"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sexta-feira, julho 21, 2017

"A Minha Lápide", de Maria Lino no Cementério de Arte em Morille - Segunda Parte

      
                                    
Maria Lino* diante da cova onde ficou enterrada a sua escultura, dirigindo-se às muitas pessoas presentes, explicou que se tratava de uma acção de revolta pela forma indigna como a cultura é tratada em Portugal, acrescentando que se a cultura fosse acarinhada, as pessoas não ocupariam o seu tempo e dinheiro em coisas sem interesse.
Bastante aplaudida, Maria Lino protagonizou um dos momentos altos do XV PAN em Morille, espantando e comovendo os que a acompanharam em cortejo até ao imenso espaço onde estão enterradas objectos que pertenceram a alguns vultos da cultura ibérica, já desaparecidos ou evocações de alguns vivos pertinentes, como foi o seu caso especial.
Tão simples e profunda esta mensagem, escandalosamente humana!
Bem Haja, Maria Lino!!! Na minha modesta escala também me senti representado nas suas palavras...

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* Maria Lino nasceu em 1944 no Feital, concelho de Trancoso. Entre 1960 e 1963 frequentou o Curso Geral de Escultura da Escola Superior de Belas Artes do Porto. De 1964 a 1969, frequentou o Curso Geral de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e entre 1970 e 1977 frequentou a Escola de Superior de Belas Artes de Hamburgo (Alemanha), onde residiu até 1997, ano em que regressa a Portugal e ao Feital. Mais tarde cria o Atelier Temos Tempo, através do qual dinamiza, a partir de 1995, o Simpósio Internacional de Arte do Feital. Expõe desde 1964 em colectivo e individualmente, sobretudo na Alemanha e em Portugal.
Tem sido parceira do Parque Arqueológico e Museu do Côa em diversas iniciativas.

Luís Filipe Maçarico (texto e imagens)

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