"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Mulheres Mágicas




Um dia destes ela auto-fotografou-se e o

resultado foram estas imagens que

partilho. Para celebrar a Amizade com

todos os meus Amigos e Amigas.

Daqui a uns tempinhos, espero que

breves, com o sol a voltar e a luz da

ternura de novo no seu olhar, iremos

rir muito! Vivam os Amigos!

(e muito particularmente esta Vanda tão especial, Menina Mágica,

que continua a resistir, com uma energia notável!)

Aproveito para enviar igualmente um Xi Coração à não menos discreta Gia, que também

enfrentou uma Tempestade na sua caminhada. Força, Companheiras de Sonho!

Luís Filipe Maçarico (palavras) Vanda Oliveira (imagens)

2 comentários:

Anónimo disse...

Luis,

As lutas, da minha companheira e a minha, têm sido muito difíceis. Ambos estamos a reaprender a viver ou a renascer e a comprender que a vontade de vencer os desafios é cada vez maior e mais atenta. Hoje quero partilhar alguns poemas dessa caminhada com a Vanda, Menina Mágica
Que tudo de bom nos aconteça, a todos.
Um abraço
José Filipe Rodrigues


O universo do amor



“Dad, se a tua doença e a da minha mãe
piorarem e vocês ficarem
muito doentes e morrerem
eu vou ficar sozinho no mundo.
Nessa ocasião eu construirei um barco
e vou navegar só, em todos os oceanos.”*
Filho, não sei o que te dizer.
Apenas posso-te reafirmar
que tenho muita vontade de viver
e todo o mundo para te amar.

* Nikolai Rodrigues, 5 anos



Estou aqui ao teu lado


Esta silhueta dispersa na claridade
sou eu, filho,
estou aqui ao teu lado.
Apesar de o horizonte parecer inclinado,
aquela luz que observamos no mar
não é do luar,
é do sol de alegria
que ilumina o nosso dia a dia.
Filho, eu estou aqui ao teu lado,
não fiques preocupado.


Promessa



Os médicos, muito cautelosamente,
anunciaram uma nova guerra para eu combater
no presente: tens células anormais, tens “cancer.”
Com uma crença profunda nas estações da Vida,
acredito que vou ultrapassar este pesadêlo
que me desafia, mas não desanima.
Depois, prometo ir visitar Fátima,
apesar de não ser crente,
numa homenagem à fé que norteou
os meus avós, o meu pai e a minha mãe
nas batalhas da Vida e no meu crescimento,
e, prometo também,
amar os amigos que sobram
nesta minha viagem atribulada
na procura da alegria em cada alvorada.
Nunca busquei ouro ou glória, apenas paz.
Pouco aprendi, de quase nada sou capaz.
Hoje, os credos que rezo e canto,
acreditando na Vida, sem melancolia ou pranto,
não obedecem a bíblias ou alcorões,
apenas ao cérebro e aos dedos de cirurgiões.




Caminhada através da noite



Companheira de todos os meus passos,
hoje, quando escurece e se anuncia o inverno,
iniciamos juntos esta caminhada através da noite,
de mãos dadas, olhar decidido, em frente,
sempre em frente, na direcção do indefinido.
Os cirurgiões e oncologistas anunciam terapias
e estatísticas, muitas e variadas estatísticas.
As minhas certezas vêm do deus de todos os dias,
que se manifesta no perfume das flores,
no sorriso transparente das nossas crianças,
e nas cores incandescentes do amanhecer,
com uma fé única, que nunca se adultera,
de juntos acordarmos numa nova primavera.




Foram tantos nas preces para a sobrevivência



Hoje foi o teu dia,
o que esperamos ser o último
de quimioterapia.
Chegámos aqui juntos
depois de tantas descrenças e arrelias.
Tu com as cicatrizes das cirurgias
que nos envelheceram e conduziram-nos
à infância, com uma vontade nova
de acreditar nos sonhos e na vida.
Eu com estes carcinomas na tiroide
que nunca me assustaram.
Eu ressuscitei sempre
nos momentos de indefinição
em que morri,
de tédio e da ingratidão
dos que nunca entenderam as dádivas simples,
as crenças na solidariedade verdadeira.
Sabes, minha companheira,
eu ainda acredito nas pessoas
apesar de ter aprendido
o perigo e o castigo
de quando se faz uma festa a um cão
corrermos o risco de ele morder-nos a mão.
Mas vale a pena acreditar
nessa alegria enorme que é o dar
desinteressadamente, sem limitação.
Foram tantos os que nos acompanharam
nestes momentos de lágrimas e de esperança.
Foram tantos os que nos deram força e confiança.
Agora só pretendo acender uma vela
simbolizando a paz, em gesto de agradecimento,
para alumiar os nossos caminhos
e o dos nossos companheiros,
que fizeram de ti e de mim primeiros
nas preces para a sobrevivência.
A minha fé continua a nortear-se pelos amigos
e pela evolução da ciência.
Estranha coincidência:
o teu último dia de quimioterapia
coincide com o aniversário
do nosso filho, que agora iniciou a escola.
É extraordinário.

Ezul disse...

Não há Sol maior do que aquele os nossos Amigos fazem brilhar! Que a nossa força lhes retribua também a luz e a esperança!