"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, dezembro 25, 2010

Natal dos Simples















A noite passada, veio-me à memória o Natal dos Simples.
Desde os doces tradicionais, aos caminhos mágicos, que desconhecia, revelados pelos amigos, em circuito de jipe pela Gardunha, está lá tudo, na canção do Zeca Afonso.
Porém, estes tempos são de perda. Se em terras como Alpedrinha, a tradição dos madeiros sobrevive, assegurada por uma multidão de jovens, sequiosos de convívio e de manterem o imaginário dos Natais da sua infância, lugares há onde este património se esbate, com a emergência do individualismo.


NATAL DOS SIMPLES

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura.

Texto introdutório e fotografias de Luís Filipe Maçarico (Alpedrinha, Dezembro de 2010)

1 comentário:

samuel disse...

Boa! A "reportagem" fotográfica e a cantiga...

Abraço.