"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, abril 21, 2011

Até já, Manuel!










Estava em Viana do Castelo, quando a mensagem da Maria Amélia me anunciou a partida do Manuel Sobral Bastos, homem digno, cidadão admirável, ao qual devemos, - todos os que sonhámos um futuro diferente e insistimos que é possível viver de outra forma, - o Dia marcante, que em 25 de Abril de 1974 nos permitiu sermos Livres, graças a homens como o Manuel, que generosamente empenharam a sua palavra nesse acto transformador.
Conheci este respeitado oficial da Força Aérea, no meio associativo.
Fundámos entusiasticamente, num encontro propiciatório em Montemor-o-Novo e a partir de inúmeras reuniões preparatórias, em sua casa, a Aldraba - Associação do Espaço e Património Popular.
Durante meses, ali se planeou, com a Comissão Promotora que ele integrava com a esposa, o trabalho de implantação desse motivador projecto.
O Manuel esteve sempre de coração aberto, no nascimento de novos grupos de cidadania, dando o seu contributo para a mudança, para a melhoria de qualidade do quotidiano dos portugueses.
Era o vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral da Aldraba, foi secretário da primeira direcção, foi membro do Conselho Fiscal, participava em diversas reuniões e jantares de confraternização, com camaradas ligados a todos os voos, onde o ser humano é a medida de todas as coisas, mas com esse cunho de ave serena, que procura o melhor tempo para sobrevoar a vida e dar-lhe a sua achega, com humor e luta, com inteligência e elegância.
A palavra Senhor é a que melhor o define.

Esta manhã, no cemitério da Meadela, ao olhar para a campa de José Figueiras, o etnógrafo cuja vida e obra estou a investigar há alguns meses, foi também no Manuel que pensei, quando foi colocada uma rosa vermelha do poeta "Da Alma de Viana".
Há poucos anos, sem saber, comi o cabrito da Páscoa em Évora, com o Manuel e a sua família. Esta Páscoa, o seu lugar está vago, mas na galeria dos empolgantes heróis anónimos que conheci, a luz do Manuel Sobral Bastos é uma cintilação fulgurante que não tem limite.
Bem Hajas, Amigo pela amizade com que me honraste.

Luís Filipe Maçarico (texto) Fotos (Arquivo do Blogue "Águas do Sul")

1 comentário:

marialascas disse...

Não encontro melhores palvras do que as tuas " Um Senhor".
Um beijo tardio aqui gostaria de deixar e uma braço sentido à Amélia.