"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, julho 28, 2008

Rita, Ditosa Filha de Tristão e Cidália, Arcoenses, Meus Amigos






Conheço-a desde criança.
Este ano, a Rita vai estudar engenharia, começando um curso universitário, muito desejado.
A Rita é repórter da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez, anda a aprender a tocar concertina, dança no rancho daquela casa regional, e, apesar de não ter nascido na terra dos pais (ver primeira fotografia) é uma entusiasta da etnografia, não perde pitada da sabedoria dos idosos minhotos com quem se cruza nas suas pesquisas, é uma rapariga deste tempo, alegre, inteligente, semeadora de gestos e ideias que deixam os que a rodeiam envolvidos em sonhos de fazer cada dia melhor. Há uma nova geração a mostrar que juventude rima com conhecimento e partilha luminosa.
Comecei por a ver, trazida pelo Tristão e pela Cidália, nos lançamentos dos meus livros de poesia. Ela vinha ter comigo, muito compenetrada, pedindo-me um autógrafo. Segundo os pais, desde miúda que gosta bastante de ler e escrever.
Fico feliz, por saber que várias crianças, da Raquel Guerreiro, agora Raquel Tavares, que um dia, na Festa das Colectividades ocorrida na piscina dos Olivais, me recitou um verso que fizera, após ouvir-me falar da Tunísia, na Biblioteca da Penha de França, onde ela e os meninos do Vale Escuro tinham ido...("O poeta/Foi à Biblioteca..."), passando pelo Flávio Gil, jovem actor de Teatro, que igualmente assistiu a lançamentos de livros meus...todos eles então ainda crianças, absorveram, entre muitos escritores lidos, as minhas palavras e agora estão a desenhar dias promissores, escrevendo, cantando, dançando, representando, são aplaudidos pela Comunidade, que os viu nascer.
A vida de um poeta, se mais não valesse, resgata-se com estas estórias e outras.
Abençoados pais (e ADN) e respectivos valores, que proporcionaram a estes jovens um futuro alicerçado na sensibilidade, nas tradições, na criatividade.
É bom estar vivo para ver estes jovens ter sucesso. Parabéns Portugal, por estes filhos ditosos!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)

domingo, julho 27, 2008

A Aldraba na Vala Real da Azambuja

















A associação Aldraba promoveu mais um encontro, desta vez no Ribatejo - Azambuja.
O Tejo foi o grande cenário da principal: um passeio pela Vala Real, tendo o olhar sido primordial no desfrute da paisagem, tão especial, que os intervenientes, de tão surpreendidos, pelo muito que haviam descoberto, no final fizeram chegar à direcção o júbilo e o aplauso pela escolha daquele pedaço mágico do concelho azambujense para a partilha patrimonial.
O começo foi diante do velho Paço em ruína, depois de muito navegar, com margens que lembravam o Rio Novo do Príncipe, em Cacia, que é o nome que os locais dão ao Vouga na região vareira, parou-se num mochão (ilha do rio Tejo), onde alguns nadaram praia fora e visitou-se, sob um sol abrasador, a vegetação.
O almoço foi no Escaroupim, onde se visitou uma casa palafítica, tão bem retratada em Alves Redol (Avieiros, p. ex.).
O restaurante é muito recomendável, com uma gastronomia que merece rasgado elogio e também pelo serviço impecável, com doses simpáticas, temperos divinos, pela imensa delícia que se sente, degustando sabores ancestrais. E já agora, pelo próprio espaço, que proporciona uma vista envolvente sobre o canal...
Após o regresso ao Paço Real, conheceu-se o imenso espólio do Museu da Azambuja.
Agradecimentos aos mestres José Manuel e Tomás, da embarcação, às Dras Maria João e Joana Mendes do município local, pela gentileza e sabedoria.
Luís Filipe Maçarico (Fotos e texto)

quinta-feira, julho 24, 2008

Metáfora


Somos recipientes para a luz e a sombra que nos bebem, em cada ciclo do quotidiano.
Somos corpos que procuram a paz e encontram na caminhada uma cavalgada de escolhos.
Somos o frágil barro que o mistério vira e quebra, no instante seguinte.
Mas resistimos, com um olhar expectante, com uma recusa de adeus.
Amanhã enfrentamos nova alvorada, outro crepúsculo, até o hábito dar lugar a outra palavra, outro silêncio...
LFM

domingo, julho 20, 2008

Queda na Passadeira, em Alcântara





Uma destas manhãs, a caminho do trabalho, ao atravessar a passadeira em Alcântara, caí sobre o empedrado do passeio, como se tivesse dado um salto mortal para dentro de uma piscina.
O piso anda escorregadio, gordurento (contaram-me que as cervejarias lavam os contentores na rua, expelindo detritos, o que provoca quedas constantes) e a Câmara Municipal de Lisboa não lava as ruas.
E como se não bastasse, o lancil está destruído, como as fotografias evidenciam... Só podia cair perante tanta incúria... e como não possuo motorista à porta e tenho de usar o passe social para chegar a qualquer lugar da cidade...
Num país civilizado, não teria pago os balúrdios que tenho gasto na farmácia e na ida ao médico...
Mas, como vivo neste sucedâneo de Marrocos, valha-me ao menos ser gordo, pois na queda, apesar de ficar bastante dorido, nas costelas flutuantes, e de ter de tomar antibiótico, a "almofada" corporal protegeu-me de perigos maiores.
Em nota final, registe-se que fui auxiliado por dois toxicodependentes, que demonstraram grande humanismo!
À atenção da Junta de Freguesia dos Prazeres, para que mova as suas influências, no sentido de ser reparado o lancil, lavado o piso e vigiadas as tentações de deixar na rua impurezas e detritos, provenientes da actividade das marisqueiras.
Aliás, o cheiro local passou a ser de marisco podre.
Quem tiver dúvidas, passe por lá.
Luís Filipe Maçarico

sábado, julho 19, 2008

Eduardo, Carolina, Baltazar e Tiago: Os Nomes de Uma Noite Mágica




Eduardo Ramos participou novamente na animação do Museu Nacional de Arqueologia, agora aberto às quintas à noite (durante o Verão). A sala onde o evento decorreu é um espaço espantoso, tecto de madeira a lembrar os tectos dos palácios do Magreb, janelas ogivais, enfim, uma ambiência propícia a artistas como o Ensemble Moçárabe, grupo que acompanhou o músico alentejano radicado em Silves.
O concerto teve grande energia dos executantes, com especial destaque para Carolina Ramos, que dançou muito aplaudida, causando impacto pela técnica que imprime à sua performance.
Eduardo Ramos cumpriu com mestria e ritmo a interpretação de melodias suas e tradicionais, exibindo vários conhecimentos, nomeadamente na execução da zukra e da flauta indiana, além do inseparável adufe, companheiro de tanta magia descoberta e partilhada.
Sabemos que tocou dias antes para o Aga Khan. O secretário de Estado da Cultura assistiu ao concerto nos Jerónimos. Parabéns, Eduardo, Carolina, Baltazar e Tiago!
LFM

segunda-feira, julho 14, 2008

Eduardo e Carolina Ramos dia 17 às 22h no Museu Nacional de Arqueologia




Na próxima quinta-feira, dia 17, pelas dez horas da noite, o cantor Eduardo Ramos, o Ensemble Moçárabe e a bailarina Carolina Ramos serão os animadores de uma noite especial no Museu Nacional de Arqueologia, nos Jerónimos.

Reproduzo excertos do artigo que escrevi sobre o cantor, em Janeiro:

"Quando me começo a dedicar à música árabe, foi como reencontrar uma coisa que andava à procura. Quando fiquei imbuído desses sons, dessa cultura musical, senti que era o que andava à procura há anos e anos, e do qual não quero mais sair. Ao nível profissional tem sido muito bom, porque tenho evoluído musicalmente, e ao nível de concertos, por causa de festivais/feiras medievais, árabes e islâmcas, há uma abertura à medievalidade e arabidade. Como sou dos poucos que faz este género de música sempre vou sobrevivendo.”
Eduardo Ramos compõe “de cabeça e fixo tudo. Não sei uma nota de música.” Quando as melodias surgem "É um mistério. Às vezes estou na cama, ligo o gravador, toco o alaúde e aprendo o que tinha gravado no dia anterior. São coisas repentinas, que não sei de onde vem, parece que são deuses, musas, que nos sopram a inspiração. A improvisação faz muito parte da minha música. Isso é capaz de vir da minha passagem do jazz-rock.” Tem três alaúdes, todos tunisinos e está à espera do quarto. Mas utiliza também a flauta indiana, a zucra (que é uma gaita da Tunísia, feita em cana que tem um corno), gambry de Marrocos, berimbau, quissange (de África, que aprendeu em Angola) e viola.
Com espectadores fiéis que o acompanham pelo país (“Em todos os espectáculos senti que o público sempre teve uma grande comunhão”), Eduardo Ramos é um músico de referência pelo excelente desempenho, de grande originalidade e qualidade. “As poucas pessoas que têm tido conhecimento, têm elogiado o meu trabalho, mas como é fora do circuito comercial e só uma minoria liga à cultura, é conhecido de um pequenino público que se interessa pelas minhas coisas.”
O alaúde nas suas mãos é fonte de poesia, asa feliz de pássaro livre. Pergunte urgentemente pelos discos dele, pois nem sabe o que anda a perder...

Certamente que iremos ter uma noite encantadora, de Verão e magia, das 1001 Noites, no espaço belíssimo que o Museu Nacional de Arqueologia ocupa. Não falte e traga mais amigos!

Luís Filipe Maçarico (Texto e fotos)

domingo, julho 13, 2008

Rosa Dias e o seu Olhar Poético










Conforme noticiámos, Rosa Dias apresentou na Feira do Livro de Campo Maior o seu primeiro CD, integralmente preenchido com 13 poemas de sua autoria, ditos com a boa dicção que a caracteriza.
Muito público assistiu à apresentação do disco, intitulado "Olhar Poético", a cargo da Vereadora da Cultura do Município local e do poeta-antropólogo Luís Filipe Maçarico.
No final da sessão, Rosa Dias autografou dezenas de exemplares.
Com o belo pretexto do lançamento do CD, Rosa reuniu vários amigos, vindos do Alentejo, Beira Baixa, Lisboa, Almada e organizou um magnífico e inesquecível convívio, que se prolongou até à tarde de hoje.
Parabéns, amiga e Bem Hajas pela hospitalidade e pelo carinho! Viemos para casa em estado de graça! Foi mesmo muito bom!
Palavras e fotos:Luís Filipe Maçarico

quarta-feira, julho 09, 2008

Rosa Dias apresenta CD de poesia na Feira do Livro de Campo Maior


No próximo sábado pelas 21 horas, na Feira do Livro de Campo Maior, a poetisa Rosa Dias apresenta o seu primeiro CD com poemas de sua autoria ditos pela própria autora.
Eis um bom pretexto para visitar aquela vila da Raia e dar um abraço à Rosa.
Parabéns, amiga, por esta iniciativa! Lá estaremos!
Transcrevo agora o poema que é dito no sítio onde o disco é promovido:

A minha Vila
A minha Vila, para mim, é doce
recordação
Em toda a minha poesia, me
serviu de inspiração
Campo Maior raiana, nos meus
versos, tens lugar
Deus fez de mim poetisa, só
para te poder cantar
Nesta Vila altiva e nobre, onde
em tempos eu cresci
Conhecendo o que conheço,
outra igual, não vi.
Dentro da alma do povo, faz a
saudade viver
Obriga-nos a voltar,
não deixa a gente esquecer
E como filha querida, a uma
mãe muito amada
Eu faço a minha poesia, à
minha Vila encantada.
Rosa Guerreiro Dias, 1983
Oiçam-na aqui:

segunda-feira, julho 07, 2008

Olá, Viajante!


Nos confins do Alentejo, o jovem geólogo beirão pesquisa ouro...
Não, não é nenhuma estória para contar ao serão, à volta da tenda de campismo, ouvindo o mar.
Ele existe mesmo, tem rosto e uma personalidade forte. Cidadão atento, interessa-se pela Humanidade a que pertence, mesmo que por vezes se surpreenda com o mundo insólito que habitamos. Gosta de conhecer e viajar. Como toda a gente que tem uma vida por viver embala sonhos, relatos, impressões de leitura e contemplação. Sabe bem escutá-lo. A voz é calma, no meio da turbulência quotidiana, e o olhar é luminoso, pois estamos diante de alguém que passa pela Terra com a envolvência dos artistas. Pelo que sei, gosta de música e poesia.
Adivinho-lhe uma vontade de viver intensa. Gosto de conhecer pessoas assim, quase raras no meio de tanta máscara, tanto postiço, tanta mentira.
Encontrei-o numa viagem de expresso, a caminho de Odeceixe, há poucas semanas. Sentou-se no banco ao lado, com o cansaço inerente a quem vem de longe e vai para longe com sonos mal dormidos.
Era segunda feira e na véspera eu tinha tentado rumar com duas amigas, mãe e filha, no carro delas, para o sul. Só que o carro avariou na auto-estrada, antes da saída para a Moita e o Barreiro e passada uma hora e meia de ter metido as malas no porta bagagens, voltei para casa com elas no táxi que o seguro do carro proporcionou.
Ao vê-lo, lembrei-me de Gael Garcia Bernal, o grande intérprete de "Diários de Motocicleta". Não só pelo enredo do filme, mas pela semelhança dos rostos.
Falámos de antropologia, povos da Austrália com tradições e rituais diversos, do Fundão onde estudou, da sua terra natal, da sua "errância" em busca do El Dorado...
Ficou no Cercal, após uma conversa fabulosa, nascida nos solavancos da estrada, perto de Santiago do Cacém. E ao despedir-se revelou: ainda não disse o meu nome mas chamo-me Gabriel.
Se acreditasse em anjos teria pensado que a viagem e as férias decorreriam sem mais sobressaltos e de facto assim foi.
Estou à espera dele para bebermos um café e falarmos desse ouro fantástico, que as suas palavras insinuam, misteriosamente. Prometi-lhe poemas, que aguardam o momento.
Por onde andarás, amigo?
Fotos recolhidas na Net; texto:LFM

domingo, julho 06, 2008

Continua a haver Revista nos Combatentes








No Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes", cuja sede é na Rua do Possolo, 7-9, continua com êxito a carreira da terceira revista da nova geração dirigida por Flávio Gil e com um elenco talentoso.
Aos sábados, pelas 22 horas, e até ao fim do mês, quando o pano sobe, começa uma noitada de gargalhadas e bom trabalho deste grupo de gente azougada que ama o teatro e faz sacrifícios para poder estar em cima do palco a divertir o público.
Veja teatro e ajude a colectividade a prosseguir com esta autêntica escola da arte de Molière...
Texto e fotos:LFM