"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sexta-feira, março 25, 2005

Amêndoas Doces

Em 20 de Janeiro, o amigo Augusto Cortes fez este comentário:

"Claro que não existe nenhum comentário sobre a Tunísia noBlog, para isso é preciso senti-la. Talvez em Março volte a Tozeur, houve alguém que em tempos me disse que queria ir não me lembro quem..."

No mesmo dia, de Leiria, escreveu-me o José Luís Pereira Jorge:

"Caro Luís: Acabo neste momento de visitar o teu blog. Gostei daquela foto (pela curiosidade) em que apareces com uma linha capaz de desfilar numa passerelle. Bem, é que eu nunca te conheci assim. Belos poemas, cheios de sentimento. Um abraço. José Luís. PS quando é que nos dás o prazer de uma visita?"
A 17 de Fevereiro, a Paula Cristina Lucas da Silva, com quem gostaria de estar estes dias como foi habitual durante anos, em Alpedrinha,enviou este comentário via hotmail, a propósito de uma evocação da Gardunha com neve no dia do casamento dela com o Paulo Grilo:

"Adorei a surpresa no teu Blog! És o máximo!Nem me lembro da fotografia... eu o Paulo e a Ana... mas foi de certeza na Serra da Gardunha que tanto amamos!Sabes que adoro aquele poema... já o disse milhentas vezes, e sinto-me sempre envaidecida por haver um poema teu sobre o meu casamento... a neve, a tua presença, a família, os amigos, a minha união apaixonada, enfim, a magia daquele dia inesquecível!Para ti, um beijinho especial por tanta ternura e capacidade de surpreender pela positiva!"

Dois dias depois, a Ana Fonseca enviou-me um mail onde me dizia:
"Luís Não há nade de novo no blog?????? Que se passa???? (...)Tenho saudades tuas, fico feliz por estarmos juntos na 6ª feira (...) Sinto a vida a escoar-se e nós a sorver muito pouco. Este sentimento tão bonito que nos une tem de ser "alimentado". Já pensaste bem em todo este tempo que nos conhecemos???? Tudo o que já passámos juntos??? Tanta cumplicidade partilhada??? Vamos ter de começar a pensar em escreveres um livrinho (prometo que ilustro), era tão giro... Falar das nossas novelas, dos nossos banhos no Meco e na Toca do Pai Lopes... Torreira... da nossa azinhaga... festas do Avante.... exposições dos meus desenos... do teu arroz maravilha.... Castelo de S.Jorge apanhando penas desvairadamente... das nossas toneladas de pedras pintadas até ao amanhecer.... bom, fica a mensagem e a saudade. Obrigada ao destino que fez com que nos cruzássemos. Amo-te. Ana."
Maria Elisa Santos escreveu-me em 27 de Fevereiro esta simpática e envolvente mensagem:
"Luis,
Talvez gostasse de estar onde estás agora,
mesmo debaixo deste céu de chumbo,
que nos ronda mas aqui não mora,
nem da terra sente o estertor profundo...
...
Sim, estou em casa, sempre em casa, a casa que me cerca e me prende.
Mas li o teu blog, e sobre os aflorados enredos políticos apetece-me transcrever aqui um poema do Konstandinos Kavafis, o poeta de Alexandria onde nasceu em 1863. Morreu em Atenas em 1933 e por isso também o chamam de poeta grego. Nas traduções em Portugal, bem díspares por sinal, surge às vezes como Constantino Cavafy. "Veio ter comigo" nas páginas inesquecíveis do Quarteto de Alexandria, de Laurence Durrell, nos anos 70...
Aqui está então o poema:

"Chè Fece... Il Gran Rifiuto
"A algumas pessoas um dia cai
em que o grande Sim ou o grande Não sobrevém
dizer. Logo surge ao de cima a que tem
pronto dentro de si o Sim e ao dizê-lo vai
além da sua honra e do que está convencida.
A que negou não se arrepende. De novo interrogada
voltaria a dizer não. Mas tem-na derrotada
aquele Não - o correcto - toda a sua vida....
Desejo-te um resto de bom domingo. Elisa"
Da Ana Fonseca, em 12 de Março recebi outro mail a propósito de preocupações de saúde:
"Mas que raio de conversa vem a ser essa, dessas mensagens "provocantes" de "AVCÊS"???? Somos eternos como só os diamantes são capazes e enquantos durarmos as nossas vidas serão uma só. Por mais vendavais de lixo ou tempestades de mágoas as raízes não desgrudam. Estamos aqui para o que der e vier. E conto contigo como tu comigo... isto já não é contar é já a certeza de estarmos. Não será isto verdade? Acho que sim. Amo-te amo-te amo-te amo-te beijos doces Ana."

Peço desculpa pela transcrição destas mensagens aos autores, mas em época de partilha de suaves propósitos, apeteceu-me saborear estas amêndoas doces, com a vantagem de não partirem dentes, não deixarem dores e fazerem muito bem ao coração. Outras mensagens não menos belas foram recebidas durante estes três meses, porém, considero que estas são exemplo da ternura e da amizade que um ser humano precisa e merece. Talvez, permitam-me a vaidade, porque não sou um tipo de falinhas mansas nos lábios e punhais aguçados nos gestos, como muito boa gente que por estas ruas se pavoneia. Explodo também, e de que maneira, quando me traiem.Mas quem é que aceita ser enganado, por gente sem escrúpulos?
Ainda bem que tenho amigos como estes e outros, presenteando-me diariamente com um oxigénio de palavras e sentimentos que me ajuda a enfrentar rotinas e desatinos.
Páscoa Feliz a todos os que visitam este blog-amigos, conhecidos e até furtivos visitantes a quem algumas destas palavras assentam que nem uma luva!!!

Sem comentários: