"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"
quarta-feira, dezembro 22, 2004
As portas
Que as portas de 2005 se abram para o sonho e para a paz. Que os batentes não precisem de ser ruidosos para escancarar os corações e a energia de cada um poderem encaminhar-se no sentido da fraternidade e da ternura...
Mas em que planeta será possível a concretização deste desejo?(foto de Vanda Oliveira)
O Importante é remar...
No meu bairro, durante o estado de sítio em que Lisboa ficou no distante 25 de Novembro de 1975, a malta cantava : "O que é preciso é remar/ Pr'á canoa não virar".Foi há tanto tempo e mantém-se tão actual.Estes versos fazem-me aliás lembrar Bertolt Brecht, quando escreveu "Quem ainda está vivo não diga nunca/O que é seguro não é seguro/As coisas não continuarão a ser como são/Depois de falarem os dominantes/Falarão os dominados"
Inch'Allah, dizem os meus amigos de Tozeur e de Jerba, gente como nós de quem tenho saudades.
Pelo sonho é que vamos,afirmou Sebastião da Gama e Gedeão assegurou que o sonho comanda a vida.
Neste virar de página,saibamos esperar, tal como Eugénio de Andrade escreveu,a sabedoria. Isto vai meus amigos, isto vai- dizia Ary. Os poetas são profetas da claridade.Tem de haver um futuro para a Luz!!!
Inch'Allah, dizem os meus amigos de Tozeur e de Jerba, gente como nós de quem tenho saudades.
Pelo sonho é que vamos,afirmou Sebastião da Gama e Gedeão assegurou que o sonho comanda a vida.
Neste virar de página,saibamos esperar, tal como Eugénio de Andrade escreveu,a sabedoria. Isto vai meus amigos, isto vai- dizia Ary. Os poetas são profetas da claridade.Tem de haver um futuro para a Luz!!!
terça-feira, dezembro 21, 2004
Ecos de Quatro Leitores
Torno uma vez mais aos leitores que não sabem ou não conseguem colocar comentários no blog, mas que me escrevem para o email dizendo o que pensam. Sem delongas, as palavras desses leitores e votos de um Ano 2005 muito melhor para todos aqueles que visitam o "Águas do Sul":
1) Caro Luís: Acabei há momentos de de ler o teu blog (já tinha feito duas tentativas, mas sem sucesso)e quiz de imediato dar-te os parabéns. Está lá o Luís que eu conheço. Este teu alinhamento nestas novas ferramentas foi igualmente uma agradável surpresa para mim. Posso dizer-te que nessa matéria estou uns passos atrás de ti. Um abraço. José Luís (Leiria)
2) Olá há quanto tempo eu não ouvia falar de "tramelas". O termo trinqueta ou trincheta não me lembro de ter ouvido alguma vez. Trinqueta deve ter a ver com trinco? Este eu ouvi muitas vezes e ainda se usa lá na aldeia. Quando alguém batia à porta, ouvia-se de dentro: Entre, está só (fechada) no trinco ... Obrigada por me trazeres estas memórias. Bj MEugénia (Lisboa/Sobral da Adiça)
3) Gostei imenso de ler este seu blog.Eu como mais velho rambém de lembro de alguns desses programas, alguns dos quais ouvi, mas nada comparável. Não haja dúvida que o Luis é diferente da maior parte das pessoas, para melhor, não só pelos seus conhecimentos, mas pela maneira como enfrenta a vida e a frontalidade que sempre tem nas reacções quando confrontado com os problemas. Desejo-lhe muita saúde. Homens assim fazem falta. Deviamos todos ter mais coragem e agir como o Luis. Um abraço Joaquim Avó (Almada)
4) Eu até visito o blog, mas não sei comentar. E agora que ele está cada vez mais interessante: com chifres, burros...A minha visão não cientifica dos chifres: o par superior tem linhas direitas e mais austeras é masculino, o debaixo está colocado sob a protecção e sobre a impetuosidade do masculino tem formas arredondadas formando um coração: é fêmea. Mas ambos têm formas artísiticas, a cornada é muito requintada (...)
Adoro esta fotografia do Jorge Cabral já a conhecia (...)Adoro a fotog... porque ela me transmite o olhar de aceitação e sonho das crianças arabes
Estou com a assoc. das Aldrabas - presentes no 1º poema do meu livro " o meu Amor é Arabe". (...)sei aprecia-las, preservá-las...gosto de lhes tocar, são sinal de segurança, privacidade, autenticidade. Nasci numa casa que as tinha. Usei-as, embora novas, no monte há doze anos atrás. E o meu amor será eternamente arabe... terá mil e uma aldrabas nas portas do seu palácio de areia.
Maria José Lascas Fernandes (Vagos/Lavre)
Adoro esta fotografia do Jorge Cabral já a conhecia (...)Adoro a fotog... porque ela me transmite o olhar de aceitação e sonho das crianças arabes
Estou com a assoc. das Aldrabas - presentes no 1º poema do meu livro " o meu Amor é Arabe". (...)sei aprecia-las, preservá-las...gosto de lhes tocar, são sinal de segurança, privacidade, autenticidade. Nasci numa casa que as tinha. Usei-as, embora novas, no monte há doze anos atrás. E o meu amor será eternamente arabe... terá mil e uma aldrabas nas portas do seu palácio de areia.
Maria José Lascas Fernandes (Vagos/Lavre)
A todos um grande Bem Hajam e Bom Ano 2005!
Alexandre Laboreiro adere à "Aldraba"
Foi com muita satisfação que recebemos deste professor e amigo de Montemor-o-Novo a vontade de adesão à Associação "A Aldraba".Homem interveniente, autor de artigos de opinião na imprensa local que nos remetem para uma reflexão pertinente acerca da cultura e da cidadania, agrada-nos sobremaneira partilhar esta honrosa adesão. (Foto de Vanda Oliveira)
segunda-feira, dezembro 20, 2004
Um Olhar por Dentro ou Um Bairro Desaparecido-III
Conflitos e guerras entre vizinhos, sempre existiram, nem mais, nem menos que nos outros bairros mais espelhados que este, mas as pazes faziam-se seguramente de outra maneira, rápida e com uma resolução insólita. Numa festa, baile, na praça, à sueca, na tasca do Gordo, na sede do bairro a ver um jogo de bola e mesmo a reparar um cano de água, antena, máquinas de lavar roupa, raríssimas nestes locais, assim como técnicos. Com uma união e entreajuda para tentar resolver qualquer problema que aparecesse, havia sempre alguém que conhecia um vizinho e este outro que conhecia a pessoa indicada para fazer a reparação. Não se pagava favores, comia-se em família com todos os actores e mais alguns que ficariam convidados de ultima hora, enfeitiçados pelo cheiro e da alegria contagiante destas festas improvisadas, à custa de uma avaria ou remodelação da casa do bairro, onde os participantes conseguiam esquecer alguns preconceitos, relacionados com as dificuldades de mercado alimentar, ficando assim contentes de ter contribuído para uma causa, que traria outra beleza à rua e fortificava a amizade. 30/08/04
Manuel José Graça da Silva
NOTA FINAL
Completa-se aqui o conjunto de textos que o Mané teve a amabilidade de me enviar e o entusiasmo de escrever-parece que não voltou a passar para o papel a lembrança desses dias remotos. O trabalho, os estudos (curso nocturno), a aprendizagem da condução, os petiscos, o convívio com amigos e a nova família, parece que o têm impedido de avançar mais umas páginas nestas memórias...De qualquer maneira, os textos ficam para a vossa apreciação. Deêm opiniões, que estes momentos revividos pelo Mané merecem uma atenção particular por integrarem um olhar por dentro de um bairro degradado, que deu lugar a um bairro novo de gente com algum dinheiro ou posição social para comprar casas bonitas.
LFM
domingo, dezembro 19, 2004
Dois textos do Mané sobre a Musgueira
Continuamos a divulgar as memórias que o Mané transformou em textos para falar do bairro onde morou na sua infância. Os textos datam já de março deste ano e em Novembro digitalizou-os e enviou-mos.
Reproduzo desejando a ele e a todos os meninos desse tempo menos bom que desta vez o Natal seja uma desforra de Paz e de Amor.
O DENTISTA*
Tenho saudades da Lisboa, onde os pregões e a venda ambulante, se destinavam somente à zona esquecida. Vagas lembranças de cheiros e sons que rodeavam a minha barraca, aconchegada como uma casinha de bonecas, onde é fácil tudo apanhar e aquecer. Bairro esse onde toda a gente se conhecia, não só o carteiro, o fotógrafo e o dentista que ia a casa das pessoas, que por vezes era mal tratado com gritos e nervosismo, porque o pai do paciente queixava-se que ele fazia mal ao filho, depois de ouvir os gritos de dor ou medo da criança que não temia a ida aos caracóis com o pai em terrenos escorregadios, ou na pesca, muito menos as pequenas guerras de rapazes de ruas vizinhas depois de ter jogado ao berlinde e troca de cromos raros menos correcta do que costume onde lhe davam alguns pontos negros e gesso, para além de uma dor de cabeça à mãe, pelas caminhadas ao hospital. (17/03/04)
Tenho saudades da Lisboa, onde os pregões e a venda ambulante, se destinavam somente à zona esquecida. Vagas lembranças de cheiros e sons que rodeavam a minha barraca, aconchegada como uma casinha de bonecas, onde é fácil tudo apanhar e aquecer. Bairro esse onde toda a gente se conhecia, não só o carteiro, o fotógrafo e o dentista que ia a casa das pessoas, que por vezes era mal tratado com gritos e nervosismo, porque o pai do paciente queixava-se que ele fazia mal ao filho, depois de ouvir os gritos de dor ou medo da criança que não temia a ida aos caracóis com o pai em terrenos escorregadios, ou na pesca, muito menos as pequenas guerras de rapazes de ruas vizinhas depois de ter jogado ao berlinde e troca de cromos raros menos correcta do que costume onde lhe davam alguns pontos negros e gesso, para além de uma dor de cabeça à mãe, pelas caminhadas ao hospital. (17/03/04)
GATOS E POMBOS
Não esqueci como aprendi a conhecer os barulhos dos gatos, através do meu telhado, não só sabia quantos eram como quase que percebia o que queriam. Aprendi sem me aperceber, tanta coisa sobre eles no dia a dia, mas foi à noite que mais aprendi sobre zoologia. O mês mais chato era realmente o do cio, pois a concorrência era muita num telhado de zinco, aquecido pelas tardes de pleno sol, não sei se acontecia com todos os meus vizinhos mas no meu telhado parecia um forrobodó. Cheguei mesmo a castigar os gatos dos quais conseguia reconhecer o miar, depois de ter passado uma noite insuportável. (18/03/04)
Tantos gatos e animais caseiros que conheci, tanta coisa que transcrevi para o meu quotidiano, numa criança que brincava com os buracos da terra, caricas, montes, palhas, pedras, capoeiras, quintais e pequenas hortas para as escondidas. Tive um gato, que lhe chamava Pantera, não porque fosse preto, mas porque caçava de noite, tinha manchas brancas, grande e gordo pela eventual caça nocturna. O meu vizinho cansou-se de perder os pombos correios e ficou à espera do responsável. Acabou por dar um destino mais triste para a minha veloz Pantera. Nunca senti pena por esta perda, pois ele era muito independente. Engraçado, dizer isto de um gato! Não era mau vizinho. Tinha uma bata azul todos os dias e um apito na boca, que percebi, era para comandar os pombos. Era caçador e coleccionava pombos correios.Talvez lhe dessem asas para imaginar voos infinitos que lhe eram impossibilitados pelas tarefas laborais e de uma vida mais difícil neste canto do mundo,com quatro filhos para sustentar, onde até mesmo a morada metia medo ás entidades patronais.
Cheguei mesmo a guardar as medalhas de caça, eram umas argolas, nunca percebi para que serviam, mas creio que é uma marca, ficava agarrada à pata do bicho, que a Pantera não achava comestível, deixando no meu pátio traseiro. (18/03/04)
Manuel José Graça da Silva
*Títulos e revisão do texto LFM
Um Bairro Estigmatizado visto por dentro
Hoje decidi dar voz àqueles que têm coisas importantes para partilhar. É o caso do Mané, amigo de longa data que há alguns meses, num caderninho de notas, começou a reproduzir memórias de um bairro que já não existe.
Era um abarracado pobre, lá para os lados da actual Alta de Lisboa, e os textos que me foi mostrando, talvez um dia possam ser desfrutados nas páginas de um livro. Considero aliás extraordinário que um rapaz desta Lisboa desaparecida tenha escrito sobre o bairro da Musgueira por dentro...
Enquanto escritor e antropólogo não tenho conhecimento de uma experiência semelhante... E como podem comprovar, esta incursão nas memórias da infância do Mané tem com um colorido, uma riqueza de pormenores e uma ternura, que vale a pena incentivá-lo a escrever esse livro!
O PEQUENO REI*
Que aventura ir às compras, ao domingo! sim Aventura, sim! porque só mais tarde pude perceber que as tendas se arrumavam com espaço sobrado das outras, que já eram habituais no local, sem saber o que nós podíamos comprar. Também analisavámos os apetites acrescidos, com a vontade da vizinhança de fazer de mais um dia, uma festa de convívio. Procurar o que comer seria então uma tarefa mais engraçada, mais para mim do que para os meus pais, como é lógico! Havia toda a espécie de animais vivos, dos quais, alguns mesmo para estimação, coisa que ignorava na altura, só o focinho mais mimado me fazia pensar duas vezes e perguntar a minha mãe. -Mãe, não são para comer, pois não? -Não filho são para guardar a casa!
Nem sequer me dava ao luxo de pensar, como é que uma coisa daquelas conseguia guardar uma casa, muito menos se devia ser guardada e para guardar de quem? Mas já ficava contente de saber que não era para comer. Era divertido andar no meio de todas aquelas tendinhas, construídas com paus, tábuas, plásticos, grades de cerveja, à espera de encontrar bichinhos e esconderijos, iluminando cada vez mais a minha curiosidade.
Certa manhã, depois de procurar no meio dos coelhos, patos e galinhas, dou de caras com um bicho, cheio de cores e em cima da bancada, como um rei, não deixando de ter papo e peneiras para isso, vaidade, força e voz. Como era bonito aquele coroado animal, no qual tive os olhos postos alguns segundos antes de tentar dar uma festinha...foi o meu mal, depois de ter sido picado fui a chorar para ao pé da minha mãe, que logo disse: -Foste logo mexer no Galo! Sabia lá eu o que era um galo muito menos a sua importância no seio de uma capoeira, como aquela feira...
Assim pedi ao meu pai que o levasse para casa para assar, deixando resolvida a situação de embaraço dos meus pais, de tentar agradar-nos.Ficou barato e resolveu-se a escolha do almoço. Mas o mais difícil veio depois. Não parava de perguntar ao meu pai: -O que vais fazer com ele? -Como é que o vais matar? Para esclarecer as dúvidas, ele dizia: -Não o querias, pois vais o ter. Acho que ele dizia isto para não ter que voltar atrás, pois são coisas mais complicadas e com muito significado para as gentes deste bairro. Não sabia aonde meter-me, comecei a ficar com pena do bicho, mas acabei por ver, aprender como se prepara um frango ou galo, pois é da mesma maneira, só varia das coisas que se podem aproveitar.Tive pena de não o conseguir comer no meio disto tudo, mas guardei este segredo comigo, sem dizer aos outros rapazes do bairro, para não ser envergonhado em publico, assim como os meus pais.
Manuel José Graça da Silva
*Título e revisão de texto de LFM
Dar Voz à Ana
A minha amiga Ana Maria Fonseca acaminhodosol.blogspot.com não consegue deixar comentários no meu blog. Tem-me enviado várias mensagens para o meu email que vou partilhar hoje connvosco e é uma forma de lhe dar a voz que não consegue ter nos "comments"...
Por exemplo: depois de ler um dos meus posts sobre a época natalícia, registou:
"Meu querido Luís: Atenta sempre ao teu blog (e continuando sem saber deixar comentários) de tudo adorei a "lembrança do presépio da tua avó' ... o pinheiro enfeitado com luzinhas e brilhos.... encantando os meus olhos deslumbrados.... o sítio mais luminoso da memória.... ( lindo...) e esse síto da memória é exactamente o meu, onde guardo o mais doce tempo de toda a minha vida, obrigada. Aquele beijo doce ANA" (domingo, 12 de dezembro de 2004 21:44:59)
E de outra vez, a Ana Fonseca, escreveu:
"Luíz Leio o teu blog sempre muito atentamente.. que bom é ler e principalmente sentir que algo está mudando em ti e retomando os tempos que me fizeram começar amar-te... "quem dera que todos os problemas da vida fossem este".... "deliciar no carrocel de nuvens"... "amaciar com falas e mimos o coração selvagem do pássáro"... depois vem...: " a natureza reduzida a um coração sem asas, é assim que vivemos na correria citadina.. este texto é para todos os pássaros impedidos de voar.... tão lindo!!!!!! Serás sempre o meu Luíz que me consegue deliciar com palavras ...agora mais do que nunca.... amo-te ... beijos doces" (segunda-feira,13 de dezembro de 2004 22:04:28)
Ainda há pouco recebi novo mail da minha amiga, que diz o seguinte:
"Luís: Decididamente não consigo fazer comentários no teu blog. Pede o nome e a password, eu digito e nada ... não percebo. Será pk eu não tenho publicado nada no meu blog??? Mas não tem nada a ver, pois não???(...) Pois a ideia era deixar-te um beijo por seres meu amigo há tantos anos... aquela anotação no teu livro é divina... Mas mais divino ainda me parece que seja TERES JÁ ENTREGUE A TESE... PUM!!! PUM!!! PUM!!! (são foguetes...) VIVA! VIVA! (fiquei tão feliz por isso).Aquele doce beijinho ANA (domingo, 19 de dezembro de 2004 13:51:43)
Um blog faz-se com os vossos estímulos: dos que o visitam e conseguem escrever um comentário, dos que como a Ana não conseguem deixar marca no corpo do blog, recorrendo ao email e até dos que visitam mas não escrevem nada e por vezes, de viva voz dizem o que pensam.
Para todos votos de um Ano Novo de 2005 muito melhor, com esperança, saúde e equilíbrio. E muita Paz.
Por exemplo: depois de ler um dos meus posts sobre a época natalícia, registou:
"Meu querido Luís: Atenta sempre ao teu blog (e continuando sem saber deixar comentários) de tudo adorei a "lembrança do presépio da tua avó' ... o pinheiro enfeitado com luzinhas e brilhos.... encantando os meus olhos deslumbrados.... o sítio mais luminoso da memória.... ( lindo...) e esse síto da memória é exactamente o meu, onde guardo o mais doce tempo de toda a minha vida, obrigada. Aquele beijo doce ANA" (domingo, 12 de dezembro de 2004 21:44:59)
E de outra vez, a Ana Fonseca, escreveu:
"Luíz Leio o teu blog sempre muito atentamente.. que bom é ler e principalmente sentir que algo está mudando em ti e retomando os tempos que me fizeram começar amar-te... "quem dera que todos os problemas da vida fossem este".... "deliciar no carrocel de nuvens"... "amaciar com falas e mimos o coração selvagem do pássáro"... depois vem...: " a natureza reduzida a um coração sem asas, é assim que vivemos na correria citadina.. este texto é para todos os pássaros impedidos de voar.... tão lindo!!!!!! Serás sempre o meu Luíz que me consegue deliciar com palavras ...agora mais do que nunca.... amo-te ... beijos doces" (segunda-feira,13 de dezembro de 2004 22:04:28)
Ainda há pouco recebi novo mail da minha amiga, que diz o seguinte:
"Luís: Decididamente não consigo fazer comentários no teu blog. Pede o nome e a password, eu digito e nada ... não percebo. Será pk eu não tenho publicado nada no meu blog??? Mas não tem nada a ver, pois não???(...) Pois a ideia era deixar-te um beijo por seres meu amigo há tantos anos... aquela anotação no teu livro é divina... Mas mais divino ainda me parece que seja TERES JÁ ENTREGUE A TESE... PUM!!! PUM!!! PUM!!! (são foguetes...) VIVA! VIVA! (fiquei tão feliz por isso).Aquele doce beijinho ANA (domingo, 19 de dezembro de 2004 13:51:43)
Um blog faz-se com os vossos estímulos: dos que o visitam e conseguem escrever um comentário, dos que como a Ana não conseguem deixar marca no corpo do blog, recorrendo ao email e até dos que visitam mas não escrevem nada e por vezes, de viva voz dizem o que pensam.
Para todos votos de um Ano Novo de 2005 muito melhor, com esperança, saúde e equilíbrio. E muita Paz.
quinta-feira, dezembro 16, 2004
O meu Poeta
Nunca esquecerei a delicadeza com que me recebeu quando naquele Verão entrei na Pensão Clara. "Este rapaz também faz versos" anunciou ele ao actual director do "Jornal do Fundão", dr. Fernando Paulouro Neves.
E surge-me muitas vezes a imagem que dele guardo, quando em plena homenagem na sua terra- Póvoa de Atalaia- ao ver-me entre a multidão me chamou para o seu lado.
Tal como recordo o momento em que numa Feira do Livro, finalmente pude conhecê-lo e lhe ofereci um postal com umas palavras repletas de claridade, que ele agradeceu.
Entrei uma vez na sua casa despojada da Rua Duque de Palmela, com a Cristina Pombinho e o poeta ofereceu-nos um cálice de Porto cuja voluptuosa cor estendeu ao sol como se quisesse brindar também ao seu amigo que tanta luz trouxe à sua poesia, poesia solar que ele me contou ter tocado os presos políticos que em tempos de trevas lutaram pela liberdade.
Tornei a entrar na casa do poeta, agora já na Calçada de Serrúbia, com a Mena Brito e com o Alfredo Flores, ela pintora, ele antigo elemento da Orquestra Gulbenkian. Falámos de cultura e do arrepio que a vida, transposta para a música, para o poema ou para a tela causa, quando está imbuída do espírito da grande arte.
Enviei-lhe poemas, livros, ele foi respondendo com poemas e estímulos.
Devo-lhe essas horas felizes.
Obrigado, Eugénio de Andrade!
Ritornello
De segunda a sexta na 2 da RDP Jorge Rodrigues realiza e apresenta um dos melhores programas da rádio portuguesa: "Ritornello". Quando chego a casa mais cedo, como hoje, delicio-me a escutar clássicos como Mozart, Rossini,Verdi, apresentados com brilho sabedoria, sensibilidade, competência e bom humor. O que é a melhor forma de preparar o jantar, longe dos noticiários de escândalos e catástrofes que a Tv vomita. Agora mesmo quando partilho estas impressões estou deliciado a acompanhar a conversa do locutor com jovens figurantes de óperas. Esta é a rádio inteligente e humana que aprecio.Numa escala de zero a vinte, tem nota máxima.
Anotação num Livro de Ruth Benedict
No meu primeiro ano da licenciatura em Antropologia tive de fazer um trabalho sobre "O Crisântemo e a Espada". Esta obra de Ruth Benedict é um olhar antropológico sobre o Japão e tal como acontece com todos os livros que compro, escrevi uma anotação, que partilho connvosco- sobretudo com a Ana Fonseca, leitora atenta desde os primeiros sinais deste blog.
"Comprado em 3-4-1991 após longa procura pelaslivrarias de Lisboa. Este foi o dia em que a Ana me telefonou de S. José onde o Nuno estava com um traumatismo craniano."
Felizmente que o Nuno e a Ana estão bem vivos e lutadores, à volta de um café onde concentram todos os seus esforços e melhores energias. Mãe e filho lançaram-se nesta aventura, oxalá o menino Jesus, o pai Natal, todos os deuses e heróis ponham no sapatinho de natal deles a melhor prenda: que a aventura tenha futuro e triunfe!
segunda-feira, dezembro 13, 2004
Selma e a Magia das Palavras
Hoje, talvez porque nao há sol, insisto em falar nas asas da criatividade,na ternura que nos pode aliviar em tempo de solidão e desatino. Lembrei-me de Selma Lagerlof, da companhia que me fez com a sua"A maravilhosa viagem de Nils Holgerson através da Suécia", livro comprado em alfarrabista, que se perdeu em mãos pouco amigas. Emprestar livros ou discos é sempre este desgosto, de ficar sem uma parte do património encantador que alimentou o nosso crescimento, quando aqueles a quem emprestamos se descuidam meses, anos, uma vida, do cumprimento de uma qualidade básica que caracteriza a amizade- o respeito pelos pertences do outro, que podem e devem ser partilhados, mas nunca usurpados.Tudo isto a propósito de um livro que me marcou pela beleza, pela riqueza de imagens, pela escrita envolvente, pela palpitação da fantasia, tão susceptível de ser tocada, tão credível...Selma Lagerlof nasceu em 1854. Em 1909 foi-lhe atribuído o Nobel da Literatura e no meu coração de menino deslumbrado com os criadores de sonhos, ganhou um lugar que ainda hoje, mesmo sem o livro amado, se mantém luminoso.Recomendo àqueles que gostam de presentear os amigos com a magia das palavras.(foto de Vanda Oliveira)
Uma Garça na Relojoaria
A precisar de pilha nova, o meu Citizen Quartz comprado há dois natais em Alpedrinha, ao sr. Marques ourives, esta manhã parou.
Na Rua Prior do Crato, a dois passos da minha casa há uma relojoaria. Quem dera que todos os problemas da vida fossem como este: muda-se a pilha e o ritmo do tempo torna ao pulso. Só que neste estabelecimento há um pormenor digno de ser contado.
Um dia, no Alentejo,uma jovem garça branca ao tentar levantar voo, não conseguiu juntar-se às demais para se deliciar no carrocel de nuvens, ao vento e ao sol do sul.
O relojoeiro de Alcântara pegou no animal, que habituado à liberdade do céu azul, foi resistindo, recusando comer, de tão triste que estava. Hoje, só aquele senhor consegue amaciar com falas e mimos o coração selvagem do pássaro.Há cinco anos que a relojoaria tem este vigilante, em cima de uma montra de relógios, bem alto, qual sentinela em sua atalaia.
Este quadro das asas impedidas de voar dentro de uma loja do tempo é algo que me impressiona.A Natureza reduzida a um coração sem asas- é assim que vivemos na correria citadina.
Este texto é para todos os pássaros impedidos de voar
(Texto e fotografia de Luís Filipe Maçarico)
Na Rua Prior do Crato, a dois passos da minha casa há uma relojoaria. Quem dera que todos os problemas da vida fossem como este: muda-se a pilha e o ritmo do tempo torna ao pulso. Só que neste estabelecimento há um pormenor digno de ser contado.
Um dia, no Alentejo,uma jovem garça branca ao tentar levantar voo, não conseguiu juntar-se às demais para se deliciar no carrocel de nuvens, ao vento e ao sol do sul.
O relojoeiro de Alcântara pegou no animal, que habituado à liberdade do céu azul, foi resistindo, recusando comer, de tão triste que estava. Hoje, só aquele senhor consegue amaciar com falas e mimos o coração selvagem do pássaro.Há cinco anos que a relojoaria tem este vigilante, em cima de uma montra de relógios, bem alto, qual sentinela em sua atalaia.
Este quadro das asas impedidas de voar dentro de uma loja do tempo é algo que me impressiona.A Natureza reduzida a um coração sem asas- é assim que vivemos na correria citadina.
Este texto é para todos os pássaros impedidos de voar
(Texto e fotografia de Luís Filipe Maçarico)
sábado, dezembro 11, 2004
Destoar da Quadra (Natalícia)
Desde Agosto, quando comecei a blogar, que não inseria poemas de minha autoria no "Águas do Sul"... Vá lá mais um texto, a destoar da época que atravessamos. Esta quadra tem gente bem intencionada, a querer celebrar a amizade, embora manietada pelo consumismo supérfluo.Todavia, o pior é que há uma enxurrada de indivíduos a afivelar máscaras, sorrisos postiços, carnavalescos, com música de fundo obrigatória, de sinos totalitários e anjos de pesadelo infestando os ares com as suas cantilenas demodées... E chamam a isto Natal: tempo de engorda com bolo-rei, docinhos e frituras, fretes de famílias a finjir que são unidas e televisores a vomitar guerras...
Não há nada como um poema para afirmar o sofrimento, que nos marca para sempre. Este é retirado do meu último livro("Caligrafia do Silêncio", 2004, edição de autor) apresentado no passado dia 27 de Novembro em Alpedrinha.
RITUAL
Desse longo latir
Da vida sabes tu
Para chegar aqui
Foi preciso comer merda
Não é fácil sentares-te
À mesa para arrancar
A pele...
Desse longo latir
Da vida sabes tu
Para chegar aqui
Foi preciso comer merda
Não é fácil sentares-te
À mesa para arrancar
A pele...
Melancolia
À beira de mais um Natal, vieram-me à ideia os presépios da minha avó, a magia que tinham e o pinheiro enfeitado com luzinhas e brilhos, que ela também fazia, com tanto carinho, encantando os meus olhos deslumbrados. Não são precisas muitas palavras para falar destas coisas, que todos nós fomos guardando no sítio mais luminoso da memória. A memória das avós que perdemos, dos amigos que também se foram, a sensação de perda que há em cada rua iluminada, em cada sino que toca,em cada prenda que alguém insiste em oferecer, lembram os que ficaram pelo caminho: Artur, Gertrudes, Clarinha ...
Para falar deles ocorreu-me retirar do meu livro "A Secreta Colina" (Maio 2001, edição Câmara Municipal de Lisboa/Cultura) este poema, escrito em Março de 1999:
OS AMIGOS VÃO MORRENDO…
Os amigos vão morrendo
E a poesia transforma-se
No tronco sem ramos
Da oliveira carcomida
Por ventos e trovoadas.
São rios que secam,
Essas bocas sem voz.
Energias à procura
Doutra casa
Onde a manhã
Seja pássaro ou flor
De sol.
Os amigos vão morrendo
E a poesia transforma-se
No tronco sem ramos
Da oliveira carcomida
Por ventos e trovoadas.
São rios que secam,
Essas bocas sem voz.
Energias à procura
Doutra casa
Onde a manhã
Seja pássaro ou flor
De sol.
Victor
Há 31 anos no dia 11 de Setembro, prenderam-no. Quatro dias depois, no estádio de Santiago, transformado em campo de concentração, os fascistas torturaram Victor Jara até à morte.
Diz-se que os enfrentou cantando o "Venceremos".
O responsável pelo crime, que chefiava essa prisão gigantesca por onde passaram milhares de pessoas, muitas delas sem regresso para a vida, está a ser julgado.
É tempo de se sentir no Chile "El derecho de vivir/en paz!"
Diz-se que os enfrentou cantando o "Venceremos".
O responsável pelo crime, que chefiava essa prisão gigantesca por onde passaram milhares de pessoas, muitas delas sem regresso para a vida, está a ser julgado.
É tempo de se sentir no Chile "El derecho de vivir/en paz!"
sexta-feira, dezembro 10, 2004
Santa Camarão, 102 anos depois
Descobri-o em Junho de 2002, quando de Ovar chegou uma carta de pessoas com uma memória que o tempo não tinha conseguido apagar, acerca deste herói do imaginário popular e do desporto portugês.Santa Camarão media 2 metros e 2 centímetros de altura e 49,5 de pés.Em cerca de uma centena de combates venceu 70%, em Portugal, Brasil e Estados Unidos. Lutou com os maiores(Max Schmeling, Primo Carnera e Max Baer). Foi actor de cinema (Amor no Ringue, filmado em Berlim, no qual a língua portuguesa foi pela primeira vez falada na 7ª Arte e "The Prizfighter and the Lady", produzido em Hollywood, com Mirna Loy )Arrastou multidões, por cá e nos States, empolgando os emigrantes lusos que viram nele um novo Viriato...
Tudo isto se passou entre 1925 e 1934. Santa nasceu em 25 de Dezembro há 102 anos e faleceu na sua terra natal, em 1968, a 5 de Abril. Tem um filho na América, o sr. Renaldo Santa, a quem aproveito para desejar um feliz Natal e um Ano Novo Bom.
Há um ano foi publicada a biografia de minha autoria "Com o Mundo nos Punhos", edição da CML/Desporto. A tese de mestrado que ultimo chama-se justamente "Os Processos de Construção de um Herói do Imaginário Popular" e é sobre esta figura fundamental do boxe português, que a maior parte das pessoas desconhece. Em próximos textos trarei aqui alguns aspectos deste atleta que os testemunhos confirmam ter sido um homem extremamente humano, pacífico e bondoso.(foto do espólio Santa Camarão/Biblioteca Municipal de Ovar)
quinta-feira, dezembro 09, 2004
Tá Quase
Hennessys, o outro nome do prazer
Há meses que tenho o prazer de conviver com os meus colegas de sala de trabalho neste simpático pub irlandês, cujo proprietário é um japonês da Dinamarca.Aliás este pub é um cadinho de culturas: o Tiago é filho de alentejanos, nascido em França, há caboverdianos,o Eddie que é brasileiro,uma rapariga da Letónia,além da Verinha e do Duarte,que completam o naipe do pessoal mais eficiente e simpático do Mundo - isto à hora do almoço...O chefe de cozinha e os seus ajudantes certamente que guardam um dos segredos mais preciosos que partilham de forma magistral: cozinhar com amor! Qualquer prato é uma obra de arte e uma delícia para o organismo. Depois há as irresistíveis sobremesas e eu confesso outra perdição: Um tanque como o da foto-da autoria da Vanda- de Guiness preta. Para mim, sempre que lá vou e é quase todos os dias, até porque os preços são acessíveis, o Natal dos outros soa a verdade, porque é o gozo de estar vivo e bem acompanhado. Bem hajam, Vanda, Rui, Graça, Rita, queridos coleguinhas e amigos destas horas mágicas!!!
sábado, dezembro 04, 2004
Uma Receita contra o Ácido Úrico
Lembrei-me de partilhar convosco, para dizerem a quem sofre de dores tão intensas, como aquela que eu senti há anos no tornozelo (parecia que estava a ser furado por um Black & Decker), que se pode ter melhor qualidade de vida. Aliás, quem me deu a receita- o professor Alfredo Flores- garantiu que ela mete na ordem por uns tempos não só o ácido úrico como a diabetes.
Então é assim: durante 20 dias seguidos e sempre em jejum bebe-se um chá que é feito da seguinte maneira: Metem-se de molho 25 tremoços, de um dia para o outro. No dia seguinte, deita-se fora a água onde o tremoçal ficou de molho e dá-se um corte em cada um dos tremoços...vai ao lume, ferve, e bebe-se morno, podendo comer broa e misturar mel, porque é um bocadinho amargoso.
Repito: 25 tremoços cada dia durante 20 dias.
Descansa-se 5 dias.
Segunda fase: 20 dias a 20 tremoços...reparem, é tudo igual, menos o número dos tremoços: desceu para 20...
Descansar 5 dias.
Nova e última dose de chá em jejum, durante mais 20 dias...
Desta vez passa-se a 15 tremoços- e o resto já se sabe...pôr de molho, deitar a água fora, ferver em nova água depois de retalhar cada um cos tremoços...
Se fizer isto com paciência, verá -tal como eu já pude constatar- que os valores descem...ácido úrico e diabetes abrandam...
É claro que também se tem de ter cuidado com a alimentação. Mas vale a pena o sacrifício: depois até dá para fazer exibições de contorcionismo...as dores desapareceram!
Abençoados remédios caseiros, como este que a mãe do professor Flores lhe ensinou, ele partilhou comigo e eu resolvi revelar-vos...
Aliás aquela senhora disse-me um dia que o seu quintal em Matosinhos é o melhor remédio para curar maleitas. Garantiu-me que há-de pagar aos familiares e amigos uma festança, para festejar os 100 anos, em Itália e que o vinho vai ser Chianti...
Quem transporta no sorriso a sabedoria de uma vida, merece estas palavras de agradecimento pelo bem que fez, de forma tão simples e desinteressada.
Retribuo com uma paisagem da Toscânia, muito especial, porque é para ser imaginada.
Então é assim: durante 20 dias seguidos e sempre em jejum bebe-se um chá que é feito da seguinte maneira: Metem-se de molho 25 tremoços, de um dia para o outro. No dia seguinte, deita-se fora a água onde o tremoçal ficou de molho e dá-se um corte em cada um dos tremoços...vai ao lume, ferve, e bebe-se morno, podendo comer broa e misturar mel, porque é um bocadinho amargoso.
Repito: 25 tremoços cada dia durante 20 dias.
Descansa-se 5 dias.
Segunda fase: 20 dias a 20 tremoços...reparem, é tudo igual, menos o número dos tremoços: desceu para 20...
Descansar 5 dias.
Nova e última dose de chá em jejum, durante mais 20 dias...
Desta vez passa-se a 15 tremoços- e o resto já se sabe...pôr de molho, deitar a água fora, ferver em nova água depois de retalhar cada um cos tremoços...
Se fizer isto com paciência, verá -tal como eu já pude constatar- que os valores descem...ácido úrico e diabetes abrandam...
É claro que também se tem de ter cuidado com a alimentação. Mas vale a pena o sacrifício: depois até dá para fazer exibições de contorcionismo...as dores desapareceram!
Abençoados remédios caseiros, como este que a mãe do professor Flores lhe ensinou, ele partilhou comigo e eu resolvi revelar-vos...
Aliás aquela senhora disse-me um dia que o seu quintal em Matosinhos é o melhor remédio para curar maleitas. Garantiu-me que há-de pagar aos familiares e amigos uma festança, para festejar os 100 anos, em Itália e que o vinho vai ser Chianti...
Quem transporta no sorriso a sabedoria de uma vida, merece estas palavras de agradecimento pelo bem que fez, de forma tão simples e desinteressada.
Retribuo com uma paisagem da Toscânia, muito especial, porque é para ser imaginada.
quarta-feira, dezembro 01, 2004
O Pesadelo
Era impossível prolongar este susto de mentecaptos a decidirem o nosso futuro, este descambar que nos amargurava e envergonhava, tirava o sono e roubava os sonhos. Este mudar de opinião três vezes ao dia, a pose balofa de mensagem vazia.
O senhor Presidente da República, que num domingo de Outubro ignorei, quando na mesa ao lado tomava um café com o filho no Heynessis, nem como medida profilática deveria ter permitido que estes senhores se tivessem sentado na cadeira que grandes homens e mulheres "aqueceram"...
Aproveito para oferecer uma flor de luz- onde quer que esteja o seu espírito- a Lurdes Pintasilgo, portuguesa extraordinária, na qual votei para Presidente da República, que não resistiu ao riso alarve e grotesco dos carcereiros da harmonia.
Suspiremos de alívio então e empenhemo-nos para que o ar lavado se mantenha por muitos e bons anos, e que um ciclo de políticos competentes surja no horizonte próximo.
Para refazermos a caminhada sem avantesmas nem labregos, daqueles que são contra o aborto mas usam a metáfora dos bébés prematuros sufocados para exprimirem a sua pobreza mental.
Oxalá este tenha sido um decisivo golpe de misericórdia no bananal pantanoso em que isto estava a transformar-se...
O senhor Presidente da República, que num domingo de Outubro ignorei, quando na mesa ao lado tomava um café com o filho no Heynessis, nem como medida profilática deveria ter permitido que estes senhores se tivessem sentado na cadeira que grandes homens e mulheres "aqueceram"...
Aproveito para oferecer uma flor de luz- onde quer que esteja o seu espírito- a Lurdes Pintasilgo, portuguesa extraordinária, na qual votei para Presidente da República, que não resistiu ao riso alarve e grotesco dos carcereiros da harmonia.
Suspiremos de alívio então e empenhemo-nos para que o ar lavado se mantenha por muitos e bons anos, e que um ciclo de políticos competentes surja no horizonte próximo.
Para refazermos a caminhada sem avantesmas nem labregos, daqueles que são contra o aborto mas usam a metáfora dos bébés prematuros sufocados para exprimirem a sua pobreza mental.
Oxalá este tenha sido um decisivo golpe de misericórdia no bananal pantanoso em que isto estava a transformar-se...
quinta-feira, novembro 25, 2004
O Terceiro Mundo é onde???
Sidi Bou Said é uma cidade azul e branca, belíssima, construída em anfiteatro diante do Mediterrâneo, a dois passos de Cartago e a escassos quilómetros de Tunis. Passear nas suas ruas de jasmim e buganvília, observando as portas com 3 batentes, um para o homem, outro para a mulher e outro para a criança, todos com sonoridades diferentes, é mágico. Já por lá andei com sol e chuva, em dias de frescor e em tempo de lume e cigarras, e por ali bebi um extasiante chá de menta com pinhões. Mas o que eu hoje venho dizer aqui é que num país dito do 3º mundo, a verdade é que as portas e as aldrabas do centro histórico são preservadas e até há colecções de postais com este património, valorizando-se junto do visitante essa identidade que os objectos com valor histórico e afectivo conferem. No Portugalete dos espertalhaços, é o alumínio que devora as fachadas, apagando-se séculos de sociabilidades à volta destes utensílios de cunho simbólico. Aqui o que está a dar é o plástico do esquecimento, o tufão do desprezo, o vómito da miséria mental. Quando vejo mais uma triunfante novel porta, metálica e feia, derrubar outra trabalhada, de madeira, apesar de velha, num centro histórico, seja em Miranda do Douro, seja em Lisboa, nessas ocasiões tenho vergonha de ser português...
Em França Protege-se...
segunda-feira, novembro 22, 2004
Chifres Decorativos?
Este batente foi recenseado pela equipa dos "Knock Raiders", designação apreciada pela Vanda, que tem fornecido a maior parte das imagens deste diário de afectos e desencantos.Um utensílio igualzinho está, por exemplo, na Rua de Aviz, em Montemor-o-Novo, mas este pode ser observado em Bucelas, na Rua Marquês de Pombal. Será que os moradores tiveram em conta a questão simbólica, dos chifres sobrepostos de bovinos-ligado ao culto da lua e de um poder divino que atravessa o Norte da Europa até à Índia -que integra a Morte e a ressureição?* A fertilidade e a força, apreciadas num meio ainda há pouco rural...Ou será um simples objecto decorativo, pelo metal dourado que a porta ostenta?
*Jack Tressider, in "Os Símbolos e o seu Significado"
Bucolismo ao pé da porta
Em Santo Antão do Tojal, a Vanda captou este momento bucólico, o Portugal profundo ao pé da porta. A Guèrite foi quem me mostrou a parte monumental, mas devo à Vanda a descoberta destes amigos asininos.Gosto tanto destes animais, no dorso dos quais andei na minha infância em Sant'Ana da Carnota, terra da minha avó Gertrudes, que me inscrevi na associação de preservação do gado asinino que gente muito simpática criou lá para os lados de Miranda. Aproveito então para enviar um xi coração para a Maria José e para a Elisa,paladinas destes companheiros maravilhosos.
Adesões à Associação "A Aldraba"
Vanda Oliveira,autora desta fotografia,realizada em Santa Justa, Couço, em declarações esta manhã à redacção do "Águas do Sul" confirmou o seu interesse em integrar a recém-criada "A Aldraba", Associação do Património Invisível. Jorge Cabral, fotojornalista e actor, enviou recentemente um simpático sinal, no sentido de se juntar aos sonhadores, que no passado sábado, em Montemor-o-Novo,decidiram transformar uma ideia poética, quiçá quixotesca, numa associação com "pés para andar".Também Francisco Pedro, artista plástico e repórter do "Correio da Manhã" em Leiria e Miguel Fernandes, engenheiro civil da CML, prometeram colaborar para ajudar este projecto a transformar-se numa realidade interveniente.Agora mesmo quando escrevemos esta notícia, acabamos de receber as adesões da geógrafa Graça Nogueira e do engenheiro de território Rui Graça. Tudo gente jovem, o que augura criatividade e espírito inovador. Destaque ainda para a intenção de Joaquim Avó, presidente da direcção da "Alma Alentejana, em juntar-se a esta gente boa.Para ele, que apesar de doente não quis deixar de enviar a sua mensagem solidária, o forte abraço de amizade e votos de rápido e bom restabelecimento. "
O Rui e o vernáculo do Porto
Parece que o texto não é dele, mas saúda-se pelo prazer que dá lê-lo.O Porto é uma cidade da qual tenho saudades. E foi bom descobri-lo hoje, logo a seguir ao pequeno almoço. Está num blog acabado de nascer.Sugiro visita regular, porque promete...
Mas quem é o criador do "lorocenaita",o tal blog?
Faz hoje um ano, o Rui estava sem emprego. Daqui a umas semanas deixa a Câmara de Lisboa, onde esteve 12 meses a contrato e vai trabalhar na Câmara de Loulé,onde ficará no quadro, após concurso.
O Rui canta na Tuna Académica de Lisboa, é um rapaz que agarra a vida com gozo, pois à sua faceta de jovem sensível adiciona um humor e um sarcasmo que provam que está bem vivo- ama o que vale a pena, não perdendo tempo com as parvoeiras dos panhonhas que por vezes nos impedem de fruir um quotidiano mais feliz.
O Rui é engenheiro do território e um bom companheiro de trabalho, de viagem, de curtições, um braço amigo nas más horas.
Vão lá então ver o blog dele...
http://lorocenaita.blogspot.com
Mas quem é o criador do "lorocenaita",o tal blog?
Faz hoje um ano, o Rui estava sem emprego. Daqui a umas semanas deixa a Câmara de Lisboa, onde esteve 12 meses a contrato e vai trabalhar na Câmara de Loulé,onde ficará no quadro, após concurso.
O Rui canta na Tuna Académica de Lisboa, é um rapaz que agarra a vida com gozo, pois à sua faceta de jovem sensível adiciona um humor e um sarcasmo que provam que está bem vivo- ama o que vale a pena, não perdendo tempo com as parvoeiras dos panhonhas que por vezes nos impedem de fruir um quotidiano mais feliz.
O Rui é engenheiro do território e um bom companheiro de trabalho, de viagem, de curtições, um braço amigo nas más horas.
Vão lá então ver o blog dele...
http://lorocenaita.blogspot.com
domingo, novembro 21, 2004
A Aldraba- Associação do Património Invisível dá os primeiros passos
Nasceu ontem em Montemor, no restaurante "Avis", e na presença de duas dezenas de interessados na sua criação, a "Aldraba", há muito ansiada. Os fundadores debateram os objectivos da nova associação, após um almoço maravilhoso, de cação alimado, carne assada com puré de castanha, mousse e salada de frutas, enchidos seleccionados como entrada e um "Marquês de Montemor" tinto de cair para o lado. A Carina, proprietária do restaurante "Avis" foi inexcedível e está de parabéns, por ter ao seu lado uma cozinheira preciosa, que cozinhou em tempos para os que mourejavam nos campos.O professor Alexandre Laboreiro foi quem recomendou, pela relação qualidade-preço e a pintora Isabel Aldinhas com uma surpreendente exposição essencialmente composta por trabalhos marcados a folha de ouro, ressuscitando "Vestígios Árabes", estava feliz na véspera de mais um aniversário, por ter tantos amigos à sua volta, partilhando a sua obra e a ternura dos seus gestos de grande senhora. Tão simples mas tão sábia, na arte de conviver e de usar o pincel sobre a tela, de recordar costumes identitários, perdidos no tempo, vultos pacientes tecendo sonhos.
Lá estava a lâmpada de Aladino, a almofada, o morábito, a aldraba e a terra mágica, esta terra pela qual damos a esperança- o Alentejo que amamos, enquanto cenário de tradições, patrimónios e projectos.
A Comissão Promotora integra gente da antropologia, geografia, sociologia, História, filosofia e outras ciências, o que à partida garante um trabalho de qualidade.
"Águas do Sul" associa-se à felicidade da bloguista do http://vemosouvimoselemos.blogspot.com e deseja aos animadores deste novo grupo de cidadania uma intervenção eficaz em torno do património e da identidade alentejana, pois o entusiasmo destes homens e mulheres assegura que vamos ouvir falar deles por bons motivos.
sexta-feira, novembro 19, 2004
O Olhar do Jorge
Primeiro, o Jorge recolheu visões coloridas das festas do Redondo e chamou-lhes ruas de papel. Depois,na antiga Aldeia da Luz guardou rostos e sítios que as águas transformaram em memória. Pelo meio, captou instantes de uma cidade quotidiana e íntima,partilhando-os no livro que fizémos "Lisboa,Pegadas de Luz" Entretanto, o apelo do Mundo levou-o à Índia e à Tunísia, trazendo desses lugares distantes outros gestos, o sabor dos territórios do silêncio. Um dia destes, talvez aconteça uma exposição ou um livro onde o olhar do Jorge floresça nas mãos dos que gostam de viajar através da fotografia.(foto de Jorge Cabral, Tunísia 2003)
quinta-feira, novembro 18, 2004
O Blog da Cristina
A Cristina é poetisa, para lá da profissão de professora de filosofia. Apesar dos obstáculos que a vida lhe foi criando e das coisas boas que lhe trouxe, a Cristina é optimista. Conheço-a desde uma Marcha da Paz, nesse distante Dezembro de 1980. A Cristina era uma miúda, muito bonita- aliás, continua a ser uma rapariga muito gira-e conquistou-me pelo seu olhar terno, pelo sorriso, pelos gestos e pelas palavras irónicas, certeiras e luminosas da sua poesia. Podem comprovar esta opinião lendo-a. Publicou em jornais e revistas e tem um livro lindíssimo intitulado "O Felino Anjo Branco", ilustrado pela pintora Mena Brito. Já agora dêem uma olhadela pelo blog dela:
http://oguardadordosilencio.blogspot.com
Mas há outras qualidades que gostaria de partilhar: nascida na Amadora, tem as suas raízes em Cuba e Alvalade-Sado, terras respectivamente da mãe e do pai.É touro, é divertida, é uma amiga para se gostar toda a vida!(fotografia de Rui Graça)
quarta-feira, novembro 17, 2004
O Natal de Suas Excelências
Abre-se o jornal e lê-se: a árvore de natal maior do quarteirão, a desmesurada estrela do bairro,o rasto grandioso de estrelas da aldeola.Um milhão de euros- leio ainda- gasto todos os anos na bebedeira feérica da capital, onde as ruas aparecem ilusoriamente humanizadas... E há-de haver, mediaticamente falando, uma noite de frete, em que os senhores depenicarão um bolo-rei, rodeados por uma mão cheia de sem-abrigo, seleccionados para falar na televisão.O resto do ano é sem máscara, a sangue-frio: despedimentos,lei dos despejos, desprotecção, salve-se quem puder!Que rico Natal capa de revista o destes senhores, destes grandes beneméritos!
Apenas duas notas finais:
1- Visitem o blog http://acaminhodosol.blogspot.com
2- A imagem é da Vanda e foi captada em S. Cristóvão (Montemor-o-Novo) no último Agosto e está aqui para falar de coisas dignas, como o direito à habitação. Se todos tivessem o essencial, o Natal não seria a fantochada a que assistimos.Já agora reparem na delícia das esculturas zoomórficas que coroam e embelezam as chaminés.Trata-se de um património invisível que os olhos e as máquinas fotográficas não devem desperdiçar.
terça-feira, novembro 16, 2004
Maria Rosa Colaço
Esteve ao lado dos desfavorecidos, dos pobres, das crianças. Francisco Colaço contou-me que nos anos 50 visitou Aljustrel e escreveu no "Diário Popular" acerca da difícil vida dos mineiros. Para mim, foi um exemplo, enquanto semeadora da sede de saber e do sonho de partilhar. Lembro-me de ter lido o "Gaivota" no passeio ribeirinho de Cacilhas. Entre o Alentejo e o mar que a embalou até África, permanecem as suas palavras, o coração festivo da fraternidade. Passou um mês sobre a sua partida. Porque a desejo eterna, reencontro-a na luz deste pôr do sol alentejano, que a Vanda recolheu em Agosto, na freguesia de S. Cristóvão, Montemor-o-Novo. Nas sílabas que o tempo não apaga...
A (Nova) Militante do Património Invisível
Este blog deve-lhe alguns conselhos técnicos, pois neste quarto mês, comecei a brindar-vos com fotos. Ela também andou às voltas para conseguir editar fotos no blog http://lostphotos.blogspot.com onde há alguns meses partilha connosco emoções e surpresas. Há uns tempos a minha amiga falou-me da terra dos avós e da sua infância: Santa Justa, freguesia do Couço, concelho de Coruche. Hoje utilizo uma das imagens que então me ofereceu - esta belíssima aldraba resistente, num conjunto de duas,que por lá encontrou. Há dias estivemos juntos com um colega, ali para os lados de Bucelas, Santo Antão e São Julião de Tojal. Fomos inventariar e fotografar exemplares deste património que primeiro as campaínhas, depois os alumínios silenciaram. Sei que os defensores da causa do património invisível podem contar com esta nova militante, em prol da protecção de utensílios que chegaram até nós, atravessando séculos. Nos últimos anos, à medida que polui rios e ares e mata seres únicos- veja-se o caso da ursa dos Pirinéus aniquilada por caçadores incultos ou maldosos-o ser humano dá mostras de ser o maior predador de si próprio. Apaga a História. Anula o Futuro. Armadilha o Presente. O silenciamento das aldrabas constitui uma das marcas dessa destruição.Voltaremos ao assunto. Agora interessa saudar a Vanda Oliveira, mulher bonita, colega impecável, companheira de sonhos espectacular. É tão bom existires neste quotidiano incerto sonhando esperanças.É bom ver-te esvoaçar por aí, com um sorriso, em busca de aldrabas!
Memórias da Casa-2
A avó e as suas estórias. A casa repleta de animais: coelhos,periquitos,galinhas, cães. Casa ou arca de Noé? Custa a acreditar que em tão pouco espaço coubessem pessoas e bichos!
Pelas noites de Inverno, enquanto costurava, ouvíamos o velho aparelho de rádio ou então ela dizia: "Isto hoje não dá nada de jeito!" Punha a costura de parte e desfolhava lembranças. Sant'Ana da Carnota, a aldeia da sua origem. Lobisomens e bruxas nas encruzilhadas. Humanos e cavalos borrados de medo. O esplendor do campo durante o dia, à luz do sol. Lisboa. Criada de servir. O sr. Comandante de Q... e a madame de... Hospital da Cuf. Criada de doentes. O envenenamento com remédio para as baratas. A diabetes. A fome. Hotel Infante Santo. Auxiliar de cozinha. Criada de cozinheiros. Sempre a carregar o destino e a obedecer. Sina de pobre. O dinheiro sempre escasso. As lágrimas.
Esta casa é para mim -literalmente- um caderno, pois recordo-me de ser criança e escrever nas paredes do quarto, para guardar palavras que me visitavam antes de adormecer. Escrevi entre estas paredes durante quase meio século. Aqui me nasceram os primeiros dentes, aqui me convalesci de desamores e de uma hepatite. Aqui chorei os meus mortos. Com que palavras escreverei o adeus à casa, que é a minha pele? (imagem de Vanda Oliveira, captadada em Santa Justa, Couço)
Memórias da Casa-1
As primeiras memórias que guardo da velha casa, estão ligadas a um território, que me parecia enorme. Casa afinal tão pequena, onde os dias se passavam sem problemas, entre brinquedos e a magia da descoberta. E assim foi, até àquele momento em que a chucha foi partida, de propósito, na dobradiça de uma janela, para ver se eu me libertava dela. Chorei a noite inteira e, nessa primeira sensação de perda, aproximei-me do vazio que a morte constitui para mim. Nada. Pó. Película de silêncio. Fragmento de luz no escuro. Lume apagado.Lágrima seca...
(Foto de Vanda Oliveira, Verão 2004)
segunda-feira, novembro 15, 2004
Emparedado
Um dia, talvez alguém diga que produzi qualquer coisa de útil para a minha terra... A vida dá muitas voltas... Mas nessa altura já estarei como este vestígio do passado- emparedado!!!Depois de esfolado vivo por sucessivos ladrões de sonhos, que nos vampirizam, que me importa uma palavra piedosa lançada ao vento, quando a minha energia já estará inerte, perdida no pó? Valia mais uma atitude que travasse abismos e pesadelos em vida...Mas não há ninguém que nos acuda nestes tempos tão negros!!!...Só nos resta morrer ou fugir para outro planeta... (foto de Fernando Duarte)
Quem não concorda é Antipatriota!
Vá, ponham mais bandeiras à janela!!! Gritem: Viva! Viva! E Viva!!! E paguem,paguem,paguem! Portagens, gasolinas, custos de vida, impostos, tudo!!!Vou taxar-vos! Vou sugar-vos! Vou esmagar-vos! Vou lixar-vos!Gritem! VIVA AZEDAL!!!E tornem a gritar:Tá-se bem! Que bom astral!!!Vá ponham os farrapos da ilusão e a pele das ideias trucidadas à janela! Lei laboral do futuro: 0% de direitos, 1000% de deveres! Reforma aos 77 anos! Arrendamento- a rua é para todos, casas só pra lobos!!! Vá ponham mais sorrisos à janela, aplaudam, votem, rezem, morram! (manual dos novos condottieri da esponjosa maioria silenciosa)
A Mão que (ainda) nos chama...
Batente em forma de mão, de uma porta de Montemor-o-Novo. A fotografia foi realizada pelo geógrafo Fernando Duarte, na Primavera de 2003. Na zona histórica desta cidade alentejana, encontram-se ainda sete centenas de exemplares destes utensílios, entre batentes, aldrabas, martelos de porta, puxadores... Vale a pena começar a olhar, com olhos de ver, para este património invisível e chamar a atenção de proprietários de imóveis, moradores e autarcas das nossas terras para travar a desaparição destes objectos, repletos de História e simbolismo, que tanto enriquecem o nosso espólio identitário. Para utilizar o título- adaptado-de um magnífico texto do dr. Santiago Macias, esta é a mão que (ainda) nos chama...
sábado, novembro 13, 2004
Agora e Sempre
Parabéns, por mais um aniversário (e por tanto bálsamo diário) à autora do blog http://vemosouvimoselemos.blogspot.com
Recomendo agora e sempre!
sexta-feira, novembro 12, 2004
E As Mulheres Não Dizem Nada?
Apercebi-me há alguns dias, do absurdo de um anúncio, que apareceu nos autocarros da Carris.Trata-se de um convite ao uso dos pensos higiénicos "First". A brilhante frase publicitária que os criativos inventaram (coisa de homens certamente)foi "Sê Infiel. Usa First!"
Então e as organizações tipo MDM não dizem nada?
Eu sei que há este governo e a lei laboral do sr. Félix, a reforma mais tarde graças à assinatura do sr. Sampaio e a ameaça cada vez mais próxima de uma lei podre à nascença, a do arrendamento do sr. Arnaut.
Mas temos de saber ver, com mais profundidade os pormenores quotidianos. Não chega olhar...
Olhar para o lado não é meu hábito, quando há aberrações diante dos meus olhos.
E as mulheres não dizem nada?
Então e as organizações tipo MDM não dizem nada?
Eu sei que há este governo e a lei laboral do sr. Félix, a reforma mais tarde graças à assinatura do sr. Sampaio e a ameaça cada vez mais próxima de uma lei podre à nascença, a do arrendamento do sr. Arnaut.
Mas temos de saber ver, com mais profundidade os pormenores quotidianos. Não chega olhar...
Olhar para o lado não é meu hábito, quando há aberrações diante dos meus olhos.
E as mulheres não dizem nada?
Três Ao Sul
Encontro numa velha e bela adega do sul, com uma mochila transbordante de poemas. José Orta, Maria José Lascas e Luís Maçarico prepararam então as asas para o voo do sonho. Foi antes do Verão...Um dia destes é capaz de aparecer um livro do trio: dois antropólogos e uma procuradora, todos alentejanos e unidos pela terra, pelo vinho e pelo pão da Vidigueira.
IL CAGONI DI CINQUÉ TRENTA
A partir de hoje apresentamos a novela que vai fazer dores de barriga aos portugueses que se atreverem a comer tâmaras com água gelada...
No serviço de Dona Andureza, funcionária pública, doméstica, solteirona e com prisão de ventre, há uma situação de upstairs e downstairs.
No rés de chão existe um arquipélago de open space,com uma sala onde Troglotof passa o tempo a ver ejacs na net, o mesmo será dizer gajas da dança do ventre nuas e respectivas consequências, que o decoro impede de relatar.
Troglotof e Andureza cruzam-se no olhar, todos os dias, quando o colega assoma ao andar onde a matrona labora.
Ela tem inveja dele, porque todas as tardes, entre as 5 e as 6 ,o tipo sobe ao primeirio andar para obrar.
Com desdém, quando o vê, comenta:
"Lá vem o Cagão das 17 e 30!"
Hoje Troglotof esteve 14 minutos em obração.
A sanita ficou cravejada de laskas castanhudas e o pivete que invadiu o corredor, a meio do qual se situa a máquina das águas de plástico, impediu os sequiosos de sairem dos seus bunkers.
Eu sei que isto é uma história de merda, mas tão verídica, sacada do quotidano, através da qual pretendo falar da situação política do planeta e do país Nau-Catrineta...não será tudo isso também merdoso?
Tendo em atenção que vivemos num mundo globalizado, alguns episódios apresentarão o título numa língua estrangeira, como o de hoje. Na verdade, "Il Cagoni di Cinqué Trenta" traz-nos à memória Veneza, spaghetti, bombons do Ambrósio...
14 minutos, queridos leitores, do mais recôndito e fedorento prazer, é uma obra de filigrana invejável para quem não consegue soltar uma bufa sem ficar com dores de cabeça.
(Após este episódio abra a janela para respirar o frondoso ar dos escapes e despeje nos orifícios do seu WC uma tampa de Fabuloso com aroma de alfazema...Voltaremos quando lhe passar essa cor amarelenta...)
Caramba! Também tenho direito à minha diarreia mental!!!
No serviço de Dona Andureza, funcionária pública, doméstica, solteirona e com prisão de ventre, há uma situação de upstairs e downstairs.
No rés de chão existe um arquipélago de open space,com uma sala onde Troglotof passa o tempo a ver ejacs na net, o mesmo será dizer gajas da dança do ventre nuas e respectivas consequências, que o decoro impede de relatar.
Troglotof e Andureza cruzam-se no olhar, todos os dias, quando o colega assoma ao andar onde a matrona labora.
Ela tem inveja dele, porque todas as tardes, entre as 5 e as 6 ,o tipo sobe ao primeirio andar para obrar.
Com desdém, quando o vê, comenta:
"Lá vem o Cagão das 17 e 30!"
Hoje Troglotof esteve 14 minutos em obração.
A sanita ficou cravejada de laskas castanhudas e o pivete que invadiu o corredor, a meio do qual se situa a máquina das águas de plástico, impediu os sequiosos de sairem dos seus bunkers.
Eu sei que isto é uma história de merda, mas tão verídica, sacada do quotidano, através da qual pretendo falar da situação política do planeta e do país Nau-Catrineta...não será tudo isso também merdoso?
Tendo em atenção que vivemos num mundo globalizado, alguns episódios apresentarão o título numa língua estrangeira, como o de hoje. Na verdade, "Il Cagoni di Cinqué Trenta" traz-nos à memória Veneza, spaghetti, bombons do Ambrósio...
14 minutos, queridos leitores, do mais recôndito e fedorento prazer, é uma obra de filigrana invejável para quem não consegue soltar uma bufa sem ficar com dores de cabeça.
(Após este episódio abra a janela para respirar o frondoso ar dos escapes e despeje nos orifícios do seu WC uma tampa de Fabuloso com aroma de alfazema...Voltaremos quando lhe passar essa cor amarelenta...)
Caramba! Também tenho direito à minha diarreia mental!!!
Sofia B. Fotografou-me!
quarta-feira, novembro 10, 2004
Memórias da Rádio
Cresci a escutar rádio.
Recordo-me por exemplo dos programas infantis de Madalena Patacho, na ex-Emissora Nacional. Ainda oiço o separador musical na minha cabeça...
Lembro-me do Luís Filipe Costa e da Tany Belo no Rádio Clube Português. A Matinée Teatral e a Ribalta, que passavam às 14 e 30 e às 20 e 15...
A Carmen Dolores, o Manuel Lereno e o Mário Sargedas davam voz a personagens diversos consoante os argumentos: "A Muralha do Ódio", "A Sombra da Outra", "Almas Inimigas"...e pelo meio spots publicitários da Colgate-Palmolive...
Sempre preferi ouvir rádio, a televisão entrou em 1970 na minha casa e o seu reino não chegou a durar uma década. Quando avariou,e os aldrabões dos técnicos não a repararam como devia de ser, ofereci-a a um vagabundo e nunca mais voltou a entrar um aparelho televisivo neste velho andar da Praça da Armada...
O "Programa dos Doentinhos", a "Parada da Paródia", o "Comboio das Seis e Meia" nos Emissores Associados de Lisboa (Rádio Graça, Clube Radiofónico de Portugal, Rádio Voz de Lisboa)
E sintonizando de novo o RCP, o Fernando Curado Ribeiro e o seu interessante programa "Leitura",com Tchaikowski a anunciar que o programa ia começar, "O Segredo da Abelha", de José Leite Rosa, "A Vida é Assim",com o José de Oliveira Cosme, a Mary e o velho anúncio:
"Candeeiros bem bonitos
modernos, originais,
compre-os na Rádio Vitória,
não se preocupe mais.
Lá na Rua da Vitória
quarenta e seis quarenta e oito
satisfaz-se plenamente
o cliente mais afoito
Porque na Rádio Vitória
Embaixada do bom gosto
Quem lá vai é bem servido
e sai sempre bem disposto!"
Velho anúncio do qual me recordava cerca de 90%, mas que www.truca.pt teve o condão de mo recordar completamente.
O programa "Talismã" de Gilberto Cotta com Eugénia Maria a acordar-me, nas manhãs de escola, carro operário, Maria João Aguiar e Henrique Mendes no "Clube das Donas de Casa" e Igrejas Caeiro e os "Companheiros da Alegria", com Irene e Elvira Velez e Vasco Santana.
Tantas memórias que surgem em turbilhão, anárquicas, difíceis de organizar, para quem começou a habituar-se a escrever directamente.
Tanta coisa para partilhar, mas curiosamente da Renascença só tenho a ideia de terços, missas,sermões, Semanas Santas de preces, orações e relatos de procissões das velas em Fátima...
A minha vida foi-se desenrolando ao som dos velhos aparelhos de rádio, que me ajudavam a sonhar e a saber do Mundo o que os mandantes deixavam que se soubesse.
"Está lá? É do programa "Quando o Telefone Toca? Posso dizer a frase? "Lanalgo:Três entradas para uma saída feliz!...Olhe, eu queria ouvir..."
Nunca telefonei mas passei noites a fio ouvindo os discos escolhidos. E "A Grande Roda", o "Tempo Zip", o "PBX"...
Nesse tempo não havia Internet e saía à noite à rua, com os colegas de escola, íamos até à Baixa ver montras, o movimento,os cartazes de cinema e revista...
Houve vozes que adorei ouvir como a Esmeralda Serrano na Antena 1 até há muito pouco tempo,entrevistando escritores, pintores, artistas, gente diferente que vinha partilhar os seus dias com ouvintes assim como eu, deslumbrados a sorver as palavras, e houve o "Pão com Manteiga", o "Rebéubéu Pardais ao Ninho"...
Ainda hoje continuo a escutar as "histórias da música e outras", do António Cartaxo, o "Rittornello", os programas de Vanda de Freitas com Ruy Vieira Nery, os "Cinco Minutos de Jazz" e "A Menina Dança", do José Duarte e "O Amor é..." de Júlio Machado Vaz.
As overdósicas, insultuosas enxurradas de futebol (das 15 às 24) roubaram-me a fruição de "A Hora das Cigarras".
Devo ser dos poucos portugueses que muda de posto quando a rádio transmite relatos de futebol e eles são ao sábado, ao domingo, à segunda, à terça, à quarta,- todos os dias se possível, para embrutecer ainda mais a imensa maioria de cabeças quadradas.
Houve um tempo em que escutei a TSF, mas o insuportável peso da publicidade histérica, gritada,impingida constantemente e sobretudo à hora das notícias fez com que a arredasse dos postos que aprecio. Raramente se ouve aqui em casa a RFM. A Antena 1 e a 2 são as que sintonizo 99%.
Cresci com esta magia.de dia e de noite, habituei-me a adormecer ao som da música da telefonia portátil.
Hei-de morrer fiel a este amor.
Recordo-me por exemplo dos programas infantis de Madalena Patacho, na ex-Emissora Nacional. Ainda oiço o separador musical na minha cabeça...
Lembro-me do Luís Filipe Costa e da Tany Belo no Rádio Clube Português. A Matinée Teatral e a Ribalta, que passavam às 14 e 30 e às 20 e 15...
A Carmen Dolores, o Manuel Lereno e o Mário Sargedas davam voz a personagens diversos consoante os argumentos: "A Muralha do Ódio", "A Sombra da Outra", "Almas Inimigas"...e pelo meio spots publicitários da Colgate-Palmolive...
Sempre preferi ouvir rádio, a televisão entrou em 1970 na minha casa e o seu reino não chegou a durar uma década. Quando avariou,e os aldrabões dos técnicos não a repararam como devia de ser, ofereci-a a um vagabundo e nunca mais voltou a entrar um aparelho televisivo neste velho andar da Praça da Armada...
O "Programa dos Doentinhos", a "Parada da Paródia", o "Comboio das Seis e Meia" nos Emissores Associados de Lisboa (Rádio Graça, Clube Radiofónico de Portugal, Rádio Voz de Lisboa)
E sintonizando de novo o RCP, o Fernando Curado Ribeiro e o seu interessante programa "Leitura",com Tchaikowski a anunciar que o programa ia começar, "O Segredo da Abelha", de José Leite Rosa, "A Vida é Assim",com o José de Oliveira Cosme, a Mary e o velho anúncio:
"Candeeiros bem bonitos
modernos, originais,
compre-os na Rádio Vitória,
não se preocupe mais.
Lá na Rua da Vitória
quarenta e seis quarenta e oito
satisfaz-se plenamente
o cliente mais afoito
Porque na Rádio Vitória
Embaixada do bom gosto
Quem lá vai é bem servido
e sai sempre bem disposto!"
Velho anúncio do qual me recordava cerca de 90%, mas que www.truca.pt teve o condão de mo recordar completamente.
O programa "Talismã" de Gilberto Cotta com Eugénia Maria a acordar-me, nas manhãs de escola, carro operário, Maria João Aguiar e Henrique Mendes no "Clube das Donas de Casa" e Igrejas Caeiro e os "Companheiros da Alegria", com Irene e Elvira Velez e Vasco Santana.
Tantas memórias que surgem em turbilhão, anárquicas, difíceis de organizar, para quem começou a habituar-se a escrever directamente.
Tanta coisa para partilhar, mas curiosamente da Renascença só tenho a ideia de terços, missas,sermões, Semanas Santas de preces, orações e relatos de procissões das velas em Fátima...
A minha vida foi-se desenrolando ao som dos velhos aparelhos de rádio, que me ajudavam a sonhar e a saber do Mundo o que os mandantes deixavam que se soubesse.
"Está lá? É do programa "Quando o Telefone Toca? Posso dizer a frase? "Lanalgo:Três entradas para uma saída feliz!...Olhe, eu queria ouvir..."
Nunca telefonei mas passei noites a fio ouvindo os discos escolhidos. E "A Grande Roda", o "Tempo Zip", o "PBX"...
Nesse tempo não havia Internet e saía à noite à rua, com os colegas de escola, íamos até à Baixa ver montras, o movimento,os cartazes de cinema e revista...
Houve vozes que adorei ouvir como a Esmeralda Serrano na Antena 1 até há muito pouco tempo,entrevistando escritores, pintores, artistas, gente diferente que vinha partilhar os seus dias com ouvintes assim como eu, deslumbrados a sorver as palavras, e houve o "Pão com Manteiga", o "Rebéubéu Pardais ao Ninho"...
Ainda hoje continuo a escutar as "histórias da música e outras", do António Cartaxo, o "Rittornello", os programas de Vanda de Freitas com Ruy Vieira Nery, os "Cinco Minutos de Jazz" e "A Menina Dança", do José Duarte e "O Amor é..." de Júlio Machado Vaz.
As overdósicas, insultuosas enxurradas de futebol (das 15 às 24) roubaram-me a fruição de "A Hora das Cigarras".
Devo ser dos poucos portugueses que muda de posto quando a rádio transmite relatos de futebol e eles são ao sábado, ao domingo, à segunda, à terça, à quarta,- todos os dias se possível, para embrutecer ainda mais a imensa maioria de cabeças quadradas.
Houve um tempo em que escutei a TSF, mas o insuportável peso da publicidade histérica, gritada,impingida constantemente e sobretudo à hora das notícias fez com que a arredasse dos postos que aprecio. Raramente se ouve aqui em casa a RFM. A Antena 1 e a 2 são as que sintonizo 99%.
Cresci com esta magia.de dia e de noite, habituei-me a adormecer ao som da música da telefonia portátil.
Hei-de morrer fiel a este amor.
Pérolas de um Colar Partido
A viagem das palavras e das ideias que elas veiculam, aqui, nesta "estrada larga" que é a blogosfera, tem-me trazido belas surpresas, que desejo partilhar com todos vós, conhecidos e desconhecidos leitores, que a pouco e pouco me vou apercebendo que o "águas do sul" tem.
Pelos sinais que tenho recebido, nos comentários aos textos que vou apresentando, tentando ser regular,em opiniões que alguns blogistas deixam, ou nos blogs onde todos vamos beber sabedoria, energia, encantamento, descobrimo-nos leitores uns dos outros, casualmente ou não, e sem entrar em salamaleques (palavra árabe, cuja origem será o célebre "Salam 'alaik", ou seja, "a paz(seja) connvosco" (Vocabulário Português de Origem Árabe, de José Pedro Machado,p. 120)a sensibilidade de cada um, como um íman atrai afectos.
Na lista dos meus afectos bloguísticos incluo agora dois novos sítios que têm de ser saboreados como o chocolate da infância...
Que bonito eternurento é o:
http://riachos-e-margaridas.blogspot.com/
A poesia e a aprendizagem da vida com a delicadeza de vocábulos experimentados.
E que delícia ter encontrado o:
http://nofiodanavalha.blogspot.com/
A poesia, o cinema, a dança, o music hall, esse homem fantástico, rio de força e sofrimento que se chama José Manuel Osório (leiam os seus textos a propósito da Sida: comovente e exemplar!)
Não quero também deixar de referir outro local de prazer e reflexão, aqui neste território de realidades expostas e de ilusões virtuais:
http://adufe.weblog.com.pt/
Visitem-nos e depois digam se tenho ou não razão, se não valeu a pena?
É bom estar bem acompanhado por estas pessoas: o sonho ainda anda por aí, só que andamos dispersos como pérolas de um colar partido...
Pelos sinais que tenho recebido, nos comentários aos textos que vou apresentando, tentando ser regular,em opiniões que alguns blogistas deixam, ou nos blogs onde todos vamos beber sabedoria, energia, encantamento, descobrimo-nos leitores uns dos outros, casualmente ou não, e sem entrar em salamaleques (palavra árabe, cuja origem será o célebre "Salam 'alaik", ou seja, "a paz(seja) connvosco" (Vocabulário Português de Origem Árabe, de José Pedro Machado,p. 120)a sensibilidade de cada um, como um íman atrai afectos.
Na lista dos meus afectos bloguísticos incluo agora dois novos sítios que têm de ser saboreados como o chocolate da infância...
Que bonito eternurento é o:
http://riachos-e-margaridas.blogspot.com/
A poesia e a aprendizagem da vida com a delicadeza de vocábulos experimentados.
E que delícia ter encontrado o:
http://nofiodanavalha.blogspot.com/
A poesia, o cinema, a dança, o music hall, esse homem fantástico, rio de força e sofrimento que se chama José Manuel Osório (leiam os seus textos a propósito da Sida: comovente e exemplar!)
Não quero também deixar de referir outro local de prazer e reflexão, aqui neste território de realidades expostas e de ilusões virtuais:
http://adufe.weblog.com.pt/
Visitem-nos e depois digam se tenho ou não razão, se não valeu a pena?
É bom estar bem acompanhado por estas pessoas: o sonho ainda anda por aí, só que andamos dispersos como pérolas de um colar partido...
terça-feira, novembro 09, 2004
Katia Guerreiro na Televisão Tunisina
Já que estou numa de poliglota, depois da versão inglesa da Canção da Estrada Larga, de Walt Whitman, uma notícia, em francês, para fazer bem ao ego.Saiu no dia 2 no La Presse da Tunísia:
"Katia Guerreiro chante le fado au TVT.La femme et les guitares
Le spectacle de fado, genre de chant portugais, produit le samedi 30 octobre au TVT, a drainé beaucoup de monde, amateurs de musique en général, habitués du festival et amoureux du monde lusophone.
La vedette de la soirée, Katia Guerreiro, a commencé son spectacle avec un léger retard, somme toute excusable (problème technique, dit-elle). Avec beaucoup de sens du partage (élément cardinal dans le chant fado), elle a présenté ses chansons qui tournent forcément autour de l’amour. L’Amour avec un grand A, à la fois charnel et immortel, elle déclame, chante les amours impossibles, les tristesses du départ et du manque, elle le fait passionnément, la tête légèrement inclinée vers l’arrière, les yeux baissés, les mains derrière le dos, se dandinant langoureusement, toute entière vouée au sens des paroles de ses chansons dont quelques-unes sont composées par ses partenaires musiciens à la guitare espagnole et traditionnelle. Avec elle, la femme pourrait ressembler à une guitare, à des boucles d’oreilles ou à une jupe que l’on oublie lors d’un rendez-vous galant.
Elle chante non pas comme on respire, ses phrases s’enchaînent en cascade, tristes, brisant l’air et bien des cœurs, Katia Guerreiro affirme que le fado connaît actuellement une évolution vers l’optimisme et la joie de vivre. Faisons en sorte de la croire. Triste ou gai, le fado qu’elle nous a servi, ce soir-là, nous a simplement éblouis.
H.H.
Esta e outras notícias daquele país podem ser consultadas no site
http://www.lapresse.tn/archives/archives021104/culture/lafemme.html
"Katia Guerreiro chante le fado au TVT.La femme et les guitares
Le spectacle de fado, genre de chant portugais, produit le samedi 30 octobre au TVT, a drainé beaucoup de monde, amateurs de musique en général, habitués du festival et amoureux du monde lusophone.
La vedette de la soirée, Katia Guerreiro, a commencé son spectacle avec un léger retard, somme toute excusable (problème technique, dit-elle). Avec beaucoup de sens du partage (élément cardinal dans le chant fado), elle a présenté ses chansons qui tournent forcément autour de l’amour. L’Amour avec un grand A, à la fois charnel et immortel, elle déclame, chante les amours impossibles, les tristesses du départ et du manque, elle le fait passionnément, la tête légèrement inclinée vers l’arrière, les yeux baissés, les mains derrière le dos, se dandinant langoureusement, toute entière vouée au sens des paroles de ses chansons dont quelques-unes sont composées par ses partenaires musiciens à la guitare espagnole et traditionnelle. Avec elle, la femme pourrait ressembler à une guitare, à des boucles d’oreilles ou à une jupe que l’on oublie lors d’un rendez-vous galant.
Elle chante non pas comme on respire, ses phrases s’enchaînent en cascade, tristes, brisant l’air et bien des cœurs, Katia Guerreiro affirme que le fado connaît actuellement une évolution vers l’optimisme et la joie de vivre. Faisons en sorte de la croire. Triste ou gai, le fado qu’elle nous a servi, ce soir-là, nous a simplement éblouis.
H.H.
Esta e outras notícias daquele país podem ser consultadas no site
http://www.lapresse.tn/archives/archives021104/culture/lafemme.html
Walt Whitman- Song of the Open Road
Vale a pena saborear, mesmo que seja em inglês, este poeta
Song of the Open Road
1
AFOOT and light-hearted, I take to the open road,
Healthy, free, the world before me,
The long brown path before me, leading wherever I choose.
Henceforth I ask not good-fortune—I myself am good fortune;
Henceforth I whimper no more, postpone no more, need nothing, 5
Strong and content, I travel the open road.
The earth—that is sufficient;
I do not want the constellations any nearer;
I know they are very well where they are;
I know they suffice for those who belong to them. 10
(Still here I carry my old delicious burdens;
I carry them, men and women—I carry them with me wherever I go;
I swear it is impossible for me to get rid of them;
I am fill’d with them, and I will fill them in return.)
2
You road I enter upon and look around! I believe you are not all that is here; 15
I believe that much unseen is also here.
Here the profound lesson of reception, neither preference or denial;
The black with his woolly head, the felon, the diseas’d, the illiterate person, are not denied;
The birth, the hasting after the physician, the beggar’s tramp, the drunkard’s stagger, the laughing party of mechanics,
The escaped youth, the rich person’s carriage, the fop, the eloping couple, 20
The early market-man, the hearse, the moving of furniture into the town, the return back from the town,
They pass—I also pass—anything passes—none can be interdicted;
None but are accepted—none but are dear to me.
3
You air that serves me with breath to speak!
You objects that call from diffusion my meanings, and give them shape! 25
You light that wraps me and all things in delicate equable showers!
You paths worn in the irregular hollows by the roadsides!
I think you are latent with unseen existences—you are so dear to me.
You flagg’d walks of the cities! you strong curbs at the edges!
You ferries! you planks and posts of wharves! you timber-lined sides! you distant ships! 30
You rows of houses! you window-pierc’d façades! you roofs!
You porches and entrances! you copings and iron guards!
You windows whose transparent shells might expose so much!
You doors and ascending steps! you arches!
You gray stones of interminable pavements! you trodden crossings! 35
From all that has been near you, I believe you have imparted to yourselves, and now would impart the same secretly to me;
From the living and the dead I think you have peopled your impassive surfaces, and the spirits thereof would be evident and amicable with me.
4
The earth expanding right hand and left hand,
The picture alive, every part in its best light,
The music falling in where it is wanted, and stopping where it is not wanted, 40
The cheerful voice of the public road—the gay fresh sentiment of the road.
O highway I travel! O public road! do you say to me, Do not leave me?
Do you say, Venture not? If you leave me, you are lost?
Do you say, I am already prepared—I am well-beaten and undenied—adhere to me?
O public road! I say back, I am not afraid to leave you—yet I love you; 45
You express me better than I can express myself;
You shall be more to me than my poem.
I think heroic deeds were all conceiv’d in the open air, and all great poems also;
I think I could stop here myself, and do miracles;
(My judgments, thoughts, I henceforth try by the open air, the road;) 50
I think whatever I shall meet on the road I shall like, and whoever beholds me shall like me;
I think whoever I see must be happy.
5
From this hour, freedom!
From this hour I ordain myself loos’d of limits and imaginary lines,
Going where I list, my own master, total and absolute, 55
Listening to others, and considering well what they say,
Pausing, searching, receiving, contemplating,
Gently, but with undeniable will, divesting myself of the holds that would hold me.
I inhale great draughts of space;
The east and the west are mine, and the north and the south are mine. 60
I am larger, better than I thought;
I did not know I held so much goodness.
All seems beautiful to me;
I can repeat over to men and women, You have done such good to me, I would do the same to you.
I will recruit for myself and you as I go; 65
I will scatter myself among men and women as I go;
I will toss the new gladness and roughness among them;
Whoever denies me, it shall not trouble me;
Whoever accepts me, he or she shall be blessed, and shall bless me.
6
Now if a thousand perfect men were to appear, it would not amaze me; 70
Now if a thousand beautiful forms of women appear’d, it would not astonish me.
Now I see the secret of the making of the best persons,
It is to grow in the open air, and to eat and sleep with the earth.
Here a great personal deed has room;
A great deed seizes upon the hearts of the whole race of men, 75
Its effusion of strength and will overwhelms law, and mocks all authority and all argument against it.
Here is the test of wisdom;
Wisdom is not finally tested in schools;
Wisdom cannot be pass’d from one having it, to another not having it;
Wisdom is of the Soul, is not susceptible of proof, is its own proof, 80
Applies to all stages and objects and qualities, and is content,
Is the certainty of the reality and immortality of things, and the excellence of things;
Something there is in the float of the sight of things that provokes it out of the Soul.
Now I reëxamine philosophies and religions,
They may prove well in lecture-rooms, yet not prove at all under the spacious clouds, and along the landscape and flowing currents. 85
Here is realization;
Here is a man tallied—he realizes here what he has in him;
The past, the future, majesty, love—if they are vacant of you, you are vacant of them.
Only the kernel of every object nourishes;
Where is he who tears off the husks for you and me? 90
Where is he that undoes stratagems and envelopes for you and me?
Here is adhesiveness—it is not previously fashion’d—it is apropos;
Do you know what it is, as you pass, to be loved by strangers?
Do you know the talk of those turning eye-balls?
7
Here is the efflux of the Soul; 95
The efflux of the Soul comes from within, through embower’d gates, ever provoking questions:
These yearnings, why are they? These thoughts in the darkness, why are they?
Why are there men and women that while they are nigh me, the sun-light expands my blood?
Why, when they leave me, do my pennants of joy sink flat and lank?
Why are there trees I never walk under, but large and melodious thoughts descend upon me? 100
(I think they hang there winter and summer on those trees, and always drop fruit as I pass;)
What is it I interchange so suddenly with strangers?
What with some driver, as I ride on the seat by his side?
What with some fisherman, drawing his seine by the shore, as I walk by, and pause?
What gives me to be free to a woman’s or man’s good-will? What gives them to be free to mine? 105
8
The efflux of the Soul is happiness—here is happiness;
I think it pervades the open air, waiting at all times;
Now it flows unto us—we are rightly charged.
Here rises the fluid and attaching character;
The fluid and attaching character is the freshness and sweetness of man and woman; 110
(The herbs of the morning sprout no fresher and sweeter every day out of the roots of themselves, than it sprouts fresh and sweet continually out of itself.)
Toward the fluid and attaching character exudes the sweat of the love of young and old;
From it falls distill’d the charm that mocks beauty and attainments;
Toward it heaves the shuddering longing ache of contact.
9
Allons! whoever you are, come travel with me! 115
Traveling with me, you find what never tires.
The earth never tires;
The earth is rude, silent, incomprehensible at first—Nature is rude and incomprehensible at first;
Be not discouraged—keep on—there are divine things, well envelop’d;
I swear to you there are divine things more beautiful than words can tell. 120
Allons! we must not stop here!
However sweet these laid-up stores—however convenient this dwelling, we cannot remain here;
However shelter’d this port, and however calm these waters, we must not anchor here;
However welcome the hospitality that surrounds us, we are permitted to receive it but a little while.
10
Allons! the inducements shall be greater; 125
We will sail pathless and wild seas;
We will go where winds blow, waves dash, and the Yankee clipper speeds by under full sail.
Allons! with power, liberty, the earth, the elements!
Health, defiance, gayety, self-esteem, curiosity;
Allons! from all formules! 130
From your formules, O bat-eyed and materialistic priests!
The stale cadaver blocks up the passage—the burial waits no longer.
Allons! yet take warning!
He traveling with me needs the best blood, thews, endurance;
None may come to the trial, till he or she bring courage and health. 135
Come not here if you have already spent the best of yourself;
Only those may come, who come in sweet and determin’d bodies;
No diseas’d person—no rum-drinker or venereal taint is permitted here.
I and mine do not convince by arguments, similes, rhymes;
We convince by our presence. 140
11
Listen! I will be honest with you;
I do not offer the old smooth prizes, but offer rough new prizes;
These are the days that must happen to you:
You shall not heap up what is call’d riches,
You shall scatter with lavish hand all that you earn or achieve, 145
You but arrive at the city to which you were destin’d—you hardly settle yourself to satisfaction, before you are call’d by an irresistible call to depart,
You shall be treated to the ironical smiles and mockings of those who remain behind you;
What beckonings of love you receive, you shall only answer with passionate kisses of parting,
You shall not allow the hold of those who spread their reach’d hands toward you.
12
Allons! after the GREAT COMPANIONS! and to belong to them! 150
They too are on the road! they are the swift and majestic men; they are the greatest women.
Over that which hinder’d them—over that which retarded—passing impediments large or small,
Committers of crimes, committers of many beautiful virtues,
Enjoyers of calms of seas, and storms of seas,
Sailors of many a ship, walkers of many a mile of land, 155
Habitués of many distant countries, habitués of far-distant dwellings,
Trusters of men and women, observers of cities, solitary toilers,
Pausers and contemplators of tufts, blossoms, shells of the shore,
Dancers at wedding-dances, kissers of brides, tender helpers of children, bearers of children,
Soldiers of revolts, standers by gaping graves, lowerers down of coffins, 160
Journeyers over consecutive seasons, over the years—the curious years, each emerging from that which preceded it,
Journeyers as with companions, namely, their own diverse phases,
Forth-steppers from the latent unrealized baby-days,
Journeyers gayly with their own youth—Journeyers with their bearded and well-grain’d manhood,
Journeyers with their womanhood, ample, unsurpass’d, content, 165
Journeyers with their own sublime old age of manhood or womanhood,
Old age, calm, expanded, broad with the haughty breadth of the universe,
Old age, flowing free with the delicious near-by freedom of death.
13
Allons! to that which is endless, as it was beginningless,
To undergo much, tramps of days, rests of nights, 170
To merge all in the travel they tend to, and the days and nights they tend to,
Again to merge them in the start of superior journeys;
To see nothing anywhere but what you may reach it and pass it,
To conceive no time, however distant, but what you may reach it and pass it,
To look up or down no road but it stretches and waits for you—however long, but it stretches and waits for you; 175
To see no being, not God’s or any, but you also go thither,
To see no possession but you may possess it—enjoying all without labor or purchase—abstracting the feast, yet not abstracting one particle of it;
To take the best of the farmer’s farm and the rich man’s elegant villa, and the chaste blessings of the well-married couple, and the fruits of orchards and flowers of gardens,
To take to your use out of the compact cities as you pass through,
To carry buildings and streets with you afterward wherever you go, 180
To gather the minds of men out of their brains as you encounter them—to gather the love out of their hearts,
To take your lovers on the road with you, for all that you leave them behind you,
To know the universe itself as a road—as many roads—as roads for traveling souls.
14
The Soul travels;
The body does not travel as much as the soul; 185
The body has just as great a work as the soul, and parts away at last for the journeys of the soul.
All parts away for the progress of souls;
All religion, all solid things, arts, governments,—all that was or is apparent upon this globe or any globe, falls into niches and corners before the procession of Souls along the grand roads of the universe.
Of the progress of the souls of men and women along the grand roads of the universe, all other progress is the needed emblem and sustenance.
Forever alive, forever forward, 190
Stately, solemn, sad, withdrawn, baffled, mad, turbulent, feeble, dissatisfied,
Desperate, proud, fond, sick, accepted by men, rejected by men,
They go! they go! I know that they go, but I know not where they go;
But I know that they go toward the best—toward something great.
15
Allons! whoever you are! come forth! 195
You must not stay sleeping and dallying there in the house, though you built it, or though it has been built for you.
Allons! out of the dark confinement!
It is useless to protest—I know all, and expose it.
Behold, through you as bad as the rest,
Through the laughter, dancing, dining, supping, of people, 200
Inside of dresses and ornaments, inside of those wash’d and trimm’d faces,
Behold a secret silent loathing and despair.
No husband, no wife, no friend, trusted to hear the confession;
Another self, a duplicate of every one, skulking and hiding it goes,
Formless and wordless through the streets of the cities, polite and bland in the parlors, 205
In the cars of rail-roads, in steamboats, in the public assembly,
Home to the houses of men and women, at the table, in the bed-room, everywhere,
Smartly attired, countenance smiling, form upright, death under the breast-bones, hell under the skull-bones,
Under the broadcloth and gloves, under the ribbons and artificial flowers,
Keeping fair with the customs, speaking not a syllable of itself, 210
Speaking of anything else, but never of itself.
16
Allons! through struggles and wars!
The goal that was named cannot be countermanded.
Have the past struggles succeeded?
What has succeeded? yourself? your nation? nature? 215
Now understand me well—It is provided in the essence of things, that from any fruition of success, no matter what, shall come forth something to make a greater struggle necessary.
My call is the call of battle—I nourish active rebellion;
He going with me must go well arm’d;
He going with me goes often with spare diet, poverty, angry enemies, desertions.
17
Allons! the road is before us! 220
It is safe—I have tried it—my own feet have tried it well.
Allons! be not detain’d!
Let the paper remain on the desk unwritten, and the book on the shelf unopen’d!
Let the tools remain in the workshop! let the money remain unearn’d!
Let the school stand! mind not the cry of the teacher! 225
Let the preacher preach in his pulpit! let the lawyer plead in the court, and the judge expound the law.
Mon enfant! I give you my hand!
I give you my love, more precious than money,
I give you myself, before preaching or law;
Will you give me yourself? will you come travel with me? 230
Shall we stick by each other as long as we live?
Song of the Open Road
1
AFOOT and light-hearted, I take to the open road,
Healthy, free, the world before me,
The long brown path before me, leading wherever I choose.
Henceforth I ask not good-fortune—I myself am good fortune;
Henceforth I whimper no more, postpone no more, need nothing, 5
Strong and content, I travel the open road.
The earth—that is sufficient;
I do not want the constellations any nearer;
I know they are very well where they are;
I know they suffice for those who belong to them. 10
(Still here I carry my old delicious burdens;
I carry them, men and women—I carry them with me wherever I go;
I swear it is impossible for me to get rid of them;
I am fill’d with them, and I will fill them in return.)
2
You road I enter upon and look around! I believe you are not all that is here; 15
I believe that much unseen is also here.
Here the profound lesson of reception, neither preference or denial;
The black with his woolly head, the felon, the diseas’d, the illiterate person, are not denied;
The birth, the hasting after the physician, the beggar’s tramp, the drunkard’s stagger, the laughing party of mechanics,
The escaped youth, the rich person’s carriage, the fop, the eloping couple, 20
The early market-man, the hearse, the moving of furniture into the town, the return back from the town,
They pass—I also pass—anything passes—none can be interdicted;
None but are accepted—none but are dear to me.
3
You air that serves me with breath to speak!
You objects that call from diffusion my meanings, and give them shape! 25
You light that wraps me and all things in delicate equable showers!
You paths worn in the irregular hollows by the roadsides!
I think you are latent with unseen existences—you are so dear to me.
You flagg’d walks of the cities! you strong curbs at the edges!
You ferries! you planks and posts of wharves! you timber-lined sides! you distant ships! 30
You rows of houses! you window-pierc’d façades! you roofs!
You porches and entrances! you copings and iron guards!
You windows whose transparent shells might expose so much!
You doors and ascending steps! you arches!
You gray stones of interminable pavements! you trodden crossings! 35
From all that has been near you, I believe you have imparted to yourselves, and now would impart the same secretly to me;
From the living and the dead I think you have peopled your impassive surfaces, and the spirits thereof would be evident and amicable with me.
4
The earth expanding right hand and left hand,
The picture alive, every part in its best light,
The music falling in where it is wanted, and stopping where it is not wanted, 40
The cheerful voice of the public road—the gay fresh sentiment of the road.
O highway I travel! O public road! do you say to me, Do not leave me?
Do you say, Venture not? If you leave me, you are lost?
Do you say, I am already prepared—I am well-beaten and undenied—adhere to me?
O public road! I say back, I am not afraid to leave you—yet I love you; 45
You express me better than I can express myself;
You shall be more to me than my poem.
I think heroic deeds were all conceiv’d in the open air, and all great poems also;
I think I could stop here myself, and do miracles;
(My judgments, thoughts, I henceforth try by the open air, the road;) 50
I think whatever I shall meet on the road I shall like, and whoever beholds me shall like me;
I think whoever I see must be happy.
5
From this hour, freedom!
From this hour I ordain myself loos’d of limits and imaginary lines,
Going where I list, my own master, total and absolute, 55
Listening to others, and considering well what they say,
Pausing, searching, receiving, contemplating,
Gently, but with undeniable will, divesting myself of the holds that would hold me.
I inhale great draughts of space;
The east and the west are mine, and the north and the south are mine. 60
I am larger, better than I thought;
I did not know I held so much goodness.
All seems beautiful to me;
I can repeat over to men and women, You have done such good to me, I would do the same to you.
I will recruit for myself and you as I go; 65
I will scatter myself among men and women as I go;
I will toss the new gladness and roughness among them;
Whoever denies me, it shall not trouble me;
Whoever accepts me, he or she shall be blessed, and shall bless me.
6
Now if a thousand perfect men were to appear, it would not amaze me; 70
Now if a thousand beautiful forms of women appear’d, it would not astonish me.
Now I see the secret of the making of the best persons,
It is to grow in the open air, and to eat and sleep with the earth.
Here a great personal deed has room;
A great deed seizes upon the hearts of the whole race of men, 75
Its effusion of strength and will overwhelms law, and mocks all authority and all argument against it.
Here is the test of wisdom;
Wisdom is not finally tested in schools;
Wisdom cannot be pass’d from one having it, to another not having it;
Wisdom is of the Soul, is not susceptible of proof, is its own proof, 80
Applies to all stages and objects and qualities, and is content,
Is the certainty of the reality and immortality of things, and the excellence of things;
Something there is in the float of the sight of things that provokes it out of the Soul.
Now I reëxamine philosophies and religions,
They may prove well in lecture-rooms, yet not prove at all under the spacious clouds, and along the landscape and flowing currents. 85
Here is realization;
Here is a man tallied—he realizes here what he has in him;
The past, the future, majesty, love—if they are vacant of you, you are vacant of them.
Only the kernel of every object nourishes;
Where is he who tears off the husks for you and me? 90
Where is he that undoes stratagems and envelopes for you and me?
Here is adhesiveness—it is not previously fashion’d—it is apropos;
Do you know what it is, as you pass, to be loved by strangers?
Do you know the talk of those turning eye-balls?
7
Here is the efflux of the Soul; 95
The efflux of the Soul comes from within, through embower’d gates, ever provoking questions:
These yearnings, why are they? These thoughts in the darkness, why are they?
Why are there men and women that while they are nigh me, the sun-light expands my blood?
Why, when they leave me, do my pennants of joy sink flat and lank?
Why are there trees I never walk under, but large and melodious thoughts descend upon me? 100
(I think they hang there winter and summer on those trees, and always drop fruit as I pass;)
What is it I interchange so suddenly with strangers?
What with some driver, as I ride on the seat by his side?
What with some fisherman, drawing his seine by the shore, as I walk by, and pause?
What gives me to be free to a woman’s or man’s good-will? What gives them to be free to mine? 105
8
The efflux of the Soul is happiness—here is happiness;
I think it pervades the open air, waiting at all times;
Now it flows unto us—we are rightly charged.
Here rises the fluid and attaching character;
The fluid and attaching character is the freshness and sweetness of man and woman; 110
(The herbs of the morning sprout no fresher and sweeter every day out of the roots of themselves, than it sprouts fresh and sweet continually out of itself.)
Toward the fluid and attaching character exudes the sweat of the love of young and old;
From it falls distill’d the charm that mocks beauty and attainments;
Toward it heaves the shuddering longing ache of contact.
9
Allons! whoever you are, come travel with me! 115
Traveling with me, you find what never tires.
The earth never tires;
The earth is rude, silent, incomprehensible at first—Nature is rude and incomprehensible at first;
Be not discouraged—keep on—there are divine things, well envelop’d;
I swear to you there are divine things more beautiful than words can tell. 120
Allons! we must not stop here!
However sweet these laid-up stores—however convenient this dwelling, we cannot remain here;
However shelter’d this port, and however calm these waters, we must not anchor here;
However welcome the hospitality that surrounds us, we are permitted to receive it but a little while.
10
Allons! the inducements shall be greater; 125
We will sail pathless and wild seas;
We will go where winds blow, waves dash, and the Yankee clipper speeds by under full sail.
Allons! with power, liberty, the earth, the elements!
Health, defiance, gayety, self-esteem, curiosity;
Allons! from all formules! 130
From your formules, O bat-eyed and materialistic priests!
The stale cadaver blocks up the passage—the burial waits no longer.
Allons! yet take warning!
He traveling with me needs the best blood, thews, endurance;
None may come to the trial, till he or she bring courage and health. 135
Come not here if you have already spent the best of yourself;
Only those may come, who come in sweet and determin’d bodies;
No diseas’d person—no rum-drinker or venereal taint is permitted here.
I and mine do not convince by arguments, similes, rhymes;
We convince by our presence. 140
11
Listen! I will be honest with you;
I do not offer the old smooth prizes, but offer rough new prizes;
These are the days that must happen to you:
You shall not heap up what is call’d riches,
You shall scatter with lavish hand all that you earn or achieve, 145
You but arrive at the city to which you were destin’d—you hardly settle yourself to satisfaction, before you are call’d by an irresistible call to depart,
You shall be treated to the ironical smiles and mockings of those who remain behind you;
What beckonings of love you receive, you shall only answer with passionate kisses of parting,
You shall not allow the hold of those who spread their reach’d hands toward you.
12
Allons! after the GREAT COMPANIONS! and to belong to them! 150
They too are on the road! they are the swift and majestic men; they are the greatest women.
Over that which hinder’d them—over that which retarded—passing impediments large or small,
Committers of crimes, committers of many beautiful virtues,
Enjoyers of calms of seas, and storms of seas,
Sailors of many a ship, walkers of many a mile of land, 155
Habitués of many distant countries, habitués of far-distant dwellings,
Trusters of men and women, observers of cities, solitary toilers,
Pausers and contemplators of tufts, blossoms, shells of the shore,
Dancers at wedding-dances, kissers of brides, tender helpers of children, bearers of children,
Soldiers of revolts, standers by gaping graves, lowerers down of coffins, 160
Journeyers over consecutive seasons, over the years—the curious years, each emerging from that which preceded it,
Journeyers as with companions, namely, their own diverse phases,
Forth-steppers from the latent unrealized baby-days,
Journeyers gayly with their own youth—Journeyers with their bearded and well-grain’d manhood,
Journeyers with their womanhood, ample, unsurpass’d, content, 165
Journeyers with their own sublime old age of manhood or womanhood,
Old age, calm, expanded, broad with the haughty breadth of the universe,
Old age, flowing free with the delicious near-by freedom of death.
13
Allons! to that which is endless, as it was beginningless,
To undergo much, tramps of days, rests of nights, 170
To merge all in the travel they tend to, and the days and nights they tend to,
Again to merge them in the start of superior journeys;
To see nothing anywhere but what you may reach it and pass it,
To conceive no time, however distant, but what you may reach it and pass it,
To look up or down no road but it stretches and waits for you—however long, but it stretches and waits for you; 175
To see no being, not God’s or any, but you also go thither,
To see no possession but you may possess it—enjoying all without labor or purchase—abstracting the feast, yet not abstracting one particle of it;
To take the best of the farmer’s farm and the rich man’s elegant villa, and the chaste blessings of the well-married couple, and the fruits of orchards and flowers of gardens,
To take to your use out of the compact cities as you pass through,
To carry buildings and streets with you afterward wherever you go, 180
To gather the minds of men out of their brains as you encounter them—to gather the love out of their hearts,
To take your lovers on the road with you, for all that you leave them behind you,
To know the universe itself as a road—as many roads—as roads for traveling souls.
14
The Soul travels;
The body does not travel as much as the soul; 185
The body has just as great a work as the soul, and parts away at last for the journeys of the soul.
All parts away for the progress of souls;
All religion, all solid things, arts, governments,—all that was or is apparent upon this globe or any globe, falls into niches and corners before the procession of Souls along the grand roads of the universe.
Of the progress of the souls of men and women along the grand roads of the universe, all other progress is the needed emblem and sustenance.
Forever alive, forever forward, 190
Stately, solemn, sad, withdrawn, baffled, mad, turbulent, feeble, dissatisfied,
Desperate, proud, fond, sick, accepted by men, rejected by men,
They go! they go! I know that they go, but I know not where they go;
But I know that they go toward the best—toward something great.
15
Allons! whoever you are! come forth! 195
You must not stay sleeping and dallying there in the house, though you built it, or though it has been built for you.
Allons! out of the dark confinement!
It is useless to protest—I know all, and expose it.
Behold, through you as bad as the rest,
Through the laughter, dancing, dining, supping, of people, 200
Inside of dresses and ornaments, inside of those wash’d and trimm’d faces,
Behold a secret silent loathing and despair.
No husband, no wife, no friend, trusted to hear the confession;
Another self, a duplicate of every one, skulking and hiding it goes,
Formless and wordless through the streets of the cities, polite and bland in the parlors, 205
In the cars of rail-roads, in steamboats, in the public assembly,
Home to the houses of men and women, at the table, in the bed-room, everywhere,
Smartly attired, countenance smiling, form upright, death under the breast-bones, hell under the skull-bones,
Under the broadcloth and gloves, under the ribbons and artificial flowers,
Keeping fair with the customs, speaking not a syllable of itself, 210
Speaking of anything else, but never of itself.
16
Allons! through struggles and wars!
The goal that was named cannot be countermanded.
Have the past struggles succeeded?
What has succeeded? yourself? your nation? nature? 215
Now understand me well—It is provided in the essence of things, that from any fruition of success, no matter what, shall come forth something to make a greater struggle necessary.
My call is the call of battle—I nourish active rebellion;
He going with me must go well arm’d;
He going with me goes often with spare diet, poverty, angry enemies, desertions.
17
Allons! the road is before us! 220
It is safe—I have tried it—my own feet have tried it well.
Allons! be not detain’d!
Let the paper remain on the desk unwritten, and the book on the shelf unopen’d!
Let the tools remain in the workshop! let the money remain unearn’d!
Let the school stand! mind not the cry of the teacher! 225
Let the preacher preach in his pulpit! let the lawyer plead in the court, and the judge expound the law.
Mon enfant! I give you my hand!
I give you my love, more precious than money,
I give you myself, before preaching or law;
Will you give me yourself? will you come travel with me? 230
Shall we stick by each other as long as we live?
segunda-feira, novembro 08, 2004
Os Ladrões de Sonhos, Nietzsche e Walt Whitman
Apetece-me criar algo de novo.Não falo em escrever um poema, que isso é como o ar que respiro- indispensável.
Refiro-me a qualquer coisa que não tenha mácula, desconfiança, podridão.Uma ideia para partilhar, uma aventura,um projecto, uma associação.
Infelizmente certos indivíduos vão estragando o mundo, a amizade, a esperança, há ladrões de sonhos a sorrir-nos, para proceder ao assalto e enquanto sorriem apunhalam-nos pelas costas, num gesto certeiro e tentam convencer os outros que nós é que somos os maus da fita.É uma velha técnica que tem as suas estrelas: Judas é um expoente, mas há muitos, são reconhecíveis na política,onde proliferam e em tertúlias literárias, só para citar dois exemplos.Mas também os há nos empregos, nas escolas, na vizinhança. Senão, como era possível termos o belo governo que nos desgoverna?
Caliméricos, muitos portugueses fazem-se tolinhos, não têm culpa de nada, mas alguém os pôs lá e esse alguém são milhares que querem desenfreadamente protagonizar a comédia oportunista a que julgam ter direito. No 1º de Maio de 1974 era quase tudo de esquerda, mas chegados aqui,as palavras solidárias de muitos desses são apenas pó de arroz com que disfarçam a alergia a um mundo mais respirável.
Estou farto de conhecer gente assim, que engana meio mundo com a conversa da treta.
Por isso anseio por um grupo de companheiros de sonho que não esteja atolado em qualquer lamaçal, que não se queira amamentar com dinheiros alheios, que não pretenda fazer do associativismo fábricas de curriculuns e empregos, que não se atreva a pactuar com os detentores do poder, para repararem em si e lhe darem uma migalha, quiçá um emprego ou um cargo autárquico, enfim, o usufruto do pequeno poder que transforma o verme em vómito, sem retorno.
Imagino um território mental, onde o coração possa sentir o que Nietzche escreveu um dia: "Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece!"
Que o discípulo seja o Homem e a sua experiência, e o Mestre, o Caminho e o caminho seja a existência. Uma vida que se anseia partilhar, tornando o quotidiano suportável, longe dos assassinos de sonhos, dos vampiros de ideias, dos plagiadores de luz, dos fantasmas da nossa esperança.
Apetece-me criar algo de novo, e sei que a corrente, a energia, a vontade é mais poderosa do que a angústia de uma derrota momentânea.
Saúdo-te, ó coisa nova que vais nascer, não do pensamento totalitário e egoísta de um frustrado, gerado nos dedos de Moebius,mas das mãos dadas e das almas unidas de tantos que não suportam o lixo das palavras dos falsos fazedores de alegria.
Apetece-me criar algo de novo com vocês que sentem estas palavras e não têm compromissos com ninguém, não precisam de retratos nem artigos a louvaminhar-vos,nem de livros, nem discursatas, diplomas a conferir-vos talento,nem de aplausos comprados.
Apetece-me criar algo de novo com aqueles que têm coragemde dar a cara, de discordar, de dizer não, de lutar.
A fingidez e a paz podre dos pântanos não nos interessa. Como diria Walt Whitman, vamos pela estrada larga, vamos desbravar o futuro desconhecido, o duro futuro do futuro, vamos semear futuro e alimentarmo-nos das surpresas desse futuro e rasgar em mil bocados o passado fedorento onde os perfumados malfeitores de fraque ficarão na sua carnívora jangada de tédio.
Salvé Futuro, salvé ó tu, visão nova de tantos que não se revêem no caco espatifado da maioria.
"I dream in a dream!" (Walt Whitman)
Refiro-me a qualquer coisa que não tenha mácula, desconfiança, podridão.Uma ideia para partilhar, uma aventura,um projecto, uma associação.
Infelizmente certos indivíduos vão estragando o mundo, a amizade, a esperança, há ladrões de sonhos a sorrir-nos, para proceder ao assalto e enquanto sorriem apunhalam-nos pelas costas, num gesto certeiro e tentam convencer os outros que nós é que somos os maus da fita.É uma velha técnica que tem as suas estrelas: Judas é um expoente, mas há muitos, são reconhecíveis na política,onde proliferam e em tertúlias literárias, só para citar dois exemplos.Mas também os há nos empregos, nas escolas, na vizinhança. Senão, como era possível termos o belo governo que nos desgoverna?
Caliméricos, muitos portugueses fazem-se tolinhos, não têm culpa de nada, mas alguém os pôs lá e esse alguém são milhares que querem desenfreadamente protagonizar a comédia oportunista a que julgam ter direito. No 1º de Maio de 1974 era quase tudo de esquerda, mas chegados aqui,as palavras solidárias de muitos desses são apenas pó de arroz com que disfarçam a alergia a um mundo mais respirável.
Estou farto de conhecer gente assim, que engana meio mundo com a conversa da treta.
Por isso anseio por um grupo de companheiros de sonho que não esteja atolado em qualquer lamaçal, que não se queira amamentar com dinheiros alheios, que não pretenda fazer do associativismo fábricas de curriculuns e empregos, que não se atreva a pactuar com os detentores do poder, para repararem em si e lhe darem uma migalha, quiçá um emprego ou um cargo autárquico, enfim, o usufruto do pequeno poder que transforma o verme em vómito, sem retorno.
Imagino um território mental, onde o coração possa sentir o que Nietzche escreveu um dia: "Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece!"
Que o discípulo seja o Homem e a sua experiência, e o Mestre, o Caminho e o caminho seja a existência. Uma vida que se anseia partilhar, tornando o quotidiano suportável, longe dos assassinos de sonhos, dos vampiros de ideias, dos plagiadores de luz, dos fantasmas da nossa esperança.
Apetece-me criar algo de novo, e sei que a corrente, a energia, a vontade é mais poderosa do que a angústia de uma derrota momentânea.
Saúdo-te, ó coisa nova que vais nascer, não do pensamento totalitário e egoísta de um frustrado, gerado nos dedos de Moebius,mas das mãos dadas e das almas unidas de tantos que não suportam o lixo das palavras dos falsos fazedores de alegria.
Apetece-me criar algo de novo com vocês que sentem estas palavras e não têm compromissos com ninguém, não precisam de retratos nem artigos a louvaminhar-vos,nem de livros, nem discursatas, diplomas a conferir-vos talento,nem de aplausos comprados.
Apetece-me criar algo de novo com aqueles que têm coragemde dar a cara, de discordar, de dizer não, de lutar.
A fingidez e a paz podre dos pântanos não nos interessa. Como diria Walt Whitman, vamos pela estrada larga, vamos desbravar o futuro desconhecido, o duro futuro do futuro, vamos semear futuro e alimentarmo-nos das surpresas desse futuro e rasgar em mil bocados o passado fedorento onde os perfumados malfeitores de fraque ficarão na sua carnívora jangada de tédio.
Salvé Futuro, salvé ó tu, visão nova de tantos que não se revêem no caco espatifado da maioria.
"I dream in a dream!" (Walt Whitman)
segunda-feira, novembro 01, 2004
Entre Uma Arrozada e Dois Pastéis de Bacalhau
Há pouco terminei uma tarefa morosa.É que decidi percorrer alguns dos blogs- finlandeses, da Malásia, dos EUA (a maioria), do Canadá, Espanha, Itália e do Irão.
Clicando no "next blog" vi de tudo um pouco: o desabafo, a alegria, a solidão, a revolta, a vidinha, os passos firmes, os sapatinhos que dançam, o mar, os olhos, os sentimentos, a tecnologia, cães, burros e tanta outra coisa que mexe e que sente...
Regressei a este modesto contributo e entre uma arrozada e dois pastéis de bacalhau confirmei que em Portugal se fazem blogs de categoria.
http://vemosouvimoselemos.blogspot.com
p. ex., sabe tão bem como um bom petisco. Volto sempre a este sítio de referência e depois do que vi, apetece cada vez mais ler o que a Guida escreve, transcreve, escolhe e partilha, porque dali vem sempre luxo, ao contrário do muito lixo que prolifera na caminhada diária e nos espelhos que são as Tvs, os jornais, os blogs, os lulus e os governos.
Clicando no "next blog" vi de tudo um pouco: o desabafo, a alegria, a solidão, a revolta, a vidinha, os passos firmes, os sapatinhos que dançam, o mar, os olhos, os sentimentos, a tecnologia, cães, burros e tanta outra coisa que mexe e que sente...
Regressei a este modesto contributo e entre uma arrozada e dois pastéis de bacalhau confirmei que em Portugal se fazem blogs de categoria.
http://vemosouvimoselemos.blogspot.com
p. ex., sabe tão bem como um bom petisco. Volto sempre a este sítio de referência e depois do que vi, apetece cada vez mais ler o que a Guida escreve, transcreve, escolhe e partilha, porque dali vem sempre luxo, ao contrário do muito lixo que prolifera na caminhada diária e nos espelhos que são as Tvs, os jornais, os blogs, os lulus e os governos.
domingo, outubro 31, 2004
Os Construtores do Eterno Efémero
Vou tentar nos últimos 5 minutos deste Outubro escrever sobre os construtores do eterno efémero- mas neste caso não quero falar de qualquer jornalista mas dos Jornalistas que fazem, por exemplo o "Jornal do Fundão" (Olá Fernando Paulouro Neves!)o "Alentejo Popular" (Viva João Honrado!)o "Jornal do Baixo Guadiana" (Saúde, Carlos Brito!)
Abomino o "Diário de Notícias" actual, tenho saudades do "Diário de Lisboa",do "Sete" (viva Maria João Duarte!)e dou sempre uma olhadela pelo "Público", onde às vezes há surpresas...
Hoje quero homenagear essa gente que fora dos grandes centros resiste, falando do Portugal profundo que os políticos de baixa estirpe (quase todos...) fingem querer conhecer e proteger.
São Gente com Muita Categoria, cujos nomes se escrevem com letras bem grandes. Por eles vale a pena ainda ler jornais neste Portugal que alguns sonham amordaçar de novo...
Para conhecer os problemas de um povo ao qual os ingleses chamam "os marroquinos da Europa".
Portugal tem ainda um grande caminho para andar se quiser sair do terceiro mundismo onde chapinha. As consciências têm de ser abanadas, até se formar uma opinião pública com poder, que não seja mais refém de futebóis e big brothers dos chungosos, e que, de pergunta em pergunta, como Brecht escreveu um dia, se decida a interpelar os poderosos para estes explicarem o que andam a fazer:
"Que contas são estas?"
Obrigado companheiros do jornalismo regional, que belas perguntas fazeis, que belas pedradas nesta água choca do quotidiano atirais, que belo desassossego semeais!
E coisa linda: já consigo escrever directamente no computador, sem papéis escritos primeiro...
É já Novembro quando escrevo estas linhas...contente, porque os jornais que valem a pena ser lidos merecem palavras ternas e empolgadas, como estas.
Abomino o "Diário de Notícias" actual, tenho saudades do "Diário de Lisboa",do "Sete" (viva Maria João Duarte!)e dou sempre uma olhadela pelo "Público", onde às vezes há surpresas...
Hoje quero homenagear essa gente que fora dos grandes centros resiste, falando do Portugal profundo que os políticos de baixa estirpe (quase todos...) fingem querer conhecer e proteger.
São Gente com Muita Categoria, cujos nomes se escrevem com letras bem grandes. Por eles vale a pena ainda ler jornais neste Portugal que alguns sonham amordaçar de novo...
Para conhecer os problemas de um povo ao qual os ingleses chamam "os marroquinos da Europa".
Portugal tem ainda um grande caminho para andar se quiser sair do terceiro mundismo onde chapinha. As consciências têm de ser abanadas, até se formar uma opinião pública com poder, que não seja mais refém de futebóis e big brothers dos chungosos, e que, de pergunta em pergunta, como Brecht escreveu um dia, se decida a interpelar os poderosos para estes explicarem o que andam a fazer:
"Que contas são estas?"
Obrigado companheiros do jornalismo regional, que belas perguntas fazeis, que belas pedradas nesta água choca do quotidiano atirais, que belo desassossego semeais!
E coisa linda: já consigo escrever directamente no computador, sem papéis escritos primeiro...
É já Novembro quando escrevo estas linhas...contente, porque os jornais que valem a pena ser lidos merecem palavras ternas e empolgadas, como estas.
Saravá Meus Leitores
Descobri há pouco no meu hotmail uma mensagem simples, mas bastante simpática de Luiz Henrique de Castro, leitor que me envia o seu estímulo desde o Brasil. Luiz Henrique é carioca e tem um blog há 7 anos, chamado "Acidez Mental e Estomacal-Humor, Mau Humor e Dor de estômago"...Descobriu-me e ei-lo que me desafia a visitar seu site, ao mesmo tempo que escreve "Visitei o seu site e gostei muito".
Um grande abraço para você, meu homónimo Luiz com "Zê" que vai zumbindo em seu farol de ataque à parvoíce mundial. Visitei a página de Setembro de 2004 e deliciei-me por exemplo com a filmografia de Tom Cruise,mas são tantas as páginas com humor incisivo, que não consigo recomendar uma específica. O melhor é ir vendo tudo. Mas atenção: não aconselho pessoas de estômago sensível a espreitarem...
Entretanto, aparte a grande incentivadora do "Águas do Sul", a Margarida, pois, sei que outros bloguistas como a Ana, a Pombo e a Vanda de vez em quando visitam estas palavras que em certas alturas resolvo partilhar com quem me quiser conhecer, como fez o Luiz, na blogosfera. Sei que a Graça vem cá, o Chico Pedro de Leiria, o Eugénio,a Amélia e o Manuel Sobral Bastos,a Maria José, tanta gente bonita: olá, olá a todos, não esquecendo o malcheiroso "O Traque"...
Um grande abraço para vocês e espero nunca vos desiludir!
Um grande abraço para você, meu homónimo Luiz com "Zê" que vai zumbindo em seu farol de ataque à parvoíce mundial. Visitei a página de Setembro de 2004 e deliciei-me por exemplo com a filmografia de Tom Cruise,mas são tantas as páginas com humor incisivo, que não consigo recomendar uma específica. O melhor é ir vendo tudo. Mas atenção: não aconselho pessoas de estômago sensível a espreitarem...
Entretanto, aparte a grande incentivadora do "Águas do Sul", a Margarida, pois, sei que outros bloguistas como a Ana, a Pombo e a Vanda de vez em quando visitam estas palavras que em certas alturas resolvo partilhar com quem me quiser conhecer, como fez o Luiz, na blogosfera. Sei que a Graça vem cá, o Chico Pedro de Leiria, o Eugénio,a Amélia e o Manuel Sobral Bastos,a Maria José, tanta gente bonita: olá, olá a todos, não esquecendo o malcheiroso "O Traque"...
Um grande abraço para vocês e espero nunca vos desiludir!
sábado, outubro 30, 2004
As Máquinas,Uma Barata no Faqueiro e o Sete-Sete
Passaram três meses, desde que resolvi iniciar esta aventura do blog. Todavia, este primeiro tempo foi de um extremo amadorismo em termos visuais, pois sou completamente "maçarico" nestas andanças: não sei sequer fazer aquilo que vejo nos outros blogues: indicar a preferência pelos blogs mais interessantes. Depois sou um zero no que concerne às imagens. Olho para o belíssimo trabalho mental e estético da Margarida e tenho vontade de me esconder por não perceber nada disto. Três meses depois continuo sem uma imagem, apesar de ter feito downloads do Picasa e de mais não sei quê...
Vá lá vá lá, já haver isto é uma sorte!
Eu e as máquinas sempre foi um risco, um desatino, uma sorte, geralmente um desastre.
Às vezes penso: serei uma espécie de extra-terrestre, que tem assim a modos que um pedacinho de íman cá dentro, tipo chip, que ajuda a avariar as máquinas?
Lembram-se da osga de Verão?
Pois há dias encontrei uma barata a pavonear-se nas traseiras do faqueiro... Imaginem o nojo e a raiva: cagadelas por todo o lado, mete a loiça toda na água com detergente e toca a lavar e a instalar iscos da Raid, que a publicidade assegura serem infalíveis.
Por enquanto não voltei a ver mais exemplares desses repugnantes seres... e isto tudo para vos dizer que vivo numa casa recuperada pelo Recria, onde muitas vezes tenho de cozinhar às escuras, pois a nova instalação eléctrica pura e simplesmente não funciona, apagando-se e fundindo-se constantemente as lâmpadas...
Mas deixemos a lamúria. Hoje foi o meu primeiro dia de bébé nascido em 1952. Fiz 52 anos ontem.
Só se faz uma vez 52 anos quando nascidos em 52...Dois setes!
Será que 2005, que também tem um sete vai trazer-me o bem estar que persigo desde que nasci? Depois de uma infância, juventude e meia idade habitando uma casa sem casa de banho onde chovia, será que a nova lei das rendas vai pôr-me a dormir fora destas paredes, ou será que finalmente o totoloto virá bater-me à porta?
O melhor é calar-me para não dizer mais disparates. Mas é que hoje é o primeiro dia do resto da minha vida...
Vá lá vá lá, já haver isto é uma sorte!
Eu e as máquinas sempre foi um risco, um desatino, uma sorte, geralmente um desastre.
Às vezes penso: serei uma espécie de extra-terrestre, que tem assim a modos que um pedacinho de íman cá dentro, tipo chip, que ajuda a avariar as máquinas?
Lembram-se da osga de Verão?
Pois há dias encontrei uma barata a pavonear-se nas traseiras do faqueiro... Imaginem o nojo e a raiva: cagadelas por todo o lado, mete a loiça toda na água com detergente e toca a lavar e a instalar iscos da Raid, que a publicidade assegura serem infalíveis.
Por enquanto não voltei a ver mais exemplares desses repugnantes seres... e isto tudo para vos dizer que vivo numa casa recuperada pelo Recria, onde muitas vezes tenho de cozinhar às escuras, pois a nova instalação eléctrica pura e simplesmente não funciona, apagando-se e fundindo-se constantemente as lâmpadas...
Mas deixemos a lamúria. Hoje foi o meu primeiro dia de bébé nascido em 1952. Fiz 52 anos ontem.
Só se faz uma vez 52 anos quando nascidos em 52...Dois setes!
Será que 2005, que também tem um sete vai trazer-me o bem estar que persigo desde que nasci? Depois de uma infância, juventude e meia idade habitando uma casa sem casa de banho onde chovia, será que a nova lei das rendas vai pôr-me a dormir fora destas paredes, ou será que finalmente o totoloto virá bater-me à porta?
O melhor é calar-me para não dizer mais disparates. Mas é que hoje é o primeiro dia do resto da minha vida...
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