"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, setembro 29, 2015

Maria Cardeira da Silva e as Muralhas Portuguesas Reconstruídas pelo Estado Português em Ouadane, Mauritânia

A Antropóloga Maria Cardeira da Silva, Professora do Curso Livre "Patrimónios do Mediterrâneo", doutorada em Antropologia em 1996, é autora de “Um Islão Prático” (Oeiras, Celta Editora, 1999), que apresenta a sua investigação sobre identidades de género e o quotidiano das mulheres de um bairro na medina de Salé (Marrocos), onde viveu dois anos. 

Na sua biografia on-line lemos que é "Docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, e responsável, desde 1988, pelos estudos referentes aos contextos árabes e islâmicos, tem investigado as práticas e retóricas da cooperação cultural, o turismo e os efeitos da monumentalização do património de origem portuguesa, particularmente em Marrocos e na Mauritânia."

Mia relatou aos alunos do Curso, leccionado no Campo Arqueológico de Mértola, o caso das muralhas de Ouadane.
Atribuídas à passagem dos portugueses pela Mauritânia, que ali teriam concretizado uma feitoria, as muralhas estavam, no final do século XX, arruinadas.
Porém, fruto de um convénio entre o Governo de Portugal e a Mauritânia, foram entretanto recuperadas pelo Governo de António Guterres, contribuindo para o desenvolvimento local. 

Na publicação do antecessor do IGESPAR (IPPAR) "Património Estudos", nº 3, 2002, vale a pena ver  a página 208, onde se descreve o trabalho de recuperação (com fotografias do local).


 Os processos de patrimonialização e consequente desenvolvimento turístico, são analisados por Maria Cardeira da Silva num artigo divulgado pela revista Etnográfica volume X (2), 2006, pp. 355-381.
Vale a pena ler ambos os textos pois são contributos para melhorarmos a nossa auto-estima.


Bem Haja, Professora, pela divulgação desta quase ignorada patrimonialização da memória dos portugueses em África, que um governo contemporâneo assumiu, ao que parece com êxito.

É sempre bom aprendermos mais acerca do passado do Povo a que pertencemos. Para melhor conhecermos de onde viemos e quem somos...

Luís Filie Maçarico (texto, pesquisa e fotografias)

Curso Livre "Patimónios do Mediterrâneo", em Mértola.


Entre 14 e 22 de Setembro de 2015, decorreu no Campo Arqueológico de Mértola o primeiro Curso (Livre) "Patrimónios do Mediterrâneo", com alunos portugueses e do Norte de África (duas marroquinas e uma tunisina), leccionado em Francês, com os Professores Susana Gómez, Cláudio Torres, Fernando Branco, Filomena Barros, Luís Filipe Oliveira, André Teixeira, Maria Cardeira da Silva e Filipe Themudo Barata, entre outros.
O curso foi uma parceria, entre três Universidades Portuguesas (UALG / UE / UNL) e o CAM, cujos representantes participaram na cerimónia da inauguração.
Os alunos visitaram, no primeiro dia, os Núcleos de Arte Islâmica e Arte Sacra, Núcleo Romano, Antiga Mesquita, Casa Islâmica, O Criptopórtico, as escavações nas alcáçovas, que apresentam mosaicos, alguns de origem jordana, os baptistérios cristão e monofisita e o Castelo.
O Mediterrâneo Romano, A Antiguidade Tardia, A Expansão do Islão no Mediterrâneo, Os Intercâmbios no Mediterrâneo Islâmico, As Minorias, o Mediterrâneo Medieval, o Mediterrâneo e o Atlântico Modernos, os Patrimónios Cruzados: Partilhas e Percepções Mútuas do Património Material e Imaterial foram alguns dos temas.
O Curso terminou com uma visita ao Laboratório Hércules, da Universidade de Évora.

NOTA: A minha candidatura ao Curso foi aceite, face ao curriculum apresentado [o meu segundo Mestrado foi realizado, no âmbito do Curso "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo", com dissertação orientada por Cláudio Torres e Luís Filipe Oliveira]
Foi bom estar com gente nova, oriunda do Magreb e colegas, como a Maria Paula Santos, da Biblioteca de Beja, João Miguel Serrão Martins, Manuel Passinhas e Lígia Rafael, da CMMértola. 
Ginasticar o cérebro, é o meu lema mais praticado. Para partilhar o conhecimento e fazer frente ao envelhecimento. Aprender, aprender sempre!!!

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

domingo, setembro 27, 2015

Dia 4 de Outubro o Meu Voto é na CDU



A uma semana das eleições o meu apoio é na CDU. Dia 4 votarei pela Coerência, Trabalho e Competência, demonstrados nas autarquias, onde o PCP foi a força política mais votada. 

Portugal tem Futuro, nada é irreversível, se houver um Governo de Esquerda, que não se submeta ao esmagamento do Povo, determinado pelos Vampiros deste Mundo. E já não é apenas o Partido Comunista que diz isto. O próprio Papa condena a desenfreada exploração do Capitalismo, que em Portugal está à vista. Os Bancos e os Privados apaparicados, ao invés dos menos favorecidos, - espezinhados. Oxalá a maioria do Povo escolha alternativas, para não nos afogarmos no Pântano...

Luís Filipe Maçarico

quinta 29 de Outubro na Casa do Alentejo 18:30h lançamento do meu 20º Livro de Poesia

Na próxima quinta feira 29 de Outubro, pelas 18:30h, na Casa do Alentejo, Cristina Pombinho (Professora) e Carlos Ferreira (sociólogo) apresentam o meu 20º livro de Poesia, intitulado "É de Noite Que Me Invento", com Poemas lidos pelos actores Flávio Gil e Luís Castanheira.
Este livro divulga pela primeira vez os meus poemas mais longos, que permanecem actuais, embora tendo sido escritos nas décadas de 70 e 80. 
Agradeço à Direcção da Casa do Alentejo, situada na Rua das Portas de Santo Antão (a rua do Coliseu e do Politeama), a amável disponibilidade para o evento de realizar.

Luís Filipe Maçarico

Poesia e Cante no Sábado 3 de Outubro no Fórum Romeu Correia 21:00h

2015 fica assinalado como o ano de regresso à minha Poesia.
Conhecido como Antropólogo (publiquei artigos, a título pessoal ou com a colega Ana Isabel Carvalho, onde a pesquisa e a recolha etnográfica são evidenciados, designadamente na revistas Aldraba, Almansor, Arquivo de Beja, Callípole, revista de Telheiras, entre outros, sobre Aldrabas e Batentes, Associativismo,  Cante Alentejano, Comida dos Reis, Contrabando, Espantalhos, Imagem Contemporânea do Alentejo, Heróis Desportivos, Histórias de Vida,  Morábitos, Poetas de Raíz Tradicional...

Desde 1991, fui publicando pagelas de Poesia. Umas, editadas por mim mesmo, outras, com o apoio de Municípios e Associações. Até ao presente somam-se 19 livros de Poesia.
Ao longo do tempo, participei em Antologias e contam-se mais de 2.000 os poemas divulgados na Comunicação Social escrita e na Internet.
Recitais colectivos ou individuais, foram também muitos. 
Em Maio, no Festival islâmico de Mértola apresentei, no Campo Arqueológico de Mértola, o livro "Pastores do Sol", tendo sido lidos poemas em português, francês e árabe, daquela obra trilingue, cuja 1ª edição remonta a 1995.

No passado mês de Julho, conforme noticiei neste Blogue, estive em Morille (Salamanca) como poeta convidado do PAN - Festival Inter - fronteiriço de Poesia, Património e Arte de Vanguarda, participando intensamente. E também na União de Juntas de Freguesia do Feijó e Laranjeiro, dizendo poemas alentejanos de minha autoria.

No próximo sábado dia 3 de Outubro, direi de novo poemas alentejanos, no Fórum Romeu Correia, em Almada, pelas 21h, com Rosa Dias, poetisa de Campo Maior e cinco grupos de Cante.

Luís Filipe Maçarico

quinta-feira, setembro 03, 2015

Indignidade

Perante a violência das notícias de todos os dias, com populações de diversos países, sobretudo da Síria, há muito a fugirem de guerras terríveis, da ameaça permanente dos fanáticos islâmicos, que a soldo de poderes "ocultos", espalham o terror e a ruína entre os vivos e no património milenar, esta manhã, as lágrimas explodiram em palavras. Desculpem, mas recuso publicar as imagens horríveis que os jornais abundantemente divulgaram. Pena é que não haja informação rigorosa, explicando que os recursos dos povos afrontados no seu quotidiano por bandidos subsidiados por impérios e guerras malditas que destroem gente e patrimónios, são fruto de sementeiras de vampiros, que têm nome, organizações terroristas que usam o alibi da defesa de um Ocidente apodrecido. E por aqui me fico. Deixo o grito.


O menino
afogou-se no mar hostil
deste tempo
apocalíptico.

O silêncio afunda barcos
impede a luz
mata esperanças.

A criança afogada
inunda as primeiras páginas
impedida de viver
pela brutalidade dum mundo
injusto e decadente.

O dia amanheceu
com o retrato cruel
da desumanidade
ferindo de morte
o sonho.


Luís Filipe Maçarico
3-9-15

Alentejano - Poema do livro "O Sabor da Cal" (CMBeja, 1997)








ALENTEJO[1]


 Alentejo, terra de vento e silêncio
onde o Homem semeia a Palavra
Alentejo, terra de sonho e sofrimento
onde o poema tem sede de flores
e rios. Como quem faz um pão
escrevo à sombra das tuas oliveiras.

E canto o voo altivo das cegonhas,
esta leveza de viver em ruas brancas…


[1] Publicado em “O Sabor da Cal”, Câmara Municipal de Beja, 1997, pág. 31. Foi divulgado em jornais alentejanos e em blogues.
 
Poema e fotografias de Luís Filipe Maçarico