"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, outubro 09, 2008

Prémio da UNESCO para Adalberto Alves


Soube ontem "em primeira mão" pelo José Prista, que leu on line. E foi com imensa satisfação que li no Público de hoje a notícia, assinada por Margarida Santos Lopes e que o amigo Tiago Bensetil me fez chegar por correio electrónico:


"UNESCO premeia o “coração árabe” do poeta e ensaísta português Adalberto Alves

Adalberto Alves consegue precisar o momento em que se apaixonou pela cultura árabe. Foi aos cinco anos, quando viu o filme Ladrão de Bagdad, “não a versão muda” mas a que foi realizada em 1940 por Ludwig Berger, Michael Powell e Tim Whelan. Ontem, a UNESCO recompensou esse amor, mas também a sua “busca interior”, que o levou a escrever “uns 30 e tal livros”, como afirmou ao PÚBLICO, por telefone.


Autor de "O Meu Coração é Árabe", provavelmente uma das suas obras mais conhecidas — “os leitores sentiram-se tocados como se tivessem reencontrado um parente perdido” — o poeta, ensaísta e tradutor português vai receber cerca de 22 mil euros, o valor do Prémio Sharjah para a Cultura Árabe, criado pela UNESCO em 1998.


A mesma quantia será atribuída ao académico egípcio Gabel Asfour, director da Fundação de Tradução Nacional no Cairo.A Asfour foi reconhecido o seu “importante papel na divulgação da cultura árabe pelo mundo” – é professor em universidades dos EUA, Europa e Médio Oriente.


No caso de Adalberto Alves, director do Centro de Estudos Luso-Árabe, em Silves, a UNESCO enalteceu-o por ter “inspirado muitos escritores portugueses e espanhóis [um deles o romancista Pedro Plasencia, autor de El Tiempo de los Cerezos] a divulgar a história da cultura árabe do Gharb al-Andalus”Hoje, o advogado que de dia trabalhava no gabinete jurídico de um banco e de noite “dormia pouco” para ir além do “romantismo e exotismo” do filme Ladrão de Bagdad, está a preparar um dicionário de palavras portuguesas com origem árabe (toponímia, antroponímia, léxico corrente e empréstimos semânticos), a publicar em 2009. Já havia um, de José Pedro Machado, mas o de Adalberto Alves tem mais elementos, “ainda que não pretenda ser exaustivo, porque todos os dias a língua portuguesa recebe contribuições árabes, como Al-Qaeda/A Base).


Assim, se já sabíamos que “oxalá” derivava de Insh’Allah (Deus queira), ficamos a saber também que os árabes nos deram a “bochecha” (mashash), o jorro (jara), o açaime (al-zimân), a febra (habra) ou o tamarindo (tamr al-hindi, tâmara do Índico). Como chegou ele aqui? “Consultando muitos dicionários e fontes árabes”, língua que aprendeu na Universidade Nova, nos anos 1980.


Para fazer a necessária pesquisa e escrever este dicionário, o arabista bateu às portas de “várias embaixadas e instituições culturais”. Nenhuma se abriu, lamenta, e agora parte do prémio será usado para pagar despesas como a compra da imprescindível Enciclopédia do Islão, “com 12 volumes e cada um a 150 contos”.


O Prémio Sharjah deve o seu nome e fundos a um emirado do Golfo Pérsico. Curiosamente, Sharjah é um dos raros territórios árabes que Adalberto Alves, de 69 anos, ainda não visitou. A sua atenção vira-se agora para o sufismo, o misticismo islâmico. “Se perguntarem se sou muçulmano digo que sim, mas também digo que sou hindu, porque acredito na unidade de todas as religiões.”


Aproveito para felicitar o notável ensaísta, poeta e sobretudo o excelente arabista, semeador de pontes entre povos! Aslama Dr. Adalberto! Mabrouk! Mabrouk!


LFM

3 comentários:

massemba disse...

Adorei o Livro " O meu coração é Arabe"

A palavra poética nele empregue
é música harmonioso ao meu coraçao
Árabe.

Tenho abusado por tanto querer transcrever poetas nele citados
e que passei a amar

Para o Dr. Adalberto Alves os meus parabéns

M/gloria

mariabesuga disse...

Bom, Luís, li a notícia no Público on line e nos comentários ao assunto pasmei com as gordas barbaridades que algumas bestas ousam disparatar...

mas... "os cães ladram e a caravana passa..."

PARABÉNS, portanto ao Adalberto Alves, Poeta, tradutor, ensaísta, tradutor e tudo o mais que se é quando se é desta força.

Eu mais lhe conheço os poemas que outros trabalhos mas conheço o sentido do trabalho que faz. E por isso o parabenizo.
Apetecia-me roubar as tuas palavras finais para enaltecer o Homem Adalberto Alves, mas, embora adivinhando-o, não lhe sei o sentido, portanto não me atrevi.

Beijo para Ti.
Homem
Poeta
Antropólogo
Português do Mundo...
e tudo o mais que se é quando se é desta força.

Yusuf Ali Bahr disse...

Alhamdullilah!
Maravilhoso saber que o esforço do grande Adalberto Alves foi finalmente reconhecido!
Parabéns pelo excelente blog!

aqui vai o meu que tenta também, apesar de uma forma bastante amadora sublinhar o passado Árabe e Islãmico de Portugal.
www.algharb-alandaluz.blogspot.com

Wa'Salaam!