"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Marguerite Yourcenar


Yourcenar, escreveu que "Quando a um governante falta o tempo para ouvir, falta o tempo para reinar."
Fotografia de Francisco Palma Colaço

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Crítica à Moda do Castrim


A SIC, depois da chachada do Jura estreou com gritaria "a melhor telenovela de sempre feita em Portugal", "ao nível das melhores telenovelas brasileiras", etc.
Não acreditei, até porque o guião veio da Argentina, e a fonte é Alexandre Dumas e o Conde de Monte Cristo. Ou seja: os tratos de polé que um clássico sofre triturado pelo efeito xaropada.
Ontem, fiz zap enquanto não começava o filme sobre Che Guevara para espreitar o Compacto da primeira semana de Vingança, e ver se a Hora H estaria por perto e qual não é o meu espanto quando transmitem duas imagens extraordinárias da novela, em que primeiro Diogo Morgado está com a face esquerda desfigurada e logo a seguir, Maria Rueff opera o infeliz protagonista na face direita, que está visivelmente transfigurada.
Ainda não vi ninguém referir esta gaffe. Mas também no meio de um sistema que deturpa tudo, que promete paraísos e lança-nos no inferno, que mal fará ao mundo a caracterização de uma novela ter-se enganado colocando num episódio o actor esfacelado de um lado do rosto e no episódio seguinte mete o personagem esfacelado no lado oposto.
Somos os melhores em pantemineirice não haja dúvida...não é verdade, Mário?

sábado, fevereiro 24, 2007

José Afonso Faz (Muita) Falta



Estive no Coliseu, no derradeiro espectáculo. Não esquecerei.
Acompanhou-me em dias de sombra e névoa.
Aqui o relembro com um poema igualmente inesquecível e bem actual, porque os dias tornaram a ser de névoa e sombra:
Quando a corja topa da janela
O que faz falta
Quando o pão que comes sabe a merda
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
Quando nunca a noite foi dormida
O que faz falta
Quando a raiva nunca foi vencida
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é acordar a malta
O que faz falta
Quando nunca a infância teve infância
O que faz falta
Quando sabes que vai haver dança
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta
Quando um cão te morde a canela
O que faz falta
Quando a esquina há sempre uma cabeça
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta
Quando um homem dorme na valeta
O que faz falta
Quando dizem que isto é tudo treta
O que faz falta
O que faz falta é agitar a malta
O que faz falta
O que faz falta é libertar a malta
O que faz falta
Se o patrão não vai com duas loas
O que faz falta
Se o fascista conspira na sombra
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é dar poder a malta
O que faz falta

Maria Júlia Carrasco e a Memória do seu Pai,Património de um Povo



Desde o Verão de 2004 que conheço Maria Júlia Carrasco. Esta imagem data de Dezembro de 2005, no dia seguinte ao lançamento do livro "Memórias do Contrabando em Santana de Cambas". Maria Júlia abriu-me a sua casa, para poder conhecer o seu pai, então a três meses de ser centenário. O senhor João Gonçalves Carrasco foi uma das melhores surpresas da minha vida. O seu exemplo, como cidadão marcou-me bastante. Em Janeiro de 2006 deixou este mundo, mas ficaram os testemunhos de portugueses e espanhóis que muito lhe devem por nele terem tido um aliado contra a fome e a guerra civil espanhola. Ficaram igualmente as suas quadras e os filhos Toy e Júlia.
Um dia destes, graças à Maria Júlia, escreverei um artigo sobre a vertente poética de um alentejano da raia muito digno, que foi recentemente homenageado em El Almendro pelo Foro por la Memoria de Huelva.
Fotografia de Ana Fonseca

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Eduardo Ramos, Janica e Gambry






Na passada quarta-feira à noite, a Antena 2 brindou-nos com a repetição do concerto que Eduardo Ramos apresentou há um ano atrás, no dia dos seus 55 anos, no pequeno auditório do Centro Cultural de Belém.
Foi bom tornar a escutar Al Mutamid e outros poetas do tempo em que Xelb era o esplendor de um palácio de inúmeras varandas para o luar e a noite de estrelas que no sul é mais bonita.
É bom encontrar Eduardo (e Janica) na Silves mágica, da sua casa acolhedora onde o Gambry é o companheiro dos Invernos frios, das manhãs de luz, entre quintais de laranjas sumarentas.
Telefonei ao meu amigo Eduardo para lhe dizer que estava a ouvi-lo na telefonia. Sorrimos. A amizade é das coisas mais bonitas da vida, como essa noite de astros encantados nos céus do sul. Como a música. Liberta e aconchega nos momentos mais dolorosos. Janica e Eduardo (sempre com o Gambry por perto) têm estado comigo nos dias menos luminosos. Obrigado, estrelas do sul!

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Alentejo: Os Largos Horizontes da Poesia






Esta manhã mesmo com
chuva e nevoeiro Beja
é a minha estrela d'alvorada.
Busco o seu espaço
com fome de terra
A alma pede-me luz
a luz do meu Alentejo
a luz dos olhos dos amigos e
os horizontes largos da poesia.
Venho beber palavras verdes
cristais de alegria nos prados
de Fevereiro.
Esta manhã deixo tudo
para lamber feridas
na minha casa que é o sul.

Poema e fotos (Moreanes) de Luís Filipe Maçarico

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Batentes de Porta de Veliko Tarnovo (Bulgária)


Em 13 de Setembro passado, o dr. Augusto Cortes enviou-me uma fotografia com batentes da cidade de VELIKO TARNOVO da Bulgária.

Só hoje, passado quase meio ano é possível partilhar estes tesouros. Costumo reenviar colecções de imagens para o gmail, com o objectivo de poder pegar no blogue a partir do mail, utilizando essas imagens...

Agora mesmo estou num computador veloz (que não é o caso do meu), próximo do sítio onde aquele amigo nasceu. Talvez essa circunstância tenha sido o mágico abracadabra que esta porta precisava para a podermos ver em toda a sua beleza.

Lá em casa apenas abria metade da imagem... Quem souber explicar estes fenómenos...

Foto de Augusto Cortes.

Litoral Português: tragicomédia




Queriam fazer uma ilha frente a esta paisagem, que a pressão imobiliária degradou. Imitação serôdia da grotesca ideia que nasceu nos Emiratos, de fabricar em série ilhas para magnatas...

Nos mouchões do Tejo a erosão fez o seu desgaste e há quem se irrite por ter comprado alguns deles para construir hotéis...lucro, ganância, fossanguice...

Houve bom senso e nem a ilha passou do papel nem os hotéis dos mouchões são viáveis, em termos do equilíbrio ambiental...



O litoral português está em adiantado estado de decomposição. Perigosamente, de Ofir a Espinho, do Furadouro à Costa da Caparica, de Sesimbra a Vale do Lobo, os especuladores têm erguido mastodontes e bairros queques para que uma fauna oriunda das grandes cidades venha pavonear status no varandim com vista para o mar.

A Zambujeira que frequentei com agrado nos anos 80, foi morta, porque o dinheiro compra tudo e tudo destrói.

Face ao despautério do estrondo produzido por bares nocturnos, com seres burbulhentos a urrar e urinar na via pública, tal como sucede em Lisboa, protestei junto de umas velhas locatárias de casas para passar temporadas, fins de semana...

Qual não foi o meu espanto quando as ouvi censurarem a minha postura, acusando-me de ser pouco evoluído, por desejar sossego(atraso, para elas) em vez de agitação (desenvolvimento)...

O litoral português é um território escaqueirado, sem identidade, semelhante a tudo o que existe no mundo em termos de desrespeito da escala humana.

Há uns anos atrás houve um político que irradicou uma parte do barraquedo que prolifera(va) na Fonte da Telha. Quantos actores desta tragicomédia estarão dispostos a desempenhar um novo papel nesta novela, para tentar alterar o final (anunciado) horrível?

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

O BLOGUE DA ALDRABA FAZ HOJE DOIS ANOS


Esta fotografia regista o início do VII Encontro que a Associação do Espaço e Património Popular efectuou entre Querença, Loulé e Cortelha, com uma envolvência que na altura (início de Dezembro de 2006) foi relatada com o merecido entusiasmo que os rostos espelhavam. As palavras para quem as ama são vitais. Por isso saúdo quem continua a obra, com um pedido, que não pode nem deve ser malentendido:
Parabéns ao blogue por 2 anos de vida, mas por favor, alimentem-no com mais regularidade.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

SIM


Domingo dia 11 voto SIM para mudar uma lei que penaliza as mulheres.

domingo, fevereiro 04, 2007

Peniche e as lições da História (que se repete)




O forte de Peniche permite uma lição da História recente do País, importante para as novas gerações saberem como os pais cresceram, viveram e sonharam com um tempo novo.
Vemos, ouvimos e lemos e por vezes julgamos que acordámos num dos dias daquele tempo. O Ministro da Economia actual (repetindo atitudes de tantos outros que o antecederam nos mais diversos pelouros) foi tentar impingir areia para o deserto (a China dos baixos salários, do frenesi capitalista do partido herdado do maoísmo) o governo rouba direitos tão duramente conseguidos, que implicaram luta de gerações, gente presa em Peniche e noutras prisões do Fascismo, e de facto não sabemos se acordamos numa espécie de marcelismo... três décadas depois...
Como explicar aos jovens o que se passa e que mexe com o futuro deles?

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Sublime


Esta imagem, recolhi-a há quase um ano em Coruche. A vista do castelo naquela tarde de sábado era sublime, o sol tornava o mundo mais envolvente e os amigos sonhavam regressos.
Gostava de lá voltar e de conhecer o célebre Couço. Nos anos setenta lembro-me de uns jovens terem combinado irem até lá. Era um tempo em que o Couço era um farol para alguns. Fiquei com curiosidade. Depois, a professora Adalcina reencontrou-se com mulheres de antes desse tempo, quando fome e greve eram palavras malditas. A professora Paula Godinho estudou aquele povo.
Criei todo um imaginário que a ida a Coruche proporcionou recordar.
Hoje fui às minhas memórias fotográficas e descobri esta fotografia para partilhar e mandar daqui deste singelo lugar um abraço para o companheiro de sonhos João Costa Pereira.
Olá amigo dos Outros Rios!