"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, agosto 01, 2004

GARDUNHA

Nos fraguedos
Onde o vento
Grava seus enigmas
Pastoreamos o silêncio
À luz da mais límpida
Pétala de água.


PÓVOA DE ATALAIA

Era uma rua de cravos
E versos antigos.
Por ela chegava-se ao campo
Das oliveiras que eram corpos
Abraçados escutando o silêncio.

Era uma terra de cravos antigos
E versos claros.
De olhos fechados ouvia-se
O poeta na página mais luminosa
Dum livro ou no vento
A embalar as águas encantadas
Da infância.

Era um lugar de silvas
E chuva onde corria
Uma ribeira magoada
Como lágrimas de mãe.
Ali deixei dois ou três
Caroços de tâmara

Para escrever o poema.

4-12-1994
(poemas de um livrinho inédito sobre a Gardunha, intitulado “AR SERRANO”)

Luís Filipe Maçarico

Nota Biográfica:
Nasceu em 1952, em Évora. Poeta. Antropólogo. Publicou 12 livros de poesia, 7 títulos de literatura infantil, 1 livro de contos, 1 biografia e 3 livros de cariz etnográfico, na área do Associativismo. Está representado numa dúzia de antologias e tem cerca de 2000 textos dispersos em revistas e jornais nacionais e estrangeiros, além de vários ensaios de Literatura e Antropologia. Alguns dos seus trabalhos (poemas e ensaios) estão disponíveis na net, nomeadamente no site:
http://www.circuloarturbual.interdinamica.pt/artes/cb/

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