"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, junho 19, 2008

Portugal Olé


Hoje no meu serviço apostei que a Alemanha vencia a selecção portuguesa (2-1).
A equipa escolhida por Scolari, galifão de voz enfadonha, confesso admirador de Pinochet, que agora vai mamar para outro lado, pautou-se por uma atitude de vedetismo, abrindo as casas para mostrar o vazio mental em que vivem e jogando com erros antigos, que nenhuma Virgem de Caravagio salva, com equipas mexerucas a quem ganharam, perdendo com uma equipa fraca.
Não houve qualquer preocupação com a miudagem, que vê neles ídolos a imitar, quando foram entrevistados por um repórter do mesmo nível. Apenas o vazio, o vazio, o vazio...mais alguns risos imbecis.
E porque têm o deles garantido (sugado dos nossos impostos), se perderem, haverá sempre um bode expiatório: os árbitros, a partida do treinador para outra vacaria e tantas outras justificações de pacotilha.
Nunca ganharei numa vida o que aqueles senhores arrecadam por mês. Por isso estou-me nas tintas. Se perderem é para o lado que durmo melhor. A mim interessa-me dignidade no emprego, saúde garantida, salário capaz de vencer os obstáculos do quotidiano, justiça e educação adequadas, governo democrático que oiça os cidadãos, que entenda os sinais de mal estar.
A crise que atravessamos deixou-me menos só no bairro onde moro desde menino. Em 2004 foi o histerismo nacionalista nas janelas. Agora, a minha rua encontra-se livre dessa contaminação. Não há uma única bandeira na minha rua.
A classe média e os pobres com lucidez que não se deixaram alienar com futebóis, têm encontrado motivos de sobejo, para desejar não serem portugueses ao longo dos últimos meses.
E uma parte dessas pessoas, já não se deixa embalar com o saltitante "Portugal Olé" dos emigrantes na Suíça ou dos moradores da Quinta do Loureiro, que transferem os êxitos indispensáveis às suas vidas, para entidades transcendentes: os mercenários da bola, as Senhoras de Fátima e arredores...
Se perderem, amanhã já começa a deixar de haver Portugal, este Portugal oportunista que se predispõe a enfeitar janelas. Amanhã, se os caniches de Scolari agonizarem aos pés dos germânicos, acordaremos com a ampliação do vazio cada vez maior das carteiras, da falta de cultura e da falta de paciência. Tudo de trombas. E Scolari tem mais dias de férias antes de levar o seu circo deprimente para Inglaterra.
É que convém não esquecer, que os Ministros do Trabalho da União Europeia aproveitaram o desenrolar deste Euro, para aprovarem a semana das 65 horas de trabalho. E que está aí o SIADAP, sigla que designa a avaliação na Função Pública, que deixou de ser feita por concurso e passa a desenrolar-se por vontade exclusiva do chefe e um código de trabalho perseguidor do de Bagão Félix, que considera a legislação actual tenebrosa, à espera de tramar o povo que lava no rio e cumpre promessas aos santinhos. Para não falar no meio milhão de desempregados e nos dois milhões de pessoas que vivem no limiar da pobreza.
Santa Eucarária nos valha, que desde o tempo dos romanos "não sabemos, nem nos deixamos governar"...

2 comentários:

de.puta.madre disse...

Essas apostas evitam-se! Tá!?

maria sousa disse...

Bingo! Já temos código...foi rápido e eficiente.
Tanta boa notícia em tão poucos dias!!!
Não sei de o nosso coração aguenta tanta emoção...
Um abraço amigo