"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"
quinta-feira, junho 30, 2005
Mastros em São Teotónio-IV
No seu casulo de música, o animador desfolha a concertina, incentivando todos à folia de uma noite de Verão. É o grande momento em que os rapazes desafiam as raparigas para dois pezinhos de dança e dois dedinhos de conversa...
A festa tem, entre outras características, esta de aproximar gente em idade de namoro. E outros, que já namoraram... Para garantir a sobrevivência do festejo e da localidade. Porque fica uma memória. Daquela rua engalanada. Daquele segredo que fez tremer. Daquele beijo apetecido...que os olhos pediram e nunca foi dado mas que um dia mudará a vida deles.
quarta-feira, junho 29, 2005
Mastros em São Teotónio-III
Na noite de S. João, o povo acredita que, se for à fonte e beber à meia-noite, da água que dorme, será beneficiado em aspectos tão diversos como a saúde a beleza. Por isso em São Teotónio, confirmei o que o antropólogo Veiga de Oliveira escreveu na sua obra "Festividades Cíclicas em Portugal".
Confirmei e partilho connvosco, através desta imagem. Os cantos que as mulheres entoaram, partilhei-os na altura com a Vanda e a Maria Amélia.
Acrescento que as flores e plantas que ornamentavam as bilhas de barro eram verdadeiras e se desprendia delas um aroma a mantrasto da ribeira que nos remetia para a tradição, quando tudo era real e não reinvenção. Foi bom voltar a encontrar esta memória, bem viva nos gestos e nas palavras, numa noite mágica desse Alentejo que tem o mar perto...
Mastros em São Teotónio-II
Um dos mastros de São Teotónio, à volta dos quais se espalhavam enramados e flores de papel que se prolongavam por toda a terra.
Perto de cada um destes locais-chave funcionavam então palcos, onde músicos com acordeão e orgão sintetizador tocavam e cantavam canções brejeiras e populares, a apelar à dança e à boa disposição. Via-se gente de todas as idades, envolvida no bailarico.
Mastros de São Teotónio
De dois em dois anos, em São Teotónio, pelos santos populares de Junho, como de resto noutras localidades alentejanas, festeja-se a quadra em torno dos mastros. São paus empinados, entretanto decorados com flores (e enramados) de papel, que pacientemente os moradores, ao longo de meses, prepararam numa convivência única, porque criativa e festiva. A técnica é a da arte efémera, arte popular ancestral, que pode ser admirada também em Cuba, Santiago do Cacém, Redondo (Agosto, de 2 em 2 anos) Campo Maior (Setembro, de 4 em 4 anos), embora nestas localidades os festejos não tenham origem nos mastros nem nos santos de Junho.
Os mastros são belos pretextos para se bailar à sua volta e conviver.
quinta-feira, junho 16, 2005
Dias Tranquilos em Montemor-o-Novo
No próximo dia 25 de Junho a iniciativa "Dias Tranquilos" vai subordinar-se ao roteiro das aldrabas e batentes de porta de Montemor-o-Novo.
O convite foi-me endereçado há cerca de seis meses, pela Célia Godinho, do posto de turismo do município local, para animar este passeio, que espero tenha muitos participantes e possa ser enriquecedor para todos. A iniciativa começa pelas 9 horas e 30 minutos, junto ao posto de turismo de Montemor-o-Novo.
Levem máquina fotográfica, um bloco de notas e a melhor disposição para partilharmos estes tesouros do património. Ah! E inscrevam-se através do telefone nº 266837476 ou pelo e-mail que é redenatura@cm-montemornovo.pt
terça-feira, junho 14, 2005
Álvaro
Em Baleizão, disseram,
o teu nome é o sabor
da terra.
Procuram por ti
em cada cristal de sol
e o sol arde
no silêncio desmedido
do Alentejo.
Perguntam por ti
entre punhos e
papoilas. Vêm da memória
do tempo: ceifeiras
camponeses vozes acesas
e chamam por ti.
Nas casa nos largos
no sangue nas sílabas
florescem.
Na cal de Junho
ao sul do mundo
repetem o teu nome
e respiram.
Lisboa, 14-6-2005
Luís Filipe Maçarico
(desenho de Álvaro Cunhal)
Eugénio
Vasco
quinta-feira, junho 09, 2005
Ataque Virótico
O meu computador foi atacado por um maléfico Trojan. Tenho estado incomunicável, pois no próprio serviço onde trabalho a net ficou cega, surda e muda.
Estou a escrever isto a partir de um outro computador, só para dizer que durante uns dias não posso dar sinais de vida através deste importante meio de comunicação. Voltarei logo que me seja possível.
Um dez de Junho suave, bom fim de semana e feliz Santo António!
O que não quer dizer que esqueçamos esse outro ataque, bem mais complicado de resolver, que é o dos que deviam de governar para mantermos a qualidade de vida e constantemente nos sobressaltam, maltratam e roubam: determinam o fim de direitos, sugando-nos salários e vampirizando sonhos.
Mas assim como há anti-vírus e podemos desinstalar programas infectados, ou mudar até de computador, também podemos lutar contra os mentirosos que enxameiam a politiquice e correr com eles. Não façam é como alguns pretendem (situação que os politiqueiros aplaudirão) que é não ir votar.
Nem que seja em branco, o cidadão não deve abster-se.
Mas sobre essa questão voltaremos aqui a falar. Agora é tempo de dizer: até breve!
domingo, junho 05, 2005
Parabéns, Vanda!
Mena Brito expõe Azul Ardente
Quinta-feira passada reapresentei-lhe o livro acerca do seu percurso - "Atmosferas do Corpo" - e pude apreciar as telas que inauguraram uma nova exposição, desta vez na Galeria 65A, na Rua Leite Vasconcelos. O tema destes quadros é a poesia de Eugénio de Andrade.A exposição chama-se "Azul Ardente" e já que perderam os poemas ditos por Esmeralda Veloso e Nuno Távora, além do convívio e do beberete, não percam a mostra que está patente até ao final do mês.
O souk de Tunis
sexta-feira, junho 03, 2005
Faissal, o Calígrafo
Apetece falar com ele. Em português. Porque Faissal Lazaar sabe falar e escrever bem a nossa língua. Conheci-o em Mértola. Temos teclado no msn. E através dessa teclagem, sei que está de hoje até domingo em Beja e que entre os dias 9 e 12 irá a Sintra, a mais um dos muitos festivais medievais, que de repente se multiplicaram no nosso país, como cogumelos. Mas nenhum é como o de Mértola. Ao princípio em Cacela Velha, as Noites da Moura Encantada tiveram uma magia semelhante. Depois, tornaram-se num produto para turistas, como todos os outros porventura serão. Pergunto apenas se em alguns destes eventos, que de norte a sul de repente irromperam, se há possibilidade de conhecermos o Outro, para além do nome que escreve em árabe... Hoje tivemos uma saudável conversa sobre Deus. Disse-lhe que não acredito. Ele acredita. Vão até Sintra, conheçam-no! É um puto muito porreiro. Culto. Afectuoso.Daqui a uns dias vai até Marrocos, sua pátria, ver a mãe, a família, amigos. Diz que teve uma infância feliz: nota-se isso no sorriso e no olhar, que não é nem ansioso nem crispado. Quinze dias estará na sua terra, onde se abastecerá de materiais, para continuar o seu desempenho de calígrafo. Quer escrever um livro.Quando regressar, voltará para Águeda, onde vive.É uma maravilha ouvi-lo dizer que temos obrigação de lutar para que todos vivam em paz e com condições. Que quem não faz isso está a desperdiçar a exist~encia em coisas fúteis. Concordo, amigo Faissal. Meu profeta! Beslama!
quinta-feira, junho 02, 2005
A Volúpia da Cor (II)
Isto foi no primeiro dia do festival (quinta 19). No sábado não havia espaço disponível, senão para andar a passo de caracol...
Mas era muito bonito de se ver, como a imagem sugere...
Bom, este post e os quatro sobre o mesmo assunto que estão mais para baixo, todos criados hoje, são especialmente para os meus leitores ana, anaTeresa, Augusto M, Al-Mansour, CSA, fernando b., La Scimmia di Filo, lost, lua de lobos, Mendes Ferreira, paula silva, Stillforty e todos aqueles que me dão a honra de visitar este cantinho.
Não se esqueçam de ver então os outros posts e de deixarem, se for caso disso, os vossos sempre benvindos comentários.
Logo que possa publicarei mais algumas imagens.
A Volúpia da Cor (I) e Um Reparo
Foi um prazer para os sentidos, calcorrear o labirinto das ruelas do centro histórico de Mértola, nesses dias inesquecíveis. Apenas um senão: daqui a dois anos convém haver mais ruas disponíveis para a festa, mas com bancas só de um lado, para facilitar a mobilidade da multidão de forasteiros que de festival para festival cresce. Não é muito confortável, com o calor que estes dias de Maio já mostram para aquelas bandas, ter de experimentar a sensação do metro em hora de ponta, porque quem quer ver e comprar tem de parar e quem deseja circular tem de aguardar largos minutos que um negócio se conclua, uma mirada mais prolongada termine, uma troca de impressões entre visitante e vendedor se concretize. Acresce que muitos jovens casais trazem a criançada em carrinhos, dificultando ainda mais essa circulação. Será possível alterar esta situação e melhorar a fruição de 2007?
ÒManuel Passinhas, ò Miguel Rego, ò malta da organização! Vejam lá estes pormenores, se faz favor!
Os amantes da Mértola Islâmica agradecem!
A Mãe do Couscous
Não é, mas podia ter sido uma mãe de família tunisina, daquelas que fazem um couscous de comer e chorar por mais. Encontrei-as em El Kef, em Jendouba, em Djerba e Tozeur. E esta imagem tem a ver com a delícia que sentimos nessas terras mágicas do Magreb, num contacto afectivo, entre culturas e sensibilidades. Andámos assim vestidos nas ruas de Mértola. Este instante foi captado pela Ana Fonseca, junto ao antigo tribunal daquela vila do Baixo Alentejo. A companheira desta noite belíssima chama-se Dulce e estava completamente envolvida pelo espírito do festival islâmico.
Clarões de Alegria eUm Precalço
À noite, junto ao Guadiana, houve espectáculos, com artistas vindos do Norte de África. Assisti ao primeiro, na noite de quinta 19. Um grupo argelino:"Hasna El Becharia". Este é um instante dessa actuação, que captei. Nunca tinha fotografado um espectáculo ao vivo...
O problema é que me enganei e carreguei no botão do vídeo (sou tão pouco habilidoso com máquinas que nem tinha percebido ainda todas as funções que uma máquina digital pode ter...)
Ao tentar eliminar o vídeo que fiz, sem querer, carreguei em qualquer directriz que não devia e fiquei com os comandos da máquina em chinês...Quem me ajuda?
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