"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, agosto 31, 2016

EXCESSO DE PUBLICIDADE NAS CAIXAS DE CORREIO

No sítio onde morei 63 anos, as caixas do correio não ficavam a abarrotar de propaganda, - passe a publicidade - do IKEA (que despeja livros), do MINI PREÇO, do PINGO DOCE, do JUMBO (estes todas as semanas) da STAPLES, etc etc.

Tendo passado uma semana em Alpedrinha, tive de pagar retenção de correio, para que a correspondência que me interessa não ficasse fora do receptáculo. E de facto, na segunda feira, fui buscar um envelope suculento, com livros enviados pela minha querida Paula Santos, de Évora, sobre as Invasões Francesas, para enriquecer a bibliografia de um artigo que estou a escrever sobre o tema.

Devia haver quem nos protegesse destas invasões, que nos "entopem" as caixas de correio, de forma abusiva e constantemente. 
Não há pachorra para a atitude agressiva destas empresas, pois não respeitam a privacidade dos cidadãos, impondo e anunciando produtos, cujo resultado é engrossarem a reciclagem de papel. Porque, como dizia o outro, não havia necessidade...

LFM


quarta-feira, agosto 24, 2016

A DIMENSÃO MÁGICA DO REAL


A pintura de Edgar Costa constitui, a par da sua Arte de cortar e pentear, com mestria, o cabelo,  a filigrana cósmica, na qual mistura a sensibilidade e o toque genuíno, numa caminhada de décadas de apuro.
Balada para os sentidos, a colecção das suas telas é uma festa de cor, na contemplação da Natureza, na dança de Nureyev e Margot, tacteando o espaço, voando com o fascínio de gestos imortais.
Os mistérios da terra, irrompem em águas primordiais - que (quase) escutamos, (quase) respirando os aromas das origens, na cintilação de frutos intactos, na sinfonia das fontes.
A melancolia dum poente ou a serenidade da musa, que afaga o felino, espreitam-nos nas paredes da casa onde Edgar Costa se transcende, idealizando paisagens marinhas das Berlengas, de São Martinho do Porto ou das Azenhas do Mar, e nos instantes campestres, singulares e oníricos, que povoam o seu imaginário.
No atelier, um rebanho acaba de ser pintado, entre árvores que são estrofes de vida e um chão de veludo verde, onde a música dos dias se entrelaça, na plenitude de um céu que inspira paz.
Assim são os quadros deste Artista.
A pele, onde Edgar Costa tece a dimensão mágica do Real, com a impressão digital da paleta criativa.
Para partilhar um olhar, onde a beleza é o segredo e o sonho, a sabedoria.

Luís Filipe Maçarico
Almada, 17-6-2016

A Exposição de Edgar Costa inaugura-se este sábado, dia 27 de Agosto de 2016, na Casa do Alentejo e permanece até final de Setembro.

Edgar Costa, nascido em 1937 em Lisboa, é profissional desde os 15 anos, na área do corte de cabelo, primeiro como barbeiro e a partir dos 21 anos como cabeleireiro. Foi precisamente na Casa do Alentejo, que fez uma primeira demonstração, em público, em colaboração com a L' Oreal. Enquanto pintor fez um curso de 3 anos nas Belas Artes e expôs, em Almeirim, na Manfredo - representante de produtos de cabeleireiro, em 2014 os seus quadros estiveram na Exponorte e durante anos participou em Feiras de Artesanato da Junta de Freguesia de Prazeres (Lisboa), mostrando a sua Arte, Na Charneca da Caparica tem 5 telas em exposição permanente.

terça-feira, agosto 09, 2016

Terrorismo

Todos os anos desde há décadas o Inferno repete-se.
Neste Agosto de 2016, há casas destruídas uma vez mais e vidas em risco, perdas enormes.
E muita floresta evaporada. 
Isto logo a seguir às notícias idiotas, que todos os anos se repetem, a meio de Julho, assegurando que a área ardida é muito menor, através de estatísticas que surgem, sempre muito antes das temperaturas atingirem o zénite.
Alguém disse e com toda a razão que estamos na presença de actos de terrorismo, enquanto outros fazem como a avestruz, tapando o sol com a peneira, alertando para que não se façam queimadas nem se deitem beatas fora dos carros (como se isso fosse a causa maior destas punhaladas anuais, na sensibilidade, na memória, na fruição)...
Todos os anos os governantes anunciam combates eficazes, medidas insuperáveis, vitórias antecipadas sobre a devastação de outros anos, com outros governos ao leme desta nave num mar de lumes.
E todos os anos a derrota da Natureza é certa. 
Como a lista das marés, assim existe uma espécie de calendário, tipo época de incêndios.

Quatrocentos fogos num só dia é monstruoso. Nem que fosse apenas um.
Os seres malditos que destroem o bem comum (paisagem, florestas, casas, animais, pessoas) deveriam - ao invés de se apresentarem a um juíz, e serem dados como maluquinhos (reincidentes) depois mandados em paz para casa, terem o tratamento que os seguidores da sharia dão aos ladrões - mãos cortadas!!!
Desculpem quebrar o meu pacifismo e tranquilidade, mas não há pachorra para paisagens dantescas nas televisões e jornais, populações esbaforidas, bombeiros exaustos, autarcas sisudos. 
A culpa morre sempre sem acusados ou com poucos e loucos, a serem capturados, porquê? 
Porque não se vai ao fundo destas questões de uma vez por todas?
Fogueira com eles, se apanhados em flagrante.
O politicamente correcto dos paninhos quentes já mete nojo. 
Ou então alguém aproveita (e de que maneira) esta desgraça.... 
LFM (texto) Foto: Incêndio na Madeira dia 8-8-16 (Internet)

segunda-feira, agosto 08, 2016

Ciprestes


Partilho a carta enviada a Mafalda Lopes da Costa, da Antena 1:
"Escutei hoje (8-8-16) no "Não há duas sem três" a referência a ser "raro ver ciprestes fora dos cemitérios"...
Certamente não se deu conta que, na Auto-Estrada que liga a A1 a Vilar Formoso - entre a Serra de Aire e Candeeiros e até Torres Novas - vemos ciprestes, de um lado e do outro, às centenas [Gostaria de saber porquê? Por vezes, lembra a Toscânia....]
Também os Caminhos Romanos, como o de Alpedrinha, rumo ao Fundão, pela serra da Gardunha, contrariam a tese deles só aparecerem nos Cemitérios.
Agradeço a sua melhor atenção para este assunto. Com os melhores cumprimentos."

LFM (texto) Fotografia recolhida na Net.

domingo, agosto 07, 2016

Poema de Romão Moita Mariano: "A MALHAR EM FERRO QUENTE"



“A Malhar em Ferro Quente”

Meu avô era ferreiro,
O meu pai ferreiro foi,
Não há dois sem um terceiro,
Fui sem o querer e isso dói.

Na forja queimei os olhos,
Dos martelos fiquei mouco,
A vida é cheia de escolhos,
Quem pensa o contrário é louco.

Toda a vida eu lutei,
Venci dias adversos,
Milhares de ferros trabalhei
Descansei  fazendo versos.

Trabalhar honradamente
Não enriquece ninguém,
Mas dá orgulho à gente,
O que é riqueza também.

Eu não sei a sensação
Que dá uma mão sem calos,
Pois quando aperto essa mão,
Sinto os meus a superá-los.

Estou tão habituado
A vestir “fato macaco”,
Que fico um pouco acanhado
Sempre que visto outro fato.

No verão, lidar com a forja,
É muito duro,  eu sei bem.
Pior é lidar com a corja
Que esta sociedade tem.

O vulgo, o artista esquece
Nesta vida é posto à margem,
Mas quando desaparece,
Aparece a homenagem.

A malhar em ferro quente
Dezenas d’anos a fio,
Constatei que há muita gente
Que só malha em ferro frio.


Romão Moita Mariano – 1989 pág.13/14, In “A Malhar em Ferro Quente” 

Agradecimentos a Madalena Borralho.

quinta-feira, agosto 04, 2016

Rosa Lobato de Faria não pode ter nome de rua em Lisboa

Não entendo como havendo escolas com nomes de poetas, que baptizaram ruas, Rosa Lobato de Faria por ter nome de escola não pode ser nome de rua.
Parece-me uma desculpa esfarrapada, por qualquer razão subjectiva que me escapa.
A escritora e poetisa nasceu, viveu e morreu em Lisboa.
Tem uma obra extensa e uma personalidade multifacetada: guionista, letrista de canções, actriz...

José Gomes Ferreira deu nome a uma escola secundária e a uma rua em Lisboa. O mesmo se passa com Camões, prolongando-se na Rua dos Lusíadas, a sua presença na toponímia da capital.
Qual o erro dessa duplicação?
Não merecem ambos essa evocação?

Algumas pessoas que entraram na política pela porta do cavalo, deveriam ser mais transparentes e explicar que não concordam (neste caso com um possível nome de rua) porque não gostam de quem se pretende evocar ou a sua obra, ou porque foi um partido da oposição que avançou com a proposta.

Eu que conheci a poetisa e que com ela fiz parte de um júri literário em Arruda dos Vinhos, a celebrei numa colectividade da antiga freguesia dos Prazeres e partilhei com ela uma inesquecível noite de Poesia com a população de Alpedrinha, em que foi acolhida pelo então presidente da Junta de Freguesia local, o socialista Francisco Miguel Barata Roxo, lamento que razões obscuras e justificações mal amanhadas estejam na génese de uma certa forma de fazer política em Lisboa.
Ou no mínimo, o que me merece a mesma reserva, que quem detém o poder discriminatório relatado, esteja a ser mal aconselhado e tome decisões que me parecem injustas.

LFM (Texto e fotografias)

quarta-feira, agosto 03, 2016

Casa do Alentejo Um Momento de Paz

A Casa do Alentejo a meio da tarde desta quarta feira revelou-se um oásis.
O seu pátio era um poema de beleza e na sua taberna, junto às oliveiras que adornam o Largo Manuel da Fonseca, desfrutei de um queijinho de cabra, três fatias de pão alentejano e um copinho de vinho pequeno.
Essenciais para retemperar forças e enfrentar as feras rossio fora e chiado acima.

LFM (palavras e fotografias)

Palmeiras da Avenida da Liberdade: Agonia Colectiva

O guru das alfaces proclamou ao assinar o acordo de coligação onde ainda mexe, que se recandidatava naquela lista, "Para Ver As Árvores Crescer"...
O problema é que os meus olhos vêem-nas definhar, sobretudo às palmeiras (que outras árvores foram derrubadas, em nome de uma moléstia esquisita )...
A Avenida da Liberdade assiste à morte dos seculares monumentos ambientais, pelo olhar atento de quem tem memória e desejava ver de facto crescer as árvores.
Rodeada por arvoredo autóctone, assim se esvazia uma esperança de salvação.
A praga começou a ser combatida tarde e nem sabemos se era inevitável e se devia ter sido poupado o dinheiro do tratamento químico que a certa altura foi decidido...
Quantas dúvidas, quanta explicação por dar...

LFM (Texto e fotografias)

Lisboa - A Nova Disneylândia

Dizia-me esta tarde, em Almada, num encontro inesperado, o Amigo e Arqueólogo Marco Valente, que Lisboa está muito diferente, pois a cidade que outrora visitou e conheceu sofreu alterações que desvirtuam a sua identidade.
Na verdade, ter de ir a Lisboa, para a consulta de diabetologia da Associação Portuguesa de Diabéticos de Portugal, e depois percorrer a Avenida da Liberdade e o Chiado, como foi o caso de hoje, é deveras cansativo, pelas multidões de visitantes, que connosco se cruzam e cansam a vista, pois muitas dessas pessoas não demonstram ter a atitude da descoberta, que caracteriza os viajantes que percorrem outro país, deslocando-se numa atitude ostensiva, como se fossem donos do mundo, não permitindo que circulemos no nosso espaço descontraidamente.
Sendo gente que procura a pechincha e prefere um hostel de tuta e meia, por vezes sem condições higiénicas, não me parece que tragam riqueza ao país.
Num dos noticiários da Antena 1 desta manhã escutei que PS e BE estão a preparar legislação para obrigar os proprietários de imóveis a incluir habitação permanente, evitando-se que a capital se desvirtue e se transforme numa Nova Disneylândia.
Contudo, não entendo que tipo de habitante permanente vai conseguir conviver com hóspedes dos andares de baixo ou de cima que mudam de dois em dois dias e usam o alojamento para darem largas à sua alarvidade, impedindo esse habitante permanente de descansar e de cumprir horários de trabalho.
Não me parece que este seja o melhor caminho....

Luís Filipe Maçarico (Texto e Fotografia)


terça-feira, agosto 02, 2016

Doze Anos A Lutar pela Verdade e pela Paz!

"Águas do Sul" começou no início de Agosto de 2004.
O caminho trilhado ao longo destes doze anos procurou ter sempre o objectivo da partilha, quer do que está mal amanhado, em termos sociais e culturais, como daquilo que merece ser evidenciado, pela qualidade.

O blogue andou por vezes à frente no tempo, o que foi incómodo para quem defende a voz do dono, o status, a água morna e lamacenta da injustiça, dos poderes que devoram a paz, o bem estar, valores que nos fazem sentir humanos, mas que alguns teimam em querer impedir-nos de fruir.

Sentimos a crítica, assim no plural, porque a esmagadora maioria dos leitores apoiam esta forma de estar e também eles foram alvo do olhar nocivo dos que ajudam a puxar a corda, para o planeta ser mais desequilibrado, com mais pobreza, guerra, fome, desigualdade, violência, exploração.

Sempre que mais um ano decorre, o entusiasmo não se extingue e não há cansaço. Por isso, continuaremos a encontrar nestas páginas a poesia e a crueldade do mundo, a beleza e o execrável quotidiano, que alguns tentam infligir aos mais fracos. Não nos calaremos.
O silêncio nunca será a resposta deste blogue.
Viva a Vida!

LFM (texto e fotos)