"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, abril 28, 2022

NOTAS DE LEITURA ACERCA DA MONOGRAFIA SOBRE MOSTEIRO, DE JOÃO COELHO


João Coelho, sendo autor de alguns livros de Poesia e tendo assinado vários prefácios em obras sobre Pedrógão Grande lançou-se na grande aventura da sua vida, investigando de forma exaustiva tudo que era possível saber, através de testemunhos orais e documentais acerca de Mosteiro, seu torrão natal, terra á qual ficou sempre ligado, participando no Associativismo e concretizando a sua habitação para os desejados regressos.

Amante da Natureza, guarda na memória tradições, que com o envelhecimento da população, resistem para lá do tempo em que integravam gestos quotidianos comuns a todas as famílias, entretanto reduzidas pelas migrações e pela lei da vida.

Da simples fonte e seus mistérios às produções do mundo rural, João Coelho analisa toda a actividade da aldeia que o viu nascer.

A evolução do século XX acompanha estas páginas, desenvolvendo-se como num filme os aspectos migratórios, a habitação, a vida familiar e a alimentação.

Sobre a actividade produtiva o olhar atento de João Coelho detém-se na agricultura, a cultura do milho, os poços, a oliveira, o burro, a floresta, o comércio, as profissões.

No património edificado destaca a fonte das lajes, a capela de S. Pedro, os moinhos de água, os lagares de azeite, a praia fluvial, o coreto, o lavadouro.

Aborda as Comunicações e Serviços designadamente as estradas, a ponte centenária, o correio, a rede eléctrica, o abastecimento de água, o telefone, a toponímia.

Nos usos, costumes e tradições João Coelho informa-nos sobre o profano e o religioso.

Tratando de incluir os pormenores tão importantes que o leitor menos atento poderia descurar, lembra as escolas, os mordomos da festa, o zelador do regadio, a Comissão de Melhoramentos, a presença deste lugar no cortejo de oferendas, a Associação de Moradores e a Junta de Agricultores ficando bem retratada a Cultura e o Associativismo.

A Fauna e a Flora, os divertimentos infantis e dos adultos, a medicina popular e as superstições incluem o barbeiro curandeiro, os tratamentos caseiros e as plantas medicinais.

Completa o vasto naipe de conhecimentos as expressões populares (vocábulos de A a Z) os provérbios e as curiosidades de linguagem.

Trata-se de uma meticulosa e aprofundada investigação.

João Coelho frequentou vários arquivos, leu obras de referência como as ervas, usos e saberes de Mestre José Salgueiro, A Serra e a Cidade - O Triângulo Dourado do Regionalismo, da Professora Maria Beatriz Rocha-Trindade só para citar duas delas.

Acompanhei este afã, interrompido por vicissitudes que felizmente foram ultrapassadas, surgindo, enfim o livro tão ansiado que tanto nos oferece, enriquecendo-nos com a História e as estórias que uma aldeia tranquila onde o silêncio é coroado com a melodia das águas da bela ribeira que traz ainda mais encanto para Mosteiro, onde o xisto ainda se mostra em algumas habitações reabitadas na época estival pelos que regressam às origens.

Nenhum sítio e nenhuma Monografia são iguais, apesar das semelhanças porque a identidade e a pertença permitem realçar o irrepetível.

Parabéns a João Coelho por este legado que deixa à Comunidade, tão eloquente, tão necessário, tão completo.

21-4-2021

Luís Filipe Maçarico

segunda-feira, abril 11, 2022

Estatutos e Regulamento Interno do GDEC revistos




Os associados do GDEC responderam à convocatória da Presidente da Mesa da AG Maria Eugénia Gomes, que deu a palavra à Comissão indicada pela direcção e constituída por Tiago Mendes e José Alberto Franco, que apresentaram um extraordinário trabalho de revisão de estatutos e Regulamento Interno, excluíndo redundãncias, desbastando artigos até se concentrarem na essência.

Parabéns à colectividade por este exaustivo esforço, partilhado por todos os que vivenciaram a "maratona".

LFM (palavras e fotos)

João Coelho apresentou Monografia sobre Mosteiro na Casa do Alentejo




Foi na presença de ilustres convidados que João Coelho apresentou, na Biblioteca da Casa do Alentejo a sua Monografia sobre "Mosteiro" (Pedrógão Grande).

Apresentado por Rosa Calado e Luís Filipe Maçarico,  a obra mereceu da parte da numerosa assistência considerações muito elogiosas, que realçaram o valor do trabalho de recolha do autor ao longo de vários anos.

Na realidade, trata-se de um exercício exaustivo de memória, evidenciando a vastidão patrimonial que uma terra tão rica em costumes e recursos propiciou. O conhecimento dos presentes e daqueles que anteriormente na própria associação de Mosteiros tiveram acesso ao livro, ficou certamente bastante enriquecido pela informação consultada (e até escutada) e transmitida nas suas páginas. Parabéns ao ex-autarca, que continua a ser associativista.

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)


 

Evocando Nuno Teotónio Pereira, com Fernando Venâncio e sete dezenas de caminheiros






Há algumas semanas atrás, em Galegos (Marvão) reuniram-se sete dezenas de caminhantes, para evocar a passagem de dois jovens pela fronteira, rumo à Liberdade, escapando à mobilização militar para a guerra na Guiné.

Fernando Venâncio, reputado professor e escritor, que reside em Mértola, sua terra natal, foi um deles. O outro Amigo, de seu nome Joel Pinto, pastor evangélico na Suíça, evidenciou o agrado sentido pela partilha. Ambos participaram, elogiando o papel determinante do arquitecto Nuno Teotónio Pereira, que os acompanhou no "salto". 

Presentes, entre outros o neto Tiago e José Alberto Franco da Aldraba, que integrara essa jornada  libertadora, em tempo de ditadura. Na ocasião, foram lidos vários textos evocativos dos protagonistas, conviveu-se atravessando um caminho de lajedos, entre cursos de água e sobreiros e desfrutou-se de um almoço bem simpático no Lagar de Galegos, dirigido pelo neto dos antigos proprietários.

Luís Filipe Maçarico (texto e imagens)
 

domingo, abril 03, 2022

MARVÃO - TERRA ENCANTADA



 



Há uma semana atrás visitei Marvão. Percorri boa parte do seu concelho, cuja beleza natural aconselho a desfrutar àqueles que amam terras mágicas. Mas o seu castelo, que defendeu a vila de inúmeros invasores e ajudou a vencer contendas, sempre condenáveis, que a História registou, é um dos mais impressionantes monumentos do nosso território. Património único, pois as suas muralhas emergem de um rochedo gigantesco, fica na retina, guarda-se na memória, jamais esquecemos o seu valor.

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)