Como é possível que se entregue a um município os testemunhos da vida de um vulto da nossa cultura, a sua respiração poética, pedaços da sua caminhada, quando sabemos que uma vez armazenados os originais podem degradar-se, perder-se num banho de traças, num mergulho de incúrias...quando deveriam estar salvaguardados e mostrados para escolas, investigadores, admiradores do autor de Branco no Branco.
Não quero acreditar que os "sábios" que dirigiram a Fundação se tenham "esquecido" de fazer chegar a uma entidade abrangente como a Biblioteca Nacional de Portugal.
Ficaremos (os que conheceram o homem e as palavras) todos dependentes das vontades de um qualquer figurão, que futuramente ocupe a cadeira do poder.
É a segunda morte do poeta, que tão cioso era da sua intimidade, tão recatado nos seus sentimentos, tão generoso na partilha com os que estimava.
Eugénio, pela grandeza da sua obra, não merecia a pequenez portuguesa. Será que o Ministério da Cultura não pode fazer nada?
Texto de LFM Foto recolhida na Net