UMA CASA EM LISBOA
Conheci o Luís em Janeiro de 1990, quando ambos iniciávamos a nossa
aventura no Curso de Antropologia. A partir dessa altura, a nossa amizade foi
crescendo, e a casa da Praça da Armada passou a ser, para mim, um dos locais
mais bem estimados da cidade de Lisboa.
Na Praça da Armada havia uma casa, a casa do meu amigo Luís, que veio a tornar-se, também, um pouco minha.
Nesta casa foram vividos momentos únicos, irrepetíveis, poéticos, e que são património de todos aqueles que a habitaram.
Era uma Casa em Lisboa.
Uma Casa protegida dos ruídos televisivos.
Uma Casa pequena, capaz de albergar memórias e sonhos.
Uma Casa em que era possível estender o tempo.
Uma Casa em que as conversas nos embalavam e encantavam, numa interminável
partilha.
Uma Casa em que podíamos ser nós mesmos, e algo mais.
Uma Casa que acolhia o calor ameno das noites de Verão, e nos oferecia o
bater ritmado da chuva.
Uma Casa humanista e humanizada.
Uma Casa-Refúgio.
Uma Casa colorida de fotografias, quadros, palavras.
Uma Casa que oferecia luz mesmo na escuridão da Noite.
Uma Casa em que comungávamos refeições mágicas, ao som de música e poesia.
Uma Casa em que trabalhávamos ideias, pesquisas, projetos.
Uma Casa em que cada um de nós ocupava um lugar especial, e em que nos
sentíamos mais fortes por não estarmos sós.
Uma Casa-Memória, na qual percorremos vários tempos, e que ainda hoje nos
habita.
Alexandra Leandro
Lisboa, 29 de Outubro de 2018
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