"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, julho 07, 2009

Desejos de Terra, Manhãs de Mar (poema para uma tarde de Julho)





procuras os meus olhos
nas estrelas mas
ainda estou aqui


procuras os meus lábios
nos sonhos mas eu
sou real

nas entrelinhas
em segredo,
procuras-me

procuras aquelas noites
em bocas e corpos
que não te satisfazem

porém

nunca me encontrarás
fora de mim.
sabes como sou vulcão
como sou mel
basta dizeres a palavra
mágica.
basta escreveres o nome
do fogo
que nasce
na sede de um abraço,
para saberes de mim
com o rigor das sílabas
e a meiguice da luz.

o sabor da tua língua, guardo-o
ainda. Aquela noite de Abril
não se apagou...

...Mas outras bocas
me desinquietam,
outros rios me chamam...

Juro que não envelhecerei
a lamentar o teu silêncio.

Recusaste o céu,
onde sempre fecundei
desejos de terra
manhãs de mar.

Tenho asas,
vou renascer!

Luís Filipe Maçarico (poema e fotos - da Mina de S. Domingos, Mértola)


Lisboa, 7-7-2009; 15:27

1 comentário:

Elvira Carvalho disse...

Continuo a gostar imenso de o ler.
Um abraço