A casa está mergulhada num silêncio que me apraz.
Penso na dureza do confinamento. Na memória que - será do cansaço deste passar o tempo sem proveito? - que em mim era uma qualidade e agora começa a baralhar-se.
Penso na ignorância dos que nunca leram um livro e em situações como as actuais estão a passar muito mal, pois o sonho e a esperança que muitas páginas guardam não podem ser fruídas por quem só conhece presságios e diz que está escrito que estamos a chegar ao fim dos tempos.
Penso nas doenças graves que não podem ser tratadas, por causa da invasão da pandemia.
Penso nas vacinas, que são usadas indevidamente, enquanto morrem centenas de pessoas por dia.
Penso na situação terrível de governar agora, com tantos obstáculos, mas também nos que aproveitam o momento [monopólios farmacêuticos] para enriquecerem descomunalmente.
Penso na pequenês do país. Na ansiedade umbiguista de chegar a minha vez, nos longos dias que decorrem tentando proteger-me do vírus. Desta Tormenta.
Penso que é melhor continuar a ter a televisão fechada, para não ter de suportar a indignidade dos que se dizem jornalistas e essencialmente transmitem terror, medo, números de infectados e mortos, quase sem mostrar os casos de quem foi bem tratado, como se meter medo fosse a sua função castigadora contra um povo que elege espelhos e age muitas vezes sem perceber o mal que faz a si mesmo.
LFM Texto e fotografia)