"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, abril 25, 2019

25 de Abril Sempre!

Nunca será demais evocar um tempo que se viveu cheio de dificuldades, a primeira das quais a obrigatoriedade de ir bater com os costados em África, para ir "defender a Pátria", porque Portugal há quarenta e cinco anos era um país colonizador e a cartilha imposta ao povo - e aos rapazes da minha idade - era a de ser compelido a lutar por ideais que pertenciam a uma élite, que mantinha privilégios no poder e na economia.
Estava então em Nampula (Moçambique) e a notícia chegou algum tempo depois num vídeo de fita, quando os jornais moçambicanos já tinham informado da revolta militar.
Devo a esse momento refundador da Liberdade de pensamento, de associação, o ter podido aceder ao Ensino Superior, embora permaneçam as desigualdades e uma gritante corrupção por parte de alguns burgessos (eleitos) que surgiram na vida política, gerindo o país de forma prejudicial para o povo.
Esse povo para quem o 25 de Abril se fez e continua a ser manipulado por uma comunicação social cavernícola que atiça o voyeurismo e serve em bandeja a violência e o medo.
Acreditei que havia cidadãos, que em regime de voluntariado serviam os deserdados da sorte (em sindicatos, p.ex. Não vale a pena dizer nomes, são conhecidos). Ao longo dos anos constatei igualmente como deputados considerados justos na comunidade que os elegeu, se tornaram individualistas, numa clivagem desusada com os ideais que eram a imagem de marca.
Valeu a pena mesmo assim. 
Concluída a carreira profissional de uma geração, constato coisas benéficas como o Serviço Nacional de Saúde, inexistente antes de Abril, o custo dos transportes finalmente acessível, costumo dizer que com o passe metropolitano vou até Cancun...a reforma, os salários com mais justiça social, a fruição de bibliotecas municipais, tantas coisas positivas que os nossos antepassados não puderam viver.
Continuaremos a defender os valores de Abril enquanto estivermos vivos.
VIVA O 25 DE ABRIL!
Luís Filipe Maçarico



LEGENDA DA FOTOGRAFIA: Em Nampula, no Natal de 1974, depois da representação de uma peça escrita por mim, com os intérpretes dessa peça, que punha em causa o garganeirismo do sargento da Companhia militar, onde estávamos incorporados..

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