"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, janeiro 08, 2023

Um Poema Meu na Antologia "Um Extenso Continente"


Em 2014, Maria do Sameiro Barroso, Maria de Lurdes Gouveia Barata e Alfredo Pérez Alencart organizaram a Antologia de Homenagem ao Poeta António Salvado "Um Extenso Continente".

Participaram duzentos poetas, além de portugueses, da Espanha, do Brasil, Chile, México, Colômbia, Argentina, Perú, Uruguai, Venezuela, França, Itália, Moçambique e Marrocos.

De entre os inúmeros poetas de Portugal presentes neste volume, encontramos poemas de Albano Martins, António Ramos Rosa, Isabel Mendes Ferreira, Leocádia Regalo, Luís Filipe Castro Mendes, José do Carmo Francisco, José Jorge Letria, João Rui de Sousa, Ruy Ventura. Dos estrangeiros cito Raúl Vacas, espanhol e José Miguel Santolaya Silva, peruano, os quais conheço há décadas.

Para quem tiver curiosidade em ler a obra completa deixo aqui o link:

https://www.crearensalamanca.com/wp-content/uploads/2021/06/Un-extenso_continente_1-interior.pdf

Partilho a página 204, onde se encontra o meu poema:


ESCREVO-TE 

Escrevo-te. Na alva folha do bloco. 

Risco e torno a dizer o quanto as

palavras são água para a sede de poesia

 na terra seca de homens com outra sede. 

Escrevo-te para celebrar a tua pegada

na terra deserta de música, onde as asas

 da liberdade há muito deixaram de passar.

 Escrevo-te contra a nudez dos muros

 do impiedoso silêncio, de um vazio que dói

 este cheiro que anuncia a prematura morte das palavras.

 Celebro-te apenas e é tanto. Por seres o clarão

 iluminando de esperança um tempo sombrio.

 Luís Filipe Maçarico (Portugal)

sexta-feira, janeiro 06, 2023

JANEIRAS DO MINHO, DA BEIRA E DO ALENTEJO. HOJE COM AS CANTADEIRAS.


 

No final dos anos setenta fui convidado a integrar um grupo de jovens de Alpedrinha para cantar as Janeiras nas casas de ricos e pobres.
Quatro décadas decorridas, acompanhei a Ronda Típica da Meadela, que cantou as Janeiras na freguesia, rumo ao casario que fica perto do rio que atravessa aquela freguesia urbana de Viana do Castelo. E reparei que algumas casa iluminadas, fechavam as luzes, quando se tocava à campaínha para os moradores assomarem à entrada das habitações, pois evitavam o convívio que todos os anos se repetia, não desejando ser saudados e retribuir com alguma dádiva, conforme um hábito ancestral.
Hoje, dia de Reis, no café Sino Doce de Almada Velha, as Cantadeiras de Essência Alentejana vieram cantar as Janeiras, trazendo nas vozes e nos trajes as tradições do sul.
De Norte a Sul conheço esta mágica forma de preservar costumes muito antigos. E celebro-os, porque só pode entender o futuro quem respeita o passado.
BEM HAJAM!
LFM (Texto e fotografias)

LUZ DE LAGOS- A GRANDE DÁDIVA


 





Uma vez mais a passagem de ano foi vivida longe de casa, na bela aldeia da Luz de Lagos, redescobrindo pormenores que em anteriores viagens não foram observados.
O clima algarvio, enquanto no Norte e no Centro a chuva e o frio dominavam, continuava ameno, como se estivéssemos no Norte de África.
Não acredito nem desejo reincarnar. Pena tenho por a vida me ter oferecido família pobre, sem direito a um canteiro de alfaces e cuja herança se traduziu em doenças que dinamitam a qualidade de vida.
Em vez de uma casa no sul, calharam-me tectos invadidos por infiltrações, ao longo da existência.
Abensonhada Tia Bela que ao menos ajuda a amenizar a tristeza que sinto, emprestando a sua maravilhosa casa nesta altura do ano. Longa vida a quem tão belo gesto realiza todos os anos.
E o agradecimento à boa companhia das Anas e da Cristina, que todos estes anos têm tornado estes dias em pura magia.
Começar cada ano desta forma, tão luminosa, é a grande dádiva.
LFM (texto e fotografias)