"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"
segunda-feira, fevereiro 28, 2005
Saudades do Verão
Fiquei naquela terra, naquela hora, na serenidade daquele dia, no rosto dos meus amigos ao crepúsculo, banhados por uma luz dourada...
Depois, as conversas e os petiscos trouxeram felicidade aos gestos. Ficámos no céu estrelado do Alentejo. Um dia iremos procurar por nós, na página viva da memória...
(escrito directamente e agora mesmo, para a Vanda, que é autora desta foto,realizada em S. Cristóvão,a partir de um carro em andamento e para o Rui que aterrou em Loulé)
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
Poema do Voice-Mail
Há anos que o meu voice-mail tem um poema todos os meses. Creio ter principiado essa aventura em 2000, pois pareceu-me pouco interessante receber as pessoas com o banal "olá, você ligou para mim, agora não posso, mas se deixar mensagem eu depois vou responder..."
Este ano quebrei essa rotina e o poema que ainda se pode escutar é o de Janeiro, o qual não substituí, apesar de estarmos quase no final de Fevereiro...
O texto que eu próprio digo- em gravação-quando ligam para mim, é este:
"Sais para a rua em cada manhã.
Teimando em trazer o sol nas pegadas.
Sonhas outros dias.
Nunca sabes se regressas
Nunca sabes se te perdes
ou se te encontras...
Sais com estrelas no bolso
e a lua no coração...
Não! Não te podes perder!"
Não acham giro receber as pessoas que nos procuram com a carícia de um verso? Eu faço isto há anos...
Pele de Guitarra
A Mão Cheia
terça-feira, fevereiro 22, 2005
O Senhor Vitorino
Fala-se dele como um grande senhor da cena política.Talvez desse um bom personagem de literatura infantil...
Pena é que a memória das pessoas tenha pezinhos de pulga!
Eu não me esqueci que foi ele que limpou a constituição de muita coisa que cheirasse a esquerda, acolitado por Assunção Esteves. Ambos subiram na vida partidária, devido aos altos serviços prestados à Nação, por essa confluência democrática entre os dois partidos do bloco central e patati patatá.
A brilhante comissão do ilustre sr. Vitorino em Bruxelas foi o prémio por ter feito o patriótico frete aos patrões, que agora aplaudem a vitória de domingo.
Não se lembravam? Vejam os jornais da época!
Acham que estou a ser mau? Havia outras alternativas, mas a malta prefere sempre mais do mesmo...
Será que estou errado?
(fotografia de Vanda Oliveira, captada em S. Cristóvão, freguesia do concelho de Montemor-o-Novo, Agosto de 2004)
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
País Estranho
É muito estranho o meu país! A esquerda teve uma maioria absoluta e a populaça pouco ou nada festejou. As ruas do meu bairro nunca estiveram tão calmas.
A verdade é que a casa está muito desarrumada e se calhar o pessoal está com receio de ter saído de um pesadelo para se meter noutro. Será?
Eu cá por mim apoiei a esquerda "a sério". Espero que não brinquem comigo...
(fotografia de Vanda Oliveira)
domingo, fevereiro 20, 2005
Eu e Esta Máquina...
Em meados dos anos 90 concluí uma licenciatura com 10 a Informática, que me baixou a média global, a qual, mesmo assim, permitam-me a vaidadezinha, foi de 15 valores.
Com o novo milénio rendi-me a algumas máquinas. O computador entrou no meu quotidiano laboral e também cá em casa. Desde o Verão passado aprendi a blogar, graças à nunca demais citada Vanda Oliveira.
Agora, alguns amigos pedem-me para ensinar a inserir fotos, nuns casos e a criar um blog, noutros.
Sou padrinho de alguns blogs. E, suprema felicidade, já consigo escrever directamente no computador, coisa que há poucos meses não era capaz de realizar.
Aos 52 anos sinto-me satisfeito, por ter, enquanto ser humano, superado alguns obstáculos, que afinal hoje são prazeres que partilho, como aquele que tive há 3 dias lendo o blog http://aguasdemarco.blogspot.com
Ana Maria Walter-Rasmussen, de quem voltarei a falar por aqui, há muito que está por cá, na listagem dos meus links favoritos (encantamentos).Ora visitem-na também, porque há por lá textos belíssimos e uma surpresa deliciosa.
De facto, com a Internet, abre-se um novo mundo para o encontro com o outro.
Quase me apetece saudar, à maneira de Álvaro de Campos, a revolução que esta máquina trouxe às nossas vidas e particularmente à minha.
(foto: imagem do ambiente de trabalho do meu pc sobre fotografia captada em Gaia com a Ribeira do Porto em fundo)
Encontro da "Aldraba" em Viana do Alentejo
Num dos mais belos sítios do Alentejo, decorreu a segunda iniciativa desta associação do Espaço e Património Popular.Visitámos o museu do chocalho do sr. João Penetra, em Alcáçovas, o santuário da Senhora de Aires, com uma impressionante colecção de Ex-Votos, que infelizmente tem uma parte dos documentos expostos a necessitar de urgente recuperação. Almoçou-se num lugar simpático e de excelente gastronomia- o restaurante S. Luís, hum que déli as migas de espargos a acompanhar a magnífica carne de alguidar e que dizer da encharcada! Após a refeição, bem regada por um tinto corrente de eleição, foi a vez de escutar a excelente poetisa popular Rosa Dias e de Joaquim Avó, presidente da "Alma Alentejana", que dirigiu elogiosas palavras ao trabalho avançado pela comissão promotora desta novel associação, além de algumas intervenções dos promotores e activistas.
A visita ao castelo e igreja, bem como a uma olaria, em alegre passeio pelas ruas da sede do concelho, constituíram a segunda parte do encontro, que teve a particpação de cerca de 30 pessoas.
Pelas manifestações de apreço, os promotores, no final desta iniciativa, estavam visivelmente satisfeitos, até porque o registo oficial está concluído, passando-se à fase organizativa seguinte: aprovação dos estatutos e fundação, propiamente dita, com o empossamento dos primeiros corpos sociais, o que ocorrerá em breve.
Jorge Rua de Carvalho: 85 Verões mágicos!
É das pessoas mais bonitas que conheço, de uma beleza interior, de uma energia que espanta, tal é o prazer pela vida que demonstra. Começou a escrever para o teatro da colectividade que dirigiu e à qual se mantém fiel, colaborando ao longo dos anos nos corpos dirigentes, para assegurar, com o seu exemplo, o pleno funcionamento do "Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes". Como esclarecimento acerca da designação deste clube, gostaria de dizer-vos que nasceu com este nome para combater a droga do princípio do século XX nos meios humildes-o alcoolismo! Clube onde entre os fundadores se contava uma senhora, avó de um outro Jorge (Neves) que apesar de analfabeta, quis colaborar para o aparecimentoda escola que esteve na génese do nome-"Escolar"...e que até aos anos oitenta educou muita criança pobre, alguns dos quais foram depois (ou são) dirigentes da colectividade...
Bom, mas sobre o Jorge Rua de Carvalho, há tanto a dizer que nem sei por onde começar.
Amigo com A grande. Associativista homenageado pela Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio, na 2ª metade da década de 90. Poeta com o livro "Desabafos" publicado pela Junta de freguesia de Prazeres e o livro "Lisboa Saudade-pregões de Lisboa", editado pela Universitária, que também lhe chancelou "Histórias da Minha Rua". A Câmara Municipal de Lisboa publicou igualmente dois catálogos, correspondentes a duas magníficas exposições, uma sobre brincadeiras de infância e outra sobre pregões.
Fiz teatro-decorridos 20 anos sobre a minha estreia no palco da Guilherme Cossoul-com ele e com o outro Jorge, integrados no grupo cénico dos "Combatentes", que na 2ª festa das colectividades de Lisboa representou, deliciando a assistência pelo humor, sabedoria e bom gosto que estes lisboetas souberam imprimir à peça que se chamava "O Teatro segue dentro de Momentos", e da qual fui, com eles, co-autor e intérprete.
No início deste ano ambos sofreram internamento médico, o Jorge Neves para uma operação delicada, da qual está a recuperar bem e a quem aproveito para desejar um restabelecimento pleno, o Jorge Rua com um AVC que o deixou depauperado, mas qual milagre, passados dias recuperado, foi a Campo Maior apresentar a sua exposição de bonecos que ele e a sua cotinha Fernanda, quais Gepettos, criaram, pintaram e vestiram, bonecos esses que reconstituem por exemplo, o jogo da falua ou o pregão do fotógrafo à la minuta. É um encanto. Esta gente é de uma geração que soube resistir, para nos transmitir, intacto, o lado mágico da vida nas cidades, nos pátios, nas sociedades de recreio, no meio operário, que não era só tristeza, bebedeira e fome.Há muito de criativo neste lado menos conhecido da cidade, de grandioso, que eu insisto em partilhar. Porque os jardins sem flores de todas as cores e géneros são a cor avulsa da monotonia, e para isso já temos o cinzentismo do quotidiano. Que saudades eu tenho dessa Lisboa, dos produtos apregoados na rua, de saltimbancos e de carnavais-sem sambas nem misses qualquer coisa a bambolear, com cegadas e folgazões imaginativos, que deixavam um rasto de sol nas nossas vidas, em cada Fevereiro. O mesmo rasto de luz que o Jorge Rua teima em partilhar connosco. Bem Hajas Jorge e até Julho, para mais um aniversário com saúde e alegria!
quarta-feira, fevereiro 16, 2005
16 de Fevereiro de 1991
Há catorze anos, no dia 16 de Fevereiro, o Paulo e a Paula (que nesta foto aparecem no lado esquerdo,com a Ana,que está de óculos escuros), casaram em Alpedrinha, sua terra natal, num dia de frio e neve, mas de muita luz. Parabéns, Amigos, nesta data feliz e um abraço do tamanho do Mundo!!!
No meu primeiro livro, que parece que está à venda na net, mas confesso que não sei quem está por detrás desta loja virtual, pois apenas sei da sua existência através das minhas"navegações" na web...
No meu primeiro livro, dizia, dediquei-lhes este poema:
NEVE EM ALPEDRINHA
Enterro os olhos
na delícia
do mistério
mais branco
Esta noite, a serra
vestiu-se de noiva
para o poema celebrar
as bodas
duma terra luminosa.
("Da Água e do Vento", ed.Átrio, p.19, 1991)
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
A Conquista do Sonho
Os Corajosos
domingo, fevereiro 13, 2005
Pergunta
Se o país estivesse como o pintam, será que eles arriscavam ser candidatos?
Porque se isto estivesse assim tão mau, não me parece que fosse possível ver tantos a querer agarrar o osso, como cães fossangueiros...
Ou será que dramatizar e apelar aos salvadores de pátrias é uma forma eficaz de obter votos?
sexta-feira, fevereiro 11, 2005
Notícias da "Aldraba"
Uma nova associação está a ser preparada, desde Novembro de 2004, tendo o sul como horizonte para a sua actuação. Segundo os objectivos estatutários - numa fase adiantada de preparação - esta associação irá preocupar-se em “ser um ponto de encontro e de comunicação para a preservação e divulgação do património popular nos espaços onde ele se encontra, com enfoque particular no sul do país, através da pesquisa, recolha e análise documental das memórias dos sítios, das pessoas, dos grupos e das colectividades.
Para o efeito, a ALDRABA propõe-se proceder à abordagem integrada de objectos, práticas, factos e vivências, privilegiando a valorização dos testemunhos humanos e recorrendo às adequadas disciplinas científicas.”
Na prossecução dos seus objectivos, a ALDRABA poderá: Compilar, tratar e divulgar informação que constitua um centro documental e informativo, recolhendo espólios, com vista ao seu tratamento e posterior divulgação; Fomentar estudos relativos ao património popular; Promover acções de formação e informação; Afirmar-se como interlocutor na defesa e na valorização do património popular em todas as suas vertentes; Efectuar visitas, viagens, exposições; Realizar seminários, colóquios, conferências e encontros sobre temáticas do património popular; Contribuir para o intercâmbio sociocultural e científico a todos os níveis, promovendo a valorização e vivificação dos costumes e tradições populares; Estabelecer protocolos com entidades de carácter público e privado, tendo em vista a publicitação da sua existência e das suas actividades, bem como a obtenção de apoios e patrocínios e a prestação de serviços de natureza sócio-cultural; Editar e produzir publicações e produtos multimédia; Promover a revitalização e dinamização patrimonial, de âmbito local e regional;
A “ALDRABA” NÃO QUER SER UMA ASSOCIAÇÃO ENFEUDADA AOS PODERES E ÀS ELITES.
Em Novembro de 2004, a semente deste projecto colheu estímulos, durante um almoço de duas dezenas de apoiantes, que visitaram as grutas do Escoural, uma exposição da pintora montemorense Isabel Aldinhas e percorreram as ruas de Montemor-o-Novo, para conhecer melhor os preciosos objectos de um quotidiano desaparecido de inúmeros edifícios das nossas cidades, vilas e aldeias: as aldrabas e os batentes de porta.
Desde então, inúmeros cidadãos têm dado mostras de pretender aderir a este projecto, pela transparência contida nas declarações dos seus promotores.
Segundo os promotores da nova associação a “Aldraba” não será apenas mais uma associação. É intuito dos activistas deste colectivo interagir de facto com a população. Os promotores do projecto “Aldraba” fazem questão em sublinhar a sua fidelidade intransigente ao princípio de independência. Em consonância sublinham o seu repúdio a fórmulas organizativas cristalizadas e enfeudadas aos poderes e às élites. Na “Aldraba” todos os associados terão efectiva importância.
Questões como a preservação de aldrabas, batentes, cata-ventos e outro património “invisível”, irão ocupar nos próximos meses esta associação.
No próximo sábado 19 de Fevereiro a “Aldraba” organiza a sua segunda iniciativa, agora em torno do património de Viana do Alentejo.
Em Abril, entre os dias 1 e 7, no Museu República e Resistência, em Lisboa, na Estrada de Benfica, será apresentada uma exposição.
A Aldraba já tem um site:
http://aaldraba.blogspot.com/
O correio electrónico para esta associação, nomeadamente os pedidos de informações ou adesões, pode ser enviado para o seguinte Email:
aaldraba@hotmail.com
Vale a pena estar atento a esta associação! (fotografia de Hélia Bernardes)
Em Novembro de 2004, a semente deste projecto colheu estímulos, durante um almoço de duas dezenas de apoiantes, que visitaram as grutas do Escoural, uma exposição da pintora montemorense Isabel Aldinhas e percorreram as ruas de Montemor-o-Novo, para conhecer melhor os preciosos objectos de um quotidiano desaparecido de inúmeros edifícios das nossas cidades, vilas e aldeias: as aldrabas e os batentes de porta.
Desde então, inúmeros cidadãos têm dado mostras de pretender aderir a este projecto, pela transparência contida nas declarações dos seus promotores.
Segundo os promotores da nova associação a “Aldraba” não será apenas mais uma associação. É intuito dos activistas deste colectivo interagir de facto com a população. Os promotores do projecto “Aldraba” fazem questão em sublinhar a sua fidelidade intransigente ao princípio de independência. Em consonância sublinham o seu repúdio a fórmulas organizativas cristalizadas e enfeudadas aos poderes e às élites. Na “Aldraba” todos os associados terão efectiva importância.
Questões como a preservação de aldrabas, batentes, cata-ventos e outro património “invisível”, irão ocupar nos próximos meses esta associação.
No próximo sábado 19 de Fevereiro a “Aldraba” organiza a sua segunda iniciativa, agora em torno do património de Viana do Alentejo.
Em Abril, entre os dias 1 e 7, no Museu República e Resistência, em Lisboa, na Estrada de Benfica, será apresentada uma exposição.
A Aldraba já tem um site:
http://aaldraba.blogspot.com/
O correio electrónico para esta associação, nomeadamente os pedidos de informações ou adesões, pode ser enviado para o seguinte Email:
aaldraba@hotmail.com
Vale a pena estar atento a esta associação! (fotografia de Hélia Bernardes)
Zebras na Cidade
São animais lindíssimos.A Natureza oferece ao nosso olhar o espanto de visões como esta, extraída do "Picasa". Mas as zebras que me trazem aqui são outras. Falo das inúmeras passagens para peões, à frente de paragens de autocarros da Carris. Posso dar exemplos perto da minha casa: Rua Prior do Crato, Rua das Janelas Verdes, a rua ao pé do Cinearte, etc.
Não estão a ver onde está o erro?
Numa sociedade de gente correcta ao volante o que eu digo seria pura e simplesmente idiota.
Porém, como os condutores desta cidade andam sempre com pressa, é vê-los a ultrapassar os autocarros, estacionados para receber ou deixar sair passageiros. Que muitas vezes são idosos e resolvem atravessar nas tais passadeiras, arriscando a vida.
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
A Vanda, a ternura do olhar e Uns Versos de Pessoa...
Começou-se como é costume em todos os inícios: não se percebia nada disto e foi-se experimentando. A Vanda já desesperava, mas eis senão quando encontrou uma forma eficaz de pôr no seu blog as fotos desejadas...e de me ensinar na sequência da sua descoberta. A pouco e pouco o seu jornal foi-se tornando espaço de reflexão, através de poetas e da ternura do olhar que as suas imagens revelam.Olhem para este blog, que tem andado a visitar os heterónimos de Pessoa.
Se não se importam, passem por lá
http://lostphotos.blogspot.com
(Esta foto também é dela e foi tirada a uma parede da freguesia do Castelo, em pleno Verão 2004.
terça-feira, fevereiro 08, 2005
Sete Meses de "Águas do Sul"
Em Agosto, mês da Ana, aqui na foto com o Nuno, que agora tem 26 anos, nasceu este blog. Sirvo-me desta fotografia tão ternurenta para celebrar um passado ainda tão recente mas já tão bonito.
Tenho recebido estímulos, incentivos que me motivam a continuar, para lá de alguns afazeres. Hei-de arranjar sempre um tempinho para vir aqui partilhar, criticar, elogiar, sonhar!
BEM HAJAM!
Bolos da Dona Rosa
Não resisto e agora mesmo publico outro texto do Mané, aqui na fotografia tirada em 1988, com a Ana.
Este texto é de uma beleza, de uma ternura que me impressiona. Confiram!
"Aborrecia sempre a minha mãe, de tanto a fazer esperar, tal era a dificuldade de escolha. O dinheiro era pouco, mas os cremes e recheios eram muitos, dos bolos que enchiam a bancada da Dona Rosa, montada sempre muito cedo num canto visível da passagem para a padeira, não prejudicando o negócio desta, ela conseguia melhorar a reforma e talvez mesmo a vida dos seus. Sentada numa caixa de fruta, sempre bem agasalhada, nunca cheguei bem a perceber os tons escuros da sua roupa, mas a sua alegria era ver uma criança lamber os lábios, com uns olhos indecisos, para o qual despertava toda a sua atenção, talvez, retribuíndo assim a sua satisfação, Dona Rosa, mostrava orgulhosa a bancada montada sobre caixas de plásticos e dizia: - Então menino, este, ou o maior? Ela referia-se a um cone, com um fio de ovos e um creme branco por dentro. Adivinhava o meu pedido pelos olhos, decifrava o paladar pelo rosado das bochechas e o apetite pela carteira da minha mãe. Comi quase sempre o mesmo, pois ficava deliciado com as cores e de boca aberta, por vezes só escolhia quando vinha do pão, tal era, a difícil escolha das cores que decoravam uma praça cinzenta, onde àquelas horas só ela fazia negócio, sendo muito cedo para haver movimento, que desse outra alegria ao canto de uma praça, que certamente já não tem a Dona Rosa para dar um acordar tão doce como então…"
Efeméride
O Jorge está por detrás da rapariga da camisola verde, que por sinal é prima dele...O grupo estava a festejar o aniversário dos dois e era constituído por familiares e amigos. Além da bela tarde cultural no Museu José Relvas, em cuja escadaria posaram, a maioria destas pessoas deliciou-se com as iguarias da mãe do Nelson (dizer sogra da Catarina significa o mesmo), numa festa inesquecível, ali para os lados de Alpiarça.
Bem hajam a todos pela alegria que partilharam!
O Jorge que faz anos em 6 de Janeiro, vai começar a partilhar na blogosfera um quotidiano que se espera enriquecedor.O endereço é:
http://ismaelcabral.blogspot.com
(A foto foi-me enviada por mail pela professora Hélia Bernardes)
Cromos de Bairro
Recebi há dias mais textos do Mané, que irei publicando por aqui.
O de hoje, escrito em 23/03/04 é sobre alguns cromos de bairro...
"Descobrir este canto, era encontrar novas coisas e caricaturas, fora de um jornal ou de uma revista tradicional, de pessoas importantes, era engraçado como se encontrava alegria, destreza e bem-estar, diversão e convívio por vezes indesejado, por aquele que serviria de anedota ou simplesmente, o cómico do dia. Conhecer o Fernando, era descobrir, a rir todas as caricaturas deste bairro. Beltrano, magro, de meia altura, sempre arranjadinho, por um carinho paterno, à espera de encontrar namoradas, passava o tempo a encontrar melodias de feitiço e piadas. Tarefa quase impossível, pois quase todas elas já tinham sido alvejadas pelas suas gracinhas. Este magriço era capaz de estar uma manhã inteira no começo da rua, perto da entrada do bairro e à saída dos autocarros, onde a rua coincidia e absorvia 60% da entrada deste bairro, lógico que ninguém escapava, de pelo menos uma vez, ser gozado, com a sua rapidez e visão de palhaço. O ti Cândido, vivia nessa entrada do bairro, mesmo não escapando às suas piadas, acabaria por aproveitar algumas delas para utilizar em altura oportuna. O ti-Burço, como ele lhe chamava, era um homem só, viúvo, alto, de chapéu, samarra, sempre à procura para falar, estacionava ali e passava os seus dias na entrada dessa rua, era talvez uma das suas vítimas engraçadas. Lógico que este não ficava a olhar para o rapaz com peneiras e pinta de conquistador como o Fernando, respondendo sempre com bengaladas e correrias atrás daqueles que o provocassem, atraindo assim o ânimo e as risadas dos humildes habitantes deste canto."
Canciones Lusitanas
Miguel Ángel Gómez Naharro é o autor das músicas deste CD ibérico. Os poetas que ele canta são da Extremadura e de Portugal. Fernando Pessoa e Florbela Espanca estão lá. Graças ao dr. Joaquim Saial também estou nesta colectânea.
Rafael Rufino Félix Morillón em Venid al sur diz:
"Vinde ao Sul, aqui onde me encontro
resguardado do tédio e do esquecimento:
faremos do crepúsculo
uma bela manhã.
Também vós sois tempo e desejo"
segunda-feira, fevereiro 07, 2005
O$ $ábio$ da Carri$
Nunca esquecerei a reunião que tive, quando era secretário da Assembleia de freguesia onde moro, com "$ábio$" da Carris, a propósito de uma carreira que decidiram encurtar.
Os iluminado$ ge$tore$ puseram uma rapaziada prestimosa a produzir inquéritos ao fim de semana nas paragens de autocarro, e com base no que perguntaram, sabe-se lá o quê, acabaram com o autocarro 40, deixando a população idosa que se servia dele, encafuada no 60, que é uma forma barata de fazer sauna, ter odores diversos ao dispôr sem precisar de ir a perfumarias e até a benesse de ser espoliado da carteira pela atracção que as "latas de sardinha" da Carris produzem nos ladrões que actuam preferencialmente em horas de ponta.
Mas o mais grave, e por isso não esqueço, é que quando a autarquia promoveu em plena Praça da Armada, numa tenda, uma Assembleia extraordinária, para toda a população lesada, as pessoas preferiram ficar em casa a ver o Big Brother e as telenovelas...
Estava uma belíssima noite de Verão e apenas apareceram dez/doze pessoas...
Os $ábio$ da Carri$ que alegaram não poder estar presentes, terão enviado um espião, desses que também fazem inquéritos ao fim de semana, para justificar depois a extinção das carreiras, usando esse argumento para assegurar que não alterariam a medida tomada, pois sabiam de fonte segura que ninguém tinha protestado.
Eu sei que a política merece um esforço no sentido da reabilitação dos ideais mais luminosos, porém, com fregueses tão interessados como aqueles que pretendíamos defender, não voltei a envolver-me, pensando por vezes, que embora paguemos todos por tabela, temos afinal aquilo que merecemos enquanto povo comodista e desleixado, que deixa os $sábio$ fazerem o que era possível construir com duas mãos e dois pés associados a muitos mais.
domingo, fevereiro 06, 2005
Seres Especiais
Um Carnaval Bem Feito
O prazer que eu tive, não obstante o frio, de ver pela primeira vez o carnaval de Torres!
Sorri com matrafonas e flausinas, lambisgóias e escanifobéticas, pingentas e mastronças, que desfilavam azougadas, gozando com o carnaval diário.
Só pelo facto de não apresentarem um corso formatado com boazonas em biquini, a fingir que está calor, dando aos quadris, debaixo de granizo e barbeiro, os organizadores do carnaval torreense (ou torrejano?) estão de parabéns.
Uma coisa é o riso (conseguido) outra a exibição de corpos- nem sempre belos-a dar ao cú, que prolifera de lés a lés...
Em Torres, a crítica social está presente e o gozo dos foliões contagia a multidão que assiste, divertida. Há lá melhor carnaval!!!
(foto do Picasa)
Máquina de Subtilezas
A associação "Máquina de Subtilezas" já existia há algum tempo. A partir de agora também é nome de blog, animado pelo Nuno e pelo Jorge.Estou muito vaidoso porque fui o padrinho desta sementinha que vai começar a florescer na blogosfera.Então vão lá espreitar...
http://maquinadesubtilezas.blogspot.com
http://maquinadesubtilezas.blogspot.com
O Sítio do Costume
Vi-a ontem no "Sítio do Costume". Estava uma delícia, o que espero se mantenha vida fora. Essa serenidade e bem estar faz-te falta a ti e a todos os que te amam. Foi bom estar contigo, no cafezinho simpático, ali para os lados da Charneca.E no jantar do "Texugo". Humm, que belo choco frito! Estes sítios do costume, onde o olhar respira de alegria por estarmos vivos!
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