"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, outubro 16, 2017

O Circo Sinistro dos Incêndios

Fotografia do "Público"

O clima está a mudar, é indesmentível. Sente-se, desde há anos...
Os incêndios porém (dia 15 de Outubro de 2017 foi o pior dia do ano) continuam, assustadores.
Não entendo como é que os senhores dos gabinetes, no final de Setembro, fizeram a estatística do território ardido e se desactivaram prevenções, continuando com as ridículas fases e aquelas designações inventadas por idiotas burocratas, que deveriam deixar de ser proferidas, como "época dos incêndios" e "teatro de operações". Que circo sinistro é este? (Suas Excelências ignoraram as preocupantes previsões meteorológicas e repetem-se na lamúria pestilenta)

Por outro lado, por que razão ninguém fala dos MANDANTES? Porque motivo a Judiciária não apura a responsabilidade dos que - segundo ouvi no Fundão - pagam aos incendiários mais do que um salário de juíz? Para quando - em vez dos comentários ficarem apenas, contra os malfeitores que no terreno fazem mal a pessoas, animais, bens e paisagem - as vozes exigem justiça, contra quem está escondido a mandar/ pagar?
Será por motivos políticos, como já ouvi dizer, a ver se este governo cai?
E que governo é este, que não tira lições sobre o que acontece, há quase meio ano, mantendo os mesmos desabafos (e uma evidente impotência) acerca de um horror que engole lugares florestais e espaços urbanos?
Voltaram a desparecer vidas e haveres, consumidos pelos incêndios no Norte e no Centro do País.
Já não se aguenta ouvir/ver os argumentos, que desde Junho, antes do Verão começar, nos invadem na rádio, na tv, na net e nos jornais, tipo disco riscado...[comentadores, governantes]

Porque razão as árvores continuam a rodear habitações e o fogo entra dentro das localidades?
Porque razão o povo menos envelhecido não se voluntaria, para limpar o território, onde tem os seus haveres, cheio de mato combustível à entrada e no meio de aldeias, vilas e cidades?

São já 35 os mortos (actualização às 18:00 de hoje, dia 16), o primeiro ministro falou de madrugada, afirmando que vamos continuar a assistir a esta calamidade, escudando-se com os incêndios da Califórnia e da Galiza, que a seca é tremenda e o clima não sei quê, chegando a responder a uma jornalista "Não me faça rir a esta hora!", a ministra diz que seria fácil demitir-se, pois assim gozaria as férias que não teve, entretanto, uma popular, desesperada, gritava [na tv da mercearia, onde há bocado fiz algum abastecimento de víveres] que não aparecem bombeiros e eu pergunto, se por acaso encontram nos "mouros", como chamam os do norte aos do sul, o alheamento, em termos da limpeza das suas ruas e casas, rodeadas de montado, que é a pele do Alentejo, no qual o fogo não consegue entrar...
Na rádio escutei o presidente da Marinha Grande lamentando que o Pinhal do Rei ardeu em 80% da sua totalidade. É um filme de horror, com contornos de grotesco e selvajaria.
Apetece perguntar, perante o caos avassalador: Mas isto é um país?


[Repito: Por que razão ninguém fala dos MANDANTES? Porque motivo a Judiciária não apura a responsabilidade dos que pagam aos incendiários para destruírem a própria terra?]

Luís Filipe Maçarico (Texto) Paulo Pimenta/ Público (Fotografia)

2 comentários:

Laura Garcez disse...

Boa, Luís! Neles, os mandantes, ninguém fala. Mas eu falo, embora me contestem.
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1856829794331330&id=100000129833365

João Menéres disse...

A foto que vi feita da torre do quartel dos bombeiros de Vieira deixou-me estarrecido !
Sim, também pergunto, porque não vão ao encalço dos MANDANTES ?
E quando um incendiário fosse apanhado ( e já foram muitos ! ), era amarra-lo a uma árvore e deitar-lhe fogo !