O Primeiro dia do Nono Festival Islâmico de Mértola teve um grande nome da música portuguesa no cartaz, na praça Luís de Camões, acessível a todos. Sebastião Antunes e Bruno Batista apresentaram aos visitantes um espectáculo sobre Omar Khayan, o poeta persa, autor das Odes ao Vinho.
Aparte o souk, a loja das t.shirts do Festival, o comboio turístico que vai até ao outro lado do Guadiana, os passeios de burro, as massagens terapêuticas, os chás para tudo, as tâmaras, o calígrafo, este ano destacou-se um segundo pórtico da altura da muralha e o seu criador, esse inefável Manuel Passinhas, que há muito traz a este evento a marca da sua sabedoria, pois vastos são os seus conhecimentos e artes.
Pois saibam todos os visitantes que este nome é fundamental na fruição que tendes, da cerveja artesanal que se bebe ao kebab que se saboreia, numa das lojas do grande mercado, em que a vila se transforma por estes dias.
Contudo e apesar de só se realizar de dois em dois anos o modelo começa a acusar o desgaste da ausência de outros artistas e de novidades no que se expõe.
Só Mértola, a eterna, mantém a chama acesa da sua beleza ancestral.
Por isso, mesmo que algumas partes do programa não se vivenciem -até pelo cansaço de termos mais uns anos em cima dos costados, é bom contemplar o rio, a torre do relógio, algumas vistas que são sempre novas porque apetecíveis, sonhadas durante o tempo entre festivais.
Depois são os rostos familiares, é bom rever aquelas pessoas, o sr. Ondino barbeiro e o senhor Artur que ao pé do mercado vendia tecidos.
Passamos enquanto andarmos por cá, por essas ruas tortuosas, por esses largos amáveis, por essas escadinhas labirínticas, por essas sombras que anunciam o crepúsculo e a poesia acontece.
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)