"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, março 12, 2007

OUTRO NÃO QUERO SER


Outro não posso ser
senão este que mede
as horas e olha o tempo,
sabendo do novo sol
depois da chuva
cantando ao vento
após um mar de lua.
Outro não devo ser
senão este que pesa
o verbo e reparte o
silêncio sentindo um
velho verso na espuma
da nova rima.
Outro não quero ser.

28-11-02

Luís Filipe Maçarico (foto e poema)

2 comentários:

Fernando Pinto disse...

Amigo Luis,

gostaria que soubesses que sinto muito respeito e admiração pela tua pessoa. És um ser único: singular no falar, singular no poetar... (Rimou e é a mais pura verdade).

Escrevo este punhado de palavras sem almejar nada em troca; escrevo porque sei, porque sinto, que acreditas que existe poesia nos olhos do Mundo. Termino com um poema teu, o meu preferido, confesso:

«LÍQUENES

Não sei como dizê-las
As palavras parecem efémeras.
Todavia regressam por vezes
Com um vigor inesperado.
Lembram líquenes
Entranhados nos muros de Inverno.
Não sei como trazê-las
Ao papel. Chegam a recusar
Entornar a sua luz. E a noite
É então um negro rio
De solidão...»

Luís Filipe Maçarico

"A Secreta Colina"
(22/8/200)

P. S. Adorei a foto e os teus versos. Parecem vagas, ondas do mar ou, se me permites, ondas de vento, de pensamento!

Fica bem!

Abraço, FM

Pete disse...

Excelente texto que nos faz pensar na nossa natureza e meditar um pouco sobre nós.