"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, junho 30, 2018

Costa Alentejana: A Aberração de um Parque dito Natural onde prolifera uma "Plantação de Estufas" e outras Tropelias

Hoje, ao regressar de Odeceixe, onde estive oito dias, quando a camioneta entrou em Porto Covo, vi um Bem Vindos ao Parque Natural da Costa Vicentina e fiquei a pensar na mentira daquele letreiro.

Afinal que Parque pode sobrar, depois de todo o concelho de Odemira ter ficado irreconhecível, por quilómetros e quilómetros de estufas e eucaliptos?

Que Parque restará, quando animais exóticos (que não é possível ter noutros locais do país, com excepção dos zoológicos, como o de Sete Rios ou o Badoca Parque) começam a abundar, por exemplo, as avestruzes mas também a surpresa de vermos na paisagem bisontes, gnus, lamas, zebras e outras espécies, que não fazem parte da fauna do Alentejo (altos valores se levantam!), em herdades que pertencem a estrangeiros?

Que Parque existirá ainda, depois da avalanche de negócios (desde Tierry Russel, trazido por Cavaco, lembram-se?) que inverte o ambiente do sul, dividido em estufas, eucaliptais e inúmeras "Village" (repetindo o caos urbano do Algarve)?

Que Parque poderá haver, quando os furos da prospecção petrolífera acrescentarem mais poluição ao mar do sul, onde rareiam já as algas, face à contaminação dos solos?

Que Alentejo e Algarve Atlântico subsistirá?
Adeus, Natureza!

* A designação "plantação de estufas" é da autoria de Natércia Duarte, que assim comentou este artigo, no chat do FB"...

LFM (texto e fotos)

sábado, junho 16, 2018

NÁUSEA - II


Junto-me ao coro dos ouvintes da Antena Um, que consideram que sem António Macedo, a rádio nacional ficou mais pobre.

O seu caso - inacreditável - levou ao seu afastamento dos microfones (fazia o premiado programa da manhã), porque estava há 15 ANOS! a recibos verdes…

O Tribunal deu-lhe razão e num dos noticiários escutei que António Macedo "rescindiu".
Não bastava as antenas deficientes, que fazem chegar desde há meses o som daquela sintonia, com muito menos potência...
Agora a "VOZ" desapareceu das ondas hertezianas.

Tem todo o direito a levantar-se mais tarde e a fazer o que lhe apetecia e não podia, mas por favor, António Macedo regresse à rádio!

A sua energia, humor e sensibilidade contagiantes, fazem falta!
Contra a mediocridade reinante, dos que mandam nestas coisas, volte a tornar os nossos dias mais ricos de humanidade!

Luís Filipe Maçarico (texto) Fotografia recolhida na Net.

NÁUSEA - I

Dispenso a gritaria dos anúncios, onde um ex-gato fedorento entra em histeria, insistindo em protagonizar propagandas, que tratam os consumidores como mentecaptos.

Dispenso os berros - repetidos até à náusea (nesses momentos desligo o transístor) de um ou mais golos do craque, admirado por todos, menos por mim, que detesto (este) futebol. E até há quem cante de pé o hino nacional, quando assiste ao campeonato mundial…

Basta do vómito (em intermináveis episódios, onde quem mais urra é quem faz opinião) que tem por alvo o desnorte do Sporting.

Basta do incumprimento da lei da publicidade, nas TVS, que continua a ser veiculada com insultuosos decibéis.

E eu, que nem papel higiénico deito na sanita, pasmo com a súbita avalanche de imagens, acerca da poluição dos oceanos, como se antes estivesse tudo bem…

Trabalhei meia vida na Higiene Urbana e desde jovem aprendi a reciclar, tentando não contribuir para a degradação do planeta, sentindo-me por isso alguém que vive fora da manada e recusa a estupidificação, com que o Capitalismo, através dos meios de comunicação social, mantém legiões de adeptos. 

Os programas idiotas da televisão portuguesa, os alimentos processados que originam a obesidade entre os mais pobres, as notícias manipuladas, são apenas alguns dos exemplos de quão nociva é esta sociedade. Que rejeito.

LFM (Texto e Foto)

sexta-feira, junho 15, 2018

MAIS LIVRE QUE NUNCA!


                                               Fotografia gentilmente digitalizada por AF

No recente aniversário da Casa do Alentejo, e por iniciativa da Directora Executiva da Revista "Alentejo", Rosa Calado, (o meu nome consta na lista do Conselho Redactorial), fiz uma breve introdução, que partilho com os leitores deste blogue (e da minha Página no Facebook onde o reproduzirei):

"A estima que nutro pela Rosa Calado e a gratidão que tenho por esta Casa - participando, enquanto associado, desde os idos de setenta e em cujas três série da revista, desde então colaborei, dos tempos de Domingos Xarepe até João Proença, passando por Luís Jordão, e onde frequentei um Curso de Jornalismo, dirigido por José Luíz Fernandes. Aqui lancei vários livros de minha autoria. Esses factos constituíram o fraterno motor da razão de estar entre vós, nesta sessão.

No presente número da revista participei, com duas entrevistas - uma a Paula Santos, da Biblioteca Municipal de Beja e outra (com Rosa Calado) a Galopim de Carvalho.

Solicitei a Romão Trindade, alentejano de Alter do Chão, que escrevesse sobre as associações do seu concelho e Rosário Fernandes, do concelho de Portalegre, enviou - a meu pedido - o seu artigo a propósito das Brincas de Évora.

Porque nunca tive idade para ser bajulador, escrevi uma reflexão onde partilhei o meu olhar sobre o Alentejo actual, sem abdicar do Espírito Crítico que é matriz da minha forma de estar e pensar acerca do Mundo em que vivo e onde por vezes me sinto inadaptado. porque não consigo pactuar com o erro, a estupidez e a arrogância...."

Como nessa manhã me esqueci da máquina fotográfica, não tive acesso ainda a nenhuma fotografia - designadamente quando intervinha, nem ao lado do Poeta Eduardo Olímpio e do Dr. José Simão Miranda, entre outros. 
Devo dizer que me sinto MAIS LIVRE QUE NUNCA!

Luís Filipe Maçarico





segunda-feira, junho 11, 2018

ENTREVISTA COM O PROFESSOR GALOPIM DE CARVALHO: “A TERRA ESTÁ A DAR SINAIS EVIDENTES DE ESGOTAMENTO E AGRESSÃO. O CAPITALISMO EXPLORA E SOCIALIZA A POLUIÇÃO!”*




                                                     Fotografias de Luís Filipe Maçarico

*Publicado na Revista "Alentejo", nº 43, pp. 30-31. 



Galopim de Carvalho recebeu a equipa da revista da Casa do Alentejo, na companhia da sua esposa, com grande cordialidade. Senhor de grande humanismo, partilhou de forma simples e afável, estórias da sua caminhada que ora nos fizeram sorrir, ora nos comoveram, tal é a riqueza de conteúdo da sua experiência, enquanto cidadão e académico.



CA- De onde vem o nome Galopim?

GC- “Veio de Alcanede, ah mas há Galopins por todo o Mundo. No Facebook descobri primos em Galveias (Ponte de Sor), estabeleceram a relação e chegaram à conclusão que tinham parentes próximos. Há um restaurante com o nome Galopim nos Estados Unidos. O meu avô veio de Alcanede, a minha avó era Almaça (do Alvito). Os filhos varões da minha avó ficaram Almaça. Essa geração vive em Moura”.

CA – De onde vem o seu interesse pela Ciência?

GC- “É muito fácil. Quando estava no 5º ano do Liceu, tive um professor que veio aqui de Lisboa que me meteu aquele “bichinho”. Pegou naqueles caixotes de pedras…

No princípio do século havia mais de cem minas a laborar (pequeninas, artesanais). Agora com a mundialização só temos volfrâmio e cobre para exportar.

Esse professor começou a fazer uma colecção de minerais. Pediu-me para ajudar e eu gostei muito. Lavava as pedras, rotulava (feldspato, etc) e fizemos uma pequena colecção.

A influência do professor…um bom professor não tem alunos maus!

CA- E os dinossauros, como apareceram na sua vida?

GC- “Eu faço Geologia, sou Professor de Geologia. Nunca estudei dinossauros e no ano de 1990 aparece o projecto da CREL que ia destruir jazida com pegadas descobertas por alunos meus. Era uma pedreira abandonada e viram o trilho muito importante. Depois, denunciaram. Eu, nessa altura, era director do Museu [Museu Nacional de História Natural e Ciência]. Nunca tinha estudado dinossauros. Empenhei-me ao limite das minhas forças. Mexi com jornalistas, professores, ministros, o próprio Mário Soares [então Presidente da República]. Só quem resistiu foi o Cavaco que não queria dar 1 milhão e 600 mil contos. A pressão foi tão grande, pûs as crianças a enviar postais “Senhor Primeiro Ministro: Salve as Pegadas!”

Para falar à Televisão, jornais e escolas tive de estudar os livros de grandes divulgadores. Estudo aquilo muito bem e transformo aquilo num livro, em artigos nos jornais, trago exposições de dinossauros…

Aqueles colegas verdadeiros cientistas devem dizer: “Então a gente é que estuda e ele é que aparece? Não escondo esta coisa… Sou especialista…nas generalidades!

Eu estava na Alemanha quando a família Mateus descobre ovinhos com embriões. A Televisão alemã veio entrevistar-me para explicar o achado das pegadas da Lourinhã.

Vou a qualquer lado e apresentam-me como “o avô dos dinossauros, o grande especialista”, o que cria um embaraço.

A divulgação tem outra vantagem: O Governo percebeu que era importante e já vai havendo bolsas para investigação.

Na exposição que houve tínhamos dias com 8000 crianças de todo o país. Havia camionetas do Rato até ao Cais do Sodré. Foi uma loucura. Na última noite, fechámos as portas às seis da manhã.

Às 3 da manhã chegou uma carrinha com mulheres de pescadores de Sesimbra, para ver. A partir da meia-noite deixámos de cobrar bilhetes.

Infelizmente, as pegadas estão a degradar-se.

O projecto que fizemos de musealização não avançou. Os autarcas dão muitas palmadas nas costas e as acácias invadiram a pedreira, estão a destruir a pedra. O Poder não está interessado, tem outras preocupações.”

CA- Como olha para o Futuro?

GC- “Não sei! Acho que a Terra não vai suportar a pressão da grande indústria poluente. A Terra está a dar sinais evidentes de esgotamento e agressão. O Capitalismo explora e socializa a poluição.

Já não se come peixe - espada preto, porque tem muito mercúrio. A gente já não sabe se está a comer trigo transformado. A pera rocha está contaminada com antibióticos…

CA- A Dieta Mediterrânica integra o seu quotidiano?

GC- “O fundo tradicional está lá sempre. Eu entreguei ao editor um livro que se vai chamar “Açordas, Migas e Conversas”. Isto para dizer que a tradição gastronómica alentejana está na minha cabeça.

Vivemos 3 anos em França. Íamos arranjando os produtos que cozinhávamos…”

CA- Que significado teve o 25 de Abril para si?

GC- “Olhe (sorriso largo), nessa altura tinha um gravador daqueles com bobines, tinha música gravada. Publiquei um artigo “Gravar Zeca por cima de Ravel”. O Zeca tinha canções proibidas…

Foi um dia muito bonito!

Às 4 da manhã uma aluna da minha mulher telefona-lhe a dizer que tinham recebido telefonemas de Santarém a dizer que vinha uma coluna militar a caminho de Lisboa.

Telefonei ao Henrique Pina [descobridor do cromeleque dos Almendres] que respondeu “São os bons!”

A esposa: “Sem eu saber e ele, tivemos em casa, as reuniões dos capitães, guardei sem saber o que guardava!”

GC – “Foi uma data muito bonita e aquele 1º de Maio logo a seguir!”



Ao longo desta entrevista, o Professor foi revelando que a Música o acompanhou sempre e que “Naquela noite do 25 de Abril tinha ouvido a Grândola no Rádio Clube Português, nessa altura deitava-me tarde e procurava música, para fazer ambiente!”

Não sendo grande leitor de Poesia, gosta de ouvir ler poemas: “Olhe, o Vítor de Sousa, o Mário Viegas…Gostava de ouvir a Alice Cruz. Devia-lhe muitas atenções porque fui várias vezes ao programa dela.”



CA- Quando veio para Lisboa?

“Os estudos até ao 7º ano, foram feitos em Évora. Vim fazer um curso que não queria: Biologia. Para o meu pai, tinha pelo menos a garantia de ser professor de Liceu. Faço o primeiro ano mal, o segundo ano mal e atropa chama-me, vou para Vendas Novas, colocam-me em Évora, não tenho emprego, não tenho futuro, estou em casa do pai, estou 3 anos na tropa, chego a tenente. Eu sou um contestatário do regime mas cauteloso. Tive zero em aprumo militar. A informação que o regimento de vendas Novas envia para Évora diz muito mal.

Fiquei em segundo lugar, a contar do fim, num curso de 120 cadetes. Sou militar sem perfil. O fim da carta dizia o seguinte: “Não devendo nunca serem-lhe confiadas missões que exijam discernimento mental”. Fiquei rotulado.

O comandante testou-me para ver qual era a minha capacidade. Fui nomeado oficial da limpeza. Eu tinha um sargento que era o Limpinho, ele tinha a alcunha do “Cheira Merda”, porque antes das limpezas, entrava e dizia “Cheira a Merda” e chateava os soldados para limparem tudo com creolina.

Quando saio da tropa digo “o que é que eu vou fazer à minha vida?”. Arranjo emprego na venda de máquinas registadoras e de escritório e propaganda médica. Em 1957 caso e vivemos num quarto na Rua Cecílio de Sousa, ela está em Lisboa, ganha, eu ganho uma miséria, nunca vendi uma máquina, e assim fiz a licenciatura em Geologia, já casado e com empenho. Fiquei lá [na Faculdade de Ciências] quarenta anos!”

Galopim de Carvalho lembrou-se que foi a reuniões e jantares à Casa do Alentejo e tornou-se associado, conhecendo o então Presidente da Direcção, Dr. Vítor Santos. E recordou ainda que falou com Natália Correia, na Casa do Alentejo.

Acerca da sua incursão na ficção revelou:

“Eu escrevia muito no domínio da comunicação científica, mas nunca tinha ensaiado a escrita ficcionada.

Li o livro de Zélia Gattai “Anarquistas, Graças a Deus” onde ela relata a vida em São Paulo, no bairro dela e pensei tenho uma riqueza de histórias que vivi e depois tenho memória de cavalo. E aos 61 anos publico o meu primeiro livro - “O Cheiro da Madeira”. O Vergílio Ferreira instigou-me a escrever, Agostinho da Silva também.

A Câmara de Évora, com o Abílio Fernandes como Presidente, compra o livro. Os lucros da venda foram entregues à Escola de S. Mamede, para compra de equipamento. A escola onde apanhei muita reguada!”



A última pergunta irrompe ao fim de duas horas de agradável convívio. Inevitável seria indagar como e quando tomou consciência política?

GC- O Antunes da Silva era meu primo. Era preso muitas vezes, chegava a Évora cheio de mazelas. Quando venho para Lisboa aos meus 18 anos, já conheço amigos fugindo e presos. Todos nos calávamos, no café, quando apareciam indivíduos da Pide.

Eu faço a minha formação social e política no campo. Aos 13-14 anos começo a fazer campismo. Andava pelas herdades no Alentejo e conhecia os trabalhadores rurais.

Aquilo que vou contar é síntese ficcionada. Conheci um pastor, que começa como porqueiro, não vai à escola e faz toda a carreira como trabalhador agrícola até chegar a moiral das vacas.

Estou com ele debaixo de uma azinheira, ele já sabe ler [começou a ler no livro da 4ª classe do irmão] eu levo-lhe “A Mãe” de Gorki, o “Livro de São Michel”, “As Vinhas da Ira” e ele desdobra um papelinho que passa de mão em mão, já gasto, que é o “Avante”. Não sou militante, mas fiz-me simpatizante, com esta vivência de um rapaz da cidade, a ouvir os operários agrícolas.

“A gente não tem de comer”, dizem um dia ao agrário. E ele responde “Comam palha” e eles reagem assim: “A gente quando comer palha, vossemecê come navalha!”



Luís Filipe Maçarico e Rosa Calado. 

ENTREVISTA A HENRIQUE ESPÍRITO SANTO*


                                                    Fotografia de Luís Filipe Maçarico

*Publicado na revista "Aldraba" nº 23, pp. 18 a 21.

[O CINEMA] “FOI UMA REVELAÇÃO QUE ME PERMITIU CONHECER MELHOR A VIDA E O MUNDO”



Henrique Espírito Santo é ele mesmo um Património.

Fundador de Cineclubes e Produtor de tantos filmes portugueses, Henrique tornou-se uma referência incontornável na História do Cinema Nacional. A Aldraba entrevistou-o ( e à esposa Guida) no seu ambiente familiar, numa casa repleta de boas memórias, de uma vida intensamente fruída.

“Quando comecei (anos 60) - principiou por nos dizer - a malta fazia publicidade, quando fazíamos documentários, ficávamos todos satisfeitos. Ainda fiz uma coisa gira com o Fonseca e Costa, grande amigo, com quem comecei a trabalhar, fizemos um filme patrocinado pelo Banco Português do Atlântico [hoje BCP] fomos contactados para fazer a inauguração do Banco, como documento para os arquivos do próprio banco e documentário, onde ele tinha sido construído (em Luanda), fizemos a reportagem sobre o meio onde o banco existe e chamámos a esse filme “O Regresso à Terra do Sol”.

Há uma frase que conto sempre….Sei que houve reunião da Administração do BPA. Passou como complemento no Monumental, e um Administrador disse: “Os rapazes são artistas, mas gostam muito dos pretos!”

O filme tem voz off do Orlando Costa [tinha firma de publicidade] era o autor do texto. O que é certo, é que nunca no filme há referência à Colónia. Quando se diz Luanda, diz-se Capital de Angola. E então, o Fonseca e Costa, o director de fotografia e do som, o electricista e eu, éramos a equipa para fazer coisas desse tipo!”



Henrique Espírito Santo produziu filmes em várias situações, foi director de produção e até actor: “Devo ter participado em, à volta de mais de cem filmes (curtas e longas metragens)…”

O nosso entrevistado contou-nos como surgiu o seu interesse pelo Cinema: “Na realidade, a origem é de facto aquilo que tenho dito: Os meus pais gostavam de cinema. Naquela altura, as crianças iam ao cinema, ao colo. Daí a influência…”

Henrique recortava os bonequinhos da revista “Mosquito”, para fazer filmes…

“Com os miúdos do prédio, do bairro. Nasci em Queluz. A mostra dos filmes na caixa de sapatos foi na Parede. Havia na Parede um daqueles cinemas ao ar livre…

[Como os pais eram cinéfilos] As brincadeiras andavam à volta do cinema.”

A primeira profissão de Henrique Espírito Santo foi descrita assim:

“Antes de terminar o Curso Comercial, comecei a trabalhar aos 13 anos. Naquela altura, os filhos começavam a trabalhar mais cedo, era uma ajuda para a família [comecei numa empresa de passagens e passaportes]. Era tudo para a Venezuela. Nesse tempo, acompanhava-os ali às Trinas, onde se tratava dos passaportes, das identidades. Eu acompanhava essas pessoas. Ganhava mais em gorjetas que em salários.”



À pergunta “fundaste e frequentaste Cineclubes. Que importância teve esse Movimento”? o nosso interlocutor respondeu que “Foi um dos movimentos mais importantes na luta contra o Fascismo. O cinema, tal como é conhecido, a chamada “Sétima Arte”, não é por acaso…Chamávamos escritores, actores, músicos, toda a gente ligada à Cultura, era quem convidávamos para fazer palestras. E essas sessões era uma maneira também de fugir ao controlo porque as colectividades facilitavam também. Essas associações culturais…Aí exibimos filmes com maquinazinha de 16m/m, livrávamos as pessoas, que não tinham de ir à Censura. A repressão apercebeu-se destas sessões. 

O Cineclube Imagem chegou a dar sessões nas prisões. Tínhamos um apoio muito grande da Embaixada Francesa. Tinham outra mentalidade, havia essa abertura maior.

Íamos buscar os documentários, íamos na “ramona” ( a organização e o representante da Embaixada) [Henrique sorri de orelha a orelha, deliciado, com a lembrança bizarra] íamos para a cadeia, que nos facilitava o transporte. A própria prisão é que “dava” a camioneta…

Os dirigentes de todos os cineclubes eram convidados para falar de cinema; isso permitiu-me p. ex. conhecer muita gente.

A Censura fazia cortes. Quem ia falar, tinha indicação que não podia ler o que tivesse lápis encarnado. Em Santarém li tudo. Na sala havia controlo e um amigo ouviu o inspector comentar: “O macaco leu tudo” [Foi sobre o filme “A Tortura”, sueco]

Ainda houve quatro encontros de dirigentes cine-clubistas. Na altura havia trinta e tal cineclubes (incluindo as ex-colónias)”



Este homem de Cultura revela constrangimentos daquela época: “Estive 30 dias nos “curros” do Aljube. Só saímos dali para ir à Rua António Maria Cardoso.[sede da PIDE] Foram a minha casa às sete da manhã. Fui preso. O motivo? Sempre por ser comunista! Um tipo falou, divulgou toda a actividade cultural. A partir daí fizeram interrogatórios, foram até à Célula do Cinema…”

“Antes de trabalhar no Cinema, já estava numa Companhia de Seguros. Sou chamado ao Palácio Foz, através de uma carta que enviaram à Companhia de Seguros. Tinha a ver com um filme espanhol que o cineclube apresentou. A Censura chamou-me. Então comentei: “Não percebo, isso é sobre Espanha. Isso é baseado numa revista autorizada e à venda nas bancas!”



A companheira de toda uma vida, assistiu a toda a conversa, intervindo algumas vezes. Henrique elucidou-nos, com humor:

“Encontrei-a na Lourinhã, quando ia visitar uma prima. É da terra dos dinossauros!”

A esposa sublinhou com sensibilidade: “O cinema foi o seu sonho de menino, realizado!”



Aldraba - Trabalhaste com Manoel de Oliveira, José Fonseca e Costa, João César Monteiro, António de macedo, Luís Filipe Rocha, Solveig Nordlund… Que filmes e realizadores exigiram mais de ti?

“Não só pela origem cineclubista, onde muitos realizadores estavam ligados, eu estava ligado à produção e nunca tive problemas, não me lembro de cenas desagradáveis.

O João César Monteiro entrou no Instituto Português de Cinema, num tempo em que tínhamos dificuldades de arranjar subsídios, entrou descalço, calças, camisa rotas, para pedir o subsídio. O Centro Português de Cinema era dos cineastas anti-regime e o César (que era intitulado por nós como “l’enfant terrible”), eu estava com o António Macedo, e o Cesar diz: “Acabei de ocupar o Centro Português de Cinema!” O Macedo ameaçou-o de lhe dar um murro. E o César respondeu: “Temos tempo para falar depois”…



Ocorreu-nos perguntar se um filme, a partir de um livro resulta bem?

“Os responsáveis pela ideia fílmica podem partir de algum livro. O “Cerromaior” é fiel ao Manuel da Fonseca. O realizador participa sempre no argumento, para estabelecer um acordo de identidade com a ideia. O autor acredita nas pessoas que vão fazer o filme. O Paulo Pires entrou pela primeira vez no cinema, no “Cinco Dias, Cinco Noites”

Voltando à prisão, “A Guida, quando estive em Caxias, visitava-me, estive na mesma cela com um indiano e o Orlando Costa morava aqui próximo, encontrámo-nos no mesmo restaurante, ia muitas vezes a Goa e procurou o tal indiano (Mohamadé?) que tinha todos os meses um dia de jejum e meditação…”

Aldraba - Quanto tempo estiveste em Caxias?

“Dezoito meses de pena e cinco anos de actividade política cortada.

Houve uma altura em que pensei que me iam bater, pedi-lhes um papel e escrevi “a actividade de um cineclube é…” Os tipos entraram pela sala (eu só não me ri) mas quando vi uma cena do chefe de brigada, Abílio Pires, - isso aparecia muito nos filmes policiais … Safei-me de levar uma carga de porrada… “Vocês estão com sorte. Têm muitos amigos no estrangeiro!”

Veio no “Le Monde”. Intelectuais como Marguerite Duras subscreveram pedidos de libertação!”

Aldraba - Antes de Abril de 1974, como foi fazer cinema?

“No “Recado” até se vê um Pide a matar um político que regressa ao país clandestino, num barquinho de pesca. Eram traficantes…O nosso protagonista não tinha relação com ninguém e quando é preso pela PIDE há a cena em que o chefe de brigada pergunta “Então, e o homem?” e o outro responde “Nem uma palavra!” [Estava encoberto] Tal como o Macedo consegue fazer o nú com delicadeza, o Fonseca e Costa não teve cena que tivesse corte…”

Aldraba - Travaste amizade com muita gente do Cinema Nacional e Internacional. Queres destacar algum actor/actriz?

“Fico sempre com a sensação que estou a ser ingrato. Felizmente, nos filmes em que participei, nunca me senti enganado. Todos eles tiveram princípios muito correctos.

Em “A Fuga” [o filme começava com interrogatório na António Maria Cardoso e não foi possível filmar no local ] os locais são todos autênticos. Fomos proibidos de filmar nas salas…”

Num aparte Henrique confessa a admiração tida por Geraldine Chaplin.



Aldraba - Tens lembrança da Tóbis, ou já não utilizaste esses estúdios?

“Eu pertencia à Direcção da Tóbis, mas ainda tive um período ligado mais ao Conselho Fiscal. O presidente da Tóbis antes (e permaneceu depois) era um homem que gostava do cinema…”

Aldraba – Produziste filmes de animação?

“Apareceu-me um jovem que fez um filmezinhi sobre o Franco, um tipo que depois rebenta (filme de animação), facilitei, mas nunca fui produtor. Eu era amigo do Carlos Barradas…”

Aldraba - E do Vasco Granja…

“Um divulgador. Também cineclubista. Estivemos presos ao mesmo tempo.”

Aldraba - Após o 25 de Abril, aconteceram certamente episódios dignos de realce. Queres partilhar algum?

“Fui nomeado para Director do Instituto Português de Cinema e tinha de vir no “Diário da República”, a publicação.

Cai o Governo da Pintassilgo. Eu sou automaticamente desnomeado.

O engraçado disto tudo é que a responsável do IPC vem ter comigo a rir dizendo que tenho ainda um salário, para receber, entre a nomeação e a exoneração.”

Aldraba - Trabalhaste em Televisão?

“Nunca fiz nada disso…No DVD do Miguel Cardoso, acrescenta os meus ateliers de crianças, o actor, a actividade docente [dei aulas na Escola de Cinema] para falar de Produção.

Em 1978 fiz a “sebenta” sobre como produzir filmes, como se deve actuar…”

Aldraba - Como se pode definir o trabalho do produtor cinematográfico?

“O produtor tem de se encarregar de arranjar dinheiro e tem de gostar de cinema. O Cunha Telles e mais recentemente o próprio Paulo Branco… O director de produção é o braço direito de um produtor, num filme. Eu era contratado para trabalhar com qualquer produtor…”

Aldraba - Como vivenciaste os prémios que filmes como “Tabú” obtiveram?

“Senti-me bem, fui a Berlim, andei no tapete vermelho. Felizmente que teve essa qualidade. Há filmes em que participei, em relação às minhas interpretações (realizadores amigos convidavam-me para uma espécie de Hitchcook) para ir daqui ali, dar uma palavra…”

Aldraba - Que valor tem o cinema no teu percurso, como ser humano?

“O valor do cinema …Por gostar de cinema e ir ver muitos filmes, ter passado a conhecer coisas que de outra maneira não conheceria.

Abriu muitos leques: Política, Família, Adultério, Perseguições…Foi uma revelação, que me permitiu conhecer melhor a vida e o mundo. Fui a Festivais…”

Aldraba - E como aparece o Prémio Sophia?

“O Prémio Sophia é de carreira (2014).

[Mostra vários troféus:7ª semana de Cinema Europeu da Covilhã/ Maio de 1998 – Homenagem Inatel; Coimbra/2004; Associação de Imagem, Cinema e Televisão/ 2012; Fantasporto/ 2014 e posa, sorridente, com estas magníficas distinções.]

Anoiteceu. O tempo voou, lesto, ao longo desta conversa cordial, recordando a carreira luminosa. Henrique ficará para sempre na nossa memória e no património comum que é o cinema.



Entrevista de Luís Filipe Maçarico e Maria Odete Roque.

EUGÉNIO DE ANDRADE: O POETA QUE VALORIZOU A CULTURA POPULAR*




 *Artigo publicado no nº 23 da revista ALDRABA, da Associação do Espaço e Património Popular, Abril 2018, pp.  2 a 4.



                                         Fotografias de Dario Gonçalves
                                                    Eugénio pintado por Artur Bual

Em “Rosto Precário”, Eugénio de Andrade revela: “Nasci na Beira, naquela Beira que prolonga o Alentejo. Ali passei a infância, ali ia a férias na adolescência. A minha memória está cheia de searas e medas de pão, do rumor dos rebanhos, do olhar solitário dos pastores, do cheiro a poejos e a barro fresco.”[1]

E noutro texto assegura: “Sou filho de camponeses (…) e, desde pequeno, de abundante só conheci o sol e a água (…) A terra (…), a luz e o vento (…) As minhas raízes mergulham (…) no mundo mais elemental.”[2]

António Lobo Antunes confirma que Eugénio “Conservou-se sempre um camponês da Beira Baixa natal, feito de puerilidade e manha, gerindo ciosamente a sua obra a fingir-se desinteressado, distantíssimo e, no entanto, alerta como um coelho bravo.”[3]

Gonçalo M. Tavares declara que o Poeta “admira os poetas (…) que comunicam uma energia às palavras (…) “capaz de as fazer resistir [“à usura do tempo”] “tal como faz o oleiro com o barro ou o ferreiro com o ferro.” É dessa “consciência artesanal” de que se orgulha.[4]

O próprio autor de “Branco no Branco” confessa-se perfeccionista: “Há períodos em que necessito da escrita como de um corpo: persigo então o poema até à exaustão (…) Às vezes o poema é feito em minutos, outras, demora dias e dias (…) continuo a emendar, a rasgar, a deitar fora (…) Persigo o poema como um cão até às últimas provas. E mesmo de edição em edição.”[5]



Tive a sorte de ter conhecido nesta vida breve, que passa como uma vertigem, Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, o qual foi um dos poetas que influenciou os versos da caminhada, desde a juventude. Quis o acaso, que o Poeta, cujas aparições em público eram raras, se tivesse deslocado à Feira do Livro, na capital.

Enquanto autografava a obra que adquiri, mencionou o poder das suas palavras, junto dos presos políticos, que lhe agradeciam a poesia solar.

Depois desse encontro, e estando em Alpedrinha, na casa de Clara Nabais, esta confundiu o autógrafo, com uma proximidade que não existia, insistindo no envio de uma carta, convidando-o a visitá-la. Redigi a missiva, a seu pedido, pensando que ele não se deslocaria até àqueles lugares.

Todavia, no Verão seguinte, Eugénio regressou às origens e, como nota Maria dos Anjos: “Ele derretia-se todo a falar com a ti Clara. Era muito doce”…[6]

No JL apareceu então um texto, onde explicou que a Clarinha era amiga de sua Mãe, lembrando-se que as duas faziam “flores de papel, tão delicadas e fragrantes, que todos pensavam que vinham da China ou do Japão.”[7]

Acompanhei Eugénio à Póvoa, com Dario Gonçalves e, na memória dos que assistiram à sua nostálgica visita, ficou a ideia - que me parece errada - de uma pessoa distante. A minha interpretação diverge do senso comum. Tenho para mim que Eugénio era tímido e ficar rodeado por desconhecidos (que se orgulhavam do conterrâneo famoso que aparecia na televisão, causava-lhe algum constrangimento, tentando então conter emoções, resguardando-se e isso foi entendido como aspereza. Escrevi-lhe a lamentar a incomunicabilidade entre o Ilustre e o seu Povo, lembrando que aqueles seres humanos não podiam ser penalizados por causa da forma como seu pai (um lavrador abastado) o teria tratado e a sua mãe.

Foi com júbilo, que tornei a vê-lo, mais cordial, na inauguração de uma placa [“aqui viveu Eugénio de Andrade com sua mãe, em criança”], quando retornou aos primórdios, mandando rezar missa pela alma da mãe, com distribuição de bodo aos conterrâneos.

Esse regresso culminou na apresentação de “Poesia, Terra de Minha Mãe”, no Fundão, magnífica edição com fotografias de Dario Gonçalves.

Visitei-o quatro vezes no Porto, duas na Duque de Palmela, uma das quais no 2º andar do 111, onde residia, surpreendendo-me com o despojamento onde se evidenciavam livros, arrumados num exíguo espaço. Acompanhado pela Cristina Pombinho, fomos recebidos com a amabilidade do seu sorriso afectuoso, oferecendo-nos com gestos poéticos, de mágico eloquente um cálice de generoso Porto, que primeiro fez dançar ao sol da tarde dourada, no belo e precioso frasco, onde parecia uma jóia liquefeita.

Alfredo Flores, músico da Gulbenkian e antigo dirigente da Federação das Colectividades evocou-o com estas palavras: “Ainda te lembras quando o fomos visitar na sua casa da Foz? Era um velho sábio, ternurento.”[8]

Com Mena Brito encontrei-o acolhedor e muito atencioso, recomendando que falássemos com Marcela Torres, da Afrontamento, pois a maquete de “Atmosferas do Corpo”, obra-resumo do trabalho da pintora, que acabaria por lhe dedicar a exposição “Azul Ardente”, agradou-lhe. No seu depoimento Filomena Brito, escreve “ O Eugénio que conheci era exigente, requintado, não tolerava falsidades, (…) Poeta basicamente solitário, que recebia com forte selectividade quem ele muito bem entendia. Por todas as razões, senti-me uma privilegiada!” (…) Em 2005, na Galeria 65 A (à Graça, em Lisboa), resolvi homenagear o Poeta através duma exposição de pinturas de minha autoria, em que cada uma das telas foi baseada num poema seu. A abertura deste evento contou com a participação inestimável da Esmeralda Veloso (…) na leitura declamada de poemas de Eugénio de Andrade. Foi uma sessão particularmente emotiva e marcante, a culminar nesse mesmo dia, pela estranha coincidência de ter recebido a notícia da morte do Poeta!

A sua terra natal, a zona rural da Póvoa da Atalaia, a sua experiência vivida, o seu respeito e admiração pelas pessoas simples e autênticas, está tudo «aqui», no seu laboratório de poemas, que ele nos legou, na alma cheia e transbordante que nos deixou através da Poesia e da ciência das palavras.”[9]

Resta contar em breves linhas como Artur Bual fez um retrato (na sua técnica gestualista) de Eugénio. O pintor aceitou o meu desafio, para escutar o poeta na Livraria Barata. Depois acompanhámo-lo à Galeria Nasoni, na inauguração da exposição de Muñoz e aí Bual saiu-se com esta afirmação: “Agora é que eu percebi quem o senhor é. Você é uma criança grande, perdida neste Mundo!” Eugénio corou e ficou tão sensibilizado por esta radiografia da alma, que me pediu para transmitir ao Mestre o desejo de ter um retrato de sua autoria, com o qual percorri meia Lisboa até chegar ao mensageiro que iria fazê-lo chegar ao Porto. Na galeria dos Poetas e Escritores que Bual pintou, existe um Aquilino, uma Florbela, uma Sophia, uma Natália, um Camões.

Mas o Eugénio de Bual era um poeta vivo, o tal senhor sábio e tranquilo, que me encantou, quando subindo a Rua do Salitre - diante da Tipografia Império - me revelou: “O meu primeiro livro e a Mensagem do Pessoa foram impressos aqui.”

Tive a honra e o privilégio de privar com este expoente da cultura portuguesa, através da correspondência que mantivemos e de um cordial convívio, como naquela vez em que cheguei à Pensão Clara e ele disse ao Fernando Paulouro Neves, que o entrevistava, para o “JF”: “Este rapaz também faz versos!”



Luís Filipe Maçarico

[Esquisso do Texto para Catálogo de Exposição sobre a Correspondência de Eugénio Comigo, a realizar pela CMFundão] Almada, 25-3-2018





DOIS POEMAS DE EUGÉNIO DE ANDRADE



Canção Infantil[10]

“Era um amieiro./ Depois uma azenha./ E junto/ um ribeiro./ Tudo tão parado./ Que devia fazer?/ Meti tudo no bolso/ para os não perder.//”



Mulheres de Preto[11]

“Há muito que são velhas, vestidas/ de preto até à alma./ Contra o muro/ defendem-se do sol de pedra;/ ao lume/ furtam-se ao frio do mundo./Ainda têm nome? Ninguém/ pergunta, ninguém responde./A língua,pedra também.//”



AGRADECIMENTOS

Dr.ª Alcina Cerdeira (Vereadora da Cultura da CMFundão); Dr. Alfredo Flores; Dario Gonçalves; Dr. Eduardo Luciano (vereador da Cultura da CMÉvora); Pintora Mena Brito; Dr. Jorge Lopes (Núcleo de Documentação da CMÉvora); Lourenço António Nabais Pereira; Maria dos Anjos Pires Caniça.





[1] Andrade, Eugénio de “Poesia e Prosa”, O Jornal/ Limiar, Lisboa, 1990, p. 304.
[2] Ibidem., p. 288.
[3] Andrade, Eugénio de “Primeiros Poemas As Mãos e os Frutos Os Amantes sem Dinheiro”, Memória de António Lobo Antunes, Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2ª edição, Maio 2008, p. 93.
[4] Andrade, Eugénio de “À Sombra da Memória”, Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2ª edição, Dezembro 2008, p. 155.
[5] Andrade, Eugénio de “Poesia e Prosa”, O Jornal/ Limiar, Lisboa, 1990, pp. 307-308.

[6] Depoimento em 6 de Fevereiro de 2018.
[7] “Poesia, Terra de Minha Mãe”
[8] Ibidem.
[9] Depoimento escrito em 28-2-2018.
[10]  Andrade, Eugénio de “Primeiros Poemas As Mãos e os Frutos Os Amantes sem Dinheiro”, Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2ª edição, Maio 2008, p. 14.
[11] Andrade, Eugénio de “O Sal da Língua Precedido de Trinta Poemas”, Prémio Vida Literária, APE Associação Portuguesa de Escritores, Biblioteca Prestígio, Barcelona, 2001, p. 38.