"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, julho 31, 2011

Eugénio: A Memória das Memórias


Eu sabia, por na altura me ter sido relatado - e ter visto na RTP - que nos anos 90 tinha sido realizado um (ou mais) filme (s) sobre o poeta Eugénio de Andrade.
Um dia destes, fiz uma pesquisa e "descobri" o que procurava.
Em 1993, Jorge Gaspar realizou dois documentários - As Palavras Interditas e Rosto Precário, onde a certa altura do primeiro filme (minuto 4:20) aparece a minha amiga Clara Nabais, fundadora da Pensão Clara de Alpedrinha e no minuto 4:40, a Ti Pires, enquanto o poeta diz o poema "Mulheres de Preto".
Está lá o percurso da infância de Eugénio, com os rebanhos, as casas de granito e a Gardunha que entraram nos seus versos, enquanto matéria vital do olhar da alma.
Partilhei já no Facebook estas imagens, que agora também coloco nestas Águas do Sul, em véspera de completar 7 anos.
Oiçam e conheçam um dos meus Poetas:

http://ww1.rtp.pt/rtpmemoria/?t=EUGENIO-DE-ANDRADE-O-POETA.rtp&article=946&visual=2&layout=5&tm=8

Texto e recolha: LFM. Tela de Artur Bual.

sábado, julho 30, 2011

Museu da Ruralidade em Entradas






















Onde intervém a dupla, constituída por Miguel Rego e Manuel Passinhas, o sucesso está garantido, porque no trabalho destes homens, que o Alentejo tem a sorte de ter, há a exigência de qualidade e sempre um olhar, cuja matriz exemplar evidencia, onde realidade e passado se entrelaçam para falar de momentos e artefactos, à escala humana.
A marca deles, está nas memórias, folheadas em Mértola (Festival Islâmico, Exposições na Mina de São Domingos, Museu do Contrabando em Santana de Cambas, etc.) e agora, no magnífico espaço museológico, inaugurado em Entradas, Castro Verde, ontem, dia 29 de Julho de 2011.
A dureza do trabalho nos campos, surge nesta primeira narrativa, através de máquinas, objectos e memórias, com os mestres e as suas artes implicadas. Não falta mesmo a taberna, onde o petisco e o convívio, proporcionam o cante.
Arados, trilhos, a charrua, o fole da forja, a debulhadora fixa, a carroça, a viola campaniça e protagonistas como o último abegão e o derradeiro mestre ferreiro, são um património notável, cuja importância se reflectiu na presença das pessoas que estiveram ou ainda estão ligadas à terra.
Não foi um evento de intelectuais iluminados, que geraram sabedoria para os "nativos". Foi um fiel espelho de uma Comunidade, legado pelos actores de existências duras, através do depoimento, do documento, do objecto, das histórias de vida e até da arquitectura, que sendo moderna, teve em conta os traços das habitações e dos armazéns, para respirar proximidade com o quotidiano da população.
As inúmeras pessoas que participaram no acto, na sua maioria residentes locais, interiorizaram o espaço como seu, graças ao extremo cuidado em contar a história de cada objecto relacionando-o com a vida dos homens e mulheres de Entradas e dos campos de Castro Verde, no contexto do Alentejo.
Outros espaços que pretenderam guardar a identidade dos sítios onde se implantaram, descuraram este importantíssimo pormenor: cada objecto conta uma história e cada história interage com vidas, com protagonistas reais. Por isso, nessas experiências mal concebidas, as populações locais, ao verem que os objectos doados não tinham referência sobre a pertença, diluindo-se numa leitura primária, que podia ter a ver com qualquer lado, menos com o seu testemunho, deixaram de frequentar o mostruário, supostamente criado, também, para reverem a sua caminhada.
Em Entradas, dos artífices ao cidadão anónimo, o ritmo do esforço colectivo é referido, num texto que não se esquece de nomes e episódios.
Outra coisa não seria de esperar de um Município onde as pessoas e a Natureza partilham a harmonia, neste mundo desigual.
Obrigado ao Miguel Rego, ao vereador Paulo Nascimento e ao Manuel Passinhas, bem como a todos os que tornaram possível, designadamente a autarquia, presidida pelo arquitecto Francisco Duarte, a celebração do percurso colectivo dos homens e mulheres, que tornaram este lugar menos inóspito, adubando com o seu suor os sonhos de uma terra mais equilibrada!

Luís Filipe Maçarico (texto e imagens)

quarta-feira, julho 27, 2011

Para o KIKO e para o JUNITO


Junito

kiko





Habitaram em minha casa

duas primaveras

anjos caídos do ninho

ou da vontade

de experimentar humanos

do deus das chaminés.


adoptaram-me

adormeciam perto de mim

ficaram nos meus olhos

longamente

como alguém

cuja partida nos molesta.


Agora,

a chaminé tem uma rede

e só no poema

reencontro manhãs

de soltar pássaros

de lhes dar liberdade

e ir com eles

até às altas ramagens

para escutar o mar

e os rumores da cidade.


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um dia também

irei

com eles

morar

no coração

do silêncio...


Lisboa/Funcheira 9-7-2011.


Luís Filipe Maçarico

segunda-feira, julho 25, 2011

Chá de Tremoço: Benéfico para Ácido Úrico e Diabetes




No dia 4 de Agosto de 2004, estava este blogue a dar os primeiros passos, partilhei a receita do chá de tremoço, cujos benefícios são muito agradáveis.
Hoje, passados quase sete anos, e porque recomecei esse tratamento natural, após muito tempo de desleixo, volto a divulgar:

Lembrei-me de partilhar convosco, para dizerem a quem sofre de dores tão intensas, como aquela que eu senti há anos no tornozelo (parecia que estava a ser furado por um Black & Decker), que se pode ter melhor qualidade de vida. Aliás, quem me deu a receita - o professor Alfredo Flores - garantiu que ela mete na ordem, por uns tempos, não só o ácido úrico, como a diabetes.
Então é assim: durante 20 dias seguidos e sempre em jejum bebe-se um chá que é feito da seguinte maneira:
Metem-se de molho 25 tremoços, de um dia para o outro.
No dia seguinte, deita-se fora a água onde os tremoços ficaram de molho e dá-se um corte em cada um dos tremoços...vai ao lume, ferve, e bebe-se morno (podendo comer broa e misturar mel, porque é um bocadinho amargoso).
Repito: 25 tremoços cada dia durante 20 dias.
Descansa-se 5 dias.
Segunda fase: 20 dias a 20 tremoços...reparem, é tudo igual, menos o número dos tremoços: desceu para 20...
Descansar 5 dias.
Nova e última dose de chá em jejum, durante mais 20 dias...
Desta vez passa-se a 15 tremoços - e o resto já se sabe...pôr de molho, deitar a água fora, ferver em nova água, depois de retalhar cada um dos tremoços...
Se fizer isto com paciência, verá - tal como eu já pude constatar - que os valores descem...ácido úrico e diabetes abrandam...
É claro que também se tem de ter cuidado com a alimentação. Mas vale a pena o sacrifício: depois até dá para fazer exibições de contorcionismo...as dores desapareceram!
Abençoados remédios caseiros, como este que a mãe do professor Flores lhe ensinou, ele partilhou comigo e eu resolvi revelar-vos...
Aliás aquela senhora, disse-me um dia, que o seu quintal, em Matosinhos, é o melhor remédio para curar maleitas.
Quem transporta no sorriso a sabedoria de uma vida, merece estas palavras de agradecimento pelo bem que fez, de forma tão simples e desinteressada.

Luís Filipe Maçarico

segunda-feira, julho 18, 2011

Tunísia: O Paraíso virou Inferno






O nosso mundo é muito frágil, perante tanto cérebro diabólico. Não basta o mal que nos fazem os especuladores desenfreados, que inspiram governos.
Agora, também a Tunísia começa a ser alvo, do pior que o mundo capitalista tem e onde o homem e a natureza nada valem, para quem anseia ter lucro à custa da própria catástrofe.

O fogo destruiu 70% de uma importante floresta, em « Dar Chichou », entre Hammam-Ghezaz e Kerkouane, na região de Cap Bon. O veterinário Adib Samoud contou que polícias e bombeiros tardaram a aparecer...
O eco - sistema, criado pelo homem há 100 anos, para suster as areias e travar a desertificação, atenuando as temperaturas altas, ficou ferido de morte.
Os pássaros que ali nidificavam e todos os animais que viviam no frondoso oásis, ou perderam a vida ou o mágico lugar que uns malditos arrasaram...
O paraíso tornou-se inferno...
Mas as notícias falam de mais incêndios florestais, designadamente em Beja (Norte da Tunísia). E como se isso não bastasse, - segundo informações de última hora - por todo o lado verifica-se desestabilização, ataques aos postos da guarda na província, manifestações na capital: a Avenida Bourguiba em Tunis está fechada, com tropa na rua...algo de muito mau está em embrião, se a situação ficar descontrolada...

A violência gratuita, apenas pode interessar aos que, através do caos manipulam as consciências, para chegarem ao poder.
Os fascistas servem-se da desgraça (que são capazes de provocar, para espalharem o medo) semeando horizontes de terror.

Na Tunísia há mais de 100 partidos legalizados, que aproveitam a boleia da democracia e da liberdade, aspirando a um lugar.
As eleições foram adiadas para Outubro e não acredito que não haja gente que deseje um retrocesso, em nome da Ordem...

Aliás, está à vista aquilo de que são capazes...


http://www.tunisienumerique.com/2011/07/incendie-a-jebel-khalaf-a-beja-nord/

http://www.lapresse.tn/19072011/33460/arret-de-la-propagation-de-lincendie-de-la-foret-dar-chichou.html


http://www.ecolomagtunisie.com/environnement/kerkouane-des-hectares-de-pins-et-deucalyptus-ravages-suite-a-un-incendie-de-foret.html

Luís Filipe Maçarico (recolha informativa e texto)
Fotografias: Adib Samoud e Adel Brahem.

quinta-feira, julho 14, 2011

A Dignidade é a Nossa Bandeira










Hoje encontrei a coragem
Nas ruas, ao pé dos outros
companheiros de luta,
participando com a minha voz,
de corpo inteiro
e uma lágrima de tristeza
pelos muitos que se calam.

À injustiça respondemos
com pés, punhos e garganta
e não desistimos do mundo
que sonhámos.

Ó tu que deixas passar a vida
como se não tivesses ouvidos
como se não tivesses olhos
como se não tivesses boca,
pensando que és sábio...
porque permites que te humilhem,
porque suportas que te espoliem,
governo após governo,
geração após geração

porque te alheias
destes panos negros
e da revolta
que nos queima
as veias?

Ao ficares para trás,
és o primeiro a ser derrotado.
Nós nunca perdemos,
porque a dignidade
é a nossa bandeira
e a fraternidade
a razão de respirarmos.

Hoje encontrei a coragem
Nas ruas, ao pé dos outros
camaradas deste destino
que temos de mudar!

Luís Filipe Maçarico
14-7-2011

quarta-feira, julho 13, 2011

Acordo Ortográfico? Não, Obrigado!



Recuso-me a escrever, segundo o acordo ortográfico, embora compreenda que os professores estão obrigados a uma espécie de vómito para dentro...


A tese que estou fazendo, será redigida, sem respeitar essa treta. Não desperdiço a liberdade, onde puder manifestar o meu apego à ideia de soltar asas.

Não me identifico com mais uma imposição, neste caso de pseudo-eruditos poderosos e de pesporrentes literatos e outros camafeus academistas, em que para variar, não houve discussão pública.


Estou farto desta pseudo democracia, que nos impingiram, que para efeitos de lana caprina, faz o frete adormecendo, enquanto finge ouvir todos... mas de uma forma obscena, nos obriga a beber o fel das decisões dos engravatados, sumos - sacerdotes da demagogia, sejam eles burocratas ou banqueiros, todos devotos da desenfreada Gula - Maior, que nos (des) governa, a caminho do abismo.


Amar a liberdade, é a respiração daqueles, que resistem ao desvairo, pois todo o voo é possível, no cérebro dos homens solidários, a começar pelo das palavras livres.

Nada na vida é decisivo. A própria morte o confirma. Por isso, avanços e recuos (como agora se vê, relativamente ao sistema capitalista, mais feroz que nunca, com as majorettes Moodies a espalharem lixo - rating sobre tudo e todos...) são uma evidência, no percurso colectivo da Humanidade.


Saibamos todos os que não se revêem nos ditâmes dos Senhores, colocar as necessárias pedrinhas na engrenagem, e o futuro será sempre degrau para o sonho, ao alcance das nossas realizações.

Porque no dia em que deixarmos de ter capacidade de sonho, deixámos de ser humanos...


Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)

terça-feira, julho 12, 2011

O Povo-Boi Manso










Lisboa continua toda esburacada. E continuará, enquanto a apatia da maioria, dos que podem transformar os dias, se mantiver.
O passeio destas imagens situa-se na Rampa das Necessidades e está assim há imenso tempo...

O lago do Jardim Olavo Bilac, frente ao Palácio das Necessidades, oferece o tenebroso cartão de visita da poluição, com a água podre, coberta por lixo...
E ninguém diz nada!

Na Tapada das Necessidades, o piso está a regressar à degradação de há alguns anos...

Todavia, os moradores do território parece que morreram e não sabem, - pensam que estão vivos, porque ainda se mexem, mas por este andar, não vão longe...

Quem dirige a coisa pública, nos diversos degraus do poder, parece que tem mais com que se preocupar - e a vida continua, com entorses e cheiros nauseabundos...

Com a anestesia dos éfes do passado, que regressaram, em força, é natural que uma boa parte das pessoas desvaire com o futebol e durma sobre a realidade.

Vivemos no melhor dos mundos... não é, boi manso, - perdão, - bom povo português?

Texto e fotos de Luís Filipe Maçarico

quarta-feira, julho 06, 2011

A Granada da Bancarrota



Mais espertalhaço que o Chico - Espertismo dos Espertalhões, o actual governo, instituiu uma nova facada, no orçamento dos portugueses, para mostrar serviço aos vampiros do Desenfreado Capitalismo, que (des)governa o Mundo, poupando outravez os algozes dos Bancos, que não hesitam em cobrar taxas, às contas bancárias dos mais fracos...


Mas nem com uma dose cavalar, este país de opereta se endireita...


Os chacais andam insaciáveis, e o problema maior, é que a (Des)União Europeia não age, sendo o cada qual por si, a tónica dominante...


Não admira pois, que após Portugal ter gritado aos quatro ventos, que não é a Grécia, vem agora a Espanha excomungar a penúria de Portugal e da Grécia, não querendo ser comparada a tais companheiros de naufrágio global...


Perante este encantador quadro, resta-me perguntar: Para quando um referendo, onde o Povo possa dizer, se quer sair do Euro, ou ficar à espera, que lhe rebente nas mãos, a granada da bancarrota?



Luís Filipe Maçarico (texto e imagem)