"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, outubro 09, 2011

A Esperança para mim, eram as pessoas...


Pertenço a uma geração que era obrigada a ir para a chamada guerra do ultramar e comecei a trabalhar como varredor de ruas. Não tive pai nem mãe, que me criassem, foi uma avó velha - eu tinha todas as condições, ou para andar à babugem da Igreja, do leitinho em pó dado por senhoras benfazejas, aos pobrezinhos, ou de caciques, ou para ser um marginal.
Não me tenho em grande coisa, sou poeta, antropólogo... sinto na pele, como funcionário público todos os ataques, resisto, resistimos, aguentamos esta decadência...e a esperança, que para mim, eram as pessoas e não deuses, tornou-se neste perder constante, não são os governantes de meia tijela que nos humilham só...um certo povo, dá uma ajuda decisiva, como hoje na Madeira.
Não quero ofender os amigos, mas de facto há sempre uma fundura maior, neste poço sem fundo, que descemos, ano após ano. Saúde, educação, reformas, tudo cortado, trabalho escravo e depois estas notícias. Arre, porra, que é demais!
Começo a achar que os ventos podres, que chegam da Europa e de um Capitalismo repugnante, fascistóide, que levanta a garimpa, com muita arrogância, violência mesmo, vai terminar numa guerra.
Chamar a isto democracia é igual a dizer que eu sou esquimó!
Texto e foto: LFM

4 comentários:

sonia disse...

Amigo, nem sabes como me sinto profundamente triste e baralhada. Aquela ilha, que é a minha, já parece esquizofrénica. Ainda não acalmei o suficiente para analisar friamente aqueles resultados.... embora passar de 64% (em 2007) para 48% seja significativo num cenário como a Madeira, mas a direita junta continua a ganhar pontos. Estou triste, é a única coisa que posso dizer para já.

Paula Silva disse...

Como te entendo meu amigo... Ainda acredito em algumas pessoas e creio que sem esse humanismo de nos tratarmos como pessoas nunca iremos crescer nem alcançar valores nobres e universais como a liberdade, o respeito, o amor, a verdade... Bjo

Ezul disse...

Apesar do optimismo a que nos tentamos agarrar, o pior é que vamos mesmo sentindo que tudo caminha nessa direcção. Vejo, cada vez mais,ou pessoas indiferentes ou as que defendem o benefício das ditaduras, desejosas de atirarem para cima do outro (que é sempre o culpado) uma vingança mesquinha. Por vezes, penso que está mesmo a desenhar-se um cenário daqueles filmes de ficção: a escravatura global e a luta por uma migalha de sobrevivência, enquanto o planeta se esgota, sugado até à medula pelos ditadores.
É cada vez maior a vontade de ir embora,soubesse eu para onde!

Elvira Carvalho disse...

Absolutamente de acordo consigo. Quando eu penso que já nada me pode surpreender, eis que a politica me demonstra que estou enganada e que em se tratando da madeira não há limites para o absurdo.
Um abraço e resto de bom dia