João Manuel dos Santos Costa
Nasceu em Seia a 12 de Agosto de 1947.
Fez o ensino secundário em Seia e Coimbra.
Diplomou-se em Química na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Iniciou a sua carreira docente em 1970 na Escola Industrial de Gouveia.
Em 5 de Setembro de 1970, em Fátima, contraiu casamento com Sra. Dra. Maria Emília Braz Venâncio Costa de quem teve dois filhos, o João Silvino e a Catarina.
Em Setembro de 1974, após cumprimento do serviço militar na Guiné, fixou-se em Alpedrinha.
Ingressou no corpo docente da Escola Secundária do Fundão em Janeiro de 1975 e realizou o seu estágio pedagógico em 1976/1977 na Escola Secundária n.º 1 de Abrantes.
Foi colocado no quadro de professores efectivos da Escola Secundária do Fundão em Setembro de 1978, onde desempenhou variadas funções pedagógicas:
- Foi eleito para o Conselho Directivo em 1975/1976. Foi Coordenador do Ano Propedêutico em 1978/1979 e 1979/1980. Em 1980 foi eleito Presidente do Conselho Directivo, cargo para o qual foi sucessivamente reeleito e que ocupou até 1992.
Em 1992, por convite dos seus promotores (Câmara Municipal do Fundão e Associação Comercial e Industrial do Concelho do Fundão), aceitou ser requisitado para exercer as funções de Director Pedagógico da Escola Profissional do Fundão, que então estava a ser criada.
Em 2008, por convite daqueles promotores, aceitou o cargo de Presidente da Direcção da Associação Promotora do Ensino Profissional do Fundão e nessas funções se manteve até 2009.
Na qualidade de dirigente da ANESPO (Associação Nacional de Escolas Profissionais), participou no grupo de trabalho que o Ministério da Educação criou em 1997 para preparar a legislação das entidades proprietárias de Escolas Profissionais - Decreto-Lei n.º 4/98.
Na vida associativa do nosso concelho, desde logo integrou as listas dos Corpos Sociais de inúmeras colectividades. Particularmente dedicado à Liga dos Amigos de Alpedrinha, onde exerceu a Presidência e Vice-Presidência em vários mandatos, promoveu a criação do Orfeão de Alpedrinha e da sua Escola de Música; foi prestigiado Director do jornal mensal "Informação” da Liga dos Amigos e recuperou a actividade do Museu desta colectividade. Exerceu, por duas vezes, o Cargo de Presidente da Assembleia-Geral do Centro Cultural da Beira Interior, com sede na Covilhã, em representação da Liga dos Amigos de Alpedrinha.
Ultimamente era o Presidente da Assembleia-Geral da Liga dos Amigos, cargo que também anteriormente desempenhou na Casa do Povo e no Teatro Clube. Era ainda o Primeiro Secretário da Mesa da Assembleia–Geral da Santa Casa da Misericórdia.
A sua participação cívica levou-o a intervir em várias áreas sociais, tendo deixado essa intervenção em legado escrito na imprensa local. São disso exemplo os seus artigos publicados na “Informação” da Liga dos Amigos de Alpedrinha, com o seu artigo de fundo “Alpedrinha que futuro?”.
As suas preocupações focaram-se no ambiente, no turismo e património construído. Preocupou-se com a recuperação da Capela do Leão, do Palácio do Picadeiro, da Calçada Romana e com o reaproveitamento das instalações da estação dos Caminhos-de-Ferro. Deu início ao projecto-piloto nacional de aproveitamento e recuperação da anexa do Monte da Touca como aldeamento de turismo rural tendo desenvolvido contactos com agentes de desenvolvimento da então CEE e promovido o levantamento topográfico das habitações rurais aí existentes em colaboração com a faculdade de Arquitectura de Lisboa.
Na área da saúde as suas preocupações centraram-se no hospital concelhio, na extensão de saúde local, na recuperação das Termas da Touca e envolveu-se na dinamização de recolha de fundos no movimento pró-ambulância.
Lutou pela criação de uma Agência Bancária em Alpedrinha e pelo melhoramento das Redes Viárias de interligação entre freguesias.
Foi moderador de tensões de grupos sociais no diferendo entre a campanha pró-ambulância e campanha recuperação do Teatro Clube de Alpedrinha.
No ensino, a nível local, o Dr. João Costa chegou a protagonizar a ideia para a criação e construção de raiz de uma escola oficial do 1.º ciclo em Alpedrinha em alternativa ao ensino privado. Criou o Pólo da Escola Profissional do Fundão em Alpedrinha que funcionou nas instalações da Casa do Povo local, de 1995 a 2000, numa iniciativa desafiante ao Ministério da Educação e que chegou a merecer a visita local do seu Secretário de Estado.
Da sua participação na vida autárquica há que realçar de em 1976 ter sido o primeiro Presidente eleito da Assembleia Municipal do Fundão; Ter sido vereador eleito para a Câmara Municipal do Fundão em três mandatos: 1980, 1985 e 1995; Foi eleito Presidente da Junta de Freguesia de Alpedrinha para o mandato de 1998/2001; Foi ainda membro da Assembleia de Freguesia de Alpedrinha.
Este é o perfil de uma figura humanista com um comportamento e dedicação social muito acima do comum, um visionário, um amigo do amigo, confidente e conselheiro, protector de Alpedrinha, da região e das suas gentes a quem sempre soube dar a mão independentemente das suas origens ou crenças. Chefe de uma família à qual subtraía muito do seu tempo para se dedicar incessantemente aos outros.
Traído por doença grave veio a falecer a 25 de Outubro de 2009, na Unidade de Medicina Paliativa do Centro Hospitalar da Cova da Beira, no Fundão.
O seu corpo jaz sepultado no cemitério de Alpedrinha.
Assinala-se hoje o dia mundial da poesia e quero aqui e agora ler um pequeno texto publicado no n.º 63 da Informação da Liga dos Amigos de Alpedrinha sob o título:
“Mancha Negra”
“Não. Não se trata do bandido que atormenta Petrópolis. Também não se trata precisamente de um borrão de tinta.
Isso sim, Mancha Negra é o pesado preto que cobre uma família enlutada.
Mancha Negra é a visão de quem tem olhos vedados, é a cadeia, uma cela escura. É a vítima de um assassino. É uma mata queimada.
Mancha Negra é um vampiro alimentando-se do sangue humano.
Mancha Negra é a bomba atómica, a destruição, é tudo aquilo que se prontifica a matar e a destruir. A imensurável fome que ataca muitos homens e crianças, aos quais chega um pedaço de pão por dia. É tudo aquilo que cheira a morte.
Mancha Negra é também a campainha da minha escola”.
Escrito aos 11 anos de idade por João Silvino.
Podemos hoje também dizer: Mancha Negra é a falta que o nosso Amigo Dr. João Costa faz a Alpedrinha, à região e ao país.
Bem Haja Amigo Dr. João Costa por tudo e quanto fez por nós.
Eduardo Serra