"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Hedy, Cidadã do Mundo



Na estrada entre Santana de Cambas e Pomarão, como um fantasma na paisagem, o velho posto da Guarda Fiscal em ruína, lembra como a verdade de ontem não tem cabimento hoje...
O contrabando que ontem proporcionava a sobrevivência de muitas famílias, era punido por vigilantes guardas, que cumpriam a lei do governo fascista, matando e prendendo os prevaricadores de então, heróis de hoje...

Esta semana completou-se meio século sobre a fuga do Forte de Peniche, de um grupo de "combatentes da liberdade". Homens que foram fundamentais para o chamado regime democrático, como Álvaro Cunhal, passaram de prisioneiros (como Nelson Mandela e tantos outros) a exemplos de lutadores coerentes por causas que transcendem o quotidiano comezinho...



Vem esta lembrança a propósito da leitura de uma notícia recente, com a judia Hedy Epstein, 85 anos, sobrevivente do Holocausto, protestando contra o bloqueio de Israel a Gaza, fazendo greve de fome.

Um dia, a Palestina será uma realidade, tal como a República Sarahoui, não obstante a enxurrada de mails que recebo conotando todos os árabes com o fanatismo terrorista e incensando as atitudes neonazis dos sionistas.
São exemplos de pessoas como esta, que nos fazem acreditar, no meio do antro de egoísmo em que o Mundo está transformado, que o Amanhã pode ser melhor!

2009 teve um final feliz com esta atitude.
Obrigado, Hedy, cidadã deste planeta onde todos sonhamos com a Paz, uns mais do que os outros...

Luís Filipe Maçarico (texto e foto do posto da GF no concelho de Mértola)

1 comentário:

Ezul disse...

Ao tomar conhecimento desta notícia sobre a atitude de Hedy Epstein, não posso deixar de afirmar que são estes gestos que ainda nos fazem acreditar na dignidade humana e na capacidade de nos surpreendermos com extraordinários actos de coragem. Num mundo em que se fomentam o medo, o ódio e a intolerância, em que se pretende formatar os afectos, os pensamentos, as opções religiosos e os costumes, em que se acimenta a incapacidade para perceber, respeitar e aceitar os direitos do “outro”, é de louvar o exemplo de um pessoa que, tendo sido vítima de uma monstruosidade como a do Holocausto, consiga lutar por outras vítimas, ainda que tenha de pôr em causa a própria atitude do Estado Israelita. Faz-nos bem saber destes actos, quando acreditamos e clamamos pelos inocentes e pelas vítimas que sempre existem em qualquer um dos lados do conflito