"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, abril 29, 2006

Comemoração do Primeiro Aniversário da Aldraba
























Após um almoço no restaurante "Estrela do Dia" que reuniu perto de cinquenta pessoas, entre associados e amigos, decorreu entre as 15 e as 20 horas, na sede do Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes" a festa comemorativa do Primeiro Aniversário da "Aldraba".
Participaram: um grupo de Jazz, que interpretou temática europeia, a poetisa Rosa Dias, sempre inexcedível, Maria Eugénia Gomes que disse com graciosa intensidade Sophia de Melo Breyner e Mia Couto, Mariana Torrinha que interpretou duas canções, uma com adufe e outra com acompanhamento de violoncelo, Maria Conceição Baleizão, com a marca profunda do Alentejo na respiração do seu universo poético, Kalidás Barreto que divulgou um comovente poema inédito, exemplar, de seu pai Adeodato Barreto, Manuel Silva (Mané) que explicou o seu projecto de um livro sobre o bairro da Musgueira, visto do lado de dentro, Cristina Pombinho, Paula Lucas da Silva, ambas professoras de filosofia, as duas de uma escrita belíssima, sobre o Amor e sobre a Terra, o poeta Fernando Pinto Ribeiro, poeta maior autor de poemas dispersos em antologias e que urge ver editado em livro, Carmen Filomena foi excelente a partilhar Sidónio Muralha, associado da simpática colectividade da Rua do Possolo que este ano completa 100 anos, Maria Amélia Sobral Bastos disse com muita envolvência Luís Jordão, presente na sala, Margarida Alves fez a assistência vibrar com a obra de Manuel da Fonseca, Jorge Rua de Carvalho empolgou as dezenas de pessoas que assistiram ao evento com poesia muito sentida e muito bem dita. José Alberto Franco disse Domingos Carvalho e Luís Maçarico partilhou José do Carmo Francisco e João Coelho, todos eles ausentes por motivos de saúde, familiares e institucionais.
A variedade de poetas, estilos musicais e, porque não dizê-lo, a diversidade de culturas patentes nessas intervenções, culminou com a actuação do Grupo Etnográfico Amigos do Alentejo, que tiveram uma brilhante intervenção, terminando a longa sessão num espaço muito bonito da colectividade onde se saboreou um simpático beberete oferecido pela Junta de Freguesia de Prazeres. Actuaram ainda nesse local o poeta e pintor Luís Ferreira, homem fraterno que uma contribuição estimulante, os jovens Nádia Nogueira e João Gonçalo Freitas que disseram Ary dos Santos e Miguel Torga e Elsa de Noronha, intérprete ímpar de poetas africanos.
Estão de parabéns as três entidades envolvidas neste acontecimento inesquecível, bem como todos aqueles que há um ano atrás decidiram criar a Aldraba-Associação do espaço e Património Popular, que neste momento conta com cento e cinco associados, o último dos quais é Kalidás Barreto.
(texto e fotos de LFM)

quarta-feira, abril 26, 2006

Portas, Aldrabas e Batentes de Sidi Bou Saïd-1ª Parte












É um dos sítios mais envolventes do Mediterrâneo. Situada a alguns quilómetros da capital tunisina, Sidi Bou Saïd tem miradouros magníficos, com Cartago aos pés e um horizonte de beleza desmedida.
No início de Abril recolhi, antes de voltar ao portugalete, imagens de utensílios que continuam nas portas. Aldrabas e batentes que já foram protagonistas de uma colecção de postais, portas trabalhadas com motivos geométricos e uma harmonia que não cansa olhar.
Que pena por cá não mantermos estes objectos nas portas, que causam a delícia dos turistas que todos os dias por ali passeiam, buscando o paraíso.
Na altura em que a Associação Aldraba-Associação do Espaço e Património Popular completou um ano de intensa actividade, ultrapassando a centena de associados, agradeço a todos os que tornaram o sonho numa espantosa realidade de empenho e ousadia.
(Fotos e texto de LFM)

26 DE ABRIL: RECOMEÇAR, RECOMEÇAR SEMPRE!


Muito sonho está por realizar e é preciso dizer às bonifácias da contra-revolução que os mesmos que suportam sempre todos os pesos têm de passar a ser outros, porque este regime não é um beco sem saída e não temos de aturar isto até morrer: perdas e mais perdas.
Há outras hipóteses de vida (não em Marte, mas nesta Terra).
Mas como dizer aos pelintras deste país que têm de deixar de ter a ilusão que também podem ser capitalistas?
(foto: Nuvem nos céus de Jerba, Março 2006, LFM)

terça-feira, abril 25, 2006

25 de Abril Sempre!


A Avó Queria Sobreviver
e calava-se.
A Pide
"Não fales alto que as paredes têm ouvidos!"
Os Dias Novos
Deixavam-lhe possuir a hipótese de pedir aos santos as manhãs que custavam a nascer.
Nunca Esquecerás
outro tempo, dizia.
Ditadura, repito.
A avó era uma mulher de rosto marcado na eterna caminhada pare evitar a fome...

in Maçarico. Luís Filipe, "Degraus",Universitária Editora, Lisboa 1999, página 44

segunda-feira, abril 24, 2006

ABRIL




Da minha janela de pardais, do meu pequeno mundo de brincadeiras nos Becos dos Contrabandistas e no Jardim das Necessidades sonhava respirar sonhos. O 25 de Abril possibilitou que pessoas como eu pudessem realizar sonhos. Estudei na Universidade, depois de varrer ruas e transportar baldes de cimento, às costas, em andaimes de vertigem. Viajei aos últimos paraísos, escrevi livros e ajudei a criar associações, que possam contribuir para nos sentirmos melhor nesta Sociedade, como é o caso da ALDRABA, que faz 1 ano no dia 25 de Abril.
Olho para trás e o balanço das coisas construídas parece-me satisfatório. Podia morrer agora...
(fotos de AC, CC e JH)

sábado, abril 22, 2006

400-Homenagem à Marcha de Alcântara





As imagens foram captadas pelo telemóvel do Francisco José Ferreira, um carola de primeira água, que há duas décadas dinamiza a marcha de Alcântara, com a esposa, Maria de Lurdes Ferreira, que é uma senhora e o irmão Mário Rui Ferreira. Deve-se a eles que uma colectividade, que festeja por estes dias o seu 156º Aniversário - a Sociedade Filarmónica Alunos Esperança - se mantenha de pé e que a marcha iniciada nos anos 30 continue a ser assegurada pela mesma instituição.
Há alguns meses fui convidado a participar numa reunião preparatória da marcha. Tarde de sábado cinzento. Luís Santos, Ruben Gomes, Susana Santos, com os já referidos Mário Rui, Francisco José, Maria de Lurdes e com a opinião avisada e actuante de João Calvário e Teresa Campos, partilhavam luz, colorido e muito entusiasmo nas suas palavras. Gente de bairro, que ama a sua marcha, que se entrega horas, dias, semanas, meses, anos, a sonhar e a concretizar o tema e toda a envolvência: pesquisa, textos, canções, arcos, figurinos, tecidos, trajes, danças, música, cenografia. Com emoção e inteligência!
É um trabalho exaustivo o destes cidadãos, que reflectem, discutem, decidem o que e como fazer. E fazem sempre com muito carinho, com muita qualidade. São magníficos, sou eu que o digo, cada vez mais parco em elogios, face a um país de comodistas e hipnotizados por futebóis e pelos sucedâneos de telenovelas e big brothers.
Conheci a maior parte deles ali, naquele momento mágico, em que de repente, de um saco saíram tecidos e pinturas espantosas. Depois de escutarmos mestre João Calvário, um homem culto e sábio, que tentava idealizar arcos vistosos, Teresa Campos dissertou acerca da textura das roupas dos marchantes, numa dinâmica feérica.
Desde há alguns anos que colaboro com eles, e agradeço-lhes por serem um dos meus motivos de satisfação enquanto morador de um bairro lisboeta repartido por duas freguesias.
No Verão espero voltar a vê-los no largo onde fui criança e por vezes ainda acredito que o mundo pode ser melhor.
(fotos de Francisco José Ferreira; texto de LFM)

sexta-feira, abril 14, 2006

Tunis, a Cosmopolita- 2ª Parte






A primeira fotografia mostra bem a marca da arquitectura colonial francesa em Tunis e pode ser vista na Rua da Jugoslávia.
As outras quatro referem-se a diversos aspectos (inclusivé ao metro de superfície) da Avenida Habib Bourguiba, assim chamada em homenagem ao homem que há 50 anos levou a Tunísia à independência.
Bourguiba conseguiu estabelecer neste país do Norte de África a separação entre Estado e Religião (a Tunísia é uma República laica, muito embora a maior parte da sua população seja árabe e muçulmana).
Promoveu leis mais avançadas que as da própria França, nos anos 50-60, nomeadamente o planeamento familiar e a interrupção voluntária da gravidez. Além do divórcio que a mulher tem direito a pedir, se se verificar que existe justificação para tal. No governo tem assento um elemento feminino que acompanha os assuntos da família e da mulher.
A Tunísia é um país com cerca de 10 milhões de habitantes e com uma superfície de 163.610 km2 (quase dois Portugais).
98% da população é árabe, 1,2% é berbere e 0,6% outros (franceses, italianos, alemães,etc.)
Há 1% de cristãos e 1% de judeus.

Tunis, a Cosmopolita- 1ª Parte








Começo por dizer que não gosto de grandes cidades e que em Tunis me sinto um pouco estrangeiro.
Mas a cidade - para quem gosta de cidades - tem diversos aliciantes. Para aqueles que apreciam encontrar uma ambiência arquitectónica familiar aos olhos, com marca europeia, possível de rever em Paris ou Barcelona, aqui ficam algumas imagens:
Fotos 1 e 2- Avenida Habib Bourguiba, perto da Medina e da Igreja de S. Vicente de Paula, construída em estilo neobizantino em 1882.
Fotos 3 e 4- Avenida Habib Bourguiba- passeio central para peões, arborizado, na tradição romântica dos passeios públicos do século XIX. Nos anos 90 do século passado este espaço estava pejado de quiosques com floristas, que foram afastados para o final da avenida, junto à estação do TGM - o comboio para Sidi Bou Saïd, que me faz lembrar a linha do estoril, pois vai para lá Marsa, uma estância de férias, balnear e frequentada pela burguesia local, passando por Cartago, a mítica, onde se situam embaixadas e residências de ricos, bem como o palácio presidencial, fortemente guardado.
Foto 5- Hotel Majestic.
Fotos 6 e 7- Teatro Municipal.
(texto e fotos de LFM)