A Antropóloga Maria Cardeira da Silva, Professora do Curso Livre "Patrimónios do Mediterrâneo", doutorada em Antropologia em 1996, é autora de “Um Islão Prático” (Oeiras, Celta
Editora, 1999), que apresenta a sua investigação sobre identidades de
género e o quotidiano das mulheres de um bairro na medina de Salé
(Marrocos), onde viveu dois anos.
Na sua biografia on-line lemos que é "Docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, e responsável, desde 1988, pelos estudos referentes aos contextos
árabes e islâmicos, tem investigado as práticas e
retóricas da cooperação cultural, o turismo e os efeitos da
monumentalização do património de origem portuguesa, particularmente em
Marrocos e na Mauritânia."
Mia relatou aos alunos do Curso, leccionado no Campo Arqueológico de Mértola, o caso das muralhas de Ouadane.
Atribuídas à passagem dos portugueses pela Mauritânia, que ali teriam concretizado uma feitoria, as muralhas estavam, no final do século XX, arruinadas.
Porém, fruto de um convénio entre o Governo de Portugal e a Mauritânia, foram entretanto recuperadas pelo Governo de António Guterres, contribuindo para o desenvolvimento local.
Na publicação do antecessor do IGESPAR (IPPAR) "Património Estudos", nº 3, 2002, vale a pena ver a página 208, onde se descreve o trabalho de recuperação (com fotografias do local).
Os processos de patrimonialização e consequente desenvolvimento turístico, são analisados por Maria Cardeira da Silva num artigo divulgado pela revista Etnográfica volume X (2), 2006, pp. 355-381.
Vale a pena ler ambos os textos pois são contributos para melhorarmos a nossa auto-estima.
Bem Haja, Professora, pela divulgação desta quase ignorada patrimonialização da memória dos portugueses em África, que um governo contemporâneo assumiu, ao que parece com êxito.
É sempre bom aprendermos mais acerca do passado do Povo a que pertencemos. Para melhor conhecermos de onde viemos e quem somos...
Luís Filie Maçarico (texto, pesquisa e fotografias)