era um amigo de verdade.

Não é justo, para quem tanto foi capaz de amar,

partir tão devagar.


Texto: José Filipe Rodrigues

Foto: LFM

Até já, Manuel!










Estava em Viana do Castelo, quando a mensagem da Maria Amélia me anunciou a partida do Manuel Sobral Bastos, homem digno, cidadão admirável, ao qual devemos, - todos os que sonhámos um futuro diferente e insistimos que é possível viver de outra forma, - o Dia marcante, que em 25 de Abril de 1974 nos permitiu sermos Livres, graças a homens como o Manuel, que generosamente empenharam a sua palavra nesse acto transformador.
Conheci este respeitado oficial da Força Aérea, no meio associativo.
Fundámos entusiasticamente, num encontro propiciatório em Montemor-o-Novo e a partir de inúmeras reuniões preparatórias, em sua casa, a Aldraba - Associação do Espaço e Património Popular.
Durante meses, ali se planeou, com a Comissão Promotora que ele integrava com a esposa, o trabalho de implantação desse motivador projecto.
O Manuel esteve sempre de coração aberto, no nascimento de novos grupos de cidadania, dando o seu contributo para a mudança, para a melhoria de qualidade do quotidiano dos portugueses.
Era o vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral da Aldraba, foi secretário da primeira direcção, foi membro do Conselho Fiscal, participava em diversas reuniões e jantares de confraternização, com camaradas ligados a todos os voos, onde o ser humano é a medida de todas as coisas, mas com esse cunho de ave serena, que procura o melhor tempo para sobrevoar a vida e dar-lhe a sua achega, com humor e luta, com inteligência e elegância.
A palavra Senhor é a que melhor o define.

Esta manhã, no cemitério da Meadela, ao olhar para a campa de José Figueiras, o etnógrafo cuja vida e obra estou a investigar há alguns meses, foi também no Manuel que pensei, quando foi colocada uma rosa vermelha do poeta "Da Alma de Viana".
Há poucos anos, sem saber, comi o cabrito da Páscoa em Évora, com o Manuel e a sua família. Esta Páscoa, o seu lugar está vago, mas na galeria dos empolgantes heróis anónimos que conheci, a luz do Manuel Sobral Bastos é uma cintilação fulgurante que não tem limite.
Bem Hajas, Amigo pela amizade com que me honraste.

Luís Filipe Maçarico (texto) Fotos (Arquivo do Blogue "Águas do Sul")

segunda-feira, abril 18, 2011

NIEBLA

































Niebla é uma cidade muralhada, ao longo de um imenso perímetro, que merece aturada visita.
Logo ao primeiro olhar, ficamos encantados, pelo património majestoso que se nos apresenta.
Várias portas, com a fortaleza a surgir constantemente e uma antiga mesquita, exibindo o respectivo mirhab...
Masmorras assustadoras recriam cenas de tortura. E o Rio Tinto, com a sua água férrea, derrama-se diante do poderoso castelo.
O Professor Juan Aurélio conduziu-nos ao longo de várias horas, dentro e fora do recinto, partilhando a sua sabedoria e conhecimento.
Por exemplo: as fiadas de pedras desde o chão indicam-nos a origem árabe de algumas torres e muralhas. Cinco fiadas são seguramente marca de construção califal. E a taipa não deixa dúvidas...
Foi muito bom conhecer a História de Niebla e encontrar a sua população pelas suas ruas. Continua-se a construir com tijolo burro, pois a tradição ainda respira por aqueles lados...
As imagens falam eloquentemente, sem necessidade de escrever muito. O olhar também viaja...
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

domingo, abril 17, 2011

Terceira Visita de Estudo à Andaluzia: Marismas do Odiel










Visitei sábado passado, dia 16 de Abril, as Marismas de Odiel, frente a Huelva, onde desfrutei de um centro de interpretação (virtual) sugestivo, não tendo no entanto sido possível percorrer uma parte do espaço, pois não era possível perturbar a avifauna. Contudo, constatei uma enorme contradição: uma possante indústria polui o ambiente em redor...
São as contradições da perigosa existência de homens e animais, numa Sociedade cada vez mais errante, governada por mentirosos...
O professor Juan Aurélio guiou-nos nesta primeira parte de mais uma visita de estudo (a 3ª) à Andaluzia, desta vez com a turma do Mestrado de História do Algarve, acompanhada pelo professor Rosa Mendes e um grupo de alunos da Universidade de Huelva.
Almoçámos ao balcão de um super lotado comedouro, onde nos deliciámos com cerveja e peixinho frito.
Numa esplanada bebemos café e seguimos viagem até Niebla, a jóia da coroa deste passeio do Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo". De Mértola além de mim, foi a Professora Susana, do Algarve vieram cerca de uma dezena de alunos e de Huelva outros tantos...
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)