"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, dezembro 22, 2018

Ataque ao Património de Lisboa


Quando esta imagem apareceu no Facebook (e tem sido reproduzida inúmeras vezes) fiquei estarrecido.
Vivi perto deste lugar, um dos Jardins da minha infância, com miradouro fabuloso sobre o Tejo: Jardim e Miradouro das Necessidades.
Tantas vezes contemplei o rio e me inspirei, acalmando ansiedades, com a Poesia, pois Lisboa foi  pertença de seis décadas.
Quem conhece este sítio, quem mora há muitos anos perto do Miradouro (já que a maior parte das Juntas de Freguesia, mesmo quando não são da cor maioritária pouco ou nada fazem) não deveria movimentar-se, protestar, criticar, em vez de se limitar a comentar, com desagrado no Facebook, como se cumprisse um dever cívico, ficando quite?
Como é possível que a Câmara Municipal de Lisboa permita aberrações como esta [um novo hospital privado]?
Para não falar do gigantesco imóvel que pretendem construir junto à Sinagoga, "esmagando-a". Ou o bloco de apartamentos, projectado para o Miradouro da Senhora do Monte, roubando também ali as vistas a quem procura na capital a magia das colinas e a beleza que se desfruta em cada uma delas. Ou ainda a interdição do Miradouro de Santa Catarina.
Citando e adaptando um velho poema meu:
"Quando a cidade não ama
O seu património, que medalha
deverá um Poeta pôr no peito
dos que a governam?"
Entretanto soube que o Palácio do Machadinho (uma das jóias da coroa) terá sido vendido, porventura para ser mais um hotel de charme ou espaço privado, como fizeram com o histórico Palácio do Barão de Quintela, onde Junot ficou alojado, no início das Invasões Napoleónicas, [ficando "a ver navios" e a "comer à grande e à francesa"] o qual se tornou em comedouro chique de sushi e outras gastronomias para turistas.
Não entendo o silêncio dos eleitos, no executivo e na assembleia, ditos consequentes. ´É que nem no "Avante" encontramos referência a estes dislates.
Se acreditasse em Deus, diria que toda a gente fez um pacto com o Diabo e o Povo que restou, nesta triste história contemporânea - tão triste - que se f...

Luís F. Maçarico

Sem comentários: