Apresentei esta terça-feira, 22 de Novembro de 2016, a derradeira comunicação deste ano, no Colóquio dos Olivais. Intitulada "João de Araújo Correia. O Médico-Escritor cujo Consultório era um Laboratório Literário", serviu para despertar novos leitores, que desconheciam a vida e a obra do "Mestre de Nós Todos"...
No entanto, a Escola Eça de Queirós não possui este autor na sua Biblioteca, apesar dele integrar o Plano Nacional de Leitura...
A minha gratidão ao incansável paladino queirosiano Senhor Professor Fernando Andrade Lemos, entusiástico organizador de eventos que acrescentam interesse a temas da cultura nacional. Uma vez mais incluiu-me no programa, em lugar cativo, não havendo palavras para agradecer esta atenção para com o meu trabalho enquanto antropólogo e intelectual. A revista "cadernos culturais de Telheiras" tem publicado as minhas intervenções, o que me muito me honra, designadamente: "Imaginário Popular em torno de Santo António, na Cidade de Lisboa, no início da segunda década do século XXI " (2012), "Mãos que Protegem, Mãos que Chamam - Como um Objecto da Tradição foi Reinventado: A Chamada Mão de Fátima" (2015) e "Os 'Jordões' de Pias: Uma Tradição Ímpar" (2016).
Desta vez, tive oportunidade de chamar a atenção para "O mérito do contista [João de Araújo Correia], que se alicerça no espírito do lugar, na sabedoria narrativa, na qualidade linguística, eivada de regionalismos, mas também pela admirável escala humana que o inserem na galeria dos escritores transmontanos de referência."
JAC "procurava na privacidade e na solitude do seu duplo labor, o equilíbrio entre as duas pessoas que o habitavam: O Médico e o Escritor."
Sobre a sua primeira obra, escrevi: "Livro tecido com a beleza de uma teia lambida pelo orvalho, "Sem Método", como toda a prosa de João de Araújo Correia, é rio límpido, socalco luminoso, filigrana de um verbo que retrata o povo, pobre, faminto e miserável, com gentileza de harpa e alegria de concertina, não deixando de inserir na caminhada dos humildes que ausculta e procura curar, a dureza da paisagem esmagadora, o chão custoso de germinar a poesia da vida, apesar do imenso suor e dos incansáveis esforços."
No que concerne à Tertúlia João de Araújo Correia disse que "é de louvar o incansável labor dos membros da Tertúlia, pela sua actividade permanente, divulgando a vida e a obra do intelectual duriense cujos personagens imortalizam o Douro, na mesma proporção com que o Douro imortaliza os seus contos."
E a terminar afirmei: "A língua portuguesa enriqueceu-se com este regresso. As actuais gerações e os novos leitores têm agora acesso a verdadeiros tesouros."
Luís Filipe Maçarico