"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, janeiro 25, 2011

Qualquer dia...


Quando o mau gosto impera, não há país que evolua culturalmente.
No Governo, a Ministra do Trabalho contribuiu para o aumento do desemprego, facilitando os despedimentos.
Domingo passado, os iluminados cérebros que nos (des)governam, escutaram - como eu - uma portuguesa assegurando que retrocedemos aos anos sessenta do século passado, por causa das filas nas mesas de votação, devido ao número de eleitor não constar do novo (mas já obsoleto) cartão de cidadão. Sabemos o que isto gerou...
Na rádio, um programa-vómito, da responsabilidade dos pseudo humoristas que escrevem para os Gatos Malcheirosos, tão cheios de falta de graça, chamado Portugalex, espezinha os direitos mais elementares, gozando com a tragédia de termos nascido no Terceiro Mundo,envergonhando quem não seja moralista nem puritano. A última que ouvi - e digam lá se não é desprezível - referia-se às cinzas de um assassinado derramadas no Chiado e snifadas por um cantor.
Potenciar a alarvidade, ajuda a manter um povo boçal e ignorante que ri da aberração e aprofunda o mais abjecto voyeurismo. O resultado nunca poderá ser positivo.
Por este andar, retrocederemos mais e mais um pouco. Qualquer dia, acordamos em 1800...

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)

2 comentários:

Sérgio O. Sá disse...

Cartão de Cidadão, uma das brincadeiras "socráticas" que dão no que dão. Daí muitos eleitores perderem momentaneamente o seu direito de votar. Impensável nos tempos de hoje, com um povo acomodado, quedo, sem acção crítica, sem força para recorrer à legítima impugnação do acto eleitoral.
Ainda me recordo das eleições legislativas de 1969, em aparente clima de abertura política, como então se pensava. Mas eu, com 26 anos de idade, fora impedido de votar.
Naquela tarde, apresentei-me na única mesa de voto local. O meu nome não constava dos cadernos eleitorais. O único de minha casa a sofrer tal sacanagem.
A súbita indignação levou-me a armar ali - frente aos SENHORES da mesa amparados pelo conlúio situacianista e à fila de eleitores que aguardavam a vez de exercer o seu direito - um tremendo escarcéu. Deram-me razão, com um esfarrapado pedido de desculpas que não aceitei. Entretanto, um cidadão já idoso, que fazia parte daquela Assembleia e me conhecia, conseguiu açaimar a minha fúria, convidando-me, delicadamente a abandonar a sala.
Fi-lo ordeiramente, ao lado da fila de pessoas que aguardavam a vez de votar. Mas ao passar por uma certa concidadã, cuja amizade ainda hoje conservamos, foi ela a levantar a voz, denunciando a situação, bradando: «Ñão votas porque eles te conhecem, mas eu votarei, não em quem eles querem, mas nesta lista!» E do envelope que tinha em mãos saca de uma das listas da oposição ao regime e exibe-a perante a assistência.
O silêncio foi total. E na vez dessa minha Amiga, ela entregou e esperou que o seu voto entrasse na urna.
A esta distância, tal ocorrência leva-me a pensar que, se não estávamos na Primavera Marcelista, para lá caminhávamos.
Uma coisa é certa: o medo tolhia as pessoas coarctava-lhes a liberdade. Mas elas pensavam, agiam quando podiam, e não se vivia em democracia.
Hoje, que temos o poder em nossas mãos, se quisermos, que fazemos nós? Vêmos televisão, com novelas de mau gosto, rimo-nos das pachouchadas que lá dizem, oramos em favor deste ou daquele clube de futebol, corremos para ver Papas...
E, aceitando tudo o que conduz à imbecilidade, ao gosto pelas iniquidades, ao embotamento mental, simplesmente nos lamentamos!
ISSO JÁ NÃO CHEGA!
HÁ QUE FAZER MAIS!
S.O.S.

Mar Arável disse...

Não basta ter razão

Abraço