"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, outubro 30, 2017

Encontro da Aldraba em Idanha-a-Nova: Almoço em Idanha e visita à Senhora do Almortão

O almoço excelente, decorreu num restaurante da parte antiga de Idanha-a-Nova, seguindo-se uma visita ao Castelo, para contemplar a paisagem e de seguida percorremos o recinto (com coreto e loja santeira) e a ermida da Senhora do Almortão, sendo informados pelo Antropólogo Eddy Chambino dos rituais simbólicos, que ocorrem durante os festejos anuais, com adufes e vozes, ininterruptas, que perpetuam o toque mágico desta romaria, reproduzindo o encanto de antanho, que estas tradições guardam, perante romeiros de diversas terras circundantes e de várias localidades do país vizinho.
Imaginam-se cantares e, perante os ex-votos, os guardiões intentam (verbo tão raiano) confirmar a eficácia do culto, operando curas milagrosas, que as crenças evidenciam, através de quadros antiquíssimos, imagens de devoção e testemunhos, expostos para que não se esqueça a lenda.
Sempre presente, acompanhado por vários "associados raianos", o Amigo Carlos Branco, da Associação RAIA GERAÇÕES, completou a visita com informações acerca deste fenómeno religioso e social.

Luís Filipe Maçarico (Texto e fotografias)

Encontro da Aldraba em Idanha-a-Nova: No Centro Cultural Raiano




No passado fim de semana, a Associação do Espaço e Património Popular ALDRABA realizou um novo encontro, desta vez no Concelho de Idanha-a-Nova, em parceria com a associação RAIA GERAÇÕES, que patrocinou o evento, pondo à disposição das três dezenas de participantes (aos quais se juntaram elementos da associação, que nos desafiara a fazer a viagem até àquelas terras da raia) um autocarro, que levou os visitantes, durante sábado e domingo a diversos locais daquele município do distrito de Castelo Branco. Foi igualmente ofertado um adufe miniatura, confecionado pelo artesão Relvas, que saudamos efusivamente. Trata-se de uma pequena grande delícia, que envolveu os nossos corações, com a magia da arte maior daquele artista.
O momento inicial do Encontro ocorreu no Centro Cultural Raiano, o primeiro espaço museológico rural do país, que recorda, - através de utensilagem, maquinaria e fotografia - a Agricultura nos campos de Idanha.
O Antropólogo Eddy Nelson Chambino, um dos anfitriões deste evento [com Carlos Branco e vários associados da Raia Gerações, designadamente Rogério Bentes, Tom Hamilton, João Abrantes e Hélder Pintado], explicou o contexto da criação da exposição permanente, resultante de uma pesquisa, coordenada pelo Professor Joaquim Pais de Brito, também ele Antropólogo, coadjuvado por Benjamim Pereira, ambos participantes no desenvolvimento do Museu de Etnologia.
No final da visita o presidente da autarquia deu também as boas vindas aos viajantes, que trouxeram muita vontade de participar e desfrutar da riqueza material e imaterial que esta terra de fronteira oferece a quem vem de longe...

Texto e fotografias de Luís Filipe Maçarico

domingo, outubro 22, 2017

Uma Tarde com os Amigos do Alentejo e convidados saboreando a tradição musical e a poesia

Decorreu esta tarde no Auditório Lopes Graça, do Fórum Romeu Correia, em Almada, mais uma iniciativa do Grupo Amigos do Alentejo.
O actual Presidente da Direcção apresentou o espectáculo, dirigindo algumas palavras de agradecimento ao público e a Joaquim Afonso, antigo responsável pela direcção do Grupo, presente na assistência e explicando as alterações mais evidentes: a escolha de outros poetas e em vez de serão, a realização de uma tarde (o que proporciona supomos um regresso dos grupos a casa, mais cedo).
Cantaram, além dos "Amigos do Alentejo (Feijó), os Grupos "Raízes da Cuba", "Recordar a Mocidade (Cante no Feminino, Laranjeiro), os "Amigos do Barreiro", cujo porta-estandarte tem 97 anos, o grupo de Amieira - Portel e os "Vozes de Água", composto por trabalhadores dos SMAS.
Uma poetisa intimista e um declamador (que disse o "Cântico Negro" de Régio e um excerto das "Portas que Abril Abriu" de Ary) completaram o programa que agradou ao público, que uma vez mais enchia o espaço para saborear a tradição musical e palavras com muito sentido.
Parabéns aos "Amigos do Alentejo" por mais este momento em prol do sul, de onde tiveram de partir para refazer vidas na margem sul.

Luís Filipe Maçarico (reportagem/ texto e fotos)

segunda-feira, outubro 16, 2017

Vozes do Tempo - autobiográfico e catártico

Partilho na íntegra, o texto que li no lançamento do livro "Vozes do Tempo":

"Bem vindos!
Permitam-me que saúde a Professora Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade, a Professora Zulmira Bento, vinda de Coimbra e Laura Garcez, que veio de S. Mamede de Infesta.
Começo por agradecer à Direcção do Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes", por tornar possível esta apresentação do meu segundo livro de prosa.
A minha gratidão é extensiva à GM, nas pessoas de Glória Silva e Teresa Fradique, pela concretização da presente obra.
Agradeço também aos fotógrafos Jorge Cabral, Mário Sousa e à Ana Isabel Veiga, pela última imagem.
Quanto à autoria das mais antigas, perdeu-se na voragem do tempo, sobrando a da capa, executada na, há muito desaparecida Foto Artis, situada nos anos sessenta, na Rua do Sacramento a Alcântara. Por último, agradecer a colaboração especial da Esmeralda Veloso e o precioso prefácio de Maria Teresa Bispo.

Acerca dos oito textos de "Vozes do Tempo", importa salientar que a sua maioria foi escrita na primeira metade dos anos oitenta, sendo os dois últimos da década seguinte.
Todos eles são autobiográficos, mesmo quando falam de outras pessoas, como Manuel Losté, personagens reais que se cruzaram comigo ao longo desta caminhada que é a assistência.
Contudo, o mais longo - "Pardieiros" - é catártico, pois através dele tentei justificar o que nunca me foi explicado, por aqueles que me trouxeram a este mundo, apaziguando o desconforto.
Acontece hoje uma coincidência formidável.
"Pardieiros" desenrola-se, em parte, na Fonte Santa e este livro é lançado perto da Possidónio da Silva, onde a avó paterna resgatou o meu Futuro, levando-me para a sua casa de bonecas, com um parapeito onde sonhei viagens, seguindo o voo dos pássaros.

No primeiro livro de memórias, intitulado "Degraus", falei da Carmo Leiteira, que urinava no leite que vendia porta a porta e da Luísa Choca, que era tão bêbeda, que nem se apercebeu que uma rata de cano de esgoto comera a cana do nariz do neto de colo que dormia numa enxerga.
Eram assim os Becos dos Contrabandistas, no tempo em que o ditador de Santa Comba debitava ditames, com voz trémula de fantoche de feira e a Diva Amália exultava: "Os filhos sorriem e o Manel também, Não há melhor vida ca 'aquela ca gente tem!"
Como escreveu Isabel do Carmo "vivi nesse país e não gostei!"

Trago lembranças terríveis desse tempo e todas elas doem, sejam escritas ou jamais reveladas.
Passou-se fome nas cidades mas havia umas senhoras benfazejas, que a troco de rendas e bordados, executadas pela vista cansada de velhotas carentes, pagavam com leite em pó e outros víveres, que ajudavam a minorar uma pobreza envergonhada que tantas vezes recorria às casas de penhores.

Há ano e meio, os 63 anos que desfrutei na Praça da Armada, sofreram duro revés. Afinal, era infeliz e não sabia...
Ocupado com o trabalho, o estudo, o associativismo e outras tarefas, apercebi-me que teria de reagir, quando decorrido mais de meio século, voltou a chover no meu quarto, retrocedendo à infância de menino pobre.
A rua Prior do Crato tornara-se numa espécie de enclave asiático, desaparecendo os sinais da Alcântara genuína.
Deambular por Lisboa é confirmar o pessimismo de Pérez-Reverte, que considera o excesso de turismo a morte da cultura das cidades europeias.
Este livro encerra um longo ciclo. Outra história começou em Almada. Talvez um dia fale disso..."

Luís Filipe Maçarico, 12-10-2017

[Fotografias de RB, AIV, Joaquim Avó e LFM.]


O Circo Sinistro dos Incêndios

Fotografia do "Público"

O clima está a mudar, é indesmentível. Sente-se, desde há anos...
Os incêndios porém (dia 15 de Outubro de 2017 foi o pior dia do ano) continuam, assustadores.
Não entendo como é que os senhores dos gabinetes, no final de Setembro, fizeram a estatística do território ardido e se desactivaram prevenções, continuando com as ridículas fases e aquelas designações inventadas por idiotas burocratas, que deveriam deixar de ser proferidas, como "época dos incêndios" e "teatro de operações". Que circo sinistro é este? (Suas Excelências ignoraram as preocupantes previsões meteorológicas e repetem-se na lamúria pestilenta)

Por outro lado, por que razão ninguém fala dos MANDANTES? Porque motivo a Judiciária não apura a responsabilidade dos que - segundo ouvi no Fundão - pagam aos incendiários mais do que um salário de juíz? Para quando - em vez dos comentários ficarem apenas, contra os malfeitores que no terreno fazem mal a pessoas, animais, bens e paisagem - as vozes exigem justiça, contra quem está escondido a mandar/ pagar?
Será por motivos políticos, como já ouvi dizer, a ver se este governo cai?
E que governo é este, que não tira lições sobre o que acontece, há quase meio ano, mantendo os mesmos desabafos (e uma evidente impotência) acerca de um horror que engole lugares florestais e espaços urbanos?
Voltaram a desparecer vidas e haveres, consumidos pelos incêndios no Norte e no Centro do País.
Já não se aguenta ouvir/ver os argumentos, que desde Junho, antes do Verão começar, nos invadem na rádio, na tv, na net e nos jornais, tipo disco riscado...[comentadores, governantes]

Porque razão as árvores continuam a rodear habitações e o fogo entra dentro das localidades?
Porque razão o povo menos envelhecido não se voluntaria, para limpar o território, onde tem os seus haveres, cheio de mato combustível à entrada e no meio de aldeias, vilas e cidades?

São já 35 os mortos (actualização às 18:00 de hoje, dia 16), o primeiro ministro falou de madrugada, afirmando que vamos continuar a assistir a esta calamidade, escudando-se com os incêndios da Califórnia e da Galiza, que a seca é tremenda e o clima não sei quê, chegando a responder a uma jornalista "Não me faça rir a esta hora!", a ministra diz que seria fácil demitir-se, pois assim gozaria as férias que não teve, entretanto, uma popular, desesperada, gritava [na tv da mercearia, onde há bocado fiz algum abastecimento de víveres] que não aparecem bombeiros e eu pergunto, se por acaso encontram nos "mouros", como chamam os do norte aos do sul, o alheamento, em termos da limpeza das suas ruas e casas, rodeadas de montado, que é a pele do Alentejo, no qual o fogo não consegue entrar...
Na rádio escutei o presidente da Marinha Grande lamentando que o Pinhal do Rei ardeu em 80% da sua totalidade. É um filme de horror, com contornos de grotesco e selvajaria.
Apetece perguntar, perante o caos avassalador: Mas isto é um país?


[Repito: Por que razão ninguém fala dos MANDANTES? Porque motivo a Judiciária não apura a responsabilidade dos que pagam aos incendiários para destruírem a própria terra?]

Luís Filipe Maçarico (Texto) Paulo Pimenta/ Público (Fotografia)

quinta-feira, outubro 12, 2017

Lançamento de livros sexta feira 13 às 21h no Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes"


Sexta feira 13 de Outubro de 2017, pelas 21h, serão apresentados dois livros, um de Poesia (de Fernando Duarte) intitulado "A Hora das Coisas" e outro de Contos (de Luís Filipe Maçarico) com o título "Vozes do tempo".

A sessão decorrerá no Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes", sito na Rua do Possolo 7 a 9.

Apresenta o primeiro livro (cujo prefácio da segunda edição é de sua autoria) o próprio Luís Maçarico e Teresa Bispo diz poemas daquela obra.

Será Teresa Bispo a apresentadora de "Vozes do Tempo" e Esmeralda Veloso fará a leitura de contos breves.

Esta iniciativa, inserida na celebração dos 111 anos da colectividade, conta ainda com animação musical, a cargo de João Pedro Duarte.

Tiago Mendes, fará a introdução e dará as boas vindas ao público. Prevê-se que quem visitar nesta sexta feira dia 13 de Outubro, o Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes" ( que nasceram em 1906 para combater o alcoolismo e o analfabetismo) vai assistir a bons momentos de convívio.

LFM (texto e foto) FCD (foto e cartaz)

terça-feira, outubro 10, 2017

O Milagre da Carris


Quero agradecer à Câmara Municipal de Lisboa, por me ter obrigado a andar a pé, num entardecer muito belo, à beira Tejo, porque os autocarros (28 e 60) que tentei apanhar para o Cais Sodré, não pararam, pois vinham cheios.
Desde que a CML tomou conta da gestão da Carris, é mais que evidente que os transportes na capital melhoraram. 
Há dias, necessitei de me deslocar até à Gráfica onde os meus últimos livros têm sido impressos. Chegado  ao Cais do Sodré de barco (tenho o passe da Transtejo) fiquei algum tempo esperando por um autocarro, que na informação patente no quadro eléctrico apenas iria aparecer dali a mais de 50 minutos.
Apanhei o Metro até Santa Apolónia (tive de mudar de linha na estação Baixa Chiado) e optei por uma carreira outra, que me levou até às imediações do local onde pretendia reunir.
São apenas dois exemplos singelos de como é bom ter bilhetes pré-comprados para utilizar nas maravilhosas viagens do Mundo Novo do Doutor Medina.
Suei em ambos os casos e só posso estar grato por a CML ter contribuído para a melhoria dos meus sistemas muscular, cardiovascular e claro, diabetes.
Um Grande Bem Haja aos Eleitos do Município por este Milagre que é a Carris (ah! A fila na rocha do conde de Óbidos era enorme e ficaram a chuchar no dedo à espera de Godot, enquanto eu me deliciei com o extraordinário passeio a pé e seus benefícios para a Saúde!)

Luís Filipe Maçarico (texto) Fotografia retirada da Net (Museu da Carris)